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quinta-feira, 16 de junho de 2005

Carta aberta a Lúcia Hippolito

José Maria Vieira, um grande amigo meu, enviou a carta abaixo para a Lúcia Hippolito, comentarista política da Rádio CBN. Pelo conteúdo, pedi-lhe que me autorizasse a publicá-la no meu Blog [que não consigo terminar de construir]. Acho que serve para muita gente, embora duvide que a "distinta" comentarista dê qualquer resposta. O Patrão dela não permitiria e ela teria de deixar de pagar as prestações dos botox que põe na cara.

Aqui vai a carta:

Dona Lúcia,

Sou um homem tranqüilo e pacífico que presa a moderação refletida e a reflexão moderada, contudo, será que a senhora poderia explicar em seus comentários, para todos os seus ouvintes, algumas perguntas que pairam na mente de uma grande parte da população que, como eu, não entende muito de política. Aqui vai:

Quem conhece o PT sabe que todas as decisões são tomadas em conjunto. Isso o afirmam aos quatro ventos. Se o mensalão existe e isso já está mais que claro que sim e o presidente Lula foi avisado assim como diversos ministros,

1. por quê todos que emitem algum comunicado, verbal ou escrito na imprensa, preocupam-se em isentar o presidente Lula desse conhecimento?

2. É uma demonstração de consciência contrita por terem votado num homem que, hoje, mais que nunca, sabemos que não governa?

3. Já que a opinião pública é uma coisa muito relativa e variável, o que importa é o desmentido?

4. É por essa razão, na busca desesperada de um desmentido, que todo o mundo está quase de joelhos suplicando que o Sr. Lula venha a público dizer que o que lhe foi informado [mensalão], na verdade não foi informado e, por conseguinte, não sabia?

5. Será que, baseado no princípio de que um homem de bem não deve cobrir imundices, as pessoas que tanto defendem o Lula, o querem ver como homem de bem, quando já descobriram, em suas consciências contritas, que não o é?

6. Faz parte dos estatutos do PT que ações independentes não são permitidas. Por quê se tenta mostrar um Lula independente do partido ao qual pertence, se o Homem Lula, nunca o foi e hoje sabemos que não tem estofo nem para sê-lo?

Desculpe se tomo o seu tempo procurando uma verdade. Afinal para que me serve a verdade se eu não tenho o poder, não é mesmo? No entanto, apelo para a sua enorme capacidade de análise e para a mulher de bem e esclarecida que tenho certeza que a senhora é. Tenho filhos adolescentes e não gostaria que eles crescessem na ignorância política que tenho vivido... que a minha geração tem vivido. Por favor, ajude-me. Por favor, ajude-nos.

Cordialmente,
JOSÉ MARIA VIEIRA
UBERABA – MG

segunda-feira, 6 de junho de 2005

A voz do silêncio

Paula Taitelbaum é uma poetisa gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro, "Sem Vergonha", onde encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim:

"Pior do que uma voz que cala / É um silêncio que fala".

Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente veio-me à mente situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo. Um E-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas....

Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem as suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando". É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma Mega-sena. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate à nossa porta, não há recados na secretária eletrônica, nenhum E-mail e mesmo assim você entende a mensagem...

Um ótimo mês...; um excelente novo ano...; Feliz aniversário!


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