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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Volto ou não volto?

Por Arnaldo JaborJornal O Estado de S.Paulo – Original «aqui»

"Volto ou não volto?" Fico aqui no meu banheiro pensando, diante de espelhos sem-fim.

Quantos Lulas refletidos ao infinito!

É como se fosse um povo de lulas. Isso

Eu sou o povo

Sou um fenômeno de . Quanto mais me denunciam, mais eu cresço. Eu desmoralizei escândalos, vulgarizei alianças, subverti tudo, inclusive a subversão. Eu tenho o design perfeito para isso...

"Lula" é um nome doce, carinhoso, familiar. "Lula" é fácil de entender.

Agora, aqui sozinho, Mariza está dormindo, posso me analisar. Volto ou não volto?

Ai, que saudades das mãos da rainha Elizabeth - eu beijei sua mão com um vago perfume de verbena.

Ai, que saudades dos tempos em que eu posava com outros presidentes, com o Obama me puxando o saco, dizendo que eu era o "cara".

Como era bom ver intelectuais metidos a besta me olhando com fervor, me achando o símbolo do futuro, como se eu tivesse uma foice e um martelo na mão. Comi várias professoras da universidade; eu era um messias para elas, que nunca tinham visto um operário, a não ser o encanador de seus banheiros.

E os banqueiros e os empresários que tinham medo de mim, mas se ajoelhavam por grana do BNDES, enchendo o partido com dinheiro para campanhas?

Mas está na hora de decidir.

Tenho de ser cruel comigo mesmo.

Vamos .

Ninguém está vendo.

Autocrítica: A verdade é que eu nunca me interessei pelo bem do povo. Essa visão de um operário pensando no País é uma imagem romântica de pequenos burgueses. Operário quer é subir na vida. Fui mestre nisso. Eu odiava o calor daqueles tetos de Eternit na fábrica, aquela cachaça morna na hora do almoço.

Aquele torno que cortou meu mindinho foi minha primeira grande sorte (tem gente que até acha que eu mesmo cortei...). Virei líder sindical. Foi a sorte grande. Sem dedo, descobri a massa. A massa operária se postava diante de mim e eu, com meus olhos em fogo, vi o mar de gente na greve dos metalúrgicos e tive a luz de berrar: "Vocês me dão o posto de comandante das negociações com os patrões?".

Foi um mar de vozes: "Sim! Lulaaa!".

Naquele momento, eu vi que chegaria à presidência. Eu vi a facilidade de convencer o povão de fazer o que eu quisesse. Depois, os evangélicos descobriram o mesmo, mas eu fui pioneiro. Aliás, me baseei no Jânio Quadros, com vassoura e caspa artificial. Ele foi o criador da política do espetáculo. Eu era bonitinho... boas sindicalistas eu papei... Era fácil, não precisava nem cantar.

Mas sejamos sérios.

Ali, no espelho, me vejo multiplicado e tenho de decidir.

Que é melhor para mim? Os caras falam: "Volta, que o povo quer!".

E eu? Será que me interessa?

Será que vai ser bom para minha imagem no futuro? Porque hoje minha imagem está jóia. Ganho 400 paus por palestra, vou ao exterior e falo qualquer coisa, eles me amam a priori, eu, um herói operário.

Os franceses e outros babacas, bisbilhoteiros das "revoluções" tropicais, jamais entenderão o que tive de fazer para crescer no poder.

Jamais entenderão as sujeiras que tolerei para manter as mãos limpas, como me dei bem com os 300 picaretas que denunciei antes e que depois foram minha tropa de choque. Jamais entenderão que eu nunca soube de nada, sabendo de tudo...

Foi que se fez a luz!

Eu entendi que se eu quisesse fazer reformas, mudanças radicais, eu perderia meu poder de messias. Eu vi que o verdadeiro Brasil é o PMDB e os corruptos todos. Tudo foi construído assim, por séculos, nesse adultério entre a grana pública e privada. a corrupção move o País. Mantive o legado do FHC e chamei-o de herança maldita... FHC não sabia falar com o povão... Ele fez tudo e não é nada, eu não fiz nada e sou tudo. Também nunca entendi por que os tucanos não defenderam o governo dele. Nem ele.

Quando vi que era a "estratégia do medo", caí matando.

Me aproveitei do Plano Real e depois disse que eu é que fizera a queda da inflação. E agora a porra está voltando.

Até o Roberto Jefferson me deu sorte, me ajudou muito, denunciando os babacas dos comunistas, que me atazanavam desde o início.

A Mariza dizia: "Essa gente não presta...". E eu não ouvia... Veio o Jefferson (obrigado, Roberto...), expulsa os bolcheviques da minha cola e eu pude inventar a nova ideologia: um grande balé na mídia para manter o povo feliz.

Eles pensavam: se ele chegou , nós também podemos... Ele é "nóis". Não entendo como o FHC não teve a grandeza nem de um "populismozinho".

Tudo tão simples; basta falar como eles, falar de futebol, fingir de vítima, injustiçado por ter origem humilde, dividir o mundo em ricos e pobres, mentir estatísticas numa boa, falar do futuro.

Depois, espelho meu, tive mais sorte. Começou o surto dos emergentes. Como entrou grana, aqui! Gastei tudo para consolidar meu poder.

Mas chega de saudade; a realidade é: afinal, volto ou não volto?

O perigo é eu voltar e ter de lidar com a cagada que eles fizeram. Essa Dilma e o Mantega... Puat que os pariu!

pensou?

Ter de acordar cedo, beber meu uísque 30 anos de noite... E aguentar o Berzoini, o Rui Falcão, falando como se morassem na URSS...

E, pior, é que os comunas vão ficar mais assanhados, mais "aloprados" ainda. Vão querer mais "bolivarianismo".

me aporrinharam e fuderam tudo com o mensalão... Eu bem que avisei: "Vão com menos sede ao pote!...".

fizeram merda e depois tive de me virar, dizer que não sabia. me encheram o saco.

Mofem na Papuda!

Se eu voltar, vou ter de satisfazer essa laia. Vou ter de reprimir a mídia. Disso até gosto, para assegurar minha bela imagem no futuro.

Será que vale a pena botar em risco minha imagem?

E tem mais: minha maior descoberta foi que o Brasil não tem conserto. É impossível governar. A política não rola mais. É um parafuso espanado. Se os tucanos ganharem, vão se fuder também.

Minhas imagens: quantos lulas refletidos nos espelhos...

"Lula! Que você está fazendo , trancado?" 

" vou, Mariza! Porra! Não posso nem ir ao banheiro?"

Isso, espelhos meus! Batam palmas para mim! Milhares de "eus" me aplaudindo! Obrigado, meu povo!

E ? "Volto ou não volto?"

terça-feira, 6 de maio de 2014

“Somos todos macacos”, garantem os brasileiros.

Diante dessa assertiva tão categórica, com uma campanha publicitária por trás (veja aqui), para dar ênfase e divulgação ao fato, posso concordar e apoiar, no que concerne ao estado, comportamento e aparência símia dos brasileiros, obviamente!... pouco importando quantas bananas Daniel Alves vier a comer (oxalá muitas sejam), quando lançadas aos gramados onde ele estiver...

Ou quantos “selfies” Neymar fizer comendo bananas, abraçado ao filho... um lindo rebento no aprendizado do que será a sua dieta principal no futuro promissor adiante.

Eu que conheço o Brasil e os brasileiros, desde criancinha, não tinha toda essa certeza como a que vi estampada na peça publicitária lançada pela agência Loducca e secundada por centenas de personalidades, saídas dos mais variados círculos da sociedade brasileira.

Mas eu me rendo às evidências. a campanha da Loducca, seguramente dirigida por macacos, seria suficiente.

Porém, tem vezes que eu me engano em relação aos brasileiros. Quando penso que eles estão a ponto de adentrarem às sombras mais escuras, logo percebo que  se tingiram de negro e caminham céleres pelos vales tenebrosos de suas vidas apoucadas...

Vidas símias, terei de dizer daqui para diante.

No entanto sabia, sim, que a maioria brasileira era formada por macacos.

Desde 2003 venho observando a desenvolução desse povo, numa clara contradição ao conjunto de doutrinas de Spencer e de Bérgson; principalmente do evolucionismo primário de Darwin... 

não sabia que o processo havia avançado tanto, a ponto se ser reconhecido oficialmente numa campanha publicitária que ganhou o mundo... para estarrecimento desse mesmo mundo.

E agora que me dei conta, percebo que não chega a ser uma novidade surpreendente.

Talvez porque as minhas previsões em relação ao Brasil sejam sempre modestas, como se dentro de mim existisse um desejo recôndito de errar.

Ainda não tive essa sorte.

E para minha tristeza, exausto por nunca errar, apenas posso dar razão aos especialistas em sociologia brasileira, queanos vêm vaticinando que: “se nada for feito, em duas ou três gerações, o Brasil estará sendo governado por chimpanzés... eleitos, sem traumas, pelo voto popular”.

Parece que nada foi feito...

Pior, parece que essas “duas ou três gerações estão presentes, em pleno exercício das suas faculdades simiescas mais selvagens... como foi visto recentemente na cidade do Guarujá, litoral de São Paulo, onde uma macacada ensandecida linchou até à morte uma dona de casa de 39 anos só porque era parecida com uma suposta sequestradora, inventada por um par de macacos... ou em Recife, onde alguns gorilas arrancaram dois vasos sanitários de um dos banheiros do Estádio de Futebol, foram até à beirada da plataforma, a 30 metros de altura e, de , arrojaram as privadas para cima de uma multidão de espectadores que deixava o Estádio.

Um morreu esmagado e vários ficaram feridos.

Macacos fazem essas coisas! Atiram coisas apenas por atirar...

Deixar macacos soltos é sempre perigoso, dizem os tratadores...

Não são bichos confiáveis!

Portanto, posso concordar com a campanha publicitária: os brasileiros são, de fato, todos macacos! Não andam com os pés nos chão... As mãos também.

Conquanto, mesmo com as mãos no chão, adoram tanto as bananas, que se fotografam abraçados a elas e vestem camisetas com elas desenhadas... a R$ 69,00 (€23.00) cada...

Enquanto atiram vasos sanitários borda-fora... ou lincham mulher indefesas.

Entropia e endogamia, as principais características indissociáveis dos brasileiros, detectadas até agora, deixam de ter relevância perante o auto-reconhecimento desse povo de que o homem não evoluiu a partir do macaco, mas todo o contrário. O macaco, (leia-se, o brasileiro como criatura viva), é a desenvolução do homem; exatamente como estão os brasileiros a demonstrarem.

Portanto, banana neles!


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