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sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Um novo fim

Por Félix Barbosa(*)

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." – [Chico Xavier]

Quem observa o Brasil com discernimento entristece-se ao escutar parlamentares do PT citarem o presente “tsunami” de corrupção como algo, não de agora, mas oriundo do governo FHC e dos tempos coloniais. Por conseguinte, concluo eu, o PT, seus dirigentes e atuais governantes só seguiram a tradição.

Essa lengalenga de dizer: – se tivéssemos sido colonizados pelos ingleses ou pelos holandeses talvez outro seria o Brasil, – é uma falácia. Já tivemos mais de 500 anos para sanear a “rouboBras” e nada fizemos. Como dizia Dostoiewsky, "o inimigo está lá fora". É cômodo, não?

Recordo uma entrevista do Sr. Douglas North, prêmio Nobel de Economia, à revista Veja, onde afirmou que os países da América Latina importaram seu modelo institucional de Portugal e da Espanha e por isso levam desvantagem. 


Segundo ele, a Península Ibérica tem instituições ineficientes, sem maturidade para estimular o crescimento econômico. Em contra-partida, os Estados Unidos, sob a carga genética das instituições inglesas, têm um sistema bem mais moderno.

Para usar a expressão do momento, repilo frontalmente tal pensamento. Basta ver a economia da Espanha atual e como ela e Portugal estão comprando este Brasil nosso aos retalhos. – No entanto, esse tipo de pensamento soa como música para todos os comodistas de plantão, cuja inépcia e, por conta de se locupletarem, justificam as suas excrescências ao governo anterior, aos colonizadores ou ao infeliz Delúbio. Infeliz sim! - Execrado por todos e ungido, a “celerado único” por aqueles a quem ele lhes consagrou fidelidade canina.

O nosso caráter brasileiro, apesar de vilipendiado pelo PT, reside nas 7 subjetividades: Amor; paixão; lealdade; fidelidade; conquista; sedução e idoneidade. Quiçá, por não as exercermos corretamente tenhamos permitido tanta corrupção. Nela, o PT como um todo se diz vitima de um passado, – e hoje sabemos que a tal “ética” deles era uma ignomínia.

Esta falta de entendimento convergiu na eleição do homem equivocado. No Lula personifica-se a não-fidelidade e a não-lealdade; a paixão e o não-amor; a conquista e a ausência de sedução. - [o Collor, por exemplo, plim-plim..., usou a sedução]. – Por outro lado, tocando à idoneidade, vê-la ou não no Lula, se a possui ou não, depende da faceta do cristal com a qual se observe este atributo.

Quem hoje, desapontado, diz ter sido seduzido pelo Sr. Lula, é um “purista”. O PT dos últimos 12 anos conquistou parte da nação. – PSDB foi seu aríete. – Permitiu ao Lula conquistar 53 milhões de almas desiludidas por meio de um MST invasor, Sindicatos achacadores, shows milionários, tratamento dentário, malas de dinheiro e promessas mitômanas, tão veementes, mais pareciam ser a chave da porta da felicidade.

Conquista nada tem a ver com sedução. Sedução significa enlevo, deleite, atração, encanto, fascínio, – predicado do qual FHC se valeu para reeleger-se, calcado nos resultados do seu primeiro mandato. 


Entretanto, conquista, como ela mesma inspira, quer dizer submeter, vencer, subjugar, alcançar, obter a qualquer preço. Em outras palavras, Lula adestrou o poder por conquista. 

No exercício desse poder, não obteve mérito, nem força, nem mesmo submissão apesar de comprar a Vice-Presidência, o Sr. Roberto Jefferson e uma série de parlamentares, cujo abrolhar assemelha-se a lenços de papel sendo arrancados da caixa.

Quem elegeu o Sr. Lula, [direito não censuro], e por ele se sente ludibriado, tampouco está afrontando o necessário para alterar esta conjuntura. Não lê a Constituição, nem sequer o manual do Procon; não conhece os seus direitos, não os procura e menos ainda os exerce. Apenas rezinga e culpa a ascendência! 


Portanto, qualquer infortúnio ou tributo indevido adicional, é reflexo do pretérito. E pagamos todos! O Congresso Nacional paga salários polpudos a parlamentares ausentes contumazes ou aposentadoria aos renunciantes e tampouco nada faz. E pagamos todos!

Certa vez Rui Barbosa concluiu - "O povo não tem representante porque as maiorias partidárias, reunidas nas duas casas do Congresso, distribuem a seu bel-prazer as cadeiras de uma e de outra casa, conforme os interesses das facções a que pertencem." – e eu pergunto: não é o povo quem escolhe esses representantes?

Isto foi dito há 90 anos atrás. De lá para cá, talvez tenhamos estultice e celulares demais e com certeza, sabedoria de menos, sem falar na mesma fome, na mesma falta de patriotismo, na mesma carência de escolas, na mesma corrupção. As verdades mais claras do passado podem tornar-se ainda mais claras no presente. Porém, somente aqueles que constroem o futuro têm direitos a julgar o passado. 


O PT perdeu esse direito! 

É possível até que sua passagem pela vida política brasileira assemelhe-se à réstia que uma pedra deixa na superfície das águas.

(*) Félix Barbosa, é engenheiro químico; Doutor em Literatura Inglesa; Mestre em Literatura Espanhola; Mestre em Administração de Empresas; Atualmente é Consultor de Empresas na área de contratos societários internacionais.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Oposição incompetente

Artigo publicado no "Blog do Noblat". Os meus agradecimentos ao Ricardo Noblat por sua gentileza.

Oposição incompetente

Por Félix Barbosa(*)

Bem-vindos aos fatos: o PT sangra e está acuado contra as cordas. 

A oposição perdeu todas as mesas das CPMIs e é sistematicamente derrotada nas votações dos requerimentos que submete. Se Einstein media o valor de um homem pela medida em que ele [homem], se libertava do seu próprio eu. 

Nos oposicionistas na CPMI dos Correios, vejo uma "medida" pequena.Para trazer o Doleiro Barcelona à CPMI, Álvaro Dias, ilustre senador da oposição, votou contra. 

Na votação para convocação do ex-ministro Gushiken, uma "incontinência urinária" assolou alguns membros da oposição, justo na hora do voto. 

O senador Artur Virgílio  adepto das palavras bonitas, de difícil compreensão, nem apareceu na sala. Como ele, outros se virgularam de suas eméritas presenças no momento da votação.

O Resultado foi a derrota da oposição na sessão da CPMI dos Correios: PT 18 X oposição 11. (média ponderada dos votos recebidos pelos requerimentos da oposição no dia 18/08/2005).

Quem assistiu a essa sessão, pôde presenciar um festival de derrotas da oposição e a competência política da tropa de choque do PT, conduzida por Ideli Salvatti, Maurício Rands, Carlos Abicalil, sob o guarda chuva do Senador Delcidio Amaral.

Do lado da oposição o que se via era alguns galinhos garnisés, a começar pelo mais bonito parlamentar, o jovem ACM neto. Sem argumentação, sem eloqüência e verborragiando palavras apelativas, amargaram a "não aprovação" de todos os requerimentos para convocação dos, sobejamente conhecidos, mentores e operadores da maior crise de corrupção deste país.

Há muito se sabia do DNA corruptor do PT. 


No entanto, a corrupção anterior, a egolatria do Sr. FHC, a falta de ética do falecido Sérgio Mota, a conspurcação do Serra com os laboratórios e a ação dos fundos de Pensão nas privatizações deram origem ao fenômeno Lula paz e amor. 

Deram origem, sobretudo, à institucionalização da corrupção sistêmica e voraz que assistimos e, com nojo, nos defrontamos ao raiar de cada dia, nestes últimos três meses.

Os professores da corrupção foram superados pelos defensores da ética. Não só na arte de corromper, mas também na retórica, na capacidade de convencimento, na eloqüência dos argumentos. 


Cedo ou tarde será preciso escolher um lado se quisermos permanecer humanos. A oposição, no entanto, escolhe todos, em nome da tal da "governabilidade". São contra o impeachment do Lula. Porém, afirmam que ele é autista; que nada sabe, que não tem condições de continuar governando.

No Brasil, política é com "p" minúsculo e significa dinheiro. 


Nós nunca a compreenderemos. 

Somos uma maioria analfabeta e não temos líderes de verdade. 

Quem o era, já morreu. Quem ainda é, lembra da ditadura e está velho demais e sem forças. Só nos resta os Artur Virgilios, os Mãos Santas, ACMs, César Borges e outros que somem da sala da CPMI na hora de votar.

O Brasil é um organismo. 


Todos nós somos células com diferentes finalidades. No entanto estamos entrelaçados, servindo uns aos outros. Mas maioria dos brasileiros não entende isso. Vemos uma UNE vendida - o futuro já vendido! 

Vemos os sindicatos negociando migalhas. Vemos a compra de um avião, cujo preço construiria duas ou três universidades capazes gerarem bons líderes. Vemos uma oposição ao estilo PRONA, usar o nome de Deus insistentemente, para adornar parlapatices citatórias sejam elas do Livro Sagrado, de próceres ou de uma lista de frases em latim.

Já não surpreende como o PT conseguiu comprar tanta gente e manipular o Congresso Nacional. Temos uma oposição fraca, sem hombridade. As transmissões das CPIs, mostram-nos, com nitidez, os interesses ali grassantes. Nenhum deles é republicano.

Ao vê-los tratarem-se uns aos outros como Excelência, sinto um torpor lúcido, pesadamente incorpóreo, estagno, entre desonestidade e a hipocrisia, numa sensação à sombra da excrescência. Assistindo à performance dos chamados oposicionistas, minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um Brasil e a leviandade da sociedade eleitora de tais pessoas.

Tenho a impressão de que se ali adentrasse um policial e gritasse: - "POLICIA" – eles não sairiam correndo. Responderiam em uníssono: - "E aí amizade? Demorou pra chegar! Vai um chopinho?".

Diante de uma oposição tão contraditória, eu, crítico do Lula e do PT, devo reconhecer que há no gênio petista um elemento obscuro. 

Aquele elemento confuso, real, mas difícil de definir, chamado mediunidade. Lula foi o veículo de um vasto número de tendências, se não tivesse sido tal veículo, não teria podido dominar a oposição incompetente. Foi essa que o enviou para que nela ingressasse, e Lula comandou e tem comandado, porque a venalidade da oposição assim lhe ordenou que o fizesse.

(*) Félix Barbosa, 49 anos, é engenheiro químico; Doutor em Literatura; Mestre em Literatura Espanhola; Mestre em Administração de Empresas; é Consultor de Empresas na área de contratos societários internacionais.


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