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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PanAmericano: agora a culpa é dos “parente”?

Caro Leitor, façamos como o poeta: – enlacemos as mãos. Sentemo-nos sossegadamente à beira do rio e fitemos como o PanAmericano é uma fraude enorme; sempre foi!; e nós... Nós não estamos de mãos enlaçadas...

Ricardo Feltrin, editor e redator do “Ooops”, coluna de fofocas televisivas do UOL, escreveu no sábado 14/11: – “Sílvio tomou a decisão de por fim ao ‘nepotismo’ no Grupo SS anteontem, em reunião com seus advogados. A equipe teria concluído que a colocação de parentes em altos cargos de direção e confiança foi o principal motivo para que a fraude ocorresse”. – Leia o resto «AQUI», se quiser. Não vale a pena.

O texto do sr. Feltrin, como o nome já insinua, – bem apropriado, diga-se, ao que publica, – é um feltro ou uma filtragem encomendada. Entretanto, serviu-me de inspiração. 


Diante de tantas mentiras que os jornais brasileiros estão a publicar sobre o PanAmericano, a minha indignação vai além do quanto existo.

Por motivos particulares, bem gostaria de contar aqui o que sei e mostrar os documentos há muito guardados. Não posso! Correria o risco de trazer à baila nomes de pessoas estimadas que um dia, de boa fé – e por ingenuidade, – foram seduzidas, manipuladas e lesadas por esse camelô, filho de uma égua, chamado Senor Abravanel.

Quinta-feira passada, cheguei a ligar para duas dessas pessoas. Até me propus ir ao Brasil, (apesar de todo o asco que me invade, só de pensar em voltar), para orientar e apoiá-las, caso estivessem dispostas a testemunhar para o Ministério Público. 


Não estão. 

Nada feito. 

A idade avançou demais para elas e hoje... bom... Quando se envelhece na miséria tem-se medo até de ir à padaria para comprar pão.

O Leitor ainda se lembra de quando Sílvio Santos deixou São Paulo e foi morar em Miami, dizendo que não voltaria mais para o Brasil?... Que deixava de apresentar os programas que só pobre assistia?

O que o Leitor talvez não saiba é que Sílvio Santos fugiu para deixar em São Paulo um bando de advogados que, munidos de poderes ad negotia, enfrentaram as pessoas lesadas numa estafa financeira milionária, iniciada com os carnês do Baú da Felicidade, repetida nos títulos da Liderança Capitalização e hoje, praticamente institucionalizada pela atual Tele-Sena arranjada.

A justiça brasileira corrupta, imersa nas inventadas delongas processuais exasperantes, e esses advogados sem escrúpulos, proporcionaram acertos ad judicia et extra aviltantes; sobretudo um monte de pactum de non petendo


Esses amigos meus foram dois dos milhares de prejudicados, que se juntam agora aos estafados pelo PanAmericano.

E o leitor acha que o Ministério Público não sabe ou sabia disso? Sabe! Sabia! Mas não fez nada!; porque é movido a interesses políticos, jantares e outras ‘cositas” mais.

Melhor deixar de lado as aberrações legais brasileiras e a “apatia” do Ministério Público e do Banco Central; este, o verdadeiro responsável por ter permitido esse golpe de R$ 2,5 bilhões no PanAmericano; cujo montante final, segundo soube hoje, pode passar dos R$ 4 Bilhões.

De qualquer forma, vou contar mais um pouco, ao meu modo, dentro do possível, o que sei e que a imprensa brasileira também sabe, mas prefere esconder. Quem sabe, alguém se interessa e vai em busca de mais informações, se tiver coragem de publicá-las.

Esta manhã, falando com um amigo meu em Belo Horizonte, quis saber porque a imprensa não revelava a verdade sobre Sílvio Santos. 


Disse-me ele: – “a maioria tem medo de perder o emprego ou quebrar o corporativismo... e, se desempregado, pode que não consiga vaga no jornalismo SS... ”... “Além disso, revelar o que acontece nos bastidores do Grupo SS traria à tona situações análogas em mais de uma dezena de bancos”... “Os investimentos em publicidade dos bancos anda na casa dos R$ 800 ou R$ 900 milhões...

No final deste texto ofereço uma lista de matérias colecionadas no fim de semana passado. Destaco a escrita por Mônica Bergamo, da Folha, onde transcreve uma entrevista telefônica realizada com Sílvio Santos. Leia-a «AQUI» se tiver muita curiosidade e quiser me abandonar... Como diria o poeta: – “Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente”.

A entrevista vale a pena; exclusivamente para se perceber o caráter abjeto de Senor Abravanel, que prefere ser chamado de Sílvio Santos.

Voltemos à matéria do feltro, ooops!, digo, Feltrin.

Sílvio Santos e sua assessoria de imprensa devem andar ouvindo discos de Vicente Celestino. Num momento como este, em que a “Força do Destino” destroça o “Baú da Felicidade”, que há muito está falido, a canção “O ébrio”, do imortal intérprete, deve ser adágio de fundo a marcar as decisões.

Saudades, certamente deve ter Sílvio Santos de quando cantava a “Tosca” no banheiro... e o auditório “mais feliz do Brasil” atirava-lhe flores. Consigo até imaginá-lo, diante do espelho a ajeitar a peruca, trauteando de microfone dourado ao pescoço:

Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro, e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes... confiava sim...

E hoje ao ver-me na miséria, tudo vejo então
O falso lar que amava e a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram, e roubaram o que amei.

Assim que... huumm... mandaram o Feltrin dizer que o busílis no PanAmericano “foi os parente”?????

Só quem não conhece o centralismo e a tirania do Senor Abravanel pode acreditar numa patranha dessas; ou nas que disse à Mônica Bergamo. Daqui a pouco, baseado no que jornalista transcreveu, vou destacar algumas, só para ilustrar.

Antes, porém, é preciso que o Leitor entenda algo nas e das personalidades de Senor Abravanel versus Sílvio Santos. 

Embora seja o mesmo homem, ele não se pertence. 

O poder dominou-o, a tal ponto, que pisa em quem se interpuser no seu caminho. 

Nele convivem traços típicos distintos, bipolares, erráticos e dados a destemperos excruciantes. Detesta perfumes e se alguém quiser deixá-lo furioso é chegar perto todo(a) perfumado(a). Este fato talvez se deva à doença que tem: edema de Quink.

Senor Abravanel é o homem-empresário, camelô compulsivo, déspota por natureza, macumbeiro por superstições pessoais múltiplas, – faceta que pouca gente conhece, – adúltero contumaz, pai protetor e marido provedor.

Sílvio Santos é o oposto; sempre e quando ao redor hajam holofotes, pessoas estranhas ou a ambição financeira o impulse a camaleonar-se. No privado, Sílvio Santos confunde-se com Senor Abravanel.

Alguém já esqueceu quando ele e seu auditório cantavam: “O general Golbery é coisa nossa”? “O presidente João Figueiredo é coisa nossa”?...

E de Carlos Renato?, jurado bem pago do seu programa de calouros, primo de dona Dulce, esposa do general João Figueiredo?

E da marchinha "Eu te amo meu Brasil, eu te amo", escrita por Don e Ravel, que sonorizava a campanha publicitária “Brasil, ame-o ou deixe-o” elaborada a pedido do alto comando militar?

Quem não se lembra da “semana do presidente” apresentado aos domingos para mostrar que a ditadura só fazia bem para o Brasil?

Fazia bem, sim, para Abravanel conseguir mais canais públicos de TV e formar o seu SBT; ou conseguir a licença para montar a sua Liderança Capitalização destinada a espoliar pobres de pouca inteligência. 

Do mesmo modo como a bolinha de papel atirada à cabeça do Serra fez bem ao Senor Abravanel para conseguir o empréstimo de R$ 2,5 Bilhões e ajudar na derrota de José Serra; não que eu a lamente. Veja a reportagem «AQUI»

Quem pensar em conquistar a amizade do personagem Senor Abravanel, dificilmente terá êxito. Raramente freqüenta restaurantes ou recebe convidados na sua luxuosa residência no Morumbi, de onde, certa vez, foi posto para fora pela esposa, Irís, que apresentou queixa crime contra ele na polícia e, posteriormente, até trocou as fechaduras da casa.

Abravanel abjura igualmente guetos acadêmicos ou meter-se em atos públicos ou políticos, apesar de ter tentado eleger-se prefeito duas vezes e presidente da república, uma vez. Tampouco possui currículo escolar, ao menos, completo. No entanto era bilionário. Hoje não é mais.

No trato com funcionários e operários das suas empresas, Abravanel mostra-se arbitrário, geralmente despótico e disciplinador. Não gosta de ouvir, não aceita sugestões, fala pelos cotovelos e os outros... Os outros sempre e invariavelmente estão errados.

Outro dos seus dotes é conhecer detalhes sórdidos das suas figuras proeminentes no SBT, do jornalismo em geral, de políticos, de banqueiros e, mormente, de ministros. 

Não tem avidez por notoriedade. Prefere atuar como uma espécie de eminência parda; um cardeal Richelieu dos interesses farisaicos das suas empresas junto ao governo Federal, (principalmente na época dos militares), e a outros governos de países das Américas; sobretudo, da do Norte.

Sua principal característica é o conhecimento enciclopédico; uma capacidade intuitiva da realidade; uma visão de mundo, de empresas, da política, do Direito e, sobretudo da grande imprensa, algo incomparável a qualquer outro cidadão brasileiro.

Em terra de cegos, quem tem olho é rei.

Senor Abravanel é um especialista em demonstrar que "em quase nenhum lugar é assim" e que só ele está certo. Habitualmente, com sucesso, debate e rebate com eloqüência os argumentos do governo contrários aos seus interesses pessoais e aos das suas empresas, nesta ordem.

É metódico fanático e desconfiado primeiro. Acredita na família e comanda-a com pulso de ferro ao estilo da máfia siciliana. Todas as suas empresas são “oficialmente” regidas por familiares, aos quais impõe, – em nome desses laços co-sanguíneos, – uma lealdade e fidelidade caninas; porém, a nenhum deles dá autonomia para dar um passo, sequer, nem espirro se porventura precisar, sem receber previamente a sua aprovação.

Para Abravanel, mais importante do que ganhar dinheiro é não perdê-lo. Entre os seus funcionários tem fama de ser pão-duro; talvez por isso ele não se cansa de alardear que os paga regiamente. Não paga!

Abravanel detesta ser contrariado; mais ainda em não obter em seguida o que deseja; pior se muda de opinião e não é atendido na mesma velocidade da mudança.

Quanto à personalidade do “Sílvio Santos”, como escrevi antes, é totalmente o oposto, repito, se houver público ou microfones por perto.

Sílvio Santos é a personificação exemplar do bufarinheiro nato; a simpatia e o carisma de mãos dadas, montadas em cima de duas pernas com um microfone antigo pendurado no pescoço. 

É afável, “amigo” dos seus amigos, se estes lhe proporcionarem algum tipo de vantagem. Sedutor ao extremo, é dono de uma lábia de fazer inveja a Satanás. Jus lhe faz o apelido “o peru que fala”, (já esquecido pela mídia), com o qual foi conhecido na juventude. 

Como bom camelô não hesita em mentir ou deturpar a verdade se a situação lhe for antagônica.

Outra das suas aptidões reside na singular capacidade de insultar as pessoas e deixá-las com a sensação de terem sido elogiadas; graças à sua simpatia, ao domínio da voz e ao extraordinário conhecimento de palavras pouco usuais, usadas como eufemismos.

Se quer chamar alguém de burro, por exemplo, coisa que sucede amiúde na cobrança de resultados junto a algum executivo das suas empresas, diz simplesmente: “nota-se que o senhor tem uma inteligência digna dos maiores elogios”. – Se o coitado, apesar dos resultados ruins apresentados, não percebe o sarcasmo, certamente fica feliz por ter recebido “os maiores elogios” do patrão.

Raramente algum dos “elogiados” pára para raciocinar sobre o “piropos” que recebe. Porém, se o faz, guarda silêncio, porque propagou antes pela empresa que o chefão o elogiou. Pelo geral, uma semana ou duas depois é despedido. Sílvio Santos não perdoa erros ou resultados abaixo do esperado.

Estranho que a imprensa ainda não tenha ido atrás de Miguel Cohen, ex-diretor do cartão PanAmericano...

As ironias e metáforas de Sílvio Santos são igualmente famosas, ferinas e incontáveis vezes interpretadas ao contrário do seu significado, para desespero de muitos executivos e dos poucos jornalistas que conseguem entrevistá-lo.

Um exemplo do que acabo de afirmar é a entrevista transcrita que concedeu à Mônica Bergamo. Em negrito apenas as respostas de Sílvio Santos e, logo abaixo de cada uma o meu comentário.

(Leitor, se acima, onde indico o link da entrevista, você não a acessou, vai precisar primeiro fazê-lo agora, «AQUI», se quiser entender o que comento abaixo).

– “Que Lula?

A mordacidade de Sílvio Santos diante das perguntas da jornalista chega a ser aviltante. É preciso que a jornalista lhe diga a qual “Lula” ela se refere para que a “personalidade” Sílvio Santos busque na memória a referência ao nome.

O complemento da resposta dada à jornalista é ainda mais circense. Não fosse eu e a minha memória, soaria até plausível. Porém, se o leitor reler o que foi noticiado em 22/09/2010, no Portal G1 da Globo, «AQUI», verá as discrepâncias.

Sílvio na entrevista fala em ter pedido ao Lula R$ 13 milhões, mas em 22/09 falou que eram R$ 12 milhões. Milhão para cá, milhão para lá, que diferença faz? Né “me’mo”?

Coincidentemente, na mesma data, Lula, para atender o Sílvio Santos, cancelou a reunião que estava agendada, às 11:25 hs, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. – Oh, coincidênciazinha danada de boa, !

Entretanto, como disse o meu amigo esta manhã, se a reunião com Henrique Meirelles foi cancelada, porque diabos o mesmo Henrique Meirelles estava no gabinete do Lula quando Senor Abravanel lá entrou? Sim, Senor Abravanel foi quem visitou o Lula. 

O Sílvio Santos estava incorporado para tratar do Teleton, mas... – mas, que peninha! – não teve oportunidade, exceto para dar entrevistas à mídia e insinuar, como relata a reportagem do G1: – “Sílvio Santos contou ainda que convidou Lula para fazer a abertura do Teleton, mas também não obteve uma posição definitiva do presidente. Ao relatar a espera na ante-sala do gabinete presidencial, o apresentador acabou revelando aos jornalistas que o ex-ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos aguardava para se reunir com Lula, encontro que não estava previsto na agenda oficial”.

“...acabou revelando aos jornalistas que o ex-ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos aguardava para se reunir com Lula, encontro que não estava previsto na agenda oficial”????

O estranho mesmo, como disse o meu amigo, é que Senor Abravanel, despido completamente da personalidade de Sílvio Santos, não parava de falar, pelo celular, com o próprio Thomas Bastos...

Em 22/09, na entrevista dada à Globo, Sílvio Santos diz que pediu R$ 12 milhões, (um por cada ano de existência do Teleton), mas que “o Lula não deu resposta sobre se daria o dinheiro”.

Em 12/11/2010, 46 dias depois, diz à Mônica Bergamo: 

Estive com ele falando sobre o Teleton. Ele está me devendo R$ 13 mil [risos]. Tive que dar por minha conta porque ele prometeu e não deu os R$ 13 mil. Eu falei para ele: "Se você der R$ 13 mil, a Dilma pode ganhar a eleição". Porque é o número dela, não é? Não é 13 o número da Dilma? "Pode ser que Deus te ajude e ela ganhe a eleição."

Agora pergunto eu: Se R$ 12 milhões eram, um por cada ano de existência do Teleton, porque viraram, – para a repórter da Folha, – R$ 13 milhões? Para combinarem com o número da Dilma? Porque 46 dias depois a memória esquece das mentiras ditas antes?

Você responde, Leitor.

Sigamos. Continuemos a observar o fluxo do rio.

– “Mas aí é que tá: agora tô preocupado [risos]. Ele fez a promessa e não cumpriu”.

Esperar caráter ou honra entre bandidos é o mesmo que plantar batatas em mar aberto.

Sílvio Santos que, em troca de um monte de milhões de Reais (R$ 105 milhões segundo me confirmaram), – a pagar de suborno ao PT – por conseguir o empréstimo de R$ 2,5 bilhões, ainda afirma algo que o Lula nunca disse;... mas combinou (quando se falasse da audiência no planalto), para efeitos de versão a ser dada à imprensa.

Outra pergunta impossível de calar: Como o Lula, mesmo sendo um beócio da pior qualidade e corrupto de alto escalão, desmarca uma entrevista com o presidente do Banco Central para atender um dono de televisão que vai "pedir-lhe" um monte de dinheiro para uma instituição que já recebe ajuda Federal e Estadual?

Você responde, Leitor.

Aqui um parêntesis para que o leitor perceba como Sílvio Santos gosta de plantar factóides. Assemelha-se até com o petista-bandido, ladrão e seqüestrador do José Dirceu.

Há alguns anos corria o boato que a TV Globo, no seu “Criança Esperança” recebia doações e usava-as para descontar no imposto de renda. Isso aconteceu, de fato, no primeiro ano do programa, mais por incompetência do departamento financeiro da emissora do que por má fé. Entretanto, logo foi corrigido. Contudo, anos depois, quando esse boato realmente apareceu, adivinhe de onde saiu? Onde começou?

O Leitor será capaz de adivinhar?

É pena que o Jornal do Brasil não tenha ainda, digitalizadas e online, todas as edições passadas para poder indicar aqui o link de quando o rumor foi espalhado. Entretanto, se o leitor pesquisar no Google deste ano e nos últimos oito anos, poderá ver que antes do “Criança Esperança” se realizar os boatos recrudescem intensamente. O pico atinge quando Sílvio Santos realiza o seu Teleton.

Vejamos agora sobre o José Serra e as três respostas do Sílvio à jornalista:

– “Caiu alguma coisa na cabeça dele? [risos] Caiu alguma coisa na cabeça dele?
..............
– “Ah, não foi hoje?
..............
– “Ah, eu não sei desse negócio de bolinha, não. Isso aí, olha, eu não vejo TV. Televisão, para mim, é trabalho. Só vejo filme. Agora que você ligou para mim eu estava vendo a Fontana di Trevi. Você já viu esse filme, "A Fonte dos Desejos" (de Jean Negulesco)? Eu estava vendo agora”.

Do mesmo modo que Senor Abravanel inventou “a Semana do Presidente”; rasgava seda com o nome do General Golbery do Couto e Silva, inclusive na promoção do seu livro, “Geopolítica do Brasil”; contratou e promoveu a dupla Don e Ravel para agradar aos militares; empregou como jurado Carlos Renato, primo da esposa do General Figueiredo, tudo para conseguir mais canais de TV, a divulgação da bolinha de papel em cima do Serra, e o repasse da reportagem para a propaganda Dilma, foi um agrado ao Lula e ao PT. O mesmo fim teve a carta escrita e divulgada, por ordem do próprio Abravanel, pelo repórter Marco Alvarenga «AQUI» e «AQUI», e o desafio de Carlos Nascimento, durante a apresentação do Jornal do SBT, ao instar qualquer pessoa a apresentar provas de que tivesse havido um segundo ataque a José Serra, além da bolinha de papel.

Quando Carlos Nascimento fez esse desafio já sabia que a Folha de S. Paulo possuía imagens que provavam o contrário e que, no dia seguinte, seriam exibidas pela TV Globo.

Quando as emissoras afiliadas ao SBT no Nordeste cancelaram, “por ordens superiores”, o debate onde Serra deveria se apresentar, por acordo previamente firmado, a despeito do suposto cancelamento de Dilma Rousseff, as tais "ordens superiores" partiram diretamente de Senor Abravanel. 

Sílvio Santos teria até prosseguido com o debate, pois os anunciantes já tinham pago. Entretanto, nesse momento, o empréstimo de R$ 2,5 bilhões já estava totalmente assegurado desde 22 de setembro.

Nas respostas à jornalista, Sílvio Santos transborda ironias e chalaças. O divergir para outros assuntos, como falar do filme "A Fonte dos Desejos", é outra das suas peculiaridades mais notáveis quando mente.

De toda a entrevista narrada pela Mônica Bergamo, a parte que mais gostei foi a “sutileza” com que Sílvio Santos desconhece o nome de Eike Batista. Como se diz na Espanha, Sílvio quadrou o touro e lhe deu um passe de peito:

– “No duro?
….
– “Ah, me arranja! Arranja para mim que eu te dou uma comissão”.
.....
– “Se ele me pagar bem, por que não? Quem é? "Elque"?”
......
– “Ele é americano? Eike?
......
– “Não, não conheço. Mas, se ele pagar os R$ 2,5 bilhões que estou devendo, vendo, é claro que vendo. Não precisa nem pagar para mim, paga para o Fundo Garantidor de Crédito. Eu não posso vender nada sem passar pelo Fundo Garantidor de Crédito”.

Se eu fosse o Sílvio Santos teria respondido parecido, pois diante das perguntas da repórter, está na cara que ela pegou o assunto num bonde andando e não tem a menor noção do que aconteceu. Coitada!

Vamos aos fatos como realmente aconteceram.

1 – Eike Batista não pretende comprar o SBT. Nunca quis, nem quer!

2 – Depois que Carlos Slim recusou a proposta de Senor Abravanel para associar-se ao SBT e, por tabela, ao PanAmericano, o dono do Baú procurou Eike Batista e mais três outros investidores, cujos nomes não vêem ao caso, e fez-lhes a mesma proposta apresentada ao mega-investidor mexicano.

3 – Eike Batista nem se tomou tempo a pensar. Recusou:
a) A situação financeira grave do Grupo SS já era do seu conhecimento.

b) A possibilidade de possuir uma rede de TV seria até interessante... Contudo, Eike jamais se disporia a pagar US$ 1 bilhão (a exorbitância que Silvo Santos pede) para não ter o controle acionário e administrativo da Empresa.
Sílvio Santos somente aceita vender parte do SBT, sempre e quando ele próprio (leia-se oficialmente, por meio das filhas e amigos de confiança), permaneça senhor e rei de todas as decisões.

Nesta altura da entrevista, em Mônica Bergamo deve ter baixado o espírito da imbecilidade costumeira dos repórteres televisivos, especialmente da Record e da Bandeirantes, quando transmitem desastres e catástrofes.

Diante da mãe que acaba de perder o filho, assassinado ou atropelado, esses metidos a jornalistas, mentecaptos são, costumam perguntar: – A senhora está sofrendo muito? Como está o seu coração? – E, diante das respostas desoladoras dessas mães, os monstros da informação ainda acrescentam: – A senhora está muito triste, né!?. – O operador da câmara aproveita logo para dar um close no rosto da mãe a ver se dos olhos escorrem lágrimas. Se não há choradeira, o repórter passa às afirmativas: – É muito triste perder um filho... A senhor vai conseguir sobreviver sem o seu filho... O sonho do seu filho em ser médico já não vai se realizar... E as lágrimas começam a verter. É a glória para o jornalismo brasileiro.

O leitor não imagina como eu ficava furioso quando assistia a essas demonstrações apelativas.

Assim fez Mônica Bergamo: – “O senhor está bem? Triste? Chateado?”... “O senhor ficou surpreso com tudo o que aconteceu?”...

Quando vejo uma repórter fazer este tipo de pergunta, será que ela espera que o entrevistado responda que está alegre, com a alma em festa, dando pulos de alegria?

Não me surpreende que a grande imprensa brasileira esteja repleta de imbecis que se acotovelam para ganharem um jantar grátis ou por um agrado de dez vinténs. São deficientes dos neurônios. Têm dois; um é perneta e o outro autista.

Sigamos, embora o texto já esteja maior do que eu imaginava. Se o Leitor estiver cansado, pare e volte outro dia. Hoje encerro o assunto PanAmericano. Também já cansei e nos próximos vou descansar os dedos.

Na entrevista, Mônica Bergamo menciona, ao perguntar, novamente algo que ouviu num trem que a despenteou e deixou-lhe a inteligência em desalinho. Refiro-me ao assunto do Bradesco.

Sílvio Santos por certo deve ter percebido os "nivéu" de quem o entrevistava e responde na gozação. Como a maioria dos jornalistas brasileiros, a moça também não sabe perguntar.

Vamos aos fatos:

O Bradesco não quer emprestar um centavo para o PanAmericano pois já é credor de mais de R$ 850 milhões em carteiras de crédito (a imprensa finalmente descobriu que não eram carnês), que já haviam sido pagas ao PanAmericano e este, mesmo assim, as repassou como não pagas. 

O banco Central em outubro do ano passado já sabia dessa fraude. A Caixa Econômica tomou conhecimento em janeiro deste ano.

O Bradesco também não emprestaria um centavo a Senor Abravanel pois em janeiro de 2009 fez-lhe uma proposta para comprar o PanAmericano, mais o Baú da Felicidade, pelo valor total da carteira fria que recebeu. Foi recusado.

No Conselho do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) o Bradesco votou (exaltado, segundo soube), contra o empréstimo de R$ 2,5 bilhões. Teve que voltar atrás por pressão do governo, devido às subprimes e hedges podres que possui, cuja solvência têm comprometido seriamente a sua saúde financeira.

Para encerrar, embora muito guarde com vontade de contar, o desconhecimento de Sílvio Santos em relação a Rafael Palladino, agora ex-superintendente do PanAmericano, é assaz hilário. 

Como também o é em relação a Henrique Meirelles com quem se encontrou em pelo menos, (que eu saiba) três ocasiões diferentes.

Para o Leitor entender:

Rafael Palladino eu conheço bem. O sujeito deve andar por volta dos sessenta e poucos anos. É dois ou três anos mais velho do que eu. 

Todos os negócios onde se meteu, antes de trabalhar para o Sílvio Santos, deram errado. Em termos de universidade tentou três ou quatro cursos e desistiu. Creio que depois fez educação física numa dessas faculdades onde não é preciso estudar, – só pagar e ao final recebe o diploma, – mas acho que não concluiu. 

Essa parte nunca atualizei por ter saído do Brasil na época.

Por ser primo carnal da Íris, segunda esposa de Sílvio Santos, começou a trabalhar no Grupo SS lá pelos idos de 1988 ou 89, (não recordo exatamente) como vendedor de imóveis. Passou o pão que o diabo amassou. 

O seu físico avantajado e estilo leão-de-chácara metiam medo. Mal ganhava para comer. Na época, Rafael intitulava-se assessor direto do próprio Sílvio, o que, como o leitor já pode imaginar, gerava um monte de gozações entre os amigos; gozações essas feitas em surdina, pois o homem enfezava com facilidade.

Recordo que na época, Rafael ou Rafa, ou “pata de onça”, (devido às mãos enormes), como o chamávamos, passou até a se pentear ao estilo Sílvio Santos.

Por influência da prima, especialmente após ela ter posto o Sílvio Santos pra fora de casa e terem feito as pazes, Rafael foi ser aprendiz de gerente na Baú Financeira (Ex-Real Sul S/A), na época uma empresinha usureira que emprestava dinheiro a juros abusivos para coitados pouco inteligentes. 

Essa empresa, em São Caetano, deu origem ao PanAmericano.

Quando Sílvio Santos conseguiu a licença do governo para montar o Banco, Rafael, ainda por pressão da Íris Abravanel, foi nomeado gerente e logo depois, como era da família, diretor e mais tarde Superintendente, respondendo direto a Luis Sebastião Sandoval, presidente oficial do Grupo SS.

Com o passar dos anos, Rafael tornou-se sócio de fato e de direito de Senor Abravanel na TV Studios Anhanguera, no Baú da Felicidade, na Baú Distribuidora de Títulos e Valores Imobiliários e na Liderança Capitalização, além de mais de umas vinte ou trinta empresas de médio e pequeno porte onde atua como “testa-de-ferro” do próprio Sílvio Santos. 

Empresas essas que vão desde postos de combustível a empresas de marketing e até uma especializada em cobranças.

Tal como o patrão, não só no penteado, Rafael é dado a explosões de caráter, quase sempre grosseiras e repletas de palavrões. A sua fidelidade canina para com o Sílvio é admirável, embora, tal como no passado, ele goste de uma bazófia, digamos, mais enfeitada e bem distante da realidade.

Porém, como dizem os vendedores do Baú da Felicidade, "ninguém engana Sílvio Santos sem pagar por isso"; como aconteceu com os meliantes; um que lhe sequestrou uma das filhas do primeiro casamento, no Rio de Janeiro, e outro, em S. Paulo, que invadiu a sua residência. Ambos morreram de causas desconhecidas, no dia seguinte após darem entrada na prisão.

Se Rafael Palladino tiver alguma morte súbita, natural, claro, eu vou saber que é culpado.

Sílvio Santos dizer que não sabe quem é Rafael Palladino é até compreensível. Ele o conhece por tio Rafa (por parte das filhas) ou Rafinha, por parte da esposa. Ou talvez por “pata de onça”, por parte dos amigos de quem se afastou quando ficou bem de vida, mas não rico como a imprensa tem divulgado.

Certamente a fraude do PanAmericano não foi orquestrada por Rafael Palladino. Este senhor não tem inteligência para tanto, nem coragem para isso. Uma fraude desse tamanho exigiria colocar dinheiro fora do Brasil. 

O “pata de onça” não fala uma palavra de inglês e, se bem me recordo, quando foi do lançamento do PanAmericano na Bovespa (abertura de capital) e conseqüente captação de investidores, Rafael foi para New York quase morrendo de medo por se sentir incapaz de dar conta do recado.

Dentro do grupo Silvio Santos só há um responsável: o próprio Senor Abravanel. Todos os demais executivos, incluindo Luis Sandoval e demais familiares, não passam de assessores e executores das ordens, desejos e ambições de Silvio Santos.

A culpa não é dos “parente”!

Como na canção, a força do destino e a soberba estão se encarregando de, mesmo no fim da vida, dar a Silvio Santos a desgraça que ele deu a milhares de pessoas por terem acreditado na sua lábia, nas suas tele-senas, nos infindáveis carnês do baú da (in)felicidade, naqueles programas de sorteios... para atrair incautos.

Leia também:

11/11/2010 – Silvio Santos virou patrão com golpe no fundador da Record.

12/11/2010 – Após fraude no PanAmericano, Banco Central vasculha carteiras de bancos.

12/11/2010 – Se pagar bem, claro que vendo o SBT, diz Silvio Santos.

12/11/2010 – SBT confirma que negocia venda de horário para evangélicos.

14/11/2010 – Diretores do PanAmericano transferiram bens durante investigação do BC.

14/11/2010 – Parentes de Silvio e Íris serão demitidos do Grupo SS.

14/11/2010 – PanAmericano pagou juros de R$ 120 milhões a cliente.


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