Translate

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Confusão de semiologias

Em memória de José Honório.

Quando ainda morava no Brasil um belo dia decidi não ser mais empregado de ninguém. Inclusive, deixei de dar aulas na universidade. Uma avalanche de razões levou-me a isso. Pouco importam agora. Dediquei-me a prestar somente consultoria, porém, com o firme propósito de só fazê-lo para quem eu simpatizasse e não tivesse a menor dúvida de ser decente.

Defino decente: indivíduo ou organização cuja conduta e princípios se pautassem no respeito ao ser humano, independente de raça, credo ou status social. Todas as ações, atitudes ou procedimentos a serem executados deveriam ser pautadas no estrito sentido da honra, moral e ética e nestes três atributos permanecerem até ao final.

Meu irmão chamou-me de utópico. Não lhe tirei a razão. De louco também. Entretanto, fingi não ouvir para evitar outra discussão que terminaria fatalmente na política; como o PSBD era uma corja de corruptos e o PT uma enorme quadrilha de bandidos. Provavelmente depois ficaríamos semanas sem nos falarmos. Era habitual.

No Brasil, se um quiser ter certa independência financeira, ou entra no jogo mesquinho das empresas, subvertendo-se ao jeitinho nacional, tornando-se apenas mais outro a afogar-se na lama da mediocridade e nos carnês do crediário, ou... cai fora. Existe obviamente a possibilidade de ganhar na mega-sena. Eu caí fora.

No princípio foi bastante difícil. Não era mais jovem e os quarenta corriam apressados. Com dois filhos na idade aborrecente, mais parecendo aspiradores de dinheiro, um casal de empregados há anos comigo e dois cachorros lindos, a poupança escorreu-me entre os dedos; as poucas aplicações financeiras foram atrás. Dois anos depois beirava a insolvência cívica.

A ruína já batia ao portão, desesperada, ansiosa, tal qual testemunha de Jeová querendo entrar para convencer-me que o fim do mundo se aproximava e a salvação era o Senhor. Dentro de casa, por entre as frestas dos cortinados, via-a com aqueles cabelos longos, escorridos, saia travada até aos pés e rosto mal tratado. Imagens miseráveis da minha infância no pezinho de chão lá em Minas Gerais... tudo se confundia e misturava à figura esquálida na soleira da porta. Mas...

Desde criança desconfio que alguém lá no céu sofre de paixonite aguda por mim. Não importa o quão apático me mostre ou emburrado ou quantas vezes racionalize que a distância torna esse amor impossível, seja lá quem for sempre dá um jeito de se fazer notar.

Com bastante sutileza e perspicácia devo dizer.

Creio que a minha indiferença impede que se mostre ao natural. Acho justo. De certa forma confortável. Contudo, ao longo dos anos, além desse amor incondicional e platônico reparei que gosta de envolver-me em mistérios. E como gosta. Por despeito talvez. Que sei eu? Logo para cima de mim que sou pão-pão, queijo-queijo? Mas entendo. Até agradeço. Se a ajuda fosse escancarada poderia acomodar-me. Possivelmente, inscrever-me-ia no Bolsa Família do governo. Talvez me afiliasse ao MST. De boné vermelho na cabeça, com a boniteza de palavras que sei dizer, comida, amor e dinheiro não faltariam.

Portanto, por portas e travessas chegou aos meus ouvidos que um grande empresário não se acertava com nenhuma empresa de consultoria, algumas de linhagem real. Eu não o conhecia, mas ouvira falar dele. Quem me vendeu o peixe tampouco sabia grandes detalhes.

Naquele momento não me interessei muito. Quando tomei a decisão de ser consultor havia jurado também jamais voltar a trabalhar para uma empresa brasileira. Fosse ela qual fosse. Experiências passadas causavam-me urticária só de pensar na possibilidade.

Contudo, não sei explicar bem, o contexto da informação deixou-me com a pulga atrás da orelha. E não foi tanto pelo desespero financeiro daqueles dias. A ojeriza que tenho a empresas brasileiras vai além do discernimento. Recordo que atribui essa “pulga” a uma daquelas ajudas celestiais sutis... Que não havia pedido, fique bem claro, mas costumava e costumo aceitar para não parecer grosseiro.

O tal empresário era homem pra lá de abastado, dono de grande corporação. Não um qualquer; um desses que do nada ganhou rios de dinheiro vendendo boi sem vacinas ou plantando cana-de-açúcar, cujas empresas são levadas a trancos e barrancos no estilo quitandeiro. O indivíduo não era um comerciante boçal, mas sujeito educado, cortês, com MBA de Harvard e bom gosto no vestir.

No contraponto, eu conhecia algumas das Consultorias de sangue azul desprezadas. Ora se não! Por anos pude observar como operavam. Sabia à ciência certa que essa gente possui uma capacidade camaleônica extraordinária. Sem falar da enormidade de recursos e mentes brilhantes à disposição. Autênticos fagócitos. Nacionais e internacionais. Portanto não fazia sentido tanta incompatibilidade. Algo estava errado...

Ou o tal empresário era um doido varrido ou... Este “ou” virou um enigma indecifrável na minha cabeça. Um mistério. Mais outro. Por duas semanas, como diria o matuto, pelejei para encontrar resposta lógica. Não consegui. E pior... eu me considerava um sujeito inteligente. Inteligente mas pouco esperto. Enfim...

Durante esses quinze dias, ao fazer a barba pela manhã, diante do espelho só me aparecia o rosto de um imbecil... Havia embarcado num sonho impossível, apesar de conhecer bem a realidade empresarial. Com quem eu queria trabalhar simplesmente não existia. Todos os contatos aos quais tive acesso não gostei da metade. A outra metade certamente não gostou de mim.

Diante desta nova oportunidade, que não passava de uma ranhura estreita para dar azo à imaginação, cheguei a considerar seriamente em deixar de lado a habitual fatuidade e negociar com quem lá no céu tanto me quer bem. Só por essa vez. Além da dica dada... pelo menos... podia contar-me o resto... só para me preparar, né?

Mas a quem deveria dirigir-me lá no céu? Não faço a menor idéia. No meio daquele mundaréu de nuvens e ventos gelados onde procurar? Nem sei como chegar... Mesmo que chegasse, pois quem tem boca vai a Roma, no balcão de informações por quem perguntaria? Imaginaram o mico? Eu diante da recepcionista tiritando de frio?:

G-gostaria de f-falar co-com quem m-me ama... p-por favor!

– Quem?

– Quem m-me ama. T-tem uma pessoa a-aqui no céu q-que m-me ama... m-me protege... con-conserta as... as minhas borradas...

– Pare de gaguejar, homem. Você está no céu e não no inferno... Não precisa ter medo.

– É medo, não. D-desculpe. D-deve ser da altitude... e-está f-frio, né? – Tento sorrir mas está frio pra burro.

– Aqui todos amam muita gente... – a recepcionista suspira com ar aborrecido, misto de desdém e decepção: – ... não fazemos outra coisa senão consertar as cagadas que vocês fazem lá em baixo. Qual é o nome?

D-Deus?... – arrisco timidamente.

– Tem hora marcada?

N-não... Mas E-Ele me co-conhece... acho.

– Se não tem hora marcada, ligue no atendimento automático e aperte a tecla 3.

S-senhora... eu vim de longe... s-será que e-eu poderia e-então f-falar com o filho d-de D-Dele...

– Hoje não! Ele está de licença médica. Foi retirar um espinho da cabeça.

Ainda ameaço abrir a boca para sugerir outro nome mas a expressão furiosa da recepcionista é desalentadora. Fico estático. Pelo frio. De repente sinto o bafo da recepcionista:

– Helloooo? – o cheiro a uvas e mel é notável. – Atendimento automático... Entendeu? Tecla 3. Entendeu? Quem é o PRÓXIMO?

Eu já havia decidido telefonar para o empresário. Pretendia usar metade das palavras do dicionário para convencê-lo de que era o consultor certo para ajudá-lo onde outros, mais brilhantes e capacitados, haviam falhado. Empáfia não me faltava. Só dinheiro; caso aceitasse receber-me.

Não tinha a menor idéia de como viajaria para encontrá-lo. Em casa a luz estava a ponto de ser cortada. O telefone idem. Sanduíche e sopa Knorr eram o cardápio do dia, da semana, do mês... O carro só saía da garagem com bom tempo e para uma emergência. Se o assunto era urgente e chovia, deixava de ser urgente.

Não recordo se comentei em posts anteriores que tenho um par de Golden Retrievers inteligentíssimos. Até falam. Não escrevem porque insistem em manter as unhas compridas. Coisas da moda caninha. Hoje já estão velhinhos, mas oito anos atrás estavam em plena mocidade.

Pois bem, entre as suas muitas qualidades, um deles, o Ramsés, o outro se chama Imhotep, tem a mania, até hoje, de pegar a minha carteira de cima da cômoda e levá-la para a casinha dele. Lá se entretém por horas a tirar tudo para fora. Dinheiro, cartões, identidade, até a foto dos meus filhos. O curioso da situação é que não rasga nada. Nem morde. Como consegue é segredo que ele não revela. Enche tudo de baba e eu que me vire depois para limpar enquanto ele me olha arfante, com os olhos radiantes e um palmo de língua balançando.

Na última manhã desses 15 dias, depois de ver mais uma vez o imbecil no espelho e esconder-me da ruína, sentado num dos sofás da sala, Ramsés chegou-se a mim todo lampeiro com um cartão na boca. Gentilmente depositou-o todo babado em cima do meu colo. Às vezes ele tem esse gesto de ternura. É um doce.

Mal pude acreditar quando vi o pedaço de plástico. Havia-me esquecido completamente da sua existência. Era o meu cartão de milhagem da Varig. A empresa ainda existia, mas os malditos petistas, recém empossados no governo, rastejavam-se pelos corredores da corrupção para embolsarem milhões numa negociata que pôs fim à que foi, na minha opinião, a melhor companhia aérea.

Imediatamente liguei para a central de atendimento e descobri que tinha milhas para dar a volta ao mundo. De graça. Como pude esquecer?

Vou poupar o leitor da emoção e dos abraços dados ao Ramsés. Também não telefonei para o tal empresário. Era quase hora do almoço, mas decidi que o caldo Knorr poderia cair-me mal. Vesti-me e corri desembestado para o aeroporto de Guarulhos.

Juliana, recordo-me até hoje, foi a funcionária da Varig encarregada de receber o meu cartão, ainda meio babado, que limpei constrangido na manga do paletó. Ela mostrou cara de asco. Não a culpo. Hesitou em pegá-lo, mas ofereci-lhe o meu sorriso mais cândido. – “... Desculpe... Ter filhos pequenos às vezes acontece isto...” – disse-lhe. Ela era mãe de três. Entendeu perfeitamente. Foi pra lá de simpática. Ofereceu-se até para passar uma aguinha no plástico.

Duas horas depois eu voava.

A noite aproximava-se a passos largos quando o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Campo Grande. Dispunha de quase quatro horas antes voltar para São Paulo. Dinheiro para hotel só na imaginação. Para o lanche, apenas o cheiro. Com o taxista pechinchei quase às lágrimas para levar-me, esperar e trazer de volta. O tal empresário vivia fora da cidade.

Se a visita surpresa desse errado bastaria o enxovalho de ser escorraçado. Não queria passar também pela humilhação de pedir para chamar um táxi, cuja corrida certamente não teria como pagar. O meu celular estava descansando. Só recebia. Danado!

Vou pular também o drama do taxista que escutei até à mansão. Que alma bondosa. Sofrida. Meia hora de viagem ao lado da tragédia, digo, ao lado de José Honório. Mentalmente recusava-me a imaginar as degraças da volta. Quem gosta de mim lá no céu às vezes proporciona-me esses momentos entranháveis. Provavelmente para se aliviar da quantidade de lamúrias que escuta. Não me importo. Desde pequeno acostumei-me a que as pessoas vejam as minhas orelhas como penicos à disposição. Meu avô dizia que escutar era uma virtude. Nessa viagem descobri que era mesmo.

Quando o táxi parou diante do portão da residência do empresário o breu da noite cobriu-me de alto a baixo. Um monte de cachorros começou a latir mal cheguei perto da parede de ferro. Aquilo não era um portão. Por mais que o esmurrasse duvidava que alguém escutasse. De fora não dava para ver o interior da propriedade. Três ou quatro metros de muro, à esquerda e à direita, perdiam-se pela longitude das trevas. Aquilo também não era uma casa. Era uma fortaleza. Pedi ao taxista para buzinar.

De repente, dois clarões puseram-me no centro de uma redoma resplandecente. Fiquei cego. Recordo que nesse instante, fosse pelo susto ou pelo nervosismo, só pensei como devia ser cara a conta de luz daquela casa.

Ao ouvir uma voz perguntar o que eu desejava, a custo consegui vislumbrar um rosto feio por trás de um pequeno retângulo na muralha de ferro. A partir daí tudo foi bem mais fácil do que imaginei.

Obviamente não vou aqui descrever a tática infalível que uso para ser recebido fora de horas e sem ser esperado. Especialmente por milionários cercados de guarda-costas. O tal empresário havia começado a jantar. Eu me prezo por ser um homem educado. Esperei. Sentado dentro do táxi. Tinha menos de três horas para voltar ao aeroporto.

Mal me sentei no carro José Honório decidiu que eu queria continuar a ouvir o seu rosário de penas. O tempo de viagem fora escasso. Não lhe dera tempo de narrar a saga dos filhos. Oito vivos e um morto, mas pretendia chegar a onze. O seu time de futebol. Todos da mesma mulher. E caso ela morresse já tinha outra em vista. Felizmente no sexto Honorinho o guarda do portão berrou para que eu entrasse. A pé, obviamente. A minha tática havia funcionado. Exultei. Por dentro estremeci. Tinha menos de duas horas para voltar ao aeroporto.

Nem me importei em ser revistado. Àquela hora da noite eu não teria deixado por menos. Mas estava preparado para tudo... exceto para o esplendor e luxo que apareceram diante dos meus olhos.

Numa avaliação a olho nu, baseada na vista topográfica desde as altas torres da mansão, em estilo italiano neoclássico, a propriedade possui cerca de doze mil metros quadrados de terreno acidentado. O imóvel em si, erguido no platô central mais elevado, parecia mergulhado no silêncio, porém iluminado. A Lua preguiçosa, mas afoita, rutilava vez por outra as sombras dispersas na paisagem.

O guarda convidou-me a subir num desses carrinhos usados nos campos golfe. Após dois ou três minutos de viagem, por uma alameda de saibro ladeada de flores, surgiu diante de mim o frontispício da mansão. As duas portas colossais, em madeira de peroba-rosa, no topo da escalinata que subia à entrada, mostravam-se entreabertas. Era possível admirar a beleza das três iniciais do nome do proprietário entrelaçadas, esculpidas à mão. O entalhe centrado ocupava um terço da superfície das portas. Os tons amarelados das paredes exteriores resplandeciam como placas de ouro sob o efeito dos holofotes fincados no meio de canteiros de rosas, petúnias e muitas plantas tropicais. Sob o reflexo das luzes e o cruze das sombras, a escadaria de mármore branco, uma sucessão de vinte e dois enormes patamares sobrepostos, assemelhava-se a uma longa e esplendorosa grinalda de prata.

Um detalhe assaz simbólico dividia esse mar de flores da estrutura do palacete: – toda a imponência arquitetônica soerguia-se a partir de um cinturão verde, compacto, formado por um aglomerado de plantas comigo-ninguém-pode.

Fui recebido aos pés da escadaria. O dono da mansão estava à minha espera. Senti-me o máximo.

Sete Filas brasileiros e um Setter, todos absolutamente ameaçadores, cercaram-me, cheiraram e roçaram-se nas minhas pernas até se fartarem. O empresário convidou-me a caminhar alguns passos até debaixo de um caramanchão coberto de flores e trepadeiras. Em duas das cadeiras à volta da mesa nos sentamos.

Os Filas continuaram ao meu redor e passaram a se revezar nas cheiradas. Quando embarquei para São Paulo, ao passar pela policial ao lado do detector de metais, ela olhou-me feio e torceu o nariz. Ao chegar em casa Imhotep e Ramsés rosnaram ameaçadores como se intruso eu fosse. Magoei. Mas acho que o fizeram por ciúmes. Depois que tomei banho deram-se conta da grosseria. Os dois, felizes, babados e de rabo abanando, pularam em mim com as patas cheias de terra e me presentearam com sendas lambidas. Voltei a tomar banho.

– Vejo que gosta de cachorros... – disse-me o empresário enquanto os filas me cheiravam.

– É verdade. Tenho dois Golden Retrievers... – respondi, tentando dominar o pavor que uma daquelas fauces abocanhasse a minha perna ou algo mais central. Dois deles insistiam em cheirar o que não deviam. Que mania pervertida tem os cachorros.

Para mostrar que não tinha medo ofereci a mão a um dos Filas que lambeu a gosto e a ensopou de baba. Não tive outro remédio senão limpá-la no pêlo do animal. Ele gostou. Os outros quiseram também e a cena se repetiu. O empresário riu. Riu com gosto. Ali estava eu pagando outro mico.

– Como é o nome dele? – Perguntei apontando para um dos Filas, o único cor de mel. Tentava desesperadamente fazer o homem parar de rir.

– Chama-se ACM...

– ACM? O que significa? – Sou muito curioso.

– Antônio Carlos Magalhães. – respondeu-me com um sorriso maroto nos lábios.

– O Senador? Perguntei estupefato.

– Esse mesmo. – O sorriso enigmático permanecia.

– Ah... Interessante. – Foi tudo o que me ocorreu dizer.

– Olha... este marrom aqui é o Quércia. – disse-me, apontando para outro dos Filas que se cansara de me cheirar e havia decidido sentar-se voltado para mim com a bocarra aberta e dois palmos de língua pendurados, pingando baba a conta-gotas. – Esse outro marrom ali, é o Jereissati; o preto se chama Tuma... Aquela é uma cadela... se chama Ideli Salvatti. É castrada. Tive de castrá-la depois que ela deu pro Setter que é da minha filha. Aí nasceu esse aí, meio vermelho. O nome dele é Lula. Não é Fila puro, mas é o que eu mais gosto. Vai comigo para todos os lugares e me obedece em tudo. Aquele preto se chama Collor, só tem um ano... Lamentavelmente vou ter de sacrificá-lo. Morde todo o mundo... Semana passada atacou o filho de um dos empregados e quase o matou. O outro, do lado dele, é o Suplicy... É um bunda mole...

Foi a minha vez de rir. Discretamente, claro. Dei uma boa olhada para o Collor e me lembrei de um outro Collor, só que de duas patas. Esse sim me mordeu feio, o filho da puta.

– Mas todos têm nomes de políticos? – observei como se não entendesse o significado. Não entendia.

– Meu caro Félix, – disse-me quase em tom professoral, – Cachorros são como políticos. É só alimentá-los bem que eles te obedecem direitinho...

– Entendo!...

Quando não sei o que dizer essa é a única palavra que me ocorre, embora para mim ali houvesse uma confusão de semiologias. Na minha opinião, os animais estavam sendo achincalhados ao receberem esses nomes. Não os políticos, como insinuava aquele grande empresário. Grande empresário? Ora, ora. Pensei pra mim. Não passa de outro quitandeiro que teve sorte na vida.

De repente entendi porque tantas empresas de consultoria, extremamente hábeis, capazes e conceituadas haviam se desentendido com ele. Olhei para o meu relógio e vi que tinha exatamente quarenta e cinco minutos para chegar até ao aeroporto... e ainda não dissera ao que viera. Também não ia ser preciso. Detesto pessoas que maltratam animais. Seja como for. Especialmente cachorros. Inclusive dando-lhes nomes de políticos.

– Você presta consultoria em que área? – Perguntou; talvez porque fiquei demasiado tempo em silêncio.

– Em todas! – retruquei seco, no limiar da grosseria, pronto para levantar-me e sair dali. Porém, rapidamente assumi a máscara profissional e acrescentei: – desculpe tê-lo incomodado em sua casa a estas horas. O assunto profissional que me fez chegar aqui não é tão urgente. Talvez, se me permitir, eu possa ligar para a sua secretária e marcar uma hora à sua conveniência... – o escárnio chegou a ser palpável.

O empresário deixou de sorrir. O semblante fechara-se e o olhar hirto sequer se desviou um milímetro dos meus olhos.

– O que o fez ficar tão aborrecido? – Perguntou.

Por um segundo ou dois mantive silêncio. Tampouco desviei o olhar dele.

– Quer mesmo saber doutô? – O doutô soou com o sarcasmo a escorrer-me pelos cantos da boca.

– Se não quisesse não perguntava. – retrucou a meia voz como se pesasse cada palavra. – Você me pareceu um sujeito simpático... De um momento para o outro reparei que ficou incomodado...

– Com o respeito que o senhor merece... – interrompi-o – ... e pela bondade que teve em me receber a uma hora tão tardia, não quero ser indelicado a ponto de chamá-lo de hipócrita dentro da sua própria casa...

– Hipócrita? Como se atreve? – levantou-se tão rápido que a cadeira tombou.

– Não me atrevo. – respondi, pondo-me em pé também. – Por isso peço que me desculpe se me retirar imediatamente sem esperar que um dos seus guardas me acompanhe...

– Sente-se!

– Lamento! Tenho um táxi lá fora me esperando e se não sair imediatamente vou perder o vôo de regresso a S. Paulo... Ademais não tenho reserva em hotel, portanto não tenho onde ficar esta noite...

– Isso não é problema! Se for preciso dorme aqui em casa e pela manhã o meu avião leva-o a S. Paulo... Quero que me explique esse seu atrevimento de me chamar de hipócrita em minha própria casa...

– Na minha mente já se perfilou uma seleção de adjetivos adicionais para acrescentar àquele que mencionei circunstancialmente... – disse irônico, – ...sem que fosse minha intenção ofendê-lo...

– Mas ofendeu... Você veio aqui pra me sacanear ou quê? – Ficou bravo. Pensei até que sacaria alguma pistola do bolso e me fuzilaria ali mesmo.

– Reitero novamente as minhas desculpas se o ofendi e me explico. – Voltei a sentar-me e o ACM resolveu descansar a queixada em cima da minha perna. Não me importei. Até foi bom. Acariciar aquela cabeçorra enorme ajudou a acalmar-me.

As explicações transformaram-se em confronto de idéias que se estenderam até à madrugada. Quando atirei à mesa a confusão de semiologias, os ânimos acirraram-se. Foi quando descobri que a esposa e filhos tinham a mesma opinião que eu em relação aos nomes dos cachorros. Descobri também que fumávamos a mesma marca de charutos. Foi o ponto alto do encontro.

Uma ceia leve foi servida à base de pitus e salada verde. O pão com manteiga e o café de S. Paulo há muito haviam desaparecido. Recordo que senti um certo ranger na barriga quando o primeiro camarão desceu e desgrudou a pele da frente da de trás. Logo depois chegaram fatias finas de carne assada com purê. As melhores que comi na minha vida. O par de cervejas que tomamos não poderia estar mais gelado. Pelo resto da noite entupimo-nos de café. Café colombiano. Terminado o banquete lamentei pela empregada que nos serviu. Pobrezinha. Lá pelas tantas a cara de sono dela dava pena.

Passava das três e meia da madrugada quando o empresário me levou até a um quarto enorme, magnificamente mobiliado, onde a peça de destaque era uma cama com dossel. Nunca havia dormido numa cama com dossel. O banheiro era um exagero. Havia espaço para dar um baile lá dentro. Pena que sou todo cheio de esquisitices e não aproveitei a enorme yacuzzi. Tomei apenas um banho de chuveiro e dormi com a alma em festa.

Pela manhã o empresário perguntou-me se fazia falta assinarmos um contrato para que eu começasse a trabalhar para ele. Disse-lhe que não. E não sei porque o disse. Logo eu que não faço nada sem ter um contrato assinado. Creio que foi mais outra inspiração lá do céu. Anos depois ele confidenciou-me que se tivesse insistido no contrato não teria havido trabalho.

Naquela manhã recordo que pedi à empregada que nos servia o desjejum a gentileza de trazer-me uma folha de papel. Nela escrevi os honorários que cobraria para prestar serviços e pedi ao empresário que assinasse. Quando lhe entreguei o papel ele fechou um olho, depois o outro, mirou-me de soslaio e vociferou:

– Isto é um roubo! Só pago a metade disto!

– Agora é você que está me insultando e a forma não é circunstancial. – retruquei com cara de poucos amigos. – Não pague nada... – funguei mordaz. – esqueça! Se me permite usar o telefone, gostaria de chamar um táxi.

O empresário sorriu. Novamente fechou um olho e depois o outro.

– Félix... já vi que você tem pavio curto. Isso é bom. Também tenho. Detesto puxa-sacos. É a primeira vez na minha vida que conheço um consultor honesto... E também é a primeira vez que vejo os meus cães gostarem de um estranho.

Ao que a esposa acrescentou: – o senhor deve ser boa pessoa, doutor Félix. Os cães pressentem se a pessoa tem boa índole...

Eu tive de agarrar-me à cadeira para não flutuar ali, acima da mesa, na frente da esposa e dos filhos dele. Foi o maior elogio que recebi na vida. E como sempre... não soube o que responder a ambos. Ao vê-lo assinar o papel acho que murmurei um obrigado, meio sem graça. Até hoje não estou bem certo.

Quando desci do Learjet dele no aeroporto de Congonhas, em S. Paulo, vinte e quatro horas se haviam passado. Foi quando me dei conta que esquecera de pegar de volta o papel com os honorários assinados. Nunca o pedi. Nunca dele precisei. E já vão quase oito anos... de extraordinários sucessos empresariais e financeiros para ambos, durante os quais também tive o prazer de contratar quase 12.000 pessoas, evitar a demissão de outras três mil e obrigar alguns consultores da realeza a tocar pianinho ao som da honra, moral e ética, pois sabem que eu os posso pôr de patas... no olho da rua; após a qual terão de correr aos tribunais para tentar receber honorários que nunca receberão.

Ao leitor peço que me perdoe por não revelar o nome do empresário. Além de cliente é, sobretudo, um dos pouquíssimos Amigos, com “A” maiúsculo, que fiz na minha vida... e um dos poucos honestos – realmente empresário – que existem no Brasil.

Eu não escrevi este post por causa do empresário e sim em homenagem a um homem de quem muito me orgulho ser amigo. De ter sido amigo. Seu nome era José Honório e sem ele não teria havido encontro com empresário, nem confusão de semiologias, nem a volta por cima.

Sim. José Honório, o meu trágico e estóico taxista. Um pouco antes da confusão das semiologias esquentar fui até à entrada onde me esperava e, ao dispensá-lo, entreguei-lhe todo o dinheiro que tinha. Não sei porque o fiz. Talvez porque acreditei naquele instante que fizera um grande amigo. E foi mesmo. Durante os meses e anos seguintes em que semanalmente fui a Campo Grande ele sempre me fazia rir ao perguntar quanto eu queria pagar-lhe. Tive a honra de jantar várias vezes na sua residência. Lá comi a melhor galinha ao molho pardo da minha vida. Conheci a esposa e fui padrinho dos três últimos filhos que completaram os onze que ele tanto queria.

O táxi de José Honório foi o único que usei durante quatro anos. Não teve uma só vez que não discutíssemos, no bom sentido é claro, para que ele aceitasse o dinheiro que lhe dava, do qual ele apenas separava algumas notas e me devolvia o resto. Certa feita chegou a rasgar-me o bolso superior do paletó ao tentar devolver-me o dinheiro que ele achava demais.

José Honório era um brasileiro honesto. Digno. Um amigo. Um homem de honra com caráter verdadeiramente decente. O favor que me fez, em aceitar levar-me certa noite aos cafundós do Judas, por meia dúzia de centavos, proporcionou-me o privilégio de conhecê-lo e sentir-lhe o coração enorme que possuía. Graças a esse coração eu saí da miséria e consegui sair definitivamente do Brasil para nunca mais voltar.

Este post é dedicado à sua memória, porque ontem recebi uma carta da esposa onde me informava que Honório havia sido assassinado na porta de casa por dois bandidos que lhe exigiram a féria do dia.

José Honório é mais outro inocente, outro homem honrado, assassinado por duas patacas e não há ninguém capaz de dar cabo do Lula, um pilantra desqualificado que arruinou a decência no Brasil...

É claro que não. No Brasil a confusão de semiologias é permanente. 80% dos brasileiros querem ser iguais ao Lula. Muito poucos a José Honório.

domingo, 5 de setembro de 2010

Amálgama brasileira

Lá pelos idos da década de 60, do século passado, houve um bandido carioca chamado Lúcio Flávio que disse certa vez: – “Bandido é bandido, polícia é polícia”.

Nesses anos a TV Globo, sob batuta da CIA, convencia os brasileiros que o país vivia o frescor dos anos dourados... por ter adotado, é claro, sob o regime militar, o American Way of Life. Mas Paris era o destino preferido das férias dos brasileiros de bom gosto...

Não havia arrastões. Seqüestros relâmpagos tampouco. O PT não existia. E Lúcio Flávio, na sua singela mente criminosa, ilustrava o auge dos parâmetros da sociedade brasileira da época: bandidos de um lado, polícia do outro. O cidadão comum ficava no meio; vez por outra vilipendiado pelos primeiros, no entanto sob a proteção dos segundos.

Bandido geralmente matava apenas bandido. O cidadão assaltado, embirrento, levava uns sopapos, perdia a carteira e voltava para casa acabrunhado, lambendo a impotência.

Hoje tem sorte se voltar com vida.

Eu me recordo de uma ocasião, na segunda metade dos anos 70, então com os meus vinte e poucos anos, no calçadão da Av. Atlântica um sujeito negro passou por mim e arrancou-me do pescoço um cordão de ouro. Imediatamente fui à delegacia, a 12ª. de Copacabana. Apresentei queixa. Para meu espanto, seis dias depois, recebi a ligação de um policial para voltar lá. Haviam encontrado o cordão.

É certo que a miséria campeava à solta pelos morros. As favelas cresciam. E quem se importava? O Samba ainda era samba. Futebol se jogava na raça. 


A praia era grátis e o amor não precisava de camisinha. 

Sábados à tarde pedia-se a proteção dos Orixás. Nos domingos, nas igrejas, a benção de Deus e dos santos. Os pecados da semana eram perdoados. Deus era brasileiro. Os morros tresandavam a Leite de Rosas e as flatulências do funk nem por lá pairavam. 

Drogas havia, mas a maconha ainda não era hidropônica.

Brasília mal dava os primeiros passos e já tinha sido alcunhada de capital do desquite. Não existia divórcio. Hoje é a capital da corrupção. Das grandes quadrilhas. Das obras hiper-superfaturadas. Da distribuição “grátis” de panetones e Ricardo Noblat é o seu blogueiro mais proeminente.

Parricídios eram raríssimos. Matricídios menos. Se a namorada terminava o namoro o máximo que lhe acontecia era encontrar o “Ex” estendido na praia abraçado a outra. Hoje morre esfaqueada, baleada, esquartejada ou leva uma surra que a deixa seis meses no hospital.

Dor de cotovelo curava-se em casa ao som de Roberto Carlos ou de noite numa bela roda de samba onde outro amor brotava novamente. Numa seresta o amor caía de pára-quedas. Os crimes passionais eram deixados para os nordestinos, "cabras da peste" de peixeira na mão.

As mães não jogavam os filhos nas latas de lixo, nem aos rios... dentro de sacos de plástico.

De uma maneira geral ninguém se confundia. O respeito social e a cidadania prevaleciam. Exceto nos blocos carnavalescos ou nas areias das praias onde os descamisados sentiam-se a gosto, de igual para igual, ao lado das madames de fio dental, dos deputados e senadores da república; estes últimos respeitadíssimos, pois as falcatruas eram abafadas já que as organizações Marinho existiam para isso mesmo e as carteiradas davam-se a torto e a direito.

As tramóias eram de pouca monta. O escudo neopentecostal não era iurdiano. Edir Macedo só infernizava os caixas dos bancos com sacos cheios de moedas.

Em São Paulo, Minas Gerais e nos Estados do Sul os contratos comerciais eram honrados no fio do bigode. A honestidade prevalecia.

No Rio de Janeiro, obviamente, a coisa era diferente. A cidade ressentia-se por ter perdido o status de Capital Federal. De orgulhosa cidade maravilhosa passou a autodenominar-se capital da cultura no Brasil. Começou a sofrer de complexo de inferioridade... 


Lá nasceram os primeiros focos pseudo-intelectuais contra a ditadura militar... românticos apaixonados pelo regime comunista sem o conhecerem verdadeiramente. Sequer distinguiam as diferenças entre comunismo, socialismo e parlamentarismo...

A TV Tupi desapareceu. Adolf Bloch morreu. Roberto Marinho virou nome de avenida em S. Paulo e a capital "intelectual" de antanho virou campo de guerra capital. Criou linha marela e vermelha, mas continua sem saber diferenciar o certo do errado.

O jeitinho carioca ganhou força. Espraiou-se como um flagelo pelo país. Virou jeitinho brasileiro. A ditadura abrandou. Jarbas Passarinho avacalhou com o ensino escolar no país. O PT nasceu. Vieram as “Diretas Já” e Fernando Collor foi eleito e depois escorraçado.

O político e o cidadão comum ainda se negavam imperiosamente a participar das mentiras cotidianas. O homem brasileiro ainda não era o homem e suas circunstâncias.

Então... Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente e a democracia se sedimentou... porém, envolta em múltiplos disfarces epiglóticos e farsas em torno do partido presidencialista, os tucanos.

Pedro Malan passou a representar o pensamento ortodoxo da economia, na economia nacional. De cara aos padrões nacionais da todologia o engenheiro tornou-se um economista para todos os efeitos. Ninguém sabia ao certo se funcionava como um engenheiro da economia ou um ecônomo da engenharia.

O certo é que a Secretaria do Tesouro Nacional permitiu a troca de catorze bilhões de dólares, em títulos podres, por Notas do Tesouro Nacional. Os créditos da Superintendência Nacional da Marinha Mercante putrefatos, vencidos, originados de duplicatas falsas, sacadas por estaleiros contra essa extinta autarquia... foram trocados pelo valor de face; por promissórias novinhas, novinhas em folha e logo cobradas.

A economia passou a vicejar.

Gente que nunca havia se interessado pelo assunto já acordava de manhã discorrendo, com absoluta proficiência, acerca das debêntures, benchmarking ou sobre a sutileza entre revenues e incomes. O pequeno proprietário da birosca da esquina, com meia dúzia de moedas em Capital base, já pensava em conseguir do banco o seu Capital budget; um Bridget já servia.

Os noticiários na televisão abriam espaços nas dispendiosas grades da programação para explicarem as estranhas palavras usadas no novo idioma: o “Economês”. Os principais jornais gastavam mares de folhas para elucidar as sutilezas.

Hoje, entretanto, ninguém dá a mínima para o favelês nem para a aberração como as palavras do português são pronuncidas... Os "pissicólogos" e " pissiquiatras" tentam "obijetivamente" "abissorver", "áté" "capiturar" os "áspéquitos" "téquinicos" sem grandes resultados.

Comentaristas econômicos eram catados às dúzias pelas ruas para falarem em rede nacional sobre a impressão e impacto do plano na economia. 


Alguns discordaram. 

Coitados. 

Que atrevidos! 

Para justificar essa petulância e não confundir a opinião pública, a TV Globo criou o brilhante conceito jornalístico do “espaço dado ao contraditório”. Na nacional-democracia brasileira esse espaço precisava existir... Mas sem exageros.

Nas empresas, médias e grandes, todo o mundo queria ser um Insider e saber dos disclosures que reforçariam o empowerment, cujo conceito passou a ser objeto de desejo de todo o profissional responsável.

Se um funcionário estava desmotivado ou era ineficaz, ninguém acusava o chefe disso; nem a sogra. O departamento de Recursos Humanos aplicava logo um programa de Empowerment no coitado e as coisas ficavam resolvidas. Do contrário, se a criatura se rebelava, recebia o estigma de outsider; ou de sidler que era pior.

Nas empresas pequenas... As pobres? Cada uma tratou de conseguir pelo menos uma assinatura mensal de um grande jornal. Mas só as manchetes eram lidas com avidez... e no dia seguinte... confundiam olhos e mentes dos catadores de papel.

Todos entendiam tudo. Alma alguma contradizia FHC ou seus arautos. A sua oratória fácil aniquilava pernilongo em vôo. Aonde o figuraça chegava as portas abriam-se e algumas calcinhas caiam; até a de certa jornalista global que, por deixar cair a dela, foi promovida a âncora de noticiário televisivo, no final da noite, claro. Mais tarde enviaram-na para a Europa... como prêmio merecido pelo fruto concebido que levava no bucho.

Os poucos que se atreviam a fazer alguma perguntinha mais profunda, a querer entender só um pouquinho, aparecia logo alguém com a pergunta que já soava a acusação: — “’ocê é do PT? né! — Após esta incriminação despejava, como praxe, uma série de impropérios nos ouvidos do perguntador que culminavam com o rótulo de comunista, reacionário, antipatriota e, na falta de outros adjetivos menos airosos, “babaca”.

Se o(a) “babaca” se enchia de paciência e, depois da vituperação, pedia, – humilhando-se – algum esclarecimento sobre um ou outro ponto, cuja acepção não entendera, mas presumia ter importância e grave significado, recebia logo a resposta: — “’ocê, heim? ‘dora complicar as coisa! ‘ocê não se manca que tá sendo chato(a)?”...

Quem fumava passou a ser discriminado(a) e rotulado(a) de cancer sticker ... e tudo falado com aquele sotaque meia-boca, sem ficar vermelho(a). Era a globalização; o neoliberalismo aterrissando no Brasil dos anões, joões, collors, sarneys, silvas e de uma “maioria consciente, ativa e politizada”.

Da noite para a manhã seguinte a moeda nacional valeu mais que o dólar estadunidense. Financiamentos de carros realizavam-se em dólar; o leasing era a opção inteligente, a mais propagada nos barzinhos.

Um âncora da TV Globo transformou-se em enólogo com direito a programa no rádio para explicar a influência dos taninos na fermentação maloláctica das uvas e por que não se tomava vinho tinto com peixe. Errava mais do que acertava. Mas enfim... Hoje fala menos disparates. Aprendeu a usar a Internet.

Todo o mundo só bebia Beaujolais e Chablis, – pedido ao garçom com biquinho dos lábios e cara de profundo conhecedor de vinhos. O Mateus Rosê de antanho, tão apreciado, virou bebida horrorosa; que aliás sempre foi.

Os preços do supermercado pararam de subir. 


Ninguém mais precisava fazer estoque de produtos de limpeza, de alimentos, de enlatados... 

Nem a madame saía mais do supermercado com aquele carrinho abarrotado, cujas sacolas chegavam em casa justo na hora da doméstica sair para preparar a janta dos filhos. 

As sacolas diminuíram  mas continuaram a chegar na mesma hora. 

A empregada passou a ficar irada. Entre dentes resmungava até guardar a última lata de patê francês no armário da cozinha. – Mal dominava a ansiedade de sair correndo até ás Casas Bahia e fazer o crediário do microondas em dez-veiz-sem-juro

A janta dos filhos que esperasse.

As viagens internacionais cresceram tanto que as agências de turismo ficaram preocupadas; O Brasil poderia ficar desabitado...

Tal como acontece hoje.

Mas o melhor de tudo foram as dentaduras; la pièce de résistance servida à maioria ventríloqua. Nunca se venderam tantas e em tanta-veiz-sem-juro. O povo já tinha com o que sorrir. Razões havia.

No entanto, os aposentados, que também desfrutavam dessas dentaduras, foram chamados de vagabundos. Claro! Com razão! O país tornara-se produtivo. Onde já se viu um montão de velhos ficar à toa dias inteiros nas praças a jogar migalhas aos pombos?

Ninguém prestou atenção. Só os jornalistas a soldo do PT. Ainda precisam convencer os donos dos jornais que eram profissionais. Hoje não precisam mais. Os jornais estão falidos.

FHC foi aplaudido, convidado a palestras, viagens e recebeu honrarias. Era impossível deixar de acreditar na sinceridade das suas preocupações com as mazelas sociais do país.

O Brasil, pela primeira vez na história, tinha um estadista à sua altura. 


O povo ignorante e analfabeto sentia o orgulho exalar-se-lhe pelos poros. As duas eleições perdidas, uma para o Senado em 1978 e a outra para a prefeitura de S. Paulo, em 1985, foram esquecidas. A sua pífia atuação como chanceler, idem. A entrevista onde afirmara ter fumado maconha... Fumou? Ninguém lembrava. 

E alguém queria atirar a primeira pedra?

O PT viu aí a sua grande oportunidade, abriu as asas e alçou vôo. Frontalmente contra o Plano REAL, – siglônimo de Plano de Revitalização Estruturada da Alemanha Livre, – começou a aumentar a sua popularidade através de pesquisas de opinião manipuladas em grotões e programas assistencialistas paliativos, sem bases para o desenvolvimento dos assistidos.

Segue até hoje.

Quando as privatizações começaram e as mentiras desabalaram, “no limiar da irresponsabilidade”, como disse certo tucano de alta plumagem, o PT delinqüente cunhou a sua ladainha épica. 


Na voz do expoente mais ébrio e analfabeto passou a alardear os feitos heróicos e lendários dos seus “heróis” que, em meio aos cometimentos tucanos, eles se destacavam pelas suas qualidades superiores, principalmente por serem os mais éticos entre os éticos.

Nunca antes “nestepaíf” se viram tantos éticos tão etílicos...

E Paulo de Tarso Venceslau, homem honrado, ex-secretário de Finanças de administrações petistas, veio a público e denunciou-os. Ninguém quis ouvir... e a máxima de Lúcio Flávio desfez-se. Celso Daniel foi assassinado. Toninho do PT também. João Batista Araújo, o Babá (Pará), João Fontes (Sergipe), Luciana Genro (RS) foram expulsos. Os assassinatos haviam chamado muito à atenção.

Ali-Babá e os 40 ladrões tomaram conta do cenário nacional. Mas não eram bandidos; apenas e eufemisticamente petistas.

Lula, torneiro mecânico, incompetente, homem de comprovado etilismo e analfabeto foi eleito presidente... O Ali-Babá passou a dormir em lençóis de algodão egípcio e comprou um avião para o seu lazer.

Enquanto isso os quarenta ladrões adonaram-se do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Como o exemplo vem de cima, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) dominou e fechou São Paulo, a maior cidade da América Latina. Matou policiais, assaltou bancos, pintou e bordou do jeito que quis.

Marta Suplicy encheu a mesma cidade com flores superfaturadas, pendurou-as nos postes, corrompeu de vez as empresas coletoras de lixo, criou taxas e mais taxas e Aloísio Mercadante revogou o irrevogável.

Um negro foi escolhido para juiz do Supremo Tribunal da Nação. O País vibrou. Até eu, cético empedernido, compus aqui um texto em seu louvor. Esperanças alvissareiras nele se depositaram quando foi encarregado de julgar o maior caso de corrupção ativa e passiva jamais visto.

Porém... Ah, porém... Os meliantes eram todos petistas. O negro ficou com dor nas costas, o trabalho pesou, pediu licença médica e escafedeu-se. Hoje só é visto perambulando pelos botecos e lojas de Brasília. Em breve o processo caducará por decurso de prazo. A impunidade vencerá.

Agora se entende porque foi escolhido pelo Lula para ser o primeiro negro, juiz do Supremo Tribunal Federal.

Odeio dar razão a quem afirmou que "negro quando não faz na entrada, faz na saída". Joaquim Barbosa é só um pouco mais afoito. Faz abundantemente também no durante. Vai ver, inspirou-se na Benedita da Silva do PT; ou será que foi na hoje ex-Ministra da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, também do PT?

Saudade da Matilde. Que inspiração sublime quando afirmou: – “Acho melhor ter brancos ressentidos, mas negros dentro das universidades do que ter branco feliz e negro fora da universidade”. Afinal, como ela mesma disse depois: – "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco", e que "a reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco... é natural".

Como num caleidoscópio infantil também é natural no Brasil que tudo se repita inexoravelmente. 


Tampouco alguém quer atirar a primeira pedra contra a assaltante de bancos. Os telhados são de vidro. Até o Superior Tribunal validou-lhe a candidatura... apesar da criatura ter antecedentes criminais comprovados ao ter sido condenada por crime previsto no Código Penal.

Para que serve mesmo a Constituição Federal proibir que indivíduos com antecedentes penais ou analfabetos se candidatem a cargos públicos?

Bom... o torneiro-analfabeto, corrupto e corruptor, segue etilicamente incólume com 79% de aprovação popular e a Lei “Ficha Limpa” já nasceu suja.

Se Lúcio Flávio fosse vivo, provavelmente seria deputado hoje. No Brasil do Real, bandido não é só bandido, conforme político não é só político e polícia também é bandido...

O povo, que tudo misturou, esparge com orgulho a indecência do que deixou de ser para mostrar-se o que realmente é.

Bandidos do século passado, no segundo milênio, viraram parlamentares, eleitos consecutivas vezes. Políticos tornaram-se bandidos despudorados... também eleitos repetidas vezes. Assaltante de bancos virou presidenciável. A polícia perdeu voz, sucumbiu aos bingos, ao narcotráfico, aos maços de dinheiro sem dono. Os juízes ficaram autistas ou coniventes. Os celerados dominaram a nação.

Talvez por isso se compreenda porque o Direito no Brasil passou a residir em universidades mercantilistas, de baixíssima qualidade; na sua maioria refugio dos desprovidos de moral, de ética, que vêem no Direito a forma de superar a lassidão e exercitar a astúcia e o oportunismo...

Certamente por isso a reforma do judiciário jamais saiu do papel e o Poder em si está hoje inquinado de esqualos togados... Tal como bagres alimentando-se de qualquer coisa: da burocracia, dos artigos legais esdrúxulos e mal redigidos, dos impedimentos e delongas processuais; uma morosidade justificada pelo amplo direito à defesa... 


Defesa de quem pode pagar “bons” advogados amancebados com o Poder Público; indefesa para quem não pode e se rende à justiça sem integridade.

A idiossincrasia popular finalmente resplandeceu. Lúcio Flávio era só um ingênuo.

Fosse hoje, o meu cordãozinho de ouro jamais seria encontrado. E se fosse, estaria decorando o pescoço do meu vizinho... talvez de algum policial ou deputado... possivelmente federal.

A bom tempo deixei de ser brasileiro. Aqui em Bruxelas até me esqueço algumas vezes de trancar a porta de casa.

Mas no Brasil... de pretos e brancos, de índios e asiáticos, jornalistas e políticos, bandidos e policiais, corruptos e corruptores, ladrões e assassinos, juízes e advogados, banqueiros e agiotas... apesar de todas as trancas, tudo se misturou no caldeirão fétido da libidinosidade cinérea. 


De lá passou a verter uma amálgama disforme, bizarra... genuinamente brasileira.

domingo, 29 de agosto de 2010

Moço de recados dos laboratórios cai...

Assaltante de bancos sobe!

Que personagens, grotescos-grotescas, elencam a corrida presidencial no Brasil!

Já o escrevi aqui várias vezes e repito novamente: O PSDB é composto por covardes, incompetentes; gentalha sem a menor dignidade moral ou patriótica. 


De certa forma, como instituição política partidária, é dez vezes pior que o PT. Além de ser tão corrupto, ou mais, não tem qualquer controle sobre os afiliados. 

Sequer dispõe de um marqueteiro inteligente, capaz de perceber as idiossincrasias dos eleitores que quer convencer para votarem no candidato para o qual trabalha. O tal do Luiz Gonzalez é mais cego que uma porta e teimoso como uma mula. 

Meu avô costumava dizer que teimosia é sinal de burrice.

Não sei como os constantes fracassos de Luiz Gonzalez não o fazem zurrar cada vez que abre a boca.

Aliás, diga-se, o fenômeno lulista que assola o Brasil só foi possível graças à asnice desse todólogo do marketing político, à rematada inaptidão, fisiologismo e excesso de presunção dos integrantes da cúpula do PSDB; em especial de Fernando Henrique Cardoso, o mestre da retórica vazia, Sérgio Guerra, o indolente, e Tasso Jereissati, o medroso. 


Nem vale a pena mencionar figuras patéticas como Artur Virgílio ou Eduardo Azeredo.

O certo é que José Serra caminha para outra derrota fragorosa; desta vez com maior significado, mais profundo e amplo que a anterior. Vai ser derrotado por uma assaltante de bancos comandada e dirigida pelo torneiro mecânico que o bateu no mesmo pleito de oito anos atrás.

Para você, leitor(a), deve ficar bem claro que não possuo qualquer simpatia pelo José Serra.


Conheço-o bem. 

Para mim é só mais outro corrupto amancebado com laboratórios que, quando prefeito de S. Paulo, teve a cara de pau de negar o próprio juramento público que fez. 

Um homem desse calibre, que volta atrás com a palavra dada, não passa de um rato de esgoto a ser exterminado. Politicamente é o que está acontecendo com ele. O que é bem merecido! Principalmente se nos lembrarmos como ele velhacamente boicotou a campanha de Geraldo Alckmin.

No mesmo nível de conceito sinto igual repulsa por Dilma Rousseff, pois é uma criminosa, desprovida de escrúpulos, como são todos os indivíduos que assaltam bancos. 


No caso deste dejeto humano feminino, além de roubar bancos participou ao mesmo tempo de seqüestros de pessoas e de outras barbaridades, que, a meu ver, fosse o Brasil um país decente, essa mulher estaria trancafiada numa prisão e não concorrendo ao cargo mais alto da nação.

Mas o Brasil não é um país decente! O povo que nele vive, na sua grande maioria, é gente amoral, desprovida de raciocínio. Sequer compreende o direito de ser cidadão.

As supostas lideranças regionais do PSDB já deram as costas ao Serra. 


A ganância que os imbui é tanta que acederam prazerosamente à pressão da máquina lulista. A esta, sedutoramente corrupta como é, dinheiro federal não falta e tucano que se preze está sempre disposto a receber mais algum; seja em metálico ou em promessas de favores vindouros...

O povo brasileiro vai eleger novamente outro dejeto humano para governá-lo sem perceber o dano que já causou ao país e o quanto compromete ainda mais o futuro dos seus próprios filhos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

César Maia não erra uma.


Se a falta de escrúpulos de César Maia é enorme a sua gabarolice não deixa por menos.

Sendo protetor de Roberto Arruda e integrante demoníaco dos DEMO, – ex-ARENA, ex-PFL, – lembram?, o partido a caminho da extinção, – César Maia quer agora ser senador... Antes do escândalo Arruda chegou a ver-se como candidato natural à presidência...

Natural? Se uma assaltante de bancos pode, ele também pode.

Logo ele, ultrajante ser nefasto da política brasileira, que se locupletou com o super-faturamento das obras do PAN e escondeu anos a fio a esposa e demais parentes dentro da folha de salários da Prefeitura do Rio de Janeiro, apesar de criticar outros por práticas iguais...

E agora, candidato a senador, saiu-se com outra:

No seu Spam de 23/08/2010, que chama de Ex-blog, no texto titulado “NOVA PESQUISA DATAFOLHA: COMENTÁRIOS!”, o dono do PFL/ DEM escreve no parágrafo 7: – “Este Ex-Blog, aplicando o mesmo método de muitos anos, com previsões de 100% de acerto, poderá projetar tendências a partir de pesquisas cujo campo ocorra no final desta semana”. – Leia a íntegra «AQUI».

Ora, ora! 100% de acerto? Nem os Institutos de Pesquisas mais sérios se atrevem a tanto.

O homem deixa a modéstia de lado e dá azo à soberba, à mitomania e à gazopa, conquanto visão, honestidade e bom senso não sejam os seus predicados mais enfáticos.

Típico!

Se bem me lembro, – à laia de exemplo, – nas últimas eleições para Prefeito do Rio de Janeiro, esse “experto” na aplicação do – “mesmo método de muitos anos, com previsões de 100% de acerto” – em análises de pesquisas, garantiu a pés juntos que Fernando Gabeira seria eleito Prefeito dessa cidade. Nem chegou nem perto! Errou feio! Se Maia tivesse ficado caladinho talvez Gabeira fosse hoje o prefeito dos cariocas...

Enfim...

Se me puser a recordar aqui as previsões que César Maia fez na última eleição para Presidente ou o que comentou no início deste ano sobre a candidatura Serra, vou me lembrar também que parte do Mensalão do DEM e alguns panetones, como denunciou Durval Barbosa, iam parar-lhe no bolso... Bom... no do filho, Rodrigo Maia, o que dá no mesmo.

Para isso servem os filhos de p.eixes...

Eu só queria entender donde diabos esse mequetrefe tirou a idéia que sabe interpretar pesquisas ou fazer previsões... e ter a petulância de alardear que o faz com 100% de acerto.

Embora tenha deixado a prefeitura do Rio de Janeiro com um dos piores índices de rejeição – de todos os que por lá passaram, – “todologia” é sem dúvida a sua maior credibilidade... pois otários não faltam. Cariocas tampouco.

César Maia é realmente muito bom em 100% de acerto... especialmente em empregar parentes; aumentar IPTU; proteger Roberto Arruda e demais corruptos do DEMO; arrumar formas de superfaturar obras jogando a culpa nos outros enquanto embolsa o spread; e, sobretudo, em justificar a falência do seu próprio partido com textos argentinos...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Todas as criaturas são perfeitas...

Quando saí do Brasil sabia tudo sobre os brasileiros. Hoje, aqui de longe, quase às vésperas de uma assaltante de bancos assumir o comando da nação... nada mais sei sobre os brasileiros... ou sobre o Brasil.

O que leio estarrece. As noticias que me chegam são medonhas. A passagem da assaltante de bancos por Bruxelas foi absolutamente constrangedora. Que brasileiros assombrosos a acompanhavam... Mal pude acreditar no que vi e ouvi quando a mulher se encontrou com Durão Barroso...

Afinal, de qual Brasil recordo eu ? O da miséria da minha infância, repleto de coronéis? O da ditadura-branda e do embrutecimento das massas realizado pela Rede Globo? O do neoliberalismo, do Real, do boca-de-sovaco-de-cobra abatendo pernilongo em vôo? Ou o Brasil petista da corrupção sistêmica, comprovando a diário, de forma inequívoca, a vocação inata do mau caráter dos brasileiros?

Como diria aquele sociólogo famoso, cito: “aposentado é vagabundo” e, apesar de todas as criaturas criadas por Deus serem perfeitas... os brasileiros não são.

O crime compensa!

Se o indivíduo, no Brasil, for petista ou lulista, o crime compensa! 

Proporciona status e lucros fabulosos. 

Daniel Dantas, Pimenta Neves, José Dirceu, José Rainha, o ilustre analfabeto-mor e sua cobertura no Guarujá e até a atual candidata à presidência, ex-assaltante de bancos e ex-terrorista, são alguns entre os milhares de exemplos inequívocos a provarem que o crime compensa e recompensa.

No Brasil, como um todo, também compensa! Maluf que o diga. Jader Barbalho certamente fará coro. José Sarney faz a primeira voz e Collor de Mello a segunda.

Nem óculos fazem falta para enxergar tais figuras no meio da ala imensa dos trezentos picaretas que passam de quinhentos dentro do Congresso Nacional. 


A voracidade criminal e a certeza da impunidade dos que deveriam zelar pela decência do país proporcionam ainda mais atos não menos hediondos dos colegas, aos milhares, espalhados pelas Câmaras Municipais e Assembléias Estaduais.

Afinal o crime compensa; o povo elege para isso mesmo.

A compensação é ainda mais patente nos rostos e artigos de centenas de jornalistas... da Globo, da Record, da Bandeirantes, dos blogs que assinam... das colunas de jornais falidos ou das revistas por onde tergiversam textos próprios encomendados, outros ditados, pois, por si próprios, caráter demonstram apenas para alugar a caneta que os sustenta.

O que dizer da massa multitudinária de funcionários públicos, corruptos até à medula?... E dos Policiais, Delegados, Promotores e Juizes, tal como ratos de esgoto, a esconderem-se nas sombras? Todos a cobrarem propinas, a aceitarem subornos...

Aqui na terra do bom chocolate fico imaginando o dilema que devem estar a enfrentar os poucos brasileiros honestos, e ainda decentes, que restam no Brasil, para escolherem o novo caminho a seguir: petismo ou barbárie?

Se petismo, haverá pois que roubar, falsificar, mentir, adulterar, enganar, mandar matar e eleger assaltante de bancos para governar...

Se optarem pela barbárie... estarão em plena sintonia com a posição oficial do Itamaraty que condena a censura da ONU aos países que desrespeitam os Direitos Humanos.

Sem dúvida, sob a égide lulista, o Brasil tornou-se um país preto. Não só porque lá concentra a maior quantidade de negros do mundo, mas porque possui, sobretudo, a alma mais negra e nefasta que o ser humano é capaz de revelar.

Os assassinatos estarrecedores são a ordem do dia. Mata-se por dá cá aquela palha. Nem os nazistas foram capazes de produzir os requintes de crueldade que os brasileiros estão a demonstrar.

No Wall Street Journal, Mary Anastasia O'Grady, uma das colunistas mais respeitadas dos EUA, publicou um artigo em 14.06.2010, titulado “Lula's Dance With the Despots” (Lula dança com déspotas). Se quiser leia-o «AQUI». Está em inglês.

O texto da colunista é um efundir de desprezo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, uma calcografia da fama que Lula deu internacionalmente ao país. 


Mas os brasileiros, imbuídos da habitual e enorme irresponsabilidade estúpida que os caracteriza, ainda não se deram conta das conseqüências que terão de enfrentar muito em breve. Piores até do que aquelas que já enfrentam no âmbito internacional.

Jamais na minha vida eu li, soube ou me contaram, que o Brasil havia sido comparado a um daqueles cachorros irritantes que costumam ficar mordendo os tornozelos das pessoas apenas para chamar a atenção. Escreveu a colunista: “The president of Brazil is preserving his country's unfortunate image as a resentful, Third-World ankle-biter.”

A que ponto chegaram os brasileiros! O primeiro mandatário do Brasil é considerado um ser pusilânime! O que de fato é! E em breve, assim parece, o povo já se encarrega de substituí-lo por uma mulher de pior índole ainda.

O artigo no jornal Wall Street ao esparramar em preto e branco que o Brasil está num nível ainda mais baixo que a Somália ou Uganda foi até simpático.

Não há ninguém no Brasil, patriota o suficiente, capaz de impedir que o Lula envergonhe cada vez mais o país?

Não há no Brasil ninguém com dois dedos de inteligência para mostrar que uma vez assaltante de bancos, sempre será assaltante de bancos? Portanto, indigna sequer de se aproximar das rédeas do governo?

Está claro que não há!

No Brasil o crime compensa tanto que brasileiro que se preze cometerá todos os crimes que puder pois pela mão popular será conduzido à Presidência da República.


Comentários: Para enviar por E-mail clique «AQUI»



x