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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A ex-ladra de bancos que preside o Brasil foi a New York dar uma aula de como espantar investidores.

O título é meu e a matéria abaixo é da revista Veja. Original em favelês «aqui»

A presidente Dilma Rousseff mostrou mais uma vez, nesta quarta-feira, que não não simpatiza com investidores estrangeiros mas também subestima a inteligência deles.

Dilma compareceu a um evento organizado pelo Goldman Sachs em Nova York para tentar atrair clientes do banco para investir em projetos de infra-estrutura no Brasil. A sua ida ao evento, por si , foi coisa rara.

A questão é que ela desperdiçou a oportunidade.

Mais: ela piorou, como se ainda fosse possível, a avaliação que fundos e empresários de fora têm do Brasil nos últimos três anos.

Em vez de aproveitar o evento para tentar quebrar o muro que separa o governo dos investimentos privados, a presidente aumentou a sua extensão. Repetiu que o país vai muito bem, obrigada, que os projetos de infra-estrutura são "muito rentáveis" para o setor privado e que "nãorisco jurídico".

Para os investidores desavisados, dizer que o Brasil vai bem, não é a maior das mentiras. Afinal, é fácil constatar que o país está em melhor situação que os endividados europeus ou que os emergentes politicamente instáveis, como a Rússia.

Contudo, colocar em evidência a atratividade das concessões de infra-estrutura num momento em que planos fracassam, como no caso da BR-262, que não teve interessados, ou do trem-bala, que teve de ser engavetado por falta de consórcios, beira a ingenuidade — ou a falta de bom-senso.

No leilão do campo de Libra, por exemplo, apenas onze empresas pagaram a taxa para participar.

O governo esperava pelo menos quarenta. As gigantes do setor, como Chevron, BP e Exxon, preferiram não entrar. "Estamos colocando o investimento em infra-estrutura como prioridade para o crescimento do país", disse a presidente, em Nova York.

Mas nada soou mais nocivo aos ouvidos dos que estavam presentes do que a afirmação que o Brasil cumpre contratos e não representa qualquer risco jurídico para investidores.

O erro começa na própria necessidade de a presidente fazer tal afirmação.

Um país que respeita contratos não precisa se afirmar aos investidores porque o fato é percebido como ponto pacífico.

O México, país latino-americano que vem sendo constantemente comparado ao Brasil, tem vindo a público anunciar reformas estruturais, e não dizer que respeita os seus acordos.

A afirmação feita por Dilma contradiz de forma desconcertante os três anos do seu governo, marcados por insegurança jurídica.

Para citar alguns casos, o acordo automotivo com o próprio México, que foi quebrado em 2011 e foi para o lixo, junto com o acordo de livre-comércio que vinha sendo costurado entre os dois países.

Outro momento histórico de risco jurídico conduzido por ideologia protecionista foi o aumento de 30 pontos porcentuais no imposto sobre produtos industrializados (IPI) dos automóveis importados, também em 2011 — que prejudicou consumidores e feriu a competitividade da indústria.

Mais tarde, houve o plano Inovar-Auto, que se propôs a flexibilizar o aumento do IPI para as montadoras que decidissem abrir fábricas no país. Tais mudanças fizeram com que empresas do setor paralisassem investimentos e reavaliassem os respectivos planos para o Brasil, diante da insegurança.

O risco jurídico mais nocivo para a imagem do país, no entanto, veio apenas no segundo semestre do ano passado, com as mudanças no no setor elétrico.

As novas regrasque obrigavam as empresas a abandonar as concessões caso não se submetessem a uma redução de tarifas forçada pelo governo — foram vistas pelo empresariado como o início da degradação de um dos segmentos econômicos mais previsíveis do país.

E previsibilidade, no mundo dos negócios, é fator preponderante que Dilma parece desconhecer.


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