O humor inglês e os brasileiros nas Olimpíadas 2012
Tal como  a comida  deles. 
Inglaterra, para  mim , significa fleuma  monárquica em  excesso , sustentada por  uma conjecturada soberania  popular  em  franco  declínio . Por  lá  progridem demasiados  ingredientes  a disfarçarem conflitos  sócio-raciais sérios  e muita  presunção  imperialista ditatorial  à raiz  de um  império  sobre  o qual  reza hoje ... apenas  a História .
Numa reunião , social  ou  comercial , repleta  de ingleses é preciso  estar  sempre  alerta  e dominar  bem  o idioma . Do contrário , corre-se o risco  de sair  de lá  caçoado gratuitamente , sem  se perceber . 
Se em  2004, na Grécia, ao
finalizarem os jogos  Olímpicos  foi apresentado, ternamente , o ursinho Panda  como  símbolo  da China, e no encerramento das Olimpíadas  2008, em  Beijing,
o ônibus  londrino  sintetizou o espírito  inglês  para  os jogos  deste ano ... para  os de 2016, no Rio  de Janeiro , sob  as barbas  das autoridades  da “portentosa sexta  economia  mundial” foram apresentadas três  personagens , vestidos  a rigor , simbolizando o agouro  funesto  das três  alhadas  brasileiras: − Lixo , Prostitutas e Negros , − que  auspiciarão o ambiente  em  que  hão de se realizar  os jogos  Olímpicos  de 2016, no Rio  de Janeiro .
A foto  acima  é assaz  gritante ; bem  representativa dessa promessa . Contudo , sua  significação sequer  beira  as tais  mil  palavras  que , por  vezes , pretendemos atribuir  a imagens  congeladas no tempo .
E nessa representação  reside precisamente  o toque  fino  do humor  negro ... tão  característico  dos ingleses.
“Lixo , sexo  e negros ”... “Sujeira , putas e sambistas ”... “Imundice, vadias e ladrões ”... “Sanduíche  de galinha  em  pão  integral ”... 
A imprensa  internacional , (que  não  está sendo reproduzida no
Brasil), − de Londres a Roma e de Oslo a
Madrid, − tem escrito  rios  de palavras  sobre  o assunto ; principalmente  sobre  o caos , desordem , perigos, violência  e desorganização  que  esperam encontrar  no Rio  de Janeiro , em  2016.
Pode? 
Haja imbecilidade!
O mundo  inteiro  viu, na reprodução  alegórica e iluminada do calçadão  de Copacabana, Renato Sorriso , gari  de profissão , sambar  de uniforme  e vassoura  na mão , varrendo alucinadamente um  lixo  imaginário , embora  tão  presente , tão  constante  e abundante  no seu  dia-a-dia  carioca . 
Alessandra Ambrosio, a modelo , desfilou, requebrando tal  qual  damas-da-necessidade cariocas  o fazem em  busca  do sustento  diário . Imitou à perfeição . De fato , demasiada  perfeição  para  ser  só  imitação .
E o cantor  Seu  Jorge, preto  como  tição , trajado a rigor , no mais  puro  estilo-malandro, tirado dos meandros  da Lapa  dos anos  50 e 60 do século  passado , gingou molengo, a passo  cadenciado, toda  a brasilidade  do proceder  marginal  brasileiro .
Foi triste  de ver . Mais  ainda  por  perceber  no sorriso  do Renato, Alessandra e Jorge,
a ingenuidade de quem  estava ali  feliz  da vida , sem  perceber  a transcendência  do significado  infausto  da imagem  do Brasil que, -  os três, - ingenuamente  transmitiam ao mundo .
Se na Grécia a China mostrou o ursinho Panda  e na China os ingleses mostraram
a eficiência  do transporte  público , em  Londres, os brasileiros  mostraram um  “sanduíche  de galinha  em  pão  integral ”....
Haja cara  de pau ? Só  mesmo  um  par  de brasileiros  para  envergonhar  o país e o resto  dos brasileiros .
A imagem  do Brasil ficaria completa , bem  real .
Uma bandeira  com  a estrela  do PT daria até  um  toque 
sutil  na decoração.
Foi triste  de ver , realmente ! Mas  mais  melancólico será assistir  e ouvir  as reclamações do mundo , em  2016, sobre  a imundice à solta  e desmazelada pelas ruas  do Rio  de Janeiro ... Sobre  o caos  nos  aeroportos ... Sobre  as trapaças  nas vendas  de ingressos ... Sobre  os ataques  das prostitutas e travestis  nos  calçadões  de Copacabana, Ipanema e
Leblon... Sobre  os assaltos  e assassinatos  de turistas nas ruas  dos bairros  e morros  cariocas ... Isso  se não  explodir  algum  bueiro ... e ferir  uns quantos  atletas  incautos  com  medalhas  penduradas ao pescoço .
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Ressalva ao leitor :
O texto  acima  é um  desabafo  pessoal , em  nome  de vários  jornalistas  brasileiros , dois  deles diletos  amigos , que  se sentiram tão  indignados quanto  eu , mas  obrigados  foram a se calarem.
Ao saber  disso, o sangue  ferveu. Cada  vez  mais  tenho nojo  do Brasil. 
As TVs brasileiras farão um  rebuliço  dos diabos  como  o fizeram antes .
É mais  provável  algum  deles escrever  “Welcome to the Somália”, destacando bem  o “the”... e colocar  do lado , desta vez,  não  um , mas  três  ou  quatro  higienizadores de ambiente . 
Será mais  realista, mais  compatível . 
E o Rio  de Janeiro  continuará lindo , maravilhosamente  corrupto  e gaudério  como  sempre  tem sido, iluminado pelas balas  traçantes, emocionado com  os assaltos  diários , e indiferente  aos corpos  assassinados, espalhados pelas vielas . 
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(1) – As palavras  corretas, (que estão gravadas), pronunciadas pelo  secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, dirigidas ao governo  brasileiro , em  relação  às obras , no Brasil, para  a Copa  do Mundo  foram: − que  o governo  precisava “se donner un
coup de pied à press” nas obras . Em  outras palavras , precisava pressionar  fortemente  para  que  as obras  estivessem prontas a tempo . 
“Se donner coup de pied à press” é uma expressão  idiomática  francesa. Significa literalmente  “dar  um  chute  para  pressionar ” ou  “dar  um  chute  na pressa  para  que  esta ande mais  rápido . Em  nenhum  momento  usou qualquer  palavra  parecida a “Traseiro ”.
A expressão  mentirosa , espalhada pelo  petista foi: “se
donner un coup de pied aux fesses”.
Se o leitor  souber um  pouco  de francês , poderá observar  que  a pronuncia é muito  similar . Significa literalmente  “dar  um  chute  na bunda ”; traseiro , se preferir .
Jérôme Valcke jamais  falou isso!  Até  porque  é um  homem  fino  e muito  educado. Razão  pela  qual  se recusou a pedir  desculpas  ao portentoso governo  brasileiro , comandado por  uma ex-ladra  de bancos .
O leitor  deverá estar  se questionando porquê  só  agora  trago  este  assunto  ao blog, depois  de tanto  tempo . Aconteceu em  Março  deste ano . 
O tema  veio  a propósito  do que  escrevi acerca  das Olimpíadas . Não  obstante , na época  até  chequei a rascunhar  algo , mas  fiquei enjoado. Ler  ou  saber  algo  do Brasil ultimamente
causa-me forte  mal  estar .

 
 
 
 
 
 
 
 
