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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

É claro que o buraco no PanAmericano é mais embaixo.

O Estadão confirma!, mas sem detalhes.

Apenas para lembrar, no dia 18 de Novembro de 2010, neste blog, informei que a fraude praticada no PanAmericano era bem superior ao que a imprensa anunciava.

No post”– PanAmericano: agora a culpa é dos “parente”? (relembre «aqui»), – eu escrevi:
Melhor deixar de lado as aberrações legais brasileiras e a “apatia” do Ministério Público e do Banco Central; este, o verdadeiro responsável por ter permitido esse golpe de R$ 2,5 bilhões no PanAmericano; cujo montante final, segundo soube hoje, pode passar dos R$ 4 Bilhões.
Não obstante, hoje pela manhã, antes de iniciar este post, ao falar com amigos no Brasil soube que deve passar dos R$ 5 bilhões. O dobro do inicialmente “descoberto pelas auditorias”, e um pouco mais do que a informação segura que recebi em novembro.

Para o leitor ter uma idéia, eu estou em Bruxelas, a 10.000 kms distante do Brasil. Quase três meses atrás já sabia, à ciência certa, que o desfalque praticado no PanAmericano era maior que os R$ 2.5 bilhões. Contudo, talvez por um desses mistérios brasileiros inexplicáveis, só ontem, 26/01/11, às 23:30 hs, o Estadão publicou o fato decantado... porém, sem mencionar valores.... Que omissão bizarra!

Do resto da imprensa nem uma palavra, exceto o repique da matéria.

Adoro esses mimos jornalísticos... São tão brasileiros!

Que estranho um jornal do porte do Estadão revelar só agora o que eu e o mercado já sabíamos em Novembro passado...

Porque será que David Friedlander e Leandro Modé omitiram na reportagem de ontem o valor do desfalque?... Valor que o mercado inteiro já sabe? Vai ver, querem escrever um novo artigo na segunda-feira, para mostrar serviço ao chefe. Jornalismo no Brasil se faz aos bochechos, ora!

Entretanto, aqui entre nós, saber que o rombo supera os R$ 2.5 bilhões nem chega a ser surpresa, se levarmos em conta uma curiosidade interessante, essa sim, escrita pelos dois jornalistas: – “Do início do ano até ontem, o ganho acumulado das ações preferenciais (PN) beirava os 20%”.

A ver se entendi direito: – Em 26 dias o ganho acumulado das ações preferenciais (PN) do banco chegou a 20%? Nossa! Que espanto! A economia brasileira é realmente uma maravilha!

Como um banco falido, mesmo com o aporte que recebeu do Fundo Garantidor de Crédito, consegue ter tamanha lucratividade?, se em dezembro 2010 o valor das ações havia caído mais de 30%?

Como um banco, em plena intervenção branca, ainda sob auditoria, consegue ter as suas ações tão valorizadas? Que investidores espampanantes são esses para se arriscarem tão sem temor?

Terá sido um milagre?

Eita valorização boa, sô! Recuperou os 30% perdidos e, de lambuja, em apenas 26 dias lucrou mais 20%?

Certamente deve ser mais um dos tantos “milagres brasileiros” que acontecem tão amiúde nesse “paíf”. Milagres para beata alguma botar defeito. Até São Judas Tadeu, padroeiro das causas impossíveis fica abismado...

Principalmente... porque, além da caída vertiginosa das ações ao longo de 2010, o PanAmericano desde outubro de 2008 havia deixado de constar da lista de investimentos possíveis no Brasil; de médio, baixo ou alto risco.

De fato, o banco do Silvio Santos está marcado até hoje como carta fora do baralho; um moribundo terminal sem possibilidades de tratamento.

Nenhuma corretora séria se atreve a recomendar a compra de papéis desse banco aos seus clientes; exceto se quiser perdê-los ou passar anos se defendendo nos tribunais.

E já que mencionei esse fato, permita-me referendá-lo:

Após ler a noticia no Estadão, hoje de manhã, dei-me à pachorra de ligar para alguns amigos espalhados pelas 10 maiores corretoras brasileiras e para outros tantos em New York e Londres. Apenas queria saber, se por acaso, eles ainda mantinham o PanAmericano como opção de investimentos... ou se tinham comprado algum papel desse banco...

As respostas foram unânimes: Não!

Unânimes também foram as gozações, porque perguntar não ofende, certo?

Para o Leitor ter uma idéia da qualidade dos telefonemas que dei, essas corretoras de valores somadas manejam entre elas cerca de 74% do volume mundial de investimentos em Bolsas de Valores.

Para o PanAmericano obter tal lucratividade, num espaço tão curto de tempo, pelo menos uma dessas corretoras haveria obrigatoriamente de ter negociado em novembro, dezembro ou agora em janeiro algum lote de ações do banco.

Se nenhuma delas comprou ou vendeu qualquer papel fica no ar uma questão: – Quem é ou quem são os responsáveis no Brasil pela subida das ações do PanAmericano?

Terá sido a Caixa Econômica Federal?

A conclusão é só uma: Um banco ou qualquer empresa falida que comercialize ações na bolsa só consegue recuperações tão rápidas assim se for de forma fraudulenta!

Será que a CVM do Brasil nada tem para explicar? Por acaso sabe dessa valorização vertiginosa?

Será que o Ministério Público, tão zeloso na perseguição (sem sucesso) dos crimes de colarinho branco vai permanecer em silêncio, cego e surdo?

Quanto ao Banco Central do Brasil... melhor poupar os meus dedos. Se permitiu a fraude, impedir a valorização fraudulenta das ações seria uma incoerência.

Contudo, será que os mutuários dos fundos de pensões, comandados pelos quadrilheiros petistas, vão continuar perdendo os seus pés-de-meia às custas das suas santas e habituais ignorâncias?

Quantas semanas mais o Estadão levará para revelar como ocorreu a subida das ações do PanAmericano?

Subiram mesmo? De verdade? Não quero pensar mal dos jornalistas.

Enquanto o leitor espera pela a resposta, leia o que diz o Estadão: (no original «aqui»)
Panamericano tem rombo maior que R$ 2,5 bi e vai precisar de mais dinheiro

Fraude contábil descoberta em setembro provocou prejuízo maior do que se esperava; valor deve ser anunciado na segunda-feira

26 de janeiro de 2011 23h 30

Por David Friedlander e Leandro Modé, de O Estado de S. Paulo.

SÃO PAULO - A nova administração do Panamericano descobriu que o rombo na instituição controlada pelo Grupo Silvio Santos é maior do que os R$ 2,5 bilhões estimados inicialmente pelo Banco Central (BC) no ano passado. Por isso, o banco precisará de uma nova injeção de dinheiro.

Uma das alternativas em estudo é um novo empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que já cobriu o buraco inicial. Ainda que não entre com todos os recursos necessários, o FGC deve oferecer ao menos um pedaço do novo aporte.

O FGC é uma entidade privada, mantida pelos bancos desde 1995, que tem como principal função proteger parte dos depósitos dos clientes dos bancos.

Procurado, o Panamericano preferiu não se pronunciar. O diretor executivo do FGC, Antonio Carlos Bueno, disse que desconhecia as informações.

Em setembro, o BC descobriu uma fraude contábil no Panamericano, então estimada em R$ 2,5 bilhões. O escândalo veio a público no início de novembro, quando toda a antiga diretoria foi demitida. Para receber o dinheiro do FGC, o empresário Silvio Santos entregou como garantia seu patrimônio pessoal.

A maior parte dos executivos que compõem a nova direção foi indicada pela Caixa Econômica Federal, que comprou 49% do capital votante do Panamericano no fim de 2009. Até ontem à noite, estava definido que o banco estatal não vai colocar dinheiro novo na instituição.

A solução para cobrir o novo rombo está sendo negociada pela nova direção do Panamericano, pelo FGC, pelo empresário Silvio Santos, pela Caixa Econômica Federal, e é acompanhada de perto pelo BC.

O tamanho exato do rombo e a saída para cobri-lo devem ser oficialmente apresentados na próxima segunda-feira, dia previsto para a divulgação do balanço do terceiro trimestre e dos meses de outubro e novembro de 2010. A divulgação desses resultados foi adiada duas vezes.

Nas últimas semanas, as ações do Panamericano valorizaram-se fortemente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), em meio a especulações de que grandes instituições estariam travando uma disputa para comprá-lo. Do início do ano até ontem, o ganho acumulado das ações preferenciais (PN) beirava os 20%.

O Estado apurou que cinco bancos demonstraram interesse na participação que Silvio Santos possui no Panamericano desde que a fraude contábil veio a público. Nenhum deles, no entanto, fez proposta firme, justamente porque o balanço com o rombo definitivo ainda não foi divulgado.

Atraso
O objetivo inicial da nova administração era apresentar o balanço até meados de dezembro. Mas a complexidade do trabalho de reconstrução dos números, somada à demissão dos principais responsáveis pela contabilidade do banco, atrasou sucessivamente a divulgação.

Cerca de cem pessoas trabalham incessantemente nos números. Todas deram expediente até mesmo durante as festas de fim de ano. Folgaram apenas nos dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro. Uma das principais dificuldades foi lidar com os sistemas de informática, que foram burlados para permitir a fraude.

Além da Deloitte, que audita as contas do Panamericano, o balanço está sendo checado pela PricewaterhouseCoopers (contratada pela Caixa) e por técnicos do Banco Central.


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