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domingo, 2 de janeiro de 2011

Fã petista ensina como ler documentos do WikiLeaks. Pode?

... ou será um ato desesperado para evitar que a irresponsabilidade derive em tragédia?

Já virá o dia, espero, em que permanecerei indiferente aos desvarios do bando vermelho. Por enquanto não consigo.

Quinze dias atrás comecei a desconfiar das preferências ideológicas de Natália Viana, – a jornalista, – segundo o seu apregoamento, – convidada a colaborar com o Wikileaks. A moça é chegada a um PT! Surpresa das surpresas...

Nem tanto! Mas há momentos em que me deixo levar pela pressuposição que todos são inocentes, até prova em contrário. Defeito de formação. 


Contudo, quando se trata de vermelhos preciso aprender que supor inocência neles é a exceção e não a regra. 

Quem mais, exceto a esquerda libertária, apoiaria fanática e cegamente o WikiLeaks... sem refletir nas conseqüências? Melhor evitarmos que os sinos repiquem em alerta... Se dobrarem em breve, muito temo, poderão dizer o nome de Clifford Andrew Welch...

Até há poucos dias, os resumos assinados pela jornalista, no site WikiLeaks, mais pareciam um duelo feroz entre os erros ortográficos e a pobre sintaxe. 


Para ver quem dominava, as anadiploses arbitravam; os erros impunham-se; os nomes dos citados ora suprimiam, ora adicionavam letras adventícias; e as frases rebelavam-se em anacolutos indômitos. 

Bem ao estilo aloprado, percebo hoje, influenciado pelo acento insofismável dos “lingüinha plesa”.

Mas... – grugunzava eu com os meus botões, lá no início de dezembro: – coitada! Deve andar assoberbada com a leitura de tantos telegramas... Mal consegue parar pra escrever um resumo, quanto mais revisá-los... Não dispõe de tempo para reler o escrito, – compadecia-me eu. – Tampouco deve ter alguém para ajudá-la. Pobrezinha. Tão esforçada...

À partida, sempre penso o melhor de qualquer criatura. Ponderações lúdicas, reconheço. Por mais que me esforce, raramente questiono a credibilidade de alguém. Infelizmente, logo depois a decepção não se faz esperar.

Retirar documentos do site do WikiLeaks e formatá-los de modo a permitirem uma leitura fácil, leva o seu tempo. Bem posso afirmá-lo com 122 telegramas postados «aqui».

Então eu corrigia. Por solidariedade. Por acreditar que no WikiLeaks brilhava uma centelha de liberdade que não poderia delir.

Ledo engano.

Depois de expurgar toda a sujeira nos resumos, sorria entusiasmado. O conteúdo abrangia com certa propriedade os assuntos tratados. A moça parecia ter algum mérito, embora parco talento. 


A imundice no texto logo era esquecida. 

Até pesquisei nomes nos telegramas para descobrir o modo certo de corrigi-los nas transcrições para o meu blog. Quantos e quantos documentos não precisei ler para descobrir a quais Natália se referia... Quase todos os links especificados por ela estavam errados ou inativos; ou levavam a lugar nenhum...

Mesmo assim, por várias vezes, a piedade instou-me a oferecer-lhe auxilio na revisão. Fez-me lembrar até de Santo Agostinho: – “credo quia absurdum!” – Parecia-me uma absurdidade ver alguém, – intitulando-se jornalista, – soltar textos daquela maneira. 


Mesmo em Bruxelas poderia ajudá-la... Especialmente em dezembro, cercado de neve, e o nariz quase congelado se saía à rua. Com a internet, o longe fica perto, pertinho; num dá nem légua, sô!, já diria o mineiro. – Ainda bem que fiquei calado!

Os primeiros seis ou oito resumos (o que Natália escreve não se pode chamar de artigos), que arquivei, nem fiz observações. Depois, comecei a ficar indignado a cada novo parágrafo. 


A moça era muito relaxada. 

Pior. 

No dia 27/12 percebi que esse descaso e incompetência também se esparramavam para assuntos mais sérios, com propósitos confusos, quiçá obscuros.

Toda a minha boa vontade em relação à moça esfumou-se. Em 22/12 já havia descoberto que o WikiLeaks não passa de uma grande farsa sensacionalista, coberta de irresponsabilidade. E a jornalista...

De repente deixou de “resumir” no site do WikiLeaks e mudou-se de mala e cuia para a Carta Capital. Fiquei assustado. Surpreso! Não gostei... Mas nada errado pensei. Palavra de honra! 


Sou a favor da liberdade total. 

Cada um mora onde quer e dá o que quer. A liberdade não é suprema virtude de ninguém, mas de todos; tem amplitude e caráter universal. Apenas me enfureço com a farsa, com a hipocrisia...

A Revista Carta Capital é a penúria cinzenta, pintada de vermelho; a casa da má hora; quem lá vai não torna! O panfleto que lá publicam dá-me ojeriza. E o editor-chefe mais ainda; por ser sujeito magano; o maior vedóia que já conheci. Se penso no nome fico com urticária. Coço-me todo.

Melhor voltar ao ensejo deste post.

Pois bem, não é que as minhas suspeitas se confirmaram?! Natália Viana, bem ao estilo petista-aloprado, vem ensinar-nos como devemos ler e interpretar os telegramas do WikiLeaks.

Isso sugere! Confusa, é certo. Com que propósito?

Pretensão e água benta cada um toma a que tem ou pode. Até parece que os telegramas do WikiLeaks permitem leitura fácil por qualquer brasileiro... mesmo usando o tradutor do Google, que é pior que a "Brastemp".

Mas o texto da jornalista intui algo mais... Há nele um certo toque molambo...

As palavras ressoam a ato de desespero a mitigar culpas para tentar evitar uma tragédia; que se acontecer, bom quinhão de culpa lhe caberá.

Vamos aos fatos:

No dia 19/12/2010, por volta das 00:00 hs. GMT, (22:00 hs de 18/12, horário de Brasília), o site do WikiLeaks divulgou o Telegrama 09SAOPAULO317, titulado “O método do MST: Trabalhar o Estado, desapropriar os residentes”, assinado por Thomas White, Cônsul-geral dos Estados Unidos em S. Paulo. «Leia aqui» (em inglês).

O assunto versa sobre atividades e proezas do MST. No texto, o nome de Clifford Andrew Welch, professor americano, residente legal no Brasil, adjunto do Curso de História, da Universidade Federal de São Paulo, e coordenador adjunto do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (NERA), aparece como fonte de várias informações e opiniões sobre o MST.

Informações supostamente passadas, de viva voz, ao vice-cônsul americano Benjamin A. Leroy, personagem que no texto do telegrama aparece identificado com a sigla “EconOff”.

Nota: Ninguém sabe, (exceto os diplomatas americanos, claro), se “EconOff” é uma sigla de segurança interna do consulado ou se foi inventada pelo WikiLeaks, pois estes senhores, com Julian Assange à cabeça, deram para apagar, – arbitrariamente e no melhor estilo sem nexo, – nomes ou partes de textos, e até para acrescentarem frase nos documentos. A ilação entre “EconOff” e o nome de Benjamin A. Leroy é minha, baseado no texto do telegrama, em comparação com o conteúdo narrado na carta, supostamente escrita por Clifford Andrew Welch. «Leia aqui»

Nota: Junto com o telegrama em questão, o WikiLeaks divulgou simultaneamente mais outros seis, todos versando sobre o MST. Para ler os sete documentos, acesse a página do WikiLeaks «aqui». São os últimos da relação.

No dia 19/12/2010, às 09:17 hs, hora de Brasília, isto é, cerca de dez horas após a divulgação do telegrama, o Jornal o Globo publicou uma matéria titulada – “MST teria espiões no Incra para orientar invasões, revelam telegramas vazados pelo WikiLeaks” – assinada pela jornalista Tatiana Farah. «Leia aqui».

No mesmo dia 19/12/2010, às 14:00 GMT, (equivalente às 16:00, hora Brasília. O texto foi elaborado em S. Paulo), portanto, sete horas depois do jornal, Natália Viana escreveu, em português e inglês, um resumo, titulado “Brasil - Os relatórios sobre o MST”, postado no WikiLeaks, «leia aqui»

Ainda no mesmo dia, em horário incógnito, e sem assinatura, o site da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária, postou uma entrevista, real ou imaginária, (não está especificado), titulada “Humor: Entrevista com o ‘espião’ no Incra”. «Leia aqui».

No dia 23/12/2010, o site do MST reproduziu um artigo titulado, "Os telegramas do Wikileaks, a mídia e o MST" do professor Igor Fuser, da Faculdade Cásper Líbero, desancando com o que ele chama de “imprensa empresarial brasileira”, referindo-se especialmente à família Marinho, das organizações Globo, e aos Frias da Folha de S. Paulo, enquanto desfila os impropérios de praxe contra o “império gringo”. «Leia aqui».

Nota: Se o leitor decidir ler o artigo de Igor Fuser, sugiro fazê-lo com atenção redobrada. Já a seguir encontrará outro texto onde a memória residual dessa leitura será importante para detectar as semelhanças.

No dia 27/12/2010, na página do MST apareceu uma nota, titulada "O Globo distorce Wikileaks para atacar Reforma Agrária", – na verdade um arrazoado de palavras estrepitosas e propagandistas, – para divulgar uma carta, supostamente escrita pelo professor Clifford Andrew Welch, mencionado no telegrama americano 09SAOPAULO317, como fonte de informações. «Leia aqui».

Nota: Neste momento recomendo que o leitor compare o estilo de redação da carta com a do artigo do professor Igor Fuser.

Também no dia 27/12, sem horário especificado, embora tudo leve a crer que ocorreu após o anúncio do MST, Natália Viana, espargiu no bolg da Carta Capital uma espécie de epístola gnóstica, titulada “MST, o jornalismo em rede – e afinal, documentos são documentos”, que desencadeou a minha disposição para escrever este post. «Leia aqui».

Não fosse Natália, auto-proclamada jornalista, ligada ao WikiLeaks, para escrever matérias a respeito ou dar justificações falsas, como já as deu para mim, eu não estaria gastando os meus dedinhos. 


Nem teria ficado indignado! 

Preocupado fiquei, e muito, quando li a matéria no Globo e nela vi estampado o nome do professor, descrito lá como aficionado do MST a passar informações para os americanos.

O que eu antevira no post “Reflexões sobre o WikiLeaks, «parte-1» e «parte-2»”, acabava de acontecer. Alguém, sem poder algum, Clifford Andrew Welch, acabava de ser ascendido a possível vítima de uma organização criminosa, o MST.

Em cada palavra da reportagem eu senti a irresponsabilidade do WikiLeaks. Se dúvida alguma tinha, não tenho mais. São uma turba de imbecis a manipularem documentos, sem terem a menor idéia do que fazem ou do dolo iminente que podem causar na segurança das pessoas citadas nos documentos.

Natália Viana, por associação, por tabela e, principalmente pelo já demonstrado, é outra aloprada ao estilo da revista que a abriga e uma imagem à semelhança de quem ela parece admirar. Volto ao tema mais adiante.

As comparações:
É evidente que o resumo de 19/12 da Natália foi tirado do Globo, cuja matéria despertou a ira do mostrengo MST. 


O texto é quase um plágio, mal feito, diga-se, do que foi publicado. Natália faz referência apenas a dois telegramas, 04BRASILIA873 e 05BRASILIA2692, sem levar em consideração ou mencionar outros cinco.

Como profissional do ramo, ligada ao WikiLeaks, supõe-se que deveria substanciar o que escreve com mais embasamentos que qualquer outro colega de profissão. Não foi o caso. Tampouco pesou as conseqüências da sua ignorância. 


Derivado dessa irresponsabilidade, ao copiar o Globo, atirou também às fauces do MST o nome de Clifford Andrew Welch.

Sem mesmo pesquisar sobre o assunto, antes de se espraiar por ele, para saber a quantas andavam os tópicos relatados pelo docente ao seu vice-Cônsul, na entrevista, Natália desatou-se a copiar o Globo; talvez para “mostrar serviço” a Julian Assange...

Em suma, o que mais me choca nesse texto da jornalista, além do mencionado e dos erros ortográficos infantis, é que ela sequer obedeceu à regra, também informada por ela de que, (transcrevo novamente):

o WikiLeaks retira todos os nomes de pessoas que possam sofrer riscos reais de segurança por causa da divulgação. É um princípio da organização não colocar em risco a vida de pessoas. Por isso, todas as informações que possibilitaram a identificação dessas fontes – como, por exemplo, “fulano trabalha na divisão X da organização Y” – também são retiradas
Resumindo, a jornalista ignorou olimpicamente a norma que tanto divulga com ares de paladina da confidencialidade e defensora dos informantes.

O WikiLeaks igual. No documento diplomático o nome do informante, passível de “sofrer riscos reais de segurança” é mencionado com nome e sobrenome.

Fosse o WikiLeaks menos mentiroso e a jornalista mais atenta, menos irresponsável e cumpridora da suposta regra, talvez Clifford Andrew Welch não tivesse sido exposto pelo Globo à execração, nem sua vida estaria em perigo ou ameaçada pelos integrantes do MST.

Novamente o WikiLeaks gera outra fila interminável de interrogações:

– A “organização”, como Julian Assange gosta de chamar o seu site, não cumpre o que promete?

– Esqueceu dessa promessa no caso do professor Welch?

– Não deveria preservar o nome dos informantes? Foi proposital?

– Terá sido pelo fato do telegrama levar a chancela de – “Importante mas não sigiloso. Por favor, proteger adequadamente” – que foi relegado ao descaso?

– O auto-compromisso de proteger quem corre “risco de segurança” é igual ao auto-comprometimento pela liberdade de informação?; que já se descobriu ser a farsa da liberdade, sem liberdade?

– Quem no WikiLeaks analisa e decide que nomes apagar e que nomes revelar?
Como não possuo as respostas nem posso obtê-las, melhor dedicar-me ao que a moçoila escreveu e discorrer sobre o que sei.

Eu não culpo o Globo por divulgar a matéria com nome e sobrenome do professor Welch.


Esse é o seu papel. 

A informação estava lá, disponível, clara e cristalina. 

Se inventou a palavra “espião” ou interpretou errado o substantivo usado pelo Cônsul, não vale a discussão do mérito. O que me aborrece é a conversa mole, pra boi dormir, que Julian Assnge entoa pelo mundo e Natália Viana repete tal qual papagaio de pirata; nenhum dos dois cumpre o que fala. 

Pior ainda, ver que Natália, mesmo sabendo que meteu o pé na jaca, ainda vem dar uma de "intilékitual", do pau-oco, tentando ensinar a ler documentos. Pior do pior é a jornalista corrigir / alterar um artigo seu, já publicado, adicionando palpites que ela própria não segue, nem cumpre.

Por outro lado, o MST está acostumado (todos estamos), a que o jornal o Globo, às vezes, gosta de puxar a brasa para a sua sardinha ou para o peixe que o alimenta melhor. Desta vez decidiu introduzir a palavra espião, que a rigor, não consta no telegrama americano. 


E daí? 

Só está no título da matéria para chamar à atenção... e para provar que eu tenho razão quando afirmo que brasileiro só lê o rótulo das coisas e emprenha pelas orelhas ao imaginar o conteúdo. 

No narrado por Tatiana Farah tal palavra não entrou e a repórter manteve-se muito fiel ao que os documentos dizem. Verdade seja dita, o jornal deixou de lado o ajeitar habitual das brasas e esparramou calor em cima dos telegramas americanos. 

Não tergiversou. Não inventou. 

O MST é tudo o que está lá narrado e muito, muito mais, e pior.

Entretanto, o MST com a sua visão caolha, – para não variar nem mudar o disco, – na suas mensagens, tanto via professor Igor Fuser, quanto na chamada para anunciar a carta, supostamente escrita (que não foi), por Clifford Andrew Welch, manteve o tom histriônico – e burro – que o caracteriza. Ainda não conseguiu retirar o cabresto que José Rainha lhe pôs em cima.

Na minha opinião, a reportagem do Globo só peca pela habitual e permanente superficialidade a favor do sensacionalismo. 


Em vez de escrever a palavra “espião” que tanto aborreceu o MST, a repórter Tatiana Farah deveria ter procurado antes os cavalheiros que menciono adiante, os quais ocupavam, em 2003 (não sei agora), funções importantes, mas de segundo e terceiros escalões, onde o MST gosta de se lambuzar.

Disto isto, espero que o leitor já tenha lido a “epístola gnóstica” que Natália postou em 27/12. Se não o fez, por favor faça-o «aqui» antes de continuar a leitura. Terá uma compreensão melhor do que lerá a seguir... Ou o quanto o escrito pela “jornalista” mais se assemelha a um mar de sandices pretensiosas... ou, talvez... a uma contrição apressada, em duplicado, para disfarçar ou aliviar o peso da consciência... do medo que algo aconteça a Clifford Welch.

Eis o texto da Natália. Em vermelho!

MST, o jornalismo em rede – e afinal, documentos são documentos”.
Se a ilustre plumitiva não tivesse deixado bem claro, logo no título, que “documentos são documentos”, qualquer leitor desavisado seria capaz de se confundir. Volto a esta frase mais adiante.
O MST publicou hoje no seu site um texto acusando o jornal O Globo de distorcer os documentos do WikiLeaks para atacar a organização”.
O MST apenas e sempre publica mais do mesmo. Não há surpresas. São essencialmente reacionários retrógrados, pautados numa ideologia muito própria de enriquecimento pessoal da cúpula, disfarçada em objetivos proletários confusos; principalmente criminoso. Essa é a sua ladainha interminável e predileta. 

Desconfio que o MST conheça qualquer outra retórica que se aproxime do bem estar, da verdade ou do progresso daqueles que diz representar... embora gaste milhares de palavras para explicar o inexplicável.
O MST ouviu o pesquisador Clifford Andrew Welch, do curso de história da Universidade Federal de São Paulo, principal fonte do telegrama da embaixada mais polêmico sobre o MST. Welch negou que tenha dito que o MST tem espiões no Incra e afirmou que, no documento, suas frases foram colocadas fora do contexto. Isso merece duas reflexões”.
Só duas reflexões? Merece no mínimo uma meia dúzia. Isto mostra bem o grau de absoluta ignorância de Natália em relação ao MST, a Andrew Welch e também à qualidade e alcance da confidencialidade de cada documento.

O telegrama “mais polêmico sobre o MST” ao qual a “jornalista” se refere é o 09SAOPAULO317, «aqui», que ela, sem exibir o código de identificação, menciona em seu artigo, porém, sem disponibilizar o link. O Globo sequer o mencionou.

Para começo de conversa, duvido muito que o professor (pois é professor primeiro e pesquisador depois), tenha sido “ouvido” pelo MST.

Como conheço bem as práticas e táticas dessa gentalha metida a campesina. Clifford Andrew Welch deve ter sido cercado por três ou quatro jagunços, com fuças de dar medo em susto, e forçado a se desdizer.

Provavelmente foi obrigado a assinar a carta publicada, como se de sua autoria fosse. Portanto, quem analisar o teor, redação e até a pontuação, (posso afirmar, sem medo de errar), perceberá que foi redigida pelo professor Igor Fuser; outro encarnado de MST até à medula. 


Welch nem deve ter dado palpite no texto.

Na conjunção da carta, quem a escreveu aproveitou até para fazer propaganda dos sucessos “emesseteístas”.

Um professor americano, mesmo com 50 anos de Brasil, (que não é o caso), falando fluente o português, ao estilo Rui Barbosa, (que também não é o caso), jamais escreveria frases do tipo:

– “...confesso que estava pouco animado com a visita do Vice Consul Benjamin A. LeRoy do Consulado Geral dos EUA, em São Paulo...”;

– ou “...quando nos pediu uma hora para “conhecer o trabalho do Nera...”; – “nos pediu”? Sei! A quantos?

– ou, “...Como historiador especializado em estudos da política externa dos EUA na América Latina, já conhecia figuras como LeRoy e seus relatórios...”; - "figuras como LeRoy e seus relatórios"??? Até parece a Ideli Salvati, falando.

– ou “A Folha aproveitou o esvaziamento dos documentos para alegar que o MST...”

Bom...“esvaziar” e “vazar” para alguém do MST, sendo professor da Cásper Líbero, os dois verbos possivelmente signifiquem a mesma coisa.
Não para um professor de História, seja ele de que nacionalidade for, ou o ruim que fale o idioma local. Há uma diferença enorme entre essas duas palavras. Portanto, só por este detalhe, sem considerar os anteriores, fica bem claro que Clifford Welch não escreveu a carta que o MST divulgou.
Está na cara que a missiva publicada com o nome de Welch, tratando-o de "Prof. Ajunto", foi escrita por um brasileiro, de pouca cultura e com um sebo retórico tão vermelho, que nem mesmo os inventores do comunismo se atreveriam a usar num documento dessa natureza.

Legalmente, Andrew Welch é um visitante convidado a residir no Brasil. Por conseguinte, passível de ter a sua residência e emprego cancelados, a qualquer tempo; e pelas razões mais estapafúrdias possíveis, que qualquer petista amoral (são quase todos), do Ministério da Justiça puder inventar.

Que tal lembrarmos, para ilustrar, do jornalista Larry Rohter do NYT? Da sua elogiável coragem em denunciar ao mundo, pela primeira vez, o cachaceiro, o bêbado inveterado que o Lula é. E que aconteceu? O apedeuta mandou expulsá-lo; apesar do cidadão americano ter Visto de residência legal no país.

A coisa só ficou no “deixa-disso” devido à intervenção de Márcio Thomaz Bastos, homem cauto, razoavelmente inteligente, mas de caráter infausto quanto o de qualquer petralha. 


Em seus anos de governo dedicou-se praticamente a limpar as sujeiras e vigarices lulistas... sem receio de atentar contra a liturgia do cargo... mesmo sendo Ministro da Justiça. Ironia ou paradoxo maior não poderia haver.

Outro exemplo da sua heresia ministerial em defesa da corrupção petista, (nunca é demais lembrar), o caso emblemático do caseiro Francenildo Santos Costa e a violação da sua conta bancária a mando de Antônio Palocci, então Ministro da Fazenda. 


Novamente foi Thomaz Bastos quem costurou e pôs panos frios no jornalismo, na oposição e no Supremo Tribunal Federal. Ninguém foi preso por ter cometido esse crime grave; e no novo governo da ladra de bancos, Palocci foi promovido a Ministro da Casa Civil. Nada mais justo!

Com demonstrações passadas, tão "republicanas e democráticas" assim, Welch não tinha outro remédio senão negar o que disse e afirmar que as “suas frases foram colocadas fora do contexto”. 


Não é doido. Precisa trabalhar. 

Não deve ter vocação para herói; não tem dinheiro ou o New York Times por trás dele; nem dispõe de esquadrão de guarda-costas armados para o protegerem quando sai à rua.

O que ele contou a Benjamin A. Leroy, narrado no telegrama 09SAOPAULO317, escrito por Thomas White, Cônsul americano em São Paulo, deve ser apenas um milésimo do que ele provavelmente sabe. Eu, sozinho, sei bem mais e com farta documentação para ilustrar.

Meter-se com o PT, e pior, com o MST, cuja organização, certo petista de alto coturno, na época do mensalão, ameaçou pôr na rua, (sabe-se lá com que intenções “benignas”), é atentar a “sorte grande” para aparecer “falecido” na calçada... vítima de “latrocínio”; cujas investigações policiais, neste tipo de ocorrência abrangem menos de 1%; e do total investigado, a duras penas a polícia consegue apurar 1 (um) caso em cada 100 (cem).

Se não houver uma esposa enganada, uma amante despeitada ou um comparsa traído, para ligar para o “disque denúncia”, a polícia pouco faz ou se dedica a fazer.

Para quem não sabe, no Brasil o crime compensa e o assassinato impune é a ordem do dia.

Até hoje ninguém sabe quem matou o Toninho do PT ou quem mandou assassinar Celso Daniel, ou, para citar alguém mais recente, com poucos anos decorridos, o ex-coronel Ubiratan. 


Ou, se quisermos celebrar o aniversário de 20 anos pelo assassinato jamais solucionado até hoje, poderemos recordar o do senador Olavo Gomes Pires, de Rondônia, executado com mais de 13 tiros em outubro de 1990... 

Poderíamos também, se a paciência permitisse, relembrar a morte, ainda mais antiga, de um general, que faleceu de causas desconhecidas sem nunca ter estado doente; ou a de um deputado que sumiu num vôo de helicóptero e até hoje nem o corpo apareceu... mas pedaços do aparelho vieram à tona, limpos de resíduos marinhos, mesmo depois de supostamente terem passado dez anos submersos no mar.

O azar de Welch foi nunca ter imaginado que uma simples conversa com um compatriota se tornaria assunto de Estado para ser telegrafado a Washington... e que esse documento viria um dia a público.

Conhecendo bem as práticas e táticas, criminosas e asquerosas, do MST, posso até ver, até reviver mentalmente... como o professor deve ter sido pressionado, ameaçado e chantageado para ser forçado a dizer que o dito não foi dito... Eu sei bem como é. 


Até hoje tenho pesadelos. 

Já enfrentei esses descarnados, filhos de chupa-cabras, bandidos que só existem porque quem governa o Brasil é pior do que eles.

O MST é essencialmente uma mega-quadrilha; uma corja de crápulas, de assaltantes e incendiários disfarçados de mendigos, supostos “lavradores” à procura de terras para trabalhar. 


Quando recebem terras, vendem-nas. 

Ou alugam-nas. 

Gastam o dinheiro recebido em carros, em contrabando de drogas, de armas e em imensas vigarices outras. Todos sabemos que são facínoras querendo enriquecer à custa, ressalva se faça, de uma miríade de gentes sem-eira-nem-beira, pobres de espírito e de corpo, arregimentados temporariamente para os acampamentos, em troca de uma ração de arroz, a fim de parecerem muitos.

Esta é uma das razões porque o movimento não recebe adesão popular. E mostra bem o empenho obsessivo com que o MST luta para que incautos assinem o seu “baixo-assinado contra a criminalização do movimento”.

Quem viajar pelas estradas de Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul, verá pelas beiradas a um monte de barracos vazios com meia dúzia de capangas a guardá-los. 


Nos dias das respectivas secretarias Estaduais distribuírem as cestas básicas, essas choças aparecem milagrosamente lotadas de homens, mulheres e muitas, muitas crianças; dezenas delas nem aparentadas são com quem as carrega ao colo. Eu já estive lá! Eu vi! Ninguém me contou. 

Possuo, inclusive, vários depoimentos de policiais rodoviários e de fazendeiros da região que testemunharam a farsa... e continuam a testemunhar.

Curiosamente, e não por coincidências, os pedintes das cidades, vizinhas a esses acampamentos, desaparecem milagrosamente por dois ou três dias, antes das distribuições das cestas básicas. 


É lindo de ser ver a alegria com que regressam aos seus locais de mendicância.

Ainda guardo centenas de entrevistas gravadas com esses indigentes contando-me como são aliciados, transportados, e como são obrigados a dar metade da cesta básica que recebem para os supervisores de grupo... que vendem os produtos para os “mercadinhos” de tábuas e zinco nos bairros periféricos.

As secretarias de abastecimentos nos Estados sabem disso. Inclusive a de S. Paulo. Se o leitor desejar mais detalhes, recomendo a leitura da tese: - "Exculhidos": Ex-moradores de rua como camponeses num assentamento do MST, - de Marcelo Gomes Justo, «aqui»

Quanto ao MST ter “espiões” no INCRA ou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, (este órgão o telegrama americano não menciona), é realmente um exagero do Globo. O MST não precisa de espiões de capa e mascarilha. Eles transitam às claras do dia, de cara lavada, com nome e sobrenome.

Só por pirraça, para mostrar onde estão os contatos do MST, – sobejamente conhecidos, – o Globo poderia falar (à época de 2003, recordo sem puxar muito pela cabeça) com: o sr. Maçao Tadano – Secretário de Governo, da Secretaria de Plantas e Inspeção Animal e o sr. José Oscar Miranda Pacheco, Assessor de gabinete da Secretaria de Defesa Agropecuária(DAS), ambos em Brasília. 


Já em Várzea Grande, Mato Grosso Sul, os senhores Paulo Antônio da Costa Bilégo, Delegado da DFA/MT; o sr. Donizeti Pereira de Mesquita, Chefe do SEDAG e o sr. Plínio Leite Lopes, Chefe do SSA. Já em Campo Grande, com o sr. Carlos Eduardo Tedesco Silva, Fiscal Federal Agropecuário do Serviço de Inspeção Federal. Todos estes senhores conhecem vários espiões do MST. Sabem até onde moram e que funções desempenham... para o MST.

Dos espiões no INCRA propriamente ditos, cujas dezenas de nomes não recordo neste momento, e não estou com vontade de pesquisá-los nos meus arquivos, lembro-me de estalo do sr. Raimundo Pires Silva, superintendente regional do INCRA, no Pontal do Paranapanema, que terceirizava (ilegal e criminosamente) o quadro de funcionários do Instituto, contratando militantes do MST como coordenadores dos núcleos de apoio. Esse é espião. Esse é bandido e corrupto até às orelhas.

Outro que me vem à lembrança é o sr. João Bosco de Morais, em Cuiabá, igualmente superintendente do mesmo órgão, que gostava de desapropriar terras, fraudulentamente, a favor de militantes do MST. Esse também é espião. Esse também é bandido e corrupto até às orelhas!

E falando de capital quente, recordo outra figura depreciável em Campo Grande; este último, travestido de motorista. (não vou revelar o nome porque é um enjeitado). 


Em 2003 acompanhou a delegação da União Européia durante a inspeção para certificação, (que não foi certificado), do SISBOV, (sistema de rastreabilidade do gado para corte), que até hoje não funciona como deveria. O sujeito estava emprestado pelo INCRA ao Ministério da Agricultura.

Num fim de tarde, lembro como se fosse hoje, entre uma cerveja e outra, esse homem contou-me poucas e boas sobre o sr. Waldir (ou Valdimir, não recordo exatamente) Cipriano Nascimento, que distribuía terras para o MST ou para quem pagasse, para ele, claro, a quantia que pedia. 


Fui até convidado a tornar-me latifundiário legítimo, com a garantia de que o MST não invadiria a fazenda. Quando perguntei a esse motorista como podia assegurar-me tal coisa, ele respondeu que o superintendente do INCRA, seu chefe e amigo, era quem comandava o MST no Estado. Dois dias depois, só para ilustrar o meu trabalho, tive uma linda reunião com o sr. Cipriano Nascimento. 

Ele confirmou tudo. 

Fui até convidado a visitar uma, (repare bem), das várias fazendas que ele tinha “à venda”. Em nenhum momento me escondeu que eram terras da União ou que, pertencentes a proprietários legítimos, seriam “desapropriadas legalmente”.

Para não prolongar estas recordações nefastas, o que eu mais achei graça no resumo da ilustre Natália, é que ela, não menciona nada, nem o Globo, sobre o sr. João Farias, Superintendente Regional do INCRA, em Pernambuco, e dado como ex-ativista do MST, a conversar com o Cônsul Americano em Recife, cujo relato é mencionado no telegrama 04BRASILIA873 assinado pela Embaixadora Donna Hrinak. Nesse documento é mencionado o nome de João Pedro Stédile a quem Natália faz leve referência, assim como o Globo. Entretanto, que coisa mais esquisita ambos não terem visto o nome de João Farias para mencioná-lo.

A Policia Federal também conhece vários e muitos nomes dentro do INCRA a trabalharem para o MST. Se não faz nada, aí haverá que perguntar a quem de direito; a Tarso Genro, por exemplo.

A atuação criminal do MST e a permissividade com que as autoridades a consentem é estarrecedora. 


Fico até preocupado com Andrew Welch, pois se nada lhe acontecer – de repente, (tomara que não), – certamente terá de deixar o Brasil... onde reina a impunidade e a lambança delinqüente petista... que não perdoa; principalmente a um gringo metendo o nariz onde não é chamado.
Primeiro, o MST fez exatamente o que deve ser feito. O propósito do WikiLeaks ao disponibilizar documentos na internet é justamente permitir que os mais diversos atores leiam e tirem suas próprias conclusões. E as espalhem”.
É!... Natalia está certa! Não posso evitar o sarcasmo. 

O MST fez o que deve ter feito? Certamente! 

Quem sou eu para contradizer palavras tão capadócias. Afinal, pelos seus Progroms, essa parece ser a especialidade e personalidade. Destruir, Encostar na parede e Forçar a assinatura de carta de desmentido de quem fala mal deles. 

Suponho que tanto Natália como o Wikileaks devem se sentir muito orgulhosos. Se algum “acidente infeliz” acontecer com Andrew Welch, espero que ambos fiquem felizes...

Talvez para provarem o quanto eu tinha razão no que comentei nas minhas “Reflexões sobre o WikiLeaks”...

Novamente as palavras de Natália são uma demonstração inequívoca e escabrosa de dois pesos e duas medidas. 


De como o Sr. Julian Assange, o WikiLeaks e a própria Natália Viana são reles amadores de jornalismo. Aventureiros inconseqüentes, oportunistas sem dois dedos de inteligência para administrarem o material que têm nas mãos. 

Na verdade, mostram-se bastante irresponsáveis. Jogaram aos leões um professor por ter falado com o seu vice-Cônsul, mas protegem a escudo e espada o nome de traidores que traem os seus próprios países.

Isso não é certo. Não é direito! Não é justo! Não é jornalismo! Não é profissional.

Será que o professor Clifford Andrew Welch é um dos “poderosos” que tanto Julian Assange quer expor à execração para “cobrar responsabilidades”? Deve ser! Só pode ser, coitado! O professor parece ser dono de uma mente perniciosa que “inventa” coisas sobre o coitadinho do MST.

Pois não inventou nada! Nem foi mal interpretado! Nem as suas frases foram colocadas fora do contexto.

Por que o nome de Welch não foi apagado como o da criatura que passa informações francesas para os americanos? Ou o substituído por “XXX” no telegrama 09RIODEJANEIRO357, referentes ao Brasil, (apenas 1 para exemplificar, já que há muitos.), de papo com o agente Dennis W. Hearne? - Por que corria “risco de segurança”?

Um simples professor, passando informações sobre o MST não se enquadra na mesma categoria de “risco de segurança”?

Será que a plumitiva Natália, brasileira, nascida em S. Paulo, e o seu WikiLeaks de irresponsáveis, têm idéia dos bandidos e assassinos que formam a cúpula do MST? 


Por acaso já ouviram falar de cinco assassinos, ladrões, incendiários e co-fundadores do MST, chamados José Rainha Júnior, João Paulo Rodrigues, Sérgio Pantaleão, Clédson Mendes e Márcio Barreto? 

E de mais outros 50 parasitas, disfarçados de “trabalhadores rurais”, já condenados pelos mais variados crimes, mas prófugos da justiça?

Onde está a posta em prática do que Natália me informou? (transcrevo novamente):
"o WikiLeaks retira todos os nomes de pessoas que possam sofrer riscos reais de segurança por causa da divulgação. É um princípio da organização não colocar em risco a vida de pessoas".

Será que foi por ter-me escrito uma mentira como essa, – posto que já está provado que o WikiLeaks não cumpre a sua própria regra, nem a própria Natália o faz, – que a distinta plumitiva se apressou a escrever um “artigo” ensinando-nos que “afinal, documentos são documentos”?...

Por acaso a ilustre moça, que escreve mal como o diabo, quer insinuar que o vice-Cônsul ou o Cônsul Geral, ou a Embaixadora, mentem ou deturpam a realidade nos relatórios que escreveram?

Que os documentos escritos e assinado por esses diplomatas “...são produto de um momento específico, escritos por pessoas específicas, com objetivos específicos. Não são prova de uma verdade cabal, embora tragam fortes indícios de que algo está se passando – e que deve ser investigado”????

Natalia Viana, sem dúvida alguma, meteu outra vez os dois pés na jaca. Agora está com medo que algo “triste” aconteça com Clifford Andrew Welch...

A mocinha parece que ainda não se deu conta que está insinuando contra a honra de diplomatas americanos, que são genuinamente americanos dignos de suas carreiras, e não brasileiros pervertidos no jeitinho nacional, na cara de pau brasileira, ou na falta de caráter e moral tipicamente petistas, acima de tudo, brasileiros.

Bom... se dermos uma de Lula e enchermos bem cara, talvez os vapores alcoólicos nos permitam considerar por instantes alguma possibilidade de levar a sério o que Natália insinua. Porém, curada a borracheira, veremos que os telegramas são absolutamente cabais.

Por outro lado, quando recuperados totalmente do hipotético porre, perceberíamos que Natália também mente. E mente por escrito! Levianamente mostra-se outra aloprada, tanto na prosa... como no que pratica, absolutamente contrário ao que preconiza.

Ontem no programa É Notícia, da Rede TV, o Franklin Martins dizia que estamos vivendo um momento de transição no jornalismo, que deixa de ser o que ele chama de “jornalismo de aquário”, concentrado por um pequeno grupo de meios que podem dizer o que é ou não verdade, para o jornalismo em rede, em que os produtores de conteúdo são muitos”.
A admiração de Natália por Franklin Martins, ao transcrever as suas supostas palavras, ditas numa entrevista que eu não assisti, chega a ser assustadora. Dá até para questionar a sanidade mental da moça. 

Ou a sua competência profissional, por desconhecer o caráter e as propostas de controle e mordaça para a imprensa já apresentadas pelo escorraçado da Globo.

A ilustre colaboradora do WikiLeaks sequer deve ter lido a reação da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) ao discurso de Franklin Martins em 09/11/2010. Leia 'Não estamos vendo fantasmas', reage Abert. «aqui» no Estadão.

Tampouco deve saber da afirmação dita por Franklin Martins: “Nova regulação para mídia digital será feita com ou sem consenso”. Leia «aqui» na Folha de S. Paulo.

Ou do repúdio da OAB à vontade ditatorial do ex-seqüestrador e do PT em criarem mecanismos de controle da imprensa. Leia "Projeto de lei pretende criar conselho de comunicação em Minas Gerais" «aqui» no UOL Notícias.

Natália parece justificar a máxima de quem feio ama, bonito lhe parece. Bem que gostaria de incluir aqui as centenas de links que disponho em relação a esse dejeto do jornalismo que tanto desperta o arrebatamento de Natália. 


Só não o faço, porque a jornalista não merece; nem estou disposto a fornecer material que ela, pela profissão que se titula, deveria saber com sobras; até mais do que eu. Infelizmente peco pela falta de pachorra com gente burra, embora com os ignorantes disponha de toda a paciência do mundo.
É nesse momento de transição que aposta do WikiLeaks, ao fazer questão de disponibilizar os documentos na rede”.
Que momento de transição é esse? A vontade e obsessão do Franklin Martins em amordaçar a imprensa ou a leviandade com que o WikiLeaks trata os documentos que tem em mãos?

Expor ao opróbrio e à tragédia o nome de um professor que só contou verdades ao seu vice-cônsul, não é transição nenhuma e sim, uma baita irresponsabilidade da “organização” e da própria jornalista que escreve textos inundados de erros, dos mais primários possíveis; tão pouco inteligente que sequer sabe acionar o corretor do Word para ajudá-la.

Assim, “nesse momento de transição”, (que não é “nesse” e sim, “neste”, pois o momento é presente e não passado, nem futuro.), caso a jornalista possuísse uma idéia do que o ex-seqüestrador quer dizer, poderia aprender que: – nesta fase da comunicação instantânea, da globalização e do petismo meliante que crassa Brasil afora, quando até a ingenuidade procura exibir-se com certa liberdade e representa força expressiva na arte, na música, na pintura e na poesia, não deveria assustar a ninguém que a humildade também se apresentasse a favor da liberdade ampla, sem peias ou dogmas.

Natália e o seu WikiLeaks deveriam saber que a liberdade deve estar a serviço do trabalho com método. Nem o WikiLeaks nem Natália Viana podem prescindir da orientação do saber... por exemplo, conhecer os bandidos que são os do MST e as barbaridades que cometem. Ou as barbaridades que Franklin Martins pretende, ou pretendia, para amordaçar a imprensa.

Assim, quando o cérebro falta, toda a divulgação dos documentos, que poderia ser algo bom para o mundo, está se tornando numa farsa sem precedentes... 


Porque os encarregados de publicar os telegramas não raciocinam, e essa preguiça mental transforma os vazamentos numa amalgama sem consistência;... o conjunto da obra sem durabilidade;... e os artigos de Natália apenas um resumo fraco e inconseqüente, assim como o da Globo que despertou iras no MST.

Novamente insisto: Sou a favor da divulgação dos telegramas, mas não da forma em que está sendo executada. Ou apagam todos os nomes, seja de diplomatas ou informantes, ou se revelam TODOS os nomes que aparecem nos documentos.

O que não pode é, como no caso deste professor, o WikiLeaks permitir que pessoas de boa-fé sejam ameaçadas por bandidos, como os do MST, e obrigadas a assinar cartas, desmentindo o que foi dito... para evitar conseqüências trágicas. Do mesmo modo, no caso de diplomatas, – e membros de governos outros, – não-americanos, sejam envolvidos numa capa de suspeição, apenas porque trataram de assuntos legítimos de seus países com os americanos.

O que não pode é Natália Viana dar-me uma resposta mentirosa ou não cumprir o que propaga, até em seus próprios resumos cheios de erros.

Quando o sr. Assange fala de liberdade da informação, deveria primeiro entender que liberdade não é uma espada para ser empunhada por um celerado a cortar ou a abrir onde lhe dá vontade. Deveria se lembrar de Heráclito, o filósofo grego, que disse: – “Se tudo se torna tudo, cada coisa contêm em si o que nega”.

E Natália Viana, muito em especial, deveria ter em mente que a humildade ensina que há uma diferença muito grande entre os humildes e os humilhados: — as humilhações devem ser repelidas, por desumanas, mas a humildade deve ser cultivada como atributo do Criador à criatura.

Mesmo assim, ainda hoje há pouca gente revirando os documentos que já foram publicados – quase 2 mil – para fazer uma leitura crítica, ou uma leitura própria, que seja. Depois de um mês do lançamento, a rede continua fervendo atrás do que é o furo, do que é a novidade. Mas a riqueza dos documentos nem sempre está aí. Uma leitura aprofundada pode revelar coisas muito mais importantes”.
No caso do Brasil, querer maior interesse pelos documentos, – do pouco ou quase nenhum – que já existe, é pretender tirar leite de pedras. Fora os 3 grandes jornais, o resto é somente resto ignorante, até dos próprios deveres cívicos e das responsabilidades políticas inerentes que deveriam desempenhar no país.

No MST não existem pessoas com inglês suficiente, nem com interesse para ler documentos do WikiLeaks. A ignorância por lá campeia como gado erado e o olho grande-angular político é vesgo, com miopia profunda, voltado para o próprio umbigo.

O mesmo acontece com as demais organizações ou organismos mencionados nos telegramas.
No momento em que o Lula elogiou o vazamento dos documentos, quitou-lhe toda a curiosidade que porventura existisse em alguns poucos. Tivesse ficado calado ou criticado, certamente os telegramas estariam sendo esmiuçados até nas vírgulas.

Se o Globo não tivesse escrito um artigo em português, falando do MST, sobre o qual o editor mandou a repórter saber mais, nem em sonhos a cúpula criminosa do MST se interessaria por ler, no WikiLeaks, o que o Cônsul conversou com Andrew Welch e reportou a Washington. 


Nem o professor teria sido incomodado ou forçado a assinar uma carta que jamais redigiu... em cujo texto, repito, até foi incluído um parágrafo publicitário das façanhas “emesseteístas”.

Os brasileiros só têm atração pelo proibido, pelo sórdido, pelo mexerico.

E aí vem a segunda reflexão. Tem se discutido muito pouco o que são esses documentos das embaixadas. Eles são, em primeiro lugar, documentos. E devem ser tratados e olhados como tal
Tem-se discutido muito pouco”, porque a maioria dos brasileiros mal conhece uma palavra de inglês. E refiro-me, obviamente aos jornalistas na sua esmagadora e absurda maioria. Estes deveriam ser os mais interessados por defeito de profissão. No entanto, mal sabem escrever e falar português correto, o que dirá do inglês?...

Tem-se discutido muito pouco”, porque os documentos são chatos de ler e chatos de se formatar para permitirem uma leitura fluida; partindo-se, claro, da suposição que quem se disponha a fazer tudo isso possua um inglês decente. Não é a realidade brasileira.

Tem-se discutido muito pouco” e creio eu, esse pouco se tornará cada vez menor, pela arbitrariedade burra de quem limpa os documentos, quitando-lhe qualquer interesse investigativo. Sem se saber as fontes não há o que investigar, nem desperta interesse para publicar; exceto para aquele jornal com espaço livre que usa a matéria para “bombar” um espião, e logo perde interesse no momento em que a imprime.

Quanto ao cidadão comum, e até a estudantes universitários despertarem algum interesse pelos documentos... bom... É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que uma dessas criaturas ligar o computador para ler um telegrama americano.

Se nem se interessam na pesquisa do perfil daqueles que elegem para os governar, o que dirá de textos sem imagens, sem sexo explícito e sem a última fofoca do protagonista da novela das oito? 


E pior, como é habitual, basta ver pelos comentários que vão espalhando pelos blogs... 

Nem a mais remota idéia têm do que versam os telegramas, exceto um conhecimento atabalhoado e de orelhada, baseado neste ou naquele título de matéria em jornal sobre a qual lêem meia dúzia de palavras e deduzem o resto por imaginação.

Por outro lado, o fato de Natália afirmar e reafirmar no seu artigo que – “...em primeiro lugar, são documentos. E devem ser tratados e olhados como tal...”, – eu fico imaginado como a jornalista imagina a maneira que qualquer pessoa, até uma com pouca inteligência, poderia encarar esses telegramas? 


A Quem a jornalista pretende dar lições de Leitura? 

Ao MST?

Sem dúvida, tanta insistência em asseverar que os telegramas são documentos, permite que deduzamos o quanto ela está preocupada com o que poderá acontecer ao professor.

Conhecendo o MST como conheço, para esses animais o relato da entrevista do professor com o vice-Cônsul tornou-se uma prova cabal de traição e injúria de um estrangeiro contra os princípios dogmáticos e “nobres” do MST; passível, portanto, da punição mais severa.

Ao longo deste ano, enquanto estava escrevendo um livro-reportagem sobre o jornal Movimento, usei primordialmente fontes documentais. Trabalhando com documentos, você percebe muitas coisas, como por exemplo que os documentos mentem. Muitas vezes”.
Se os documentos mentem é porque existem referência escritas ou visuais que provam essas mentiras. Portanto devem ser imediatamente descartados e por inteiro. Especialmente no Brasil onde não se cuida da memória. 

Ou, melhor, tem gente que prefere esquecê-la e até pilhá-la. Os petistas estão aí mesmo para provar que esquecer é tão rentável, tanto para testemunhas quanto para protagonistas.

Não é o caso do telegrama “mais polêmico sobre o MST”, o 09SAOPAULO317. Nada do que lá está escrito foge uma vírgula da verdade; da realidade como o MST leva a cabo as suas vigarices, sacanagens e crimes infindáveis.

Quem conhece bem o MST, como eu conheço até os nomes dos bandidos, sabe perfeitamente que o relato documentado é veraz, porém, ínfimo, se comparado à imensidão de velhacarias e sabotagens que o MST comete.

Surpreende-me que Natália Viana, dizendo-se jornalista, não tenha realizado, pelo menos, uma pequena pesquisa a respeito. Talvez se o tivesse feito, não viria agora com ares de santarrona tentando insinuar que o relato posto no telegrama americano é só um documento, pelo que deve ser somente encarado como tal;... porque ela... por experiência... muitas vezes descobriu que “os documentos mentem”. 


Ora vamos! 

A quem a egrégia plumitiva pretende enganar?... ou que verdade tenta disfarçar com tal insinuação? Provavelmente os documentos do jornal “O Movimento”, cujas folhas, cortadas em pedaços, lá nas roças de Minas Gerais da minha infância, eram usadas na “casinha” para fins sanitários.
Eles são produto de um momento específico, escritos por pessoas específicas, com objetivos específicos. Não são prova de uma verdade cabal, embora tragam fortes indícios de que algo está se passando – e que deve ser investigado”.
No Brasil isso ocorre. Bem me lembro que sim. De certa forma justifica haver tão poucas fontes válidas para pesquisa no país criado pelo Lula. 

Certamente isso ocorre pela mão de irresponsáveis uespenianos, tipo Marilena Chauí, que plagia livros de filósofos franceses e os transforma em teses “originais” de própria lavra. Ou, inclusive, apenas para relembrar, o caso daquele economista famoso, do PT, (só podia ser), que na sua tese de mestrado apresentou a cópia exata de um livro escrito por Gonzaga Belluzzo e foi aprovada com louvor.

Portanto, não surpreende vermos que Natália também plagiou o artigo do Globo. Faz parte da alma “libertária” petista e de simpatizantes afins.

Aparentemente, pelo que Natália afirma no parágrafo destacado acima, o seu artigo anterior que deu passo ao presente, inerente a este post, parece ter sido fundamentado apenas em documentos... que documentos são, tão-somente! Portanto, não compreendo a razão da jornalista, no seu resumo plagiado, ter mencionado o nome do professor Welch.

Afinal de contas, haveríamos de perguntar à Natália: – O documento do cônsul é verdadeiro ou falso?

Se para ela os documentos "mentem muitas vezes”, (na sua primeira versão publicada do artigo), e, na correção/ alteração com erros ortográficos, "os documentos podem mentir ou distrocer", (ela quis dizer "distorcer."), então não deveria citar, no seu resumo plagiado, o nome do professor. Ponto!

Por outro lado, se ela achou que era verdadeiro, deveria ter omitido o nome de Welch, apenas para se mostrar coerente com o que afirma. Isto é, (sempre é bom lembrar o que me escreveu): – “o WikiLeaks retira todos os nomes de pessoas que possam sofrer riscos reais de segurança por causa da divulgação”.

Que estranha forma de negar o dito, pelo não dito, mas muito pelo contrário... Parece até o samba do crioulo doido a ser escrito pelo Lula na sua aposentadoria e cantado pela Dilma, tendo no pandeiro o “percursionista” Franklin Martins.

Parte da cobertura sobre o Cablegate tem tratado o conteúdo dos telegramas como se fossem a verdade, e ponto. E nisso, estão fazendo mau jornalismo”.
Natália novamente se expõe ad absurdum. Em que país viverá? A imprensa brasileira jamais trata algo como verdade, mesmo sendo comprovadamente verdadeiro. Para tanto usa, exagera e abusa dos verbos no tempo condicional. 

Mesmo um bandido condenado ou indiciado, o jornalismo encarrega-se de escrever e dizer que o meliante “seria” suspeito.

Por outro lado, mau jornalismo faz a Natália! Primeiro por não saber escrever sem erros e soltar textos mais vergonhosos dos que uma criança recém alfabetizada a escrever a redação sobre a vaca.

Na sofreguidão de aliviar a consciência por ter publicado o nome de um professor que conversou com um diplomata e, por essa razão, ao plagiar o Globo, tê-lo colocado igualmente em risco de morte, mau jornalismo faz a Natália ao tentar agora desacreditar os documentos sobre os quais faz resumos e suspostamente deveria ajudar a "espalhar".

Ao vir com essa conversa mole, levantando dúvidas e suspeições, no afã de pretender ensinar a ler documentos, só revela o medo que a invadiu e o remorso que sente pelas mentiras que diz sobre a lisura do WikiLeaks. Ademais, em cada palavra que escreveu mostra bem o receio velado que algo ruim aconteça a Clifford Andrew Welch.

Talvez alguém a tenha alertado sobre o MST e a consciência pese muito.

Mau jornalismo faz Natália por tentar desacreditar o trabalho de diplomatas sérios, cujo labor e obrigação principal é o de informar o seu país sobre o que ocorre no local onde a missão diplomática está instalada.

Mau jornalismo faz a Natália (e o mesmo vale para Tatiana Farah, do Globo), por publicar um artigo irresponsável sem ao menos se dar ao trabalho de pesquisar para saber se o exposto no documento americano demonstrava algum assomo de verdade... Verdade que não foge nem um pouco do retrato fiel da realidade do MST, mas que deveria ter vindo acompanhada, (se a preguiça pesasse muito), dos links de inúmeras reportagens a respeito desses bandidos.

Não é que os telegramas estejam mentindo, mas são apenas interpretações de encontros e informações que, de fato, existiram”.
Lá em cima, Natália infunde-nos que “muitas vezes os documentos mentem”. Por conseguinte, os “documentos são apenas documentos”... "e devem ser tratados como tal". Agora diz-nos que “Não é que os telegramas estejam mentindo...”, e que os “...encontros e informações... de fato, existiram”. – Confusa, a moça, não? Seria bom que ela se decidisse...

Afinal, como deveremos... ou deveríamos ler os documentos?

E para finalizar, acrescenta:

Há muito de substancial nisso: sabemos que os encontros ocorreram, sabemos como os EUA viram e atuaram em relação a cada um dos temas, sabemos quais informações foram transmitidas a Washington e sabemos o que os embaixadores ouviram e o que consideraram revelante. Daí pra ser a prova cabal de que algo que foi informado é verdade, é um longo passo”.
Neste último parágrafo Natália realmente se supera. Num louvor à sua estultice esparramada , ainda inventa palavras. Exemplo: “revelante”.

Revelante” que vem de revelação ou de revelar? Ou será que ela quis dizer "Relevante"?

O lado bom do “artigo” da Natália, como um todo, pela piedade que me abraça o peito, é permitir-nos, não só a possibilidade de intuir o quanto é péssima jornalista, mas o quanto é também mulher com consciência moral ao demonstrar-nos o remorso das parvoíces que escreve e defende.

Que rumores anômalos terá escutado Natália Viana para querer nos ensinar que "documentos são documentos"?

Não há rumores.

O MST, como qualquer petista, só ataca pelas costas, na calada da noite quando todos dormem...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Faz o que eu digo, não faça o que eu faço...

...ou, money é good, nóiz qué é mais! Máz, si tu ti metê a negociá com os irano, largo o pau em cima de tu.

EUA MANTÊM NEGÓCIOS BILIONÁRIOS COM IRÃ, APESAR DE SANÇÕES, DIZ 'NYT'

Da BBC Brasil «aqui»

Apesar do embargo ao Irá, empresas americanas fazem negócios no país.

Uma investigação do jornal americano The New York Times indica que empresas americanas mantêm negócios bilionários com o Irã e outros países sujeitos a sanções econômicas pelo país.

Em reportagem publicada nesta sexta-feira, o jornal diz que os Estados Unidos mantêm cerca de 10 mil transações comerciais com o Irã, graças a uma isenção de taxas para produtos de ajuda humanitária.

No entanto, bens como cigarros, chicletes, remédios para emagrecimento, molho para salsicha e alimentos de luxo também estão na lista de negócios. Alguns deles foram comercializados no Irã por empresas do governo.

As permissões são dadas com base em uma lei de 2000, que permite exceções agrícolas e médicas aos embargos econômicos.

O jornal atribui a flexibilidade da lei ao lobby de fazendeiros americanos, que estariam receosos do impacto que a queda de exportações teria em seus negócios.

Segundo a reportagem, as empresas contempladas incluem a Pepsi, a Kraft Food e também alguns dos maiores bancos do país. As exportações para o Irã somariam cerca de US$ 1,7 bilhão desde 2000.

Exceções

Em um dos casos citados pela reportagem, uma companhia americana obteve permissão para concorrer na licitação para a construção de um oleoduto que ajudaria o Irã a vender gás natural para a Europa. Tais projetos enfrentam a oposição política dos Estados Unidos.

Há casos também de empresas que negociaram com companhias estrangeiras que eram consideradas envolvidas com o terrorismo ou com a proliferação de armas.

Os registros das concessões também apontam que os Estados Unidos aprovaram a venda de alimentos de luxo para lojas de departamentos que eram propriedade de bancos embargados.

A lei americana exige que possíveis compradores sejam examinados em relação a suas conexões políticas.

Sanções
As licenças para efetuar negócios com países que sofrem sanções econômicas vem de um escritório do Departamento do Tesouro americano, que defende as concessões.

Em entrevista ao The New York Times, o Secretário de Terrorismo e Inteligência Financeira, Stuart Levey, disse que o país efetivamente suspendeu a maior parte dos negócios com o Irã, e que aplica as sanções mais duras do mundo.

Levey disse ainda que os Estados Unidos fizeram menos negócios como o Irã do que a China ou a Europa, e que as exceções humanitárias mostram que os Estados Unidos se opõem ao governo e não ao povo iraniano.

No entanto, especialistas em política externa temem que a abrangência da lei de exceções prejudique a autoridade diplomática do país.

Banco PanAmericano - Explicando o inexplicável:

Deu no Estadão. Leia o original «aqui». Depois leia o que já escrevi a respeito. Ao final, desenvolva a sua teoria e compre logo 10 Tele-Senas para ajudar o Sílvio "Santo".

O vice-presidente de finanças do banco mandou o contador maquiar o balanço’
Entrevista com Luiz Sandoval, ex-presidente do Grupo Sílvio Santos
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De David Friedlander e Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo

Principal executivo do Grupo Silvio Santos até o mês passado, Luiz Sandoval aponta, pela primeira vez, os nomes de dois supostos responsáveis pela fraude bilionária no Panamericano: o ex-vice-presidente financeiro Wilson Roberto de Aro e o contador Marco Antônio Pereira da Silva.

Em entrevista exclusiva ao Estado, Sandoval conta que, quando o caso foi descoberto pelo Banco Central (BC), em setembro, o contador admitiu ter maquiado os balanços do banco para esconder um rombo de R$ 2,5 bilhões e disse ter agido a mando de Aro. Ao ser confrontado sobre a acusação, afirma Sandoval, o ex-vice admitiu ter dado a ordem "para salvar o banco".

O ex-vice e o contador podem não ser os únicos responsáveis pela fraude contábil. Mas foram os únicos, na versão de Sandoval, a admitir participação no episódio, durante reunião com a presença de outras pessoas. Procurado, Aro não quis se pronunciar. Pereira da Silva não foi localizado.

Na última quinta feira, antevéspera do Natal, Sandoval depôs na Polícia Federal. Foi espontaneamente, apresentou sua versão e abriu mão dos sigilos bancário e fiscal.

Sandoval deixou a presidência do Grupo Silvio Santos, depois de uma parceria de 40 anos com o apresentador, por causa da crise no Panamericano. Amargurado por causa do escândalo, diz que não teve como evitar a fraude. "Eu era presidente do conselho do banco. Isso foi um ato de gestão”.

Nesta entrevista, concedida no escritório do criminalista Alberto Zacharias Toron, o executivo relata os dias de grande tensão que a cúpula da instituição viveu em setembro, culminando numa reunião extraordinária com o dono do SBT, em seu gabinete na sede da emissora, na rodovia Anhanguera. "Isso é brincadeira, não pode ser verdade", reagiu Silvio, perplexo.

Sandoval conta que, ao contrário do que foi divulgado, os executivos recebiam bônus pela performance do banco. Uma das suspeitas é que, além de esconder a falência do banco, a fraude teria o objetivo de turbinar os números do Panamericano para engordar os bônus dos executivos.

Como e quando o sr. ficou sabendo da fraude?
Foi numa quinta-feira de setembro, dia 16. Tínhamos concluído a venda de uma participação do Panamericano para a Caixa (Econômica Federal) e levei o Silvio para conhecer a presidente da Caixa (Maria Fernanda Ramos Coelho) e o Márcio Percival Alves Pinto, que é vice-presidente. O Rafael Palladino, que era presidente do banco, estava desesperado para falar comigo.

Palladino estava no encontro?

Estava convidado, mas não foi. Falamos por telefone. Perguntei qual era o problema, ele disse que era o Banco Central. O BC vivia dentro do banco, achei que podia ser algum problema de provisão para créditos duvidosos, porque houve uma ocorrência em abril, maio. ‘Não, é coisa mais séria’, ele falou. Então fui ao banco. Quando cheguei, ele estava desesperado. Disse assim: ‘O BC apurou uma diferença contábil entre as carteiras que cedemos e os valores que estão nos bancos cessionários.’ Era uma diferença de R$ 2,1 bilhões! Explica isso aí, falei.

Como ele explicou?

Dizia que não sabia. Falava coisas desconexas. Mandei chamar a diretoria. O diretor que conhecia mais banco ali era o Wilson de Aro, o financeiro. Eles vieram e começaram a me enrolar. ‘Isso aqui é decorrente de erros’, diziam. Como? Erro nesse valor? Aí usaram uma expressão que eu gravei: ‘Foi uma parametrização contábil.’ Eu sou administrador de empresas e advogado, mas parametrização contábil? Que é isso? Eles respondiam: ‘Você lança assim, lança assado’... Senti que estavam me enrolando. Pedi para chamar o contador, que eu não conhecia, o Marco Antônio (Pereira da Silva).

O que ele disse?
O contador sentou-se ali, com a diretoria, na sala do Rafael Palladino, e explicou tudo: ‘Nós vendíamos carteiras (de empréstimo, a outros bancos) e tínhamos de dar baixa no ativo. Só que não dávamos baixa completa. Exemplo: vendíamos R$ 100 mil em carteira, mas só dávamos baixa em R$ 80 mil. Ficavam R$ 20 mil no ativo, gerando receita.’ Ou seja, estavam produzindo um lucro irreal. Perguntei ao contador quando isso tinha começado, ele disse que na crise de setembro de 2008.

E os diretores?

Só olhando. Falei ao contador: Você sabe que isso é ilegal, é irregular? Ele respondeu: ‘Sei sim, senhor.’ Então, por que fez? ‘Porque recebi ordem.’ Quem te deu ordem? ‘Wilson de Aro’. E apontou para o Wilson. O Wilson confirmou: ‘Eu mandei fazer’. Disse que foi para salvar o banco.

Salvar o banco?
Foi o que perguntei. Ele disse que o banco estava em dificuldades na crise de 2008, ia ficar com o patrimônio líquido negativo. Perguntei quem mais sabia. Ele disse: ‘Só eu sabia. Eu dei a ordem para o contador fazer’. Quando fiquei sabendo, liguei para o Marcio Percival (vice da Caixa) e pedi que fosse ao banco. É claro que ele ficou tão pasmo quanto eu.

O sr. contou ao Silvio Santos?

No dia seguinte, convoquei o conselho de administração e o pessoal do comitê de auditoria para discutir o assunto e ver o que fazer. Chamei o contador e ele assumiu de novo. Disse: ‘Fiz, mas recebi ordem do Wilson’. Ele foi questionado, o Rafael, que além de presidente era do conselho, também foi. Em todos os momentos, o Rafael se disse traído.

Mas ele era o presidente. O sr. acha possível que ele não soubesse?

Só posso dizer o que ouvi. E ouvi o Rafael dizer que foi traído e o Wilson de Aro assumir a responsabilidade. Me disseram que essa operação teria começado em agosto de 2008. Depois, mandei o comitê de auditoria verificar e ele constatou que a operação, na verdade, tinha começado em janeiro de 2006.

O sr. não tentou saber mais detalhes?

Tentei saber mais do Wilson. Ele começou a chorar e saiu da minha sala. Não dá para entender como entrou nisso.

Quando contaram ao Silvio?
Rafael Palladino contou a história na quinta, convoquei o conselho de administração na sexta e procurei Silvio no sábado. Ele estava gravando no SBT. Levei o Guilherme Stoliar, que era do conselho, o Rafael e o Wadico Bucchi, também do conselho. Silvio estava preocupado com a minha insistência de falar no sábado. Pelo telefone, perguntou ‘o que está acontecendo, alguma coisa com minhas filhas?’. Disse que era o banco. ‘Então deixa para segunda-feira’, o Silvio sugeriu. Disse que não dava, a coisa era séria.

Quem contou?

Eu abri a conversa. Silvio ficou perplexo. ‘Isso é brincadeira, não pode ser verdade. Vocês vão ter de me explicar isso aí e vão ter de arrumar uma solução’. Depois começamos a trabalhar na solução, que foi o empréstimo do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Olha, o que costumam fazer os banqueiros com problemas? Tiram o que podem, deixam o banco quebrar, o processo leva dez anos, 15 anos, ele pode até ficar preso, 40 dias, no máximo. O Silvio colocou todo patrimônio dele como garantia.

Existe a dúvida sobre se o sr. e Silvio já não sabiam do rombo antes da descoberta do BC...
Conversa. O Silvio não acompanhava as empresas e eu era presidente da holding do grupo e do conselho de administração do Panamericano. Nunca estive na gestão das empresas e, no caso do banco, a gente não desce na contabilidade. Para essas coisas tem a diretoria. O que aconteceu foi um ato de gestão. Nem Silvio nem eu estávamos na gestão das empresas.

Quando a história surgiu, imaginou-se que um dos motivos da fraude seria melhorar os resultados do banco para aumentar os bônus dos executivos. Mas depois saiu a informação de que o Panamericano não pagava bônus. Isso é verdade?

Os diretores do banco eram diretores também de outras empresas da divisão financeira. Recebiam um porcentual sobre o lucro consolidado da divisão financeira.

Então havia bônus...

O bônus estava condicionado não só ao banco, mas à área financeira. O pagamento do bônus era feito pelas diversas empresas da divisão.

Se o banco fosse mal...
Os diretores ganhariam menos. Talvez nem fizessem jus ao bônus.

O sr. esteve na Polícia Federal. O que disse lá?

Foi depois da operação de busca e apreensão. Falei isso que estou falando para vocês. O delegado perguntou se não houve omissão. O conselho teria se omitido se não tivesse contratado auditoria externa, se não tivesse composto o comitê de auditoria e o conselho fiscal. Agora, faço tudo isso, todo mundo dá pareceres sem ressalvas esses anos todos e me acontece isso? Não dava para saber.

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Meu comentário: Sandoval, por instruções recebidas, apenas contou meias-verdades. E pelas perguntas do repórter, este também deve acreditar em meio-virgens.

Pelo menos, o ex-executivo do grupo Silvio Santos já começa a admitir que o banco entrou em crise em 2008. Só não disse nem explicou as causas. Quem sabe, numa próxima entrevista, possa levantar mais outra ponta do tapete. Bom mesmo seria se levantasse o tapete inteiro.

Tampouco explicou porque saiu do seu escritório e se apresentou expontaneamente no prédio da Polícia Federal sem ter sido convocado, nem convidado. Isso sim, é uma demonstração exemplar de cidadania. O repórter também não quis saber. Estava mais preocupado em saber o que foi dito. Isso sim é "experteza" plumitiva... e dois deles ainda têm a coragem de assinar a entrevista.

Será que a Policia Federal acredita em papai Noel?

Meu avô costumava dizer que quem conta primeiro, conta duas vezes. A mentira toma ares de verdade e fica mais difícil combater tanta boa intenção... tão voluntária.

Afinal, quando tudo se apurar, - para deleite dos jornais e dos fãs das Tele-Senas e do Baú da Felicidade, - vai ficar "comprovado" que as consultorias, que realizaram as auditorias, serão as "verdadeiras" culpadas do rombo de R$ 2.5 Bilhões, porque... "todo mundo dá pareceres sem ressalvas esses anos todos e me acontece isso?"

Nossa! Essas consultorias devem ser de uma incompetência de dar dó. Fico até com pena. Tadinhas! E o contador e o Vice-Presidente, hein? Na calada, sem ninguém saber, que altruísmo mais nobre em maquiar as contas para salvar o banco? Isso sim é bom de ver. Que empregados mais dedicados!

O leitor viu que o contador até chorou? E com razão! Pobrezinho. Me faz lembrar até do Delúbio, o tesoureiro do PT que levou a culpa de todo o mensalão e até hoje não abriu a boca... mas paga festa de formatura universitária.

E o que dizer do Sr. Abravanel? Ele não sabia de nada. Oh coitado! Parece até o Lula, né, não? Só falta a barba... porque o Abravanel se barbeia todos os dias para ser Silvio Santos.

Leia mais:

O gato subiu no telhado

Silvio Santos se reúne com Lula no Palácio do Planalto

Agora está explicado.

Ainda a fraude do banco PanAmericano

PanAmericano: agora a culpa é dos “parente”?

Brasil, um país de Pinóquios

Sílvio Santos agraciado com medalha de grã-cruz

sábado, 25 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o WikiLeaks – parte 2

Em resposta às dúvidas e críticas que alguns leitores enviaram.

Desde já agradeço os incentivos e também, claro, os insultos. Adoro ver "intilékituais" a falarem de orelhada sobre o que não sabem; especialmente, aquele que afirma ter desaprendido o inglês, por não encontrar nenhuma modificação nos "testo dos trelegama".

Vamos lá:

A informação que consta num documento, no qual aparece o nome do informante, não chegou ao sr. Assange através desse informante. Portanto, não há como, nem por quê, nem razões de ordem moral ou jornalísticas para apagá-lo.

Menos justificações tem o sr. Assange para apagar esses nomes, porque tem declarado, – de viva voz, aos quatro ventos, – (está nos jornais), que exerce e é “a favor da liberdade total da informação, para cobrar responsabilidades dos poderosos”.

Poderosos” que ele não especifica, claro! Mas subentende-se que se refere aos americanos, já que todos os telegramas são oriundos de missões diplomáticas americanas.

Se viessem de missões francesas, alemãs ou britânicas, provavelmente o sr. Assange falaria exatamente o mesmo. Deve ser por isso que Jamil Chade, do Estadão, «aqui», durante a entrevista, aventou-lhe com a possibilidade de pedir asilo político no Brasil. (Será que Franklin Martins aprovaria?)

Apagar o nome dos informantes, atrelados ao texto dos documentos onde estão inseridos - e são parte e causa inerente do contexto, - é retirar toda a credibilidade da informação.

Ao proceder dessa forma o sr. Assange se contradiz e nega completamente o que afirma ao defender a liberdade da informação. Será que ele já se deu conta disso?

Na minha opinião, um sujeito que por atos, nega o que fala, é um palhaço; bem ao estilo Lula ou a qualquer dos aloprados petistas, tal como o senador Aloísio Mercadante que revoga o irrevogável.

Se o sr. Assange divulga o nome do redator de um documento, neste caso, o de um diplomata, não existe motivo algum para apagar o nome do informante e/ ou parte do conteúdo informado, e só deixar o nome do diplomata.

Aparentemente, o sr. Assange prefere sacrificar o mensageiro...

O fato de um telegrama ser assinado por determinado funcionário de uma missão diplomática, não lhe dá maior credibilidade, pois, se o nome do informante, intrínseco à informação relatada, é apagado, quem me garante que a informação lá narrada é verdadeira e/ou que nome do diplomata não foi mudado?

Já há evidências que o sr. Assange ou alguma das tais “agências” misteriosas, encarregadas de divulgar os documentos, manipula e/ ou modifica completamente parágrafos inteiros no texto de alguns telegramas. (mais adiante retorno a este assunto)

Aqui em Bruxelas, na sede da UE, por exemplo, já há duas pessoas a gritar que nunca disseram o que aparece em dois relatórios divulgados pelo WikiLeaks. Elas, inclusive, o comprovam, individualmente, através de duas minutas escritas e assinada, – obviamente, – da reunião que tiveram com o embaixador americano, cujo nome, pasmem, é também diferente do que aparece nos telegramas.

Uma pergunta para os “libertários” que me escreveram:

- Se por um acaso eu quiser conferir a veracidade de alguma informação relatada num documento, cujo nome do autor dessa informação foi apagado, a quem devo procurar? Falar com o diplomata? Pela quantidade de neurônios que revelaram nos e-mails que me enviaram, certamente os “libertários” dirão que sim.

- Mas estão errados. Eu preciso ir à fonte! Só ela poderá ratificar se o relatado no documento é verdadeiro ou falso.
Novamente, como frisei no post anterior: (se ainda não leu, leia «aqui») – Se o sr. Assange pretende demonstrar alguma ética ou filantropia a favor da liberdade de informação, ou apaga todos os nomes, ou revela TODOS os nomes.

Só assim a informação que Assange recebeu e publica, se torna crível.

Não tem sentido esconder o nome principal e deixar à execração o nome do diplomata, apenas porque relatou a informação. Isso não é "liberdade de informação" nem transparência "cristalina" para evitar dúvidas quanto à autenticidade.

Liberdade, ou a suposição dela, foi o que me atraiu, ingenuamente, confesso, para a leitura dos documentos... que após 224 lidos, (816 páginas tamanho A4), percebi ter sido maculada, adulterada e cerceada.

Nada, nem mesmo o sr. Assange me garante que, no apagar do nome do informante e/ ou de partes do texto, inerentes a esse informante, o resto não tenha sido mexido.

Como escrevi acima, já há evidências disso! Verdadeiras ou falsas, não me cabe descobrir, nem vontade tenho.

Porque aconteceram? Também já correm várias teorias, boatos e muitas especulações. Não pretendo repassá-las, nem entrar em contra-argumentações.

Simplesmente porque, até onde se saiba, o sr. Assange não têm Fé Pública nem possui poderes dogmáticos de infalibilidade ex cathedra, que nos leve a acreditar na sua idoneidade moral ou profissional. Muito pelo contrário, haja visto as adulterações que realizou nos telegramas! Toda a sua suposta credibilidade e possível abnegação pela liberdade da informação se apagaram... ao ter apagado o nome dos informantes escritos nos documentos, cujo conteúdo, ou parte, ele decidiu divulgar.

E por que apaga os nomes dos informantes?
– Transcrevo o que a jornalista Natália Viana, ligada à “organização” me respondeu: – “o WikiLeaks retira todos os nomes de pessoas que possam sofrer riscos reais de segurança por causa da divulgação. É um princípio da organização não colocar em risco a vida de pessoas. Por isso, todas as informações que possibilitaram a identificação dessas fontes – como, por exemplo, “fulano trabalha na divisão X da organização Y” – também são retiradas
Ai, ai, aiiiii...

Uma resposta dessa, para qualquer pessoa alheia ao sistema atual de comunicações americano, pode até soar plausível, cheia de boas intenções. Balelas! É pura retórica. Me lembram até as frases de efeito de Fernando Henrique Cardoso para serem publicadas na revista Veja...

Para qualquer pessoa bem informada ou, digamos, conhecedora do “ramo”, sabe que essa é uma resposta burra, tentando enfiar-nos o garfo nos olhos para desviar atenções; tal como o meu caçula fazia com dois anos de idade, quando a governanta lhe punha um prato de legumes na frente.

O danado descobriu que fazendo essa “gracinha” se desatava uma correria para levá-lo ao hospital e, no regresso a casa, só lhe eram servidas as “coisinhas” que ele gostava. Enquanto estivesse com o esparadrapo no olho ninguém se atrevia a servir-lhe legumes. Felizmente, nenhuma seqüela restou dessa “esperteza”.

Natália Viana e o sr. Assange esquecem que, ao sistema – do qual provieram as informações que o WikiLeaks divulga, – mais de 1 milhão de americanos têm acesso; ou tinham.

Após o 11 de setembro de 2001, com o ataque sofrido ao World Trade Center de NY, os serviços de informações, da inteligência e diplomáticos, foram unidos para permitir melhor conhecimentos e compartilhamentos dos dados; a fim de se evitar o que acontecia antes dessa data, cuja proliferação, ou a falta dela, proporcionava sendas confusões e alheamentos entre os responsáveis pela defesa do território americano.

Portanto, apenas para que fique bem claro para os “libertários” que decidiram elogiar-me com alguns piropos, ao gosto petista, mais de um milhão de funcionários públicos americanos, repito, tinham, – até ao inicio da divulgação dos telegramas, – acesso ao sistema pelo qual transitavam as comunicações diplomáticas.

Só este fato já invalida a pretenção do sr. Assange em demonstrar galhardia na proteção dos informantes narrados; ao mesmo tempo levanta enormes supeitas sobre as possivéis intenções que o levaram a proceder dessa maneira... - em alguns documentos e em outros não,... - sem qualquer necessidade de ordem prática, exceto, - a mais aparente e comum delas todas, - a de guardar ou preservar esses nomes para alguma utilização futura... não muito ortodoxa, digamos, com algum benefício.

1 – Essa é uma das razões porque poucos acreditam que o sr. Assange recebeu 250,000 documentos das mãos de um soldadinho, lá no Iraque, que se entretinha a ouvir Lady Gaga e, nos intervalos, "chupava" telegramas diplomáticos do sistema, tal qual criança a se deliciar com um picolé.
Quando o escândalo estourou o governo americano precisou dar uma resposta imediata à sociedade. lá é assim. Se não, os gritos seriam ensurdecedores. Portanto, teve de arrumar logo um culpado, ora! Como poderia esconder, ou disfarçar, que o seu sistema de bilhão e meio de dólares, dos contribuintes, tinha mais buracos que um queijo suíço?
2 – Essa é outra das razões, desconfio, porque já há gente mostrando cópias desses telegramas com assinaturas e até partes de textos diferentes das que o WikiLeaks divulga. E isso é muito sério. Tão sério que arruína de vez a credibilidade do sr. Assange; fato que o transforma, metaforicamente, claro, num sujeito procurando notoriedade com uma melancia pendurada ao pescoço, mas querendo aliviar-se do peso do fruto, sem perceber, contudo, que está se expondo ao ridículo.
Isto é, ele se mostra incapaz de assumir as responsabilidades morais e éticas pelo prejuízo moral e profissional que está causando a pessoas, todas de segundo e terceiro escalões, pois nenhum “poderoso” que ele tanto quer atingir, para “cobrar responsabilidades”, foi sequer afetado ou nomeado.

E mais: a partir do momento em que Assange apagou os nomes de alguns com disposição para trair os seus países, lançou uma onda de suspeição em cima de todos os diplomatas e autoridades, de diferentes nações, que tiveram conversas formais e necessárias com os americanos

Enquanto o barro está no ventilador, Assange fica anunciando que publicará uma enxurrada de informações sobre o Bank of América, e de não sei quantas empresas mais, que farão estremecer os pilares do Olimpo...
3 – Pela clara falta dessa “liberdade de informação genuína”, nos documentos diplomáticos, o seu principal aliado e co-fundador do WikiLeaks, Daniel Domscheit-Berg, decidiu abandonar a “Organização” e criar o seu OpenLeaks, com a promessa de ser mais transparente que o sr. Assange. Tomara que consiga.

– Infelizmente todos estes fatores levaram-me a perder o interesse na leitura dos telegramas, embora, ao principio, tenha acreditado piamente (tolinho), que a divulgação se procedia pautada na coragem de alguém defender e praticar, com firmeza, o conceito de liberdade total de informação. Liberdade essa que Assange parecia transmitir com bastante convicção nas entrevistas que deu.

Apenas para quem desconhece o bom jornalismo:

1 - Uma informação pode ser revelada sem especificar nomes e sem colocar a sua credibilidade em jogo. Para não entrar em muitos detalhes, nem aqui cabe uma aula de jornalismo, o caso do Wartergate está na net para quem quiser relembrar ou conhecer, pela primeira vez, o que é o bom jornalismo e como se divulgam documentos.

2 – Quando em um documento escrito constam dois ou mais nomes, e esse documento é adulterado, – apagando-se um dos nomes e/ou cortando parte do texto, – se não houver uma cópia do documento original impresso para provar a boa fé desses cortes, o documento eletrônico perde completamente a sua credibilidade.
Apresentá-los da forma como o WikiLeaks o faz, ainda mais divulgá-los também por meio eletrônico, com partes cortadas e nomes substituidos por "XXXX", só dá azo ao surgimento de especulações e levantam dúvidas quanto à sinceridade das palavras do sr. Assange a favor da liberdade de informação.
3 - O sr. Assange, ao permitir apenas a visualização do nome de quem redigiu a informação recebida, acreditando com isso, talvez, dar veracidade ao texto, peca fragorosamente contra o princípio básico do bom jornalismo, onde uma fonte deve ser checada e re-checada antes do fato ser divulgado, para que esse mesmo fato se veja autêntico e verídico.
Mais ainda, se a fonte que dá origem ao texto aparece plasmada nesse texto, de modo algum poderá ser apagada, sem correr o risco invalidar todo o resto.
4 – O Sr. Assange, ao violar e adulterar um documento eletrônico, recebido de forma abstrusa, permite – e até incentiva – que o dono legítimo e primário desse documento, proceda igualmente a uma adulteração, apenas para desacreditar o que foi publicado... e “provar” que o sr. Assange é mentiroso ou tem intenções tão obscuras quanto as fontes que lhe forneceram os 250,000 telegramas.
É a palavra de um contra a do outro, sendo que o sr. Assange foi quem começou por alterar algo que não devia. Não só apagou os nomes dos informantes como alterou partes do texto e, pior, ainda acrescentou, no topo de alguns telegramas, uma frase, que hoje se sabe ser absolutamente mentirosa: "This record is a partial extract of the original cable. The full text of the original cable is not available". [Este registro é uma extração parcial do telegrama original. O texto completo do telegrama original não está disponível].

Coisa de gente burra, lá isso não se pode negar.

Se o telegrama foi “chupado” do sistema, onde consta remetente, destinatário, assunto e boa porção de texto, como é que “uma parte” não está disponível? Porquê? Que “parte” é essa? A que se refere? É importante? Que informação contém/ continha? Se falta uma “parte” do texto, será que a “parte” divulgada não foi mexida para parecer adequada ao contexto? A "parte" que falta esclareceria a falta de esclarecimento ou precisão em determinado assunto?

São muitas perguntas sem respostas que permitem outras tantas, igualmente sem resposta.
Se por alguma razão Julian Assange for obrigado a vir a público para provar que um documento por ele adulterado e publicado, é mais verdadeiro do que o apresentado pelo proprietário legítimo, nenhum juiz sentenciará a favor do sr. Assange. Pior, ainda correrá o risco de ser processado por calúnia e por uma dezena de delitos outros.

Os boatos já começaram e os americanos estão sedentos para atirarem Assange numa prisão e jogarem a chave fora.

Essa é uma das razões, pelas quais, apesar de ter tido em minhas mãos as cópias de dois documentos “provando” que o publicado por Assange difere do original, sequer dei importância.

Uma violação primária já aconteceu. De forma desnecessária e bastante burra, é certo. Julian Assange, ou alguém a mando dele, violou e adulterou o texto de telegramas.

Qualquer coisa que prove o contrário retira-nos a possibilidade de acreditar em qualquer dos lados. Nem nos telegramas divulgados por Assange, muito menos em quem mostra que o gato é gato e não é uma lebre. Todos os documentos foram enviados por meio eletrônico que permite qualquer alteração e/ ou correção retroativa ou posterior. Só tendo acesso aos registros de alterações no sistema se poderia, eventualmente, comprovar quem mostra o gato e quem mostra a lebre. Eventualmente!

Portanto, a partir desse ponto, não posso mais acreditar no que o Wikileaks divulga; nem mesmo usar os telegramas para qualquer fundamentação histórica.

Sem dúvida alguma o sr. Assange meteu os pés pelas mãos. Transformou os 250,000 documentos, como diria Shakespeare, num evento sem catarse que, “ao lento cair do pano, só nos deixa, como objeto de meditação e fruto amargo, uma interminável fila de interrogações..."

Interrogações essas que os aficionados dos complôs e das conspirações maçônicas já saberão tirar meio metro de pano para confeccionar mangas quilométricas, repletas de ilações e ocorrências, que nunca aconteceram, mas a imaginação se encarregará de provar que “realmente existiram”.

Como diria o meu avô, é uma pena ver um rapaz tão jovem, tão bem apessoado, com um pote de melado na mão a se lambuzar feito um rematado imbecil.


Leia também:

Reflexões sobre o WikiLeaks - parte 1.

Fã petista ensina como ler documentos do WikiLeaks. Pode?

Lula defende WikiLeaks. Por quê?

Julian Assange e o WikiLeaks

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o WikiLeaks.

Após ler, completa e detalhadamente, um pouco mais de 200 telegramas, reparei nesta semana que muitos dos documentos que estão sendo divulgados vêm editados.

Isto é, nomes de informantes, ou de membros de governos que repassam informações aos diplomatas foram substituídos por “XXX”. Os códigos de destino, e para copiados, também foram eliminados.

Em suma, os textos dos telegramas atuais, se comparados aos anteriores, (de duas ou três semanas atrás), revelam claramente que receberam uma boa dose de limpeza; inclusive na redação; em alguns percebe-se com facilidade que palavras ou frases inteiras foram apagadas.

Dito isto, se o propósito do WikiLeaks era escancarar as informações diplomáticas, em nome da "liberdade da informação", parece-me bastante contraditório, venal até, que dê uma de censor ou de revisor no seu próprio quintal... e se contradiga, a bem de proteger, (sabe-se lá de quê, ou em troca do quê), quem repassa informações secretas para os americanos...

Informações essas, provavelmente fornecidas a câmbio de dinheiro ou benefícios... pois tais criaturas outra coisa não são, senão indivíduos amorais, sem decência; sobretudo, sem patriotismo. Não dá para enxergá-los, à vista dos assuntos expostos, principalmente os de caráter comercial, como meros informantes ideológicos, motivados por romantismos caducos dos anos da guerra fria.

Conhecer os nomes desses informantes seria muito importante; mais até que o assunto tratado.

Os nomes deveriam - e precisariam - ser revelados no mesmo patamar, e igualdade, com que o WikiLeaks expõe as informações confidenciais e os nomes dos diplomatas.

Se o Wikileaks apaga os nomes dos informantes, também deveria abster-se de revelar os nomes dos diplomatas. Ou revela tudo ou não revela nada; inclusive os documentos. O que não pode é dar uma de censor, ou de paladino hipócrita da proteção individual de traidores dos seus países e pôr a descoberto os nomes de diplomatas, cuja obrigação, inerente aos cargos que ocupam, é a de informar; de ajudar os seus países em tudo que for necessário. De fazer Lobby, inclusive. Por isso são diplomatas.

A persistir essa censura, o wikiLeaks perde sentido. Vira uma farsa. A divulgação dos telegramas torna-se uma imensa fogueira de diplomatas. E coloca o leitor diante de dois pesos e duas medidas... além de gerar vários questionamentos, ente eles, estes:

- Se os nomes dos informantes, palavras e pedaços de parágrafos são apagados, que outras informações mais também o são?

- O que passou a ser divulgado esta semana (e talvez nos próximos meses), tornou-se tão-somente um monte de palavras para alimentar o gosto humano pela fofoca?; e o dos jornais para preencher espaços em edições cada vez mais deficitárias?

Por outro lado, o argumento propalado pela imprensa, - que os documentos estão espalhados por várias agências, e são elas as encarregadas da divulgação, - parece ser ainda mais contraditório que o apagar dos nomes dos informantes. Existe, de fato, uma cabeça e um comando à frente da revelação dos documentos, o sr Julian Assange.

Atribuir responsabilidades a quem não as têm, parece-me um pouco anti-ético...

Que um jornalista guarde em segredo o nome das suas fontes, é um ato nobre e justo. Porém, se esse profissional se dispõe a revelar um documento, supostamente por inteiro, no qual constam nomes comprometedores, e ele próprio os censura, estaremos diante de um plumitivo que usa o documento à laia de chapéu da notícia... ou de rojão para ensurdecer incautos.

Entretanto, o sr. Assange, apesar de se dizer jornalista, confunde "fonte jornalística" (que deve ser preservada), com o autor de uma informação transcrita num documento, cujo conteúdo é narrado por um diplomata e divulgado pelo sr. Assange.

Se o autor de uma informação, e até parte dessa informação são apagados do documento, quem me garante que o resto do texto também não foi modificado?

O sr. Assange? - Infelizmente não o conheço... e pelo rodado da carruagem desta última semana, perdi completamente a vontade de me esforçar para acreditar nele.

Será que deverei me arrepender pelos US$ 1.000 doados para a fiança do fundador do Wikileaks? Acabo de me arrepender.

O que parecia ser ao princípio um ato realmente corajoso, está se convertendo numa pantomima?

A palavra de ordem colocada no site do Wikileaks diz: - “A coragem é contagiosa”. - Será mesmo?

Se acreditarmos que o Wikileaks, - “retira todos os nomes de pessoas que possam sofrer riscos reais de segurança por causa da divulgação”, - igual cuidado não evidencia em relação aos diplomatas ou membros de governos envolvidos, que lutam e defendem honestamente os interesses dos seus países.

Esconder os nomes dos informantes é a contradição plasmada na soleira da prepotência... e põe para questionamento as palavras de Julian Assange publicadas ontem no Estadão: - “O objetivo de revelar informações sobre pessoas poderosas é cobrar responsabilidade deles”.

A frase é de se aplaudir... mas, pelo visto nos últimos telegramas publicados, a realidade mostra-se bem diferente. Novamente dois pesos e duas medidas. Dois pesos esdrúxulos e duas medidas deturpadas.

Em nenhum post do site do WikiLeaks vi qualquer cobrança de responsabilidades. Assim mesmo, se é para "cobrar responsabilidades", maior cobrança deveria ser feita em cima dos informantes que revelam segredos e informações, traindo os seus governos e seus países. Afinal, são eles que alimentam os "poderosos" e os fazem ainda mais poderosos. Informação é poder.

A “organização”, (apenas para citar o mesmo termo empregado por Assange na referência ao seu site), arvora-se em censor de documentos que recebeu ilicitamente, e sem censura, e neles aplica a censura que pretende combater?

Que paradoxo danado de bonito! Como fica a liberdade da informação? Há liberdade, mas sem liberdade? É isso?

Dá até para imaginar - nas asas da suspeita - o que o WikiLeaks pode/ poderá/ poderia fazer, ou lucrar, com os nomes dos informantes que guarda só para si.

Se revela uma parte, obrigatoriamente precisaria revelar a outra; assim manda a lógica e o bom jornalismo.

O Wikileaks assumiu o princípio de proteger traidores, gente amoral que se vende ou repassa, sub-repticiamente, informações importantes a câmbio de algum proveito... E deles, nada lhes cobra... Nem mesmo a metade ou um terço da tal da "responsabilidade" que pretende "cobrar dos poderosos".

Que ilibação é essa? É algum tipo de moral às avessas?

Do alto da sua “insigne responsabilidade” o wikileaks prefere expor, sem peias, profissionais corretos e devotados aos seus países, cujo propósito é o de informar; o de trabalhar pela grandeza e crescimento dos seus países...

Se num documento aparece o nome de um sujeito a trair o seu país, o wikileaks protege-o; porém, se o nome trabalha a favor, é revelado, execrado, exposto ao escárnio público... só porque escreveu, - por dever e obrigação, - o que pensava de fulano ou do pedido desta ou daquela multinacional? Ou que intercedeu a favor dos pilotos que provocaram o acidente da GOL?

Ao ocultar os nomes dos informantes, onde está a liberdade de informação que o wikileaks tanto defende? e diz que exercita...

Pergunto novamente: para o WikiLeaks há liberdade, mas sem liberdade?

É bom descobrir os paradigmas e paradoxos “Wikileakenses”, ou “wikileákikos”... como o leitor preferir.

Os documentos diplomáticos que a “organização” está revelando só mencionam pessoas. No entanto, o sr. Assange prefere ignorar que pessoas fazem e constroem países; pessoas defendem os interesses dos seus governos, das suas instituições.

Nos documentos não há figuras abstratas ou imaginárias.

Se a briga do sr. Assange é com o "império dos poderosos", pois bem, que fique só por aí. Do mesmo modo como protege os nomes dos traidores, também deveria apagar os nomes dos diplomatas dos outros países.

Talvez aí se pudesse entender alguma lógica. Se procedesse assim, seria até possivel fazer um esforço para aceitar essa liberdade sem liberdade que os sr. Assange revela.

É muita prepotência, - e arrogância em excesso - do wikileaks dar uma de “juiz”, “algoz” e "protetor", tudo ao mesmo tempo... quando ele próprio divulga documentos secretos, para os quais não possui, nem lhe foi dada qualquer alforria.

Quem é o Wikileaks para decidir, para julgar assim como assim, que partes dos documentos devem ser publicadas e quais não? Quem lhe deu essa autorização? Os documentos não são dele.

Como pode o sr. Assange decidir quem “vive” ou “morre”? Qual informante narrado deve ser escondido? Qual, no documento complementar, deve ter o nome transformado num conjunto de iniciais?

Manda a lógica da liberdade da informação que, se o propósito é divulgar os telegramas roubados, para "cobrar responsabilidades dos poderosos", essa divulgação terá de ser feita por inteiro... Só assim não haverá dúvidas quanto à idoneidade da intenção nem quanto à tal "liberdade da informação" que tanto apregoa.

Quantos diplomatas americanos e não-americanos já tiveram de ser transferidos pelo constrangimento que enfrentaram após a publicação dos telegramas? Quantas crianças, (filhos desses diplomatas), precisaram mudar de escolas, arrastando todos os traumas que isso causa? Quantos amores (desses diplomatas), foram destroçados? Quantas carreiras foram interrompidas?

Aparentemente, o WikiLeaks é superior a essas minudências pessoais e familiares...

Entretanto, com os informantes, com os traidores, com esses sim, o WikiLeaks se preocupa. Protege-os! Nada acontece! O sigilo permanece!

O WikiLeaks anuncia que revela informações para mostrar os meandros dos bastidores diplomáticos, mas só revela uma parte dos personagens... Interessante!

E os verdadeiros mentores que proporcionam as sinuosidades devem ficar escondidos?

Parece até bizarro que o WikiLeaks esconda traidores... mas é verdade.

Como se diz aí no Brasil, começo a suspeitar que a “organização” quer é "chutar o pau da barraca" e ver o que consegue lucrar; especialmente onde e com quem pode lucrar.

O altruísmo que se dane. Os diplomatas de países alheios, idem. Informação completa e livre é somente um conceito catita do sr. Assange para causar efeito nas entrevistas...

E a Liberdade total da informação? - novamente: Há liberdade, mas sem liberdade? É isso?

Melhor jogarmos ao saco o conceito wikilukediano da "liberdade total de informação". Dessa maneira, fechado o saco, não precisaremos mais exercitar a curiosidade para ler documentos envoltos no propugnáculo de uma liberdade acanhotada...

Na verdade, e para desprazer meu, no frigir dos ovos não há diferença alguma entre os atos do Wikileaks e os atos expostos nos telegramas que tanto a “organização” quer expor ao opróbrio... para "cobrar responsabilidades".

É fato que a revelação dos documentos expõe ao léu as vísceras da diplomacia americana; porém, afeta muito mais os países envolvidos.

Eles são os grandes prejudicados. A Arábia Saudita, melhor que qualquer outro, prova desse prejuízo.

O WikiLeaks, na contra-mão do que propaga, na sua liberdade-sem-liberdade, com a sua censura, encarregou-se de lançar uma onda de suspeitas de traição por cima de todos os membros dos governos que mantiveram contatos com diplomatas americanos.

Ao apagar os nomes de alguns poucos, com estômago para a felonia, proporcionou dores de barriga em muitos outros... que a estas alturas devem ter entrado em catarses recordatórias compulsivas sobre o que falaram com os americanos.

Outro exemplo dessa catarse é a defesa do Lula a respeito dos vazamentos ou a notinha de Paulo Coelho, no seu Blog, antecipando o que viria a público sobre José Dirceu. Estratégia para minimizar os estragos.

O meu avô dizia que quem conta primeiro, conta duas vezes. Será que o Chavez da Venezuela está feliz por ter descoberto que o Lula, Celso Amorim, Top-top Garcia e Zé Dirceu possuem duas caras? ou talvez três? Da minha parte, convicto estou, esses quatro fidalgos, de fina estirpe proletária, têm individualmente uma meia dúzia à vista e outras quatro escondidas no bolso.

Bem acertado escreveu o embaixador John Danilovich no telegrama 05BRASILIA2219, referente a Zé Dirceu: - “... não podemos deixar-nos levar a acreditar que este camaleão cruel e brilhante está disposto a ir tão calmamente para a escuridão - ainda não”.

Dito isto, nem vale a pena falar do Lula ter ignorado o brasileiro preso em Cuba. Todos conhecemos o (des)caráter do "cara". Transcredo dois parágrafos do telegrama 04SAOPAULO493: (*)Dirceu reconheceu que o governo cubano não tem sido receptivo às conversas privadas do governo brasileiro referente ao tratamento dos presos. Ele disse que o embaixador cubano, recém-chegado a Brasília, havia-se recusado a discutir qualquer questão a respeito, inclusive sobre a situação de um cidadão brasileiro que tinha sido preso em Cuba por cumplicidade no tráfico ilegal de imigrantes”. (**) "Dirceu acrescentou que Lula recebeu a mãe do brasileiro preso em Cuba. Questionado se o governo Lula iria considerar receber as mães de dissidentes cubanos detidos como um gesto de solidariedade, Dirceu respondeu que vai discutir a idéia com outras pessoas no governo brasileiro, incluindo o Presidente".

Da mesma forma, vou deixar passar o leva-e-traz do embaixador brasileiro, na Venezuela, (doc. 06CARACAS1276), a coletar informações dos cubanos, iranianos e bolivianos para depois repassá-las aos americanos. Esse detalhe, que arrebentou com a credibilidade do sr. João Carlos da Sousa Gomes, certamente passou desapercebido ao sr. Assange. Para ele, assim me revelam os últimos documentos que editou e publicou, resguardar nomes de traidores e de vendilhões dos seus próprios países é infinitamente mais importante que a reputação de um diplomata.

Novamente! eu não me canso de perguntar: Assange prefere proteger traidores, e não os diplomatas?

Será que, por um desses acasos da vida, o fundador do Wikileaks sabe qual é o verdadeiro trabalho de um embaixador?

O sr. Assange tem alguma idéia, por mais remota que seja, sobre o status de funcionário público que possui um embaixador?

Que um diplomata credenciado num país lá está para cumprir as ordens do seu chefe, geralmente um chanceler, ou as do seu presidente, ou as do seu governo?

Que os atos que um diplomata executa são pautados em cima de objetivos prévios e de interesse do seu país de origem ou, como muitas vezes acontece, dos interesses dos seus chefes?

Creio que o sr. Assange desconhece que um embaixador, a despeito de todo o glamour e pompa que desfruta no exercício do cargo, romantizado e romanceado no enlevo da prosa de Somerset Maugham e outros tantos escritores, é, em síntese, nua e cruamente, um funcionário público, "um pau mandado" que obedece ordens.

A quais "poderosos" - exatamente - o sr. Assange quer atingir? Até agora, pelo que vi e li, só tem arranhado ou arruinado a reputação, a credibilidade e, provavelmente, algumas carreiras desses funcionários.

Mas os traidores, os verdadeiros vilões, os que se vendem por três patacas, às vezes por milhões, ou até por uma soirée de sexo selvagem com alguma attaché, esses, os que alimentam os tangos e dão sentido às valsas diplomáticas, o sr. Assange esconde, protege, apaga os nomes...

Até agora, e duvido que apareça, não vi em nenhum telegrama o nome de qualquer magnata, nem de nenhum banqueiro... ou até de um simples mega-investidor... embora tenha visto, sim, os nomes de alguns capitães de indústrias.., que também obedecem ordens.

Que esquisito! Que ética mais distorcida! Que forma mais desastrada do Sr. Assange "cobrar responsabilidades dos poderosos" através do seu suposto conceito de liberdade de informação, censurando o principal dessa informação.

O sr. Assange faz-me lembrar aquele promotor, o Luiz Francisco de Souza, o orelhudo, que a serviço do PT deslanchava as mais absurdas denúncias só para ferrar com os tucanos e permitir a ascensão do Lula. Hoje, condenado e relegado a uma mesa, num canto sem janela, do ministério público, passa a vida a responder a processos e mais processos por calúnia, por injúria e outros crimes tantos.

Para finalizar, - entrando na onda dos dois pesos esfanicados e das medidas destrambelhadas do WikiLeaks, - só para ilustrar mais um pouco, estranho que não tenham sido apagados os nomes de Nelson Jobim (falando mal do Itamaraty ou lavando roupa suja de colegas ministros), de Bill Perry, (relatando os desabafos de José Dirceu), ou de 3 oficiais militares, 2 membros do governo petista e de 1 delegado da Policia Federal, mencionados nos documentos que marquei com a etiqueta “Vale a leitura”, relacionados neste blog «AQUI».

Em relação aos documentos Europeus, se a paciência me abraçasse, poderia até mencionar mais uns oito ou dez casos idênticos... mas ela está de mal comigo.

Será que os nomes desses indivíduos e respectivas informações, tal como o nome do embaixador na venezuela, escaparam da atenção do(a) censor(a) wikileakiano(a)?

Como o leitor poderá perceber, há muitas perguntas sem resposta e demasiadas contradições sobre um assunto que começou como uma demonstração de liberdade de informação, digna de aplauso, isso penso, e se transformou numa liberdade cerceada, censurada, alterada, rasurada, escondida pelos próprios que defendem a tal da liberdade da informação.

O WikiLeaks perdeu sentido informativo, credibilidade e até aproveitamento histórico. Virou uma farsa canhestra!

Uma verdade não pode ser contada pela metade sem correr o risco de virar meia mentira... embora a História, infelizmente, bem o sabemos, esteja cheia de meias verdades... tal qual como no meu povoado, lá em Minas Gerais, na minha infância havia uma porção de meio-virgens.

Leia também:

Reflexões sobre o WikiLeaks – parte 2

Fã petista ensina como ler documentos do WikiLeaks. Pode?

Lula defende WikiLeaks. Por quê?

Julian Assange e o WikiLeaks


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