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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pior que viver no Brasil é ter que regressar a ele.

Regressar ao Brasil tem-se tornado, nos últimos anos, motivo de vergonha, de raiva e, sobretudo, de profunda decepção com os meus compatriotas. Desta vez não foi diferente. Desta vez foi até pior.

No amontoado de revistas e jornais que guardaram durante a minha ausência vi retratado, no branco, a negritude funesta da alma que se tornou a brasileira. 


O “pretejar” das consciências caminha cada vez mais para a escuridão total; para ausência absoluta da falta de caráter de um povo. O sem escrúpulos “nestepaiz” chegou ao ponto de adulterar o leite com soda cáustica e água oxigenada. 

Leite que tem como seu principal usuário a criança que precisa crescer com saúde. 

O queijo também foi falsificado às toneladas. Isso também li. O Laboratório “X” dedicou-se ao longo de vários anos a adulterar e a falsificar exames de DNA, tornando filho quem não é filho de pai/ mãe que, em alguns casos, conforme li, nem trepação houvera.

Em pouco mais de um mês, a quantidade de crianças recém nascidas, enfiadas em sacos de plástico, jogadas no lixão, em beira de estrada e nas margens de rios, são, definitivamente, o prenúncio marcado do pouco valor que já se dá ao ser humano “nestepaiz”, de governo corrupto, e analfabeto na presidência, eleito por uma maioria esmagadora de gente sem princípios morais, cívicos ou de cidadania.

Os aviões e helicópteros continuam a cair pelo descaso e pela corrupção generalizada que impera aqui, mais que em outros lugares. Três helicópteros despencam no mesmo dia e se descobre que o agente do governo, num deles, nem habilitado estava para a função que desempenhava. 


No dia seguinte cai um avião particular na sopa de uma família que almoçava reunida. Todos mortos e o fraudador da constituição nem se pronuncia a respeito. Que pode ele pronunciar se é um rematado fraudador?

A cidade maravilhosa já virou um Congo às claras e abertas. Ainda lembro o quão acertado foi aquele jornalista, nos jogos pan-americanos lá passados, quando escreveu no quadro de avisos da central de jornalismo: “Welcome to Congo”. Foi criticado, defenestrado, mas estava certo como nunca. 


Só aquele Prefeito que lá se locupleta, e no seu ex-blog escreve abobrinhas, disfarça a realidade. Ah... em conjunto com aqueles, milhares deles e delas, que se manifestam pela paz e depois das passeatas vão correndo aos morros para se abastecerem de drogas, que alimentam a guerra para a qual querem tanto que haja paz.

Brasília já virou uma latrina a céu aberto. 


Saí daqui com o Presidente do Senado a ponto de ser cassado. Volto e descubro que até o paladino da ética, [só para quem não o conhece], o Sr. Mercadante, mercantilizou a absolvição do meliante, do sem caráter, do sem escrúpulos. 

Não me surpreende que no carimbo do Congresso esteja escrito “CONGREÇO nacional”. Isso mesmo: com “Ç”. Não é à toa que em Jundiaí, no interior de São Paulo, vários pais pediram na Justiça que filhos fossem reprovados. 

Os pais de um dos pimpolhos, o que estava na quarta série do Ensino Fundamental, recorreram ao Judiciário para pedir a reprovação do próprio filho. Outros dois casais alegaram, em outro pedido, que os seus rebentos receberam um ensino precário numa escola municipal e não poderiam ser aprovados. Nem tudo está perdido. Ainda existe alguma ética “nestepaiz” de maioria sem ética, sem escrúpulos e sem vergonha na cara.

Ainda na política leio que a Justiça acusa o Zeca do PT, o ex-governador de Mato Grosso do Sul, de um desvio milionário de dinheiro público. Ele é acusado de improbidade administrativa, peculato e uso de documentos falsos. Desviou dinheiro do governo do estado por meio de contratos superfaturados e notas frias emitidas por gráficas e agências de publicidade.... 


Isso não é novidade! É mais outro bandido. Sendo do PT que novidade há na notícia? Que peteísta é bandido, já sabemos há muito tempo. Pena que a maioria sabe disso e vota neles.

Neste meu regresso ao Brasil, após 45 dias fora, dei-me conta que se algum grande acontecimento ocorreu ‘nestepaiz’ deve ter ocorrido em absoluto silêncio e por força da inércia. 


Entretanto, percebi que por detrás das notícias visíveis e perceptíveis que li há um monstro adormecido, preguiçoso e torpe que se esconde no coração de todos aqueles que aqui vivem; ele raramente se move ou tenta agarrar algo. 

Definitivamente não quero ser parte deste país e recuso-me frontalmente a abrigar tamanha monstruosidade dentro de mim. Regressar ao Brasil já não causa emoção e sim desespero e aflição.


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