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domingo, 26 de setembro de 2010

Jornalismo quiroprático.

Aqui entre nós, caro leitor, já reparou o quanto atualmente se fala mal do jornalismo brasileiro?

Fico até surpreso. Pensei que era só eu [risos].

É um balaio de gatos superlotado de ratos, dizem alguns. Outros descrevem-no como subserviente. 

Há quem prefira classificá-lo de conivente. 

Os aloprados chamam-no de partido de oposição. Os mais radicais de corja antropofágica. No entanto, qualquer estudioso da sua longa história nacional sabe que, – salvo por breves períodos, – a sua verdadeira vocação, quase inata, tem sido a quiropraxia.

A manipulação das estruturas para próprio benefício e entretenimento impactante do povo.

Dono de uma abordagem superficial, menos interessada no esclarecimento do que em agradar o gosto e os interesses populares, o jornalismo brasileiro, seja ele impresso, televisionado ou radio-difundido, é uma atividade, – na sua esmagadora maioria, – submetida a forças deletérias; as mesmas que controlam o Congresso Nacional. 

E, nestes últimos tempos, dado o estado de penúria que enfrenta, sucumbiu completamente às verbas federais. Em outras palavras, ao petismo.

Ingênuo ou mau aluno de jornalismo será se pensar o contrário.

Caso discorde, talvez fosse bom, e mais fácil de ver, se puder dedicar tempo a observar, no seu âmbito regional, como a imprensa é controlada à rédea curta pelas oligarquias locais.

Se alguma vez o bom jornalismo brasileiro ensaiou vontade de possuir um pouco de personalidade própria, esse desejo hoje esfumou-se pelos andares da gigantesca arca de Noé que é o Brasil. É preciso ter consciência subjetiva para se conseguir viver lá dentro...

Numa retrospectiva randômica, como se caminhássemos você e eu, leitor, de volta ao passado, só para ilustrar este texto, poderíamos relembrar a catarse motivadora da quase unanimidade da imprensa em apoiar as duas últimas eleições do Lula. 

Seríamos capazes de relembrar os detalhes da crise do papel no governo FHC? De passo, seria ótimo rememorar também como os brasileiros aceitaram o Plano Brady. Na época Paulo Henrique Amorim foi demitido da TV Bandeirantes e depois da TV Cultura. Por isso hoje é tão petista. Magoou.

Retrocedendo um pouco mais, que angústia será lembrar como foi abafado o fracasso do projeto Pólo Noroeste, o desvio de 500 milhões de dólares doados pelo Banco Mundial e aquele mundaréu de brasileiros, lá em Roraima, abandonados ao Deus-dará... 

Pedro Malan era então diretor da instituição e o PSDB nasceu logo depois para fazer do engenheiro um especialista em ataques antológicos ao keynesianismo. Tornou-se ministro da Fazenda e, com toda a legitimidade, representante do pensamento ortodoxo da economia, na economia nacional...

Contudo, não nos detenhamos só por aqui. Poderíamos abrir jornais mais velhos e lermos a quiropraxia engenhosa da Globo para a eleição de Fernando Collor de Mello. Seria divertido.

E falando das Organizações Marinho, poderíamos recordar do orgulho impresso durante o “Petróleo é nosso”; ou de Paulo Maluf “descobrindo” petróleo em S. Paulo. 

Se a memória nos falhar, sempre poderemos assistir ao remake atual desses episódios com o nome de “Pré-Sal”. Os atores têm rostos diferentes mas o enredo e a performance são iguais.

Portanto... Se não sentiu orgulho antes, certamente terá oportunidade se senti-lo agora.

Entretanto, recuemos um pouco mais no tempo. Quem não se lembra da rejeição ao parlamentarismo quando Tancredo Neves foi Primeiro-ministro “no molde presidencialista”? – É claro que ninguém, ora! Foi em 1961. 

Assim, para não nos cansarmos mais, olhemos ao redor e enlacemos as mãos para atravessar os rios de tinta gastos no “apoio popular” ao golpe de Estado de 64 e o repúdio a João Goulart...

Se você tem mais de quarenta anos certamente ainda manterá na memória as imagens dos “Anos Dourados”, as belas reportagens para descrever o fantástico American Way of life, o fascínio pelos EUA e Paris... Ah!, Paris... a Meca do bom gosto e das férias sonhadas...

Alguma vez ouviu falar do IBAD? Não? Deixe pra lá. É só um acrônimo nefasto do passado que atravessou o tempo, mudou de cor, de lado e de nome, mas manteve as práticas e propósitos. Hoje pode ser encontrado na Rua Abolição, 297, na Bela Vista em São Paulo.

No entanto, mesmo com quarenta anos ou até com cinqüenta será capaz de se recordar do papel basilar, desempenhado pela imprensa na construção do paradigma do voto obrigatório?: – “um ato patriótico, chato, mas obrigatório para a construção da democracia, do civismo e;... que gera paz e prosperidade por período mais ou menos longo e; ... que de modo mais ou menos explícito e; ... que permite o desenvolvimento posterior do povo, exclusivamente na busca da solução para os problemas por ele suscitados e; ... que o voto obrigatório representa a construção solidária da cidadania, a divulgação do conceito de agir participativo e;... que discute o direcionamento da implantação das políticas públicas”... etc.

– Por isso é obrigatório!?...

Pois é leitor, como se sentiu ao recordar um pouco o esmero indelével do jornalismo brasileiro? Bem, espero! Mas se o presente estiver causando-lhe certa sensação esquisita... digamos... obrigando-o a sentir-se imerso num vácuo de tempo? Poupe o dinheiro da consulta médica e convide a namorada para um belo jantar, com sobremesa a gosto no seu apartamento.

Passado e presente se confundem. Apesar da variação não houve mutação; menos ainda evolução.

Portanto, não se preocupe. Tudo continua e continuará como d’antes no castelo de Abrantes. Com o decorrer dos anos os donos do jornalismo quiroprático apenas foram substituídos pelos filhos, sobrinhos, netos... 

O sensacionalismo prossegue. 

A manipulação noticiosa persiste... e povo continua a acreditar em tudo... com a mesma apatia e desleixo.

No afã de informar todos nós sabemos que a imprensa brasileira tem pouco interesse pelo aprofundamento dos fatos. Os custos precisam ser reduzidos. Melhor colocar um chapéu na notícia, habitualmente com manchetes sensacionais para causar impacto; chocar a opinião pública sem inquietar a veracidade. 

As conclusões jamais serão publicadas.

Por leviandade, mais por venalidade, – tenho essa impressão, – o jornalismo brasileiro parece orgulhar-se de prejudicar tanto os personagens quanto os leitores ao criar, sob a fascinação da “liberdade de informar” ou do “espaço dado ao contraditório”, pencas de opiniões que acabam geralmente em saco sem fundo, logo esquecidas ou pior, denegadas.

Enfim... de um modo geral até jornalistas sérios reconhecem – em off, pois têm famílias a sustentar, – que o coletivo nunca andou tão desprestigiado, nem tão contemptível como nos tempos lulistas.

Por que será? Não faz sentido. Tantos serviços prestados... tantas primeiras páginas com textos literários só para protestar... tantas charges para rezingar... tantas denúncias levantadas... tanta corrupção descoberta.... tantos ladrões do erário denunciados... e ninguém preso; quase todos reeleitos.

Cabe à policia prender e à justiça condenar, eu sei. O jornalismo brasileiro existe para se inflamar com o casal que jogou a filha da janela e forçar o juiz a manter os dois na prisão. Ou para denunciar o atropelamento do filho da atriz por um desalmado... e fazer o delegado da polícia apressar-se na investigação.

Mas quantos filhos já foram atropelados por desalmados, jogados da janela por filicidas ou atingidos por balas para a mudez jornalística?

Eram pobres zés-ninguém. Mas se estivessem em Londres deixariam de sê-lo.

Até hoje fico emocionado ao recordar o excelente trabalho jornalístico na defesa daquela moça pernambucana que, morando na Suíça, dizia ter sido marcada a estilete por skinheads. 

Ah, como li com avidez o que Ricardo Noblat escrevinhava – em primeira mão – no seu blog. Cheguei a ficar emocionado com o patriotismo vibrante na voz do William Bonner e da Fátima Bernardes... Celso Freitas, da TV Record, levou-me às lágrimas.

Dois ou três meses atrás, a moça, – que estava grávida e depois não estava, mas sofria de Lúpus(?) repentino, – foi deportada como vigarista, após longo processo judiciário e certo mal estar diplomático que bordejou o rompimento das relações.

Quantos brasileiros foram abusados de fato, – comprovadamente, – em várias cidades européias e, apesar das súplicas às embaixadas e consulados, foram sumariamente ignorados e até escorraçados? Só no ano passado, aqui da Europa, foram deportados mais de 8.000; a maioria nem chegou a sair dos aeroportos, embora contra eles causa alguma provável lhes fosse apontada.

Que pena não ter lido nada bombástico nos jornais nem ter escutado o Bonner. Não eram filhos de advogados pernambucanos, amigos de deputado, cabo eleitoral de senador... o qual, ao que tudo parece, pela primeira vez na sua vida política, nas próximas eleições não será reeleito.

Quando eu morava no Brasil inúmeras vezes pude assistir à comédia da mesma noticia ser reportada nos jornais televisivos de forma completamente diferente. A globo distorcia o fato, a Record exagerava e a Bandeirantes insinuava... não necessariamente nesta ordem.

Essas redes de TV gostam de se alternar. Assim ninguém fica com ciúme.

Ainda hoje, quatro anos depois, se quiser entender o bojo de determinado fato noticiado preciso ler a Folha, o Estadão, o Globo, o Jornal do Brasil, etc., recortar as matérias e depois cotejá-las para conseguir obter um ensejo de conclusão.

Trabalho insano. Felizmente conto com um pesquisador muito bom.

Se o leitor adquirir o mesmo hábito (não recomendo), com o passar do tempo acostumar-se-á certamente, em especial nos jornais de grande circulação, a ver jornalistas, tidos como sérios, negarem, sem qualquer pudor, defesas passadas para execrarem o que é noticia no dia; apenas pelo incremento das vendas do jornal ou aumento da audiência nas TVs. 

Ou, o mais habitual, pelo acréscimo nas contas bancárias, desfrute de um jantar no restaurante elegante ou divertimento com a família numa viagem à Europa, às custa do patrocinador... se o assunto for demasiado peludo e envolver, por exemplo, grandes construtoras, laboratórios, concessionárias de auto-estradas, mineradoras, etc, etc, etc.

O mais divertido e paradoxal é ver que esses veículos de comunicação e os tais jornalistas comungam da mesma fama: todos, sem exceção, possuem reputações ilibadíssimas. Nenhum deles pratica o denuncismo pelo denuncismo porque não defendem interesses escusos... 

Os respectivos focos jornalísticos posicionam-se apenas, – e tão-somente, – para a verdade; para mostrar os fatos tal como se apresentam, isentos de partidarismos...

Que bonito. Ó!!!... fico até arrepiado.

E durma-se com um barulho desses...

Portanto, é absolutamente coerente no caso de um banco acusado de abuso financeiro não ter o seu nome incluído na reportagem. 

O mesmo acontece se uma das suas agências é assaltada ou causa constrangimento a alguém ao prendê-lo dentro das portas giratórias e o vigilante lhe dispara um tiro ou o sujeito morre de enfarte do miocárdio. Quem nunca viu o tremular de uma banda fosca escondendo o nome da empresa durante a transmissão televisiva?

Conseqüentemente, não é de surpreender que os petistas digam que o jornalismo tem liberdade demais... embora sejam mestres renomados em usá-lo, em manipulá-lo, até em falsificar manchetes e colocá-las na propaganda eleitoral.

Se olharmos desde longe para o jornalismo brasileiro, do ponto de vista da embriologia, poder-se-ia dizer que é uma gônada. 

Soaria até simpático caso optássemos por colocar uma venda nos olhos e uns tampões nos ouvidos. Estaríamos atribuindo-lhe status embrionário; ainda à procura de uma identificação morfológica. Talvez ideológica, se olharmos para os anos tucanos e para o presente lulista... retido num vácuo de tempo no qual a maior parte da sociedade se tornou autista.

Ninguém se importa.

Sigamos em frente!

Esqueçamo-nos dos anos da ditadura militar e da sórdida conivência, subserviência e dependência... Certamente sujaríamos os dedos na ferida ainda por cicatrizar.

Olvidemo-nos do espalhafatoso mensalão; da falta de empenho da imprensa para levar os quarenta ladrões à prisão; e também do juiz relator cheio de dores nas costas que mais passeia pelos botecos do que cumpre o seu dever.

Esqueçamo-nos da censura jurídica. No Brasil deixou de existir censura.

O que é mesmo censura jurídica? E isso existe?...

No Brasil hodierno dos lulistas, com o país produzindo profusamente corruptos, ladrões e assassinos, com uma imprensa absolutamente tendenciosa, apelativa e alzheimica, recordo-me neste instante de uma frase de Balzac que me pareceu horrorosa quando a li, mas hoje nem tanto: “se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”.

Os “meretrícimos” juizes que mantêm há mais de ano o Estadão e outros jornais sob censura estão cobertos de razão. Devem ter fundamentado as brilhantes decisões na “Comédia Humana” ou na “Monografia da imprensa parisiense”, ambas obras de Honoré de Balzac.

Como se não bastassem as mentiras constantes e insistentes do governo, o grosso dos jornalistas, – salvo dois ou três honrosos profissionais, – deu para ser cúmplice das aleivosias petistas. Ao mesmo tempo em que é complacente com os propósitos para os quais são inventadas, uma vez por semana essa gente sai batendo.

Bate... pero no mucho! São apenas tapinhas de amor.

Deve ser por isso que José Dirceu, lugar-tenente da bandidagem petista, reclama a bom ouvir que a imprensa está em guerra contra ele.

Eu fico pasmo com tanta cara-de-pau. Como pode?

Conhecendo o sujeito, como infelizmente conheço, dos jantares regados a Johnny Walker Blue e charutos cubanos, tudo pago com cartão American Express, eu tenho que rir. O homem é um pândego. Deveria trabalhar na Praça da Alegria.

José Dirceu foi e é o maior plantador de factóides que já existiu no Brasil. Nem os militares tiveram tamanha desfaçatez. Dado à fruição do Amex esse ilustre procustiano tem sob sua asa uma miríade de jornalistas frascários, cujo trabalho, outro não é, senão escrever a mando... e a cambio de um belo jantar ou até mesmo de uma dose de Johnny Walker Blue no fim da noite.

Ricardo Noblat, por exemplo, escrevinhador de letras azado, defensor ferrenho de moças “grávidas” com lúpus repentinos e atacadas por skinheads suíços, é um dos que coloca o seu “mui” acessado blog à disposição do Zeca. 

E não é só ele, infelizmente. Muitos jornais de reputação ilibada, – como se isso pudesse existir no Brasil, – abrem-lhe as páginas interiores.

Quem sabe, em nome de uma amizade por tantos “furos” proporcionados no passado?... E de outros tantos vindouros?

Ó!!!... volto a ficar arrepiado. Como a amizade é bonita. É o mais belo dos sentimentos. Dura até mais que o amor, você sabia?

É fato que a maioria dos jornalistas no Brasil são e andam mortos de fome, pobrezinhos, caminhando sem eira nem beira de uma redação para a outra. 

Alguns se reinventam como blogueiros a serviço de outros, com patrocínio de empresas estatais. Dada a penúria em que se encontram os jornais impressos e os salários miseráveis que recebem, tampouco causa espanto ver esses despreparados transformarem-se em rêmulas a devorar os restos deixados pela orca; ops!, pelos petistas...

Muitos não têm idéia da responsabilidade que significa ser jornalista; nem do dever ético inerente à profissão. Acreditam pertencer a um conjunto de veículos com o propósito de questionar assuntos, levantar problemas ou denunciar o errado, sem perceberem, além desses intentos, que o ofício abraçado vai muito além do quanto existem ou do quanto, em desesperança, diante da fome, possam agatanhar o peito.

Veja por exemplo o bizarro Mino Carta; fascista italiano, pintor medíocre de capacetes nazistas, que desembarcou no Brasil com uma mão na frente e outra atrás, adotando ares de socialista intelectual. 

Pouca gente conhece a sua verdadeira história. 

Acolhido pela Revista Veja, (ele diz que a fundou), após alguns anos foi enxotado; fato repetido sucessivamente em outras revistas de São Paulo. 

Hoje é sócio de um jornaleco de décima categoria, ao qual chama eufemisticamente de Revista Carta Capital. Um arauto de cordel do petismo. Do pior do petismo. Inclusive para publicar mentiras com puro cunho eleitoreiro, como a mais recente na edição 614, (leia «AQUI»), ao anunciar a saída de Aécio Neves do PSDB.

Quem conheceu Mino Carta e os impropérios que dizia do Lula no passado, ao vê-lo hoje como megafone permanente do PT, o mínimo a se pode pensar desse sujeito é que é um homem desprovido de atributos. Na verdade, nem caráter tem sequer.

Como haveria de ter se 70% da verba de publicidade da revisteca é financiada pelo petismo o qual denegriu com tanto empenho até seis ou sete anos atrás? Razões de sobra deve ter a Dra. Sandra Cureau, Vice-Procuradora Geral Eleitoral para ter intimado a revista a entregar todos os contratos que tem com o governo federal.

Grande mulher! Tomara que consiga.

Ao ler que Lula, fiel usuário da imprensa, hoje a ataca em cada arenga, só consigo ver nele o rosto de um boneco ventríloquo movendo o maxilar ao som da voz do Zeca.

Que propósitos escusos esconderá esse homem?

Na sua inteligência precária afirma que a liberdade de imprensa é sagrada, mas a informação precisa ser verdadeira. Ele queria dizer “controlada”, mas enfim... 

O sujeito confunde liberdade de expressão com direito à informação. Contudo, em se tratando de quem é e para quem fala, bom... os brasileiros não entendem mesmo... os jornalistas são coniventes e todos juntos aplaudem extasiados o discurso inteiro.

Os jornalistas também confundem liberdade de expressão com direito à informação.

Recentemente chegou-me às mãos “A miséria do jornalismo brasileiro" um ensaio escrito por Juremir Machado da Silva. Já foi publicado há alguns anos, conquanto parece ter sido escrito ontem como testemunho da imutabilidade do jornalismo no Brasil.

Em grandes pinceladas o ilustre professor, doutor em Sociologia pela Sorbonne, separa os jornalistas brasileiros em três categorias: o esquerdopata das letras, aquele que acredita em tudo o que Lula diz e Fidel Castro é um exemplo de governante a ser seguido; o aluno modelo dos cursos de jornalismo, o CDF que bebe as palavras dos professores sem notar o baixo nível do ensino que recebe; e o idiota tecnológico, que anda com dois celulares na cintura e uma laptop debaixo do braço.

O primeiro acredita piamente na crítica frankfurtiana: – a necessidade de rebelar-se contra as tendências. 

O segundo segue as regras do que aprendeu na escola: – jornalismo com ética e palavras do manual de redação. Já o terceiro é um entusiasta fanático da Internet, do Twitter  e vê nesses mecanismos a salvação de todos os problemas do mundo, incluindo os da imprensa.

Em outras palavras: embora a imprensa tenha sido inventada e exista para informar, a concepção do jornalista brasileiro a respeito é simplesmente surrealista.

Por isso, quando um governo como o lulista investe contra a mídia é preciso disparar todos os alarmes e fazer como o galo dentro do galinheiro que é perseguido pelo papagaio: – colocar uma chapa de ferro atrás e outra na frente.

Se o Lula e seu lugar-tenente fazem coro para reclamar da liberdade da imprensa, os brasileiros deveriam se preocupar...

Deviam? Deveriam? – Reconheço que às vezes eu sonho...

Quem lê com atenção três ou quatro jornais por dia não pode deixar de perceber o quanto a imprensa continua a apoiar Lula incondicionalmente e até covardemente. Na televisão tal sordícia é mais visível. 

Os âncoras dos noticiários quando, por força da magnitude dos crimes petistas, são obrigados a mencionar o nome do presidente da república, – pois a ilação é compulsória, – parecem estar sentados de repente em cima de carvão em brasa à medida que informam.

Repare nas mãos, nos tiques faciais e principalmente na modulação insegura da voz.

Portanto caro Leitor, não se deixe impressionar quando os petistas arrazoam contra a imprensa. 

As falas néscias do Lula, os queixumes fingidos de Zé Dirceu e todo o espalhafato e maledicências divulgadas a respeito não passam de cortinas de fumaça para dissimular o que realmente acontece nos bastidores esfomeados das redações. Principalmente o quanto o PT se prepara para impor ao país um regime autoritário ao estilo chavista.

Se você é daqueles que acredita que o Brasil é hoje um país democrático, por favor desentupa os ouvidos e retire a venda que pôs nos olhos. 

Para começar o voto é obrigatório. Por outro lado, não há democracia sem jornalismo independente; sem jornalistas verdadeiramente conscientes que tenham como princípio apurar os fatos e informá-los com ética; tal como ocorreram, como se desenrolaram e como terminaram.

Num país democrático não existe censura judicial, nem um jornal do porte do Estadão se submeteria passivamente, – há mais de um ano, – à decisão judicial determinada por um juiz sobejamente corrupto, amigo íntimo do senador José Sarney.

Porém, a mídia brasileira, como um todo, não está interessada em meter a mão em ninho de maribondos pois ao lado corre um rio de mel. 

O povo mal sabe ler as manchetes; muitas delas nem as compreende, mas compra o vespertino. 

Cada vez menos, é certo. 

Porém, no topo está o oligarca, dono ou sócio do jornal, que não pretende ofender os aliados; muito menos comprometer financiamentos ou verbas públicas para publicidade.

Quanto ao jornalismo televisivo... bom... a história se repete com maior gravidade devido à abrangência. 

Mais que num jornal, a concepção de “tempo é dinheiro” é executada de forma draconiana. Os custos são muito altos e os índices de audiência cavilosos. Podem descair facilmente e o anunciante poderá recusar-se a pagar a exorbitância pedida para ser inserido na grade de programação. Sem anunciantes não há televisão.

Se o Brasil fosse realmente um país democrático, por mais liberdade que a imprensa tivesse, ela deveria, obrigatoriamente, ser ainda mais livre. Só assim se constrói uma democracia. Porém, essa liberdade sem estacas só é possível com profissionais éticos e muito saber acadêmico.

Não é o caso do jornalismo brasileiro nem dos seus profissionais. Quando se confunde liberdade de informar com libertinagem informativa e não se entende direito o significado de liberdade de expressão, o resultado está aí bem claro estampado nos jornais e nas reportagens superficiais, supostamente investigativas sem apresentarem conclusões.

Os jornalistas brasileiros parecem esquecer com freqüência que a sua verdadeira função é de informar e não de confundir; de educar as massas e não de manipulá-las. 

Contudo, e o digo pesaroso, se observarmos com cuidados como se comportam profissionalmente poderemos detectar na maioria deles a propensão quase vocacional para a quiropraxia, pois os problemas estruturais e sociais do país são enormes e eles não estão interessados em contribuir para encontrar soluções; nem gerar causa para a resolução

Para haver jornalismo sério no Brasil seria necessário melhor ensino básico e depois especializado. Seria imperativo que soubessem escrever e, principalmente falar, pois saberiam como perguntar. Que soubessem como fiscalizar as políticas publicas e, ao sabê-lo, pudessem dispor de recursos para tanto...

Novamente sonho...

Quando dava aulas em S. Paulo, diante dos absurdos estudantis que era forçado a escutar, costumava pensar que aproveitaria melhor o meu tempo alimentando burros a rocambole do que aqueles futuros jornalistas a capim.

Os brasileiros, – que mal sabem ler e falam pior ainda, – não demandam informação; não exigem saber dos fatos que verdadeiramente lhes afetam a vida. – Como pode existir bom jornalismo no Brasil?

Se o povo grita por justiça quando lhe passa um microfone pela frente, mas aceita qualquer porcaria que lhe chega aos olhos e ouvidos sem se dar ao trabalho de raciocinar só um pouco... como pode existir bom jornalismo no Brasil?

Não pode! Seria como tirar leite de pedras.

Sem instrução não há desejo de conhecimento. Sem demanda não há recursos. Sem recursos não há estrutura nem informação de qualidade.

O Brasil quer ser democrático, mas não é. Como qualquer nação civilizada precisaria ter uma imprensa competente, mas não tem. Logo, a alternativa sedutora é a informação manipulada para impacto; o jornalismo quiroprático.


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