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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tiros em Realengo!

Alô, Alô Realengo! Aquele abraço!... Apenas para relembrar o estribilho de Jorge Duílio Lima Meneses, que já foi Jorge Ben, depois virou Jorge Ben Jô... E hoje, velho, encalhado na mesma toada, faz-se chamar Jorge Ben Jor, ou Benjor, dependendo da numerologia do dia.

Nos meus anos de Rio de Janeiro, no Leblon, ouvia dizer que em Realengo morava a morte; o calor abrasava como inferno e o vento... Ah... corria o boato que o vento fazia a curva em Padre Miguel para evitar se queimar por lá.

Por lá tampouco aparecia a televisão. Morte em Realengo não era notícia. Não dava Ibope.

Quando não eram os bandidos matar, era a policia. Se as chuvas não afogavam o suficiente, o Aedes aegypti multiplicava-se e matava...

E hoje, como antanho, ademais do sol a queimar, dos bandidos e da polícia a matar, das chuvas, dos mosquitos...

Hoje, em Realengo não só se continua a matar à vontade, como também se massacram crianças na escola, durante o horário letivo.

Isso sim é novidade.

Realengo chegou finalmente às páginas dos jornais. Do Brasil e do mundo.

Desta vez, fora da musicalidade azucrinante de Ben Jor e de Gilberto Gil, mas pelos tiros no massacre praticado na escola Municipal Tasso de Silveira, por um tal Wellington Menezes.

A televisão de outrora, tão arredia a Realengo, gostou. Foi até lá.

A rede Globo gostou tanto que montou um estenderete para informar ao mundo que houve Tiros em Realengo!

Até posso imaginar que o mesmo deve ter feito a TV Record, na sua busca de qualidade imitada, por certo mais espalhafatosa e dramática, com o linguajar habitual pra secar a Última Flor do Lácio.

Foi bizarro ver como a Globo Internacional passou um dia inteiro a explorar a tragédia com seu costumeiro arrasta emoções à última lágrima... Tal qual abutre na carnada soube esbaldar-se bem no sofrimento alheio.

– “Você se sente herói por ter ajudado a levar as crianças o Hospital?” – perguntaram repetidas vezes os diferentes repórteres, com o mesmo erro gramatical, ao entrevistarem os mesmos “heróis”...

Como sempre, os holofotes focaram-se apenas nos efeitos. No estardalhaço dos efeitos. Das causas nem um pio.

Ninguém quer saber.

Todos fingem não saber explicar, porque notadamente se recusam a enxergar as causas, das quais são parte causante e efeito ao mesmo tempo.

Wellington Menezes era doido, introvertido, esquizofrênico, filho de mãe que morreu louca... Ponto. Está explicado!?

Confesso que me perdi nas "explicações" tentadas dos “pisscólogos”. Pasmei com as palavras; mais com a imagem da “pissicóloga” de fartos seios e tomara-que-caia a segurá-los.

Belos seios, intui. Psicólogos de verdade não vi. Nem ouvi. Mas compreendi.

Os repórteres da Globo são incapazes de pronunciar corretamente essa profissão. Talvez por isso, mais inábeis são de encontrar um profissional à altura de ilustrá-la para tentar explicar o inexplicável.

Será mesmo inexplicável?

O importante é explorar o drama pelo drama; a tragédia pela tragédia; e quanto maior a histeria, as lágrimas “capitada” pelas câmaras, maior a audiência será...

Sem dúvida o “Michel Moore” brasileiro já deve estar a caminho da porta da Lei Rouanet para surrupiar uma montanha de dinheiro público e realizar o seu “Tiros em Realengo”... numa versão mal acabada de “Tiros em Columbine”, onde não faltará, por certo, o toque habitual da mediocridade do cinema brasileiro.

Maria Bethânia, que já foi favorecida pela Lei Rouanet, certamente nos brindará no seu blog, de R$ 50.000,00 pagos pelos brasileiros, com um poema de dor por Realengo, interpretado por ela própria.

Tragédia e elegíada à parte, resta apenas mais uma brutalidade de um brasileiro contra crianças. Mais outra! Contra meninas! Mais outra! Contra o sexo feminino de tenra idade! Mais outra entre tantas outras, que se sucedem uma após a outra num rodopiar incessante, cujos efeitos estrepitosos sempre fazem esquecer as causas que lhes dão origem... O quanto os brasileiros são responsáveis por essas causas... embora se fartem de chorar durante os efeitos.

Que estranho o ensandecido mulato ter escolhido preferencialmente mais meninas do que meninos... para matar.

Já aparecerá, pois, quem haverá de afirmar que Wellington Menezes, quando infante, era azucrinado pelas meninas... por ser negro.

E todas as explicações dos "pisscólogos" e "pissicólogos" passarão por aí.

É verdade que para denegrir o sexo feminino, os machos brasileiros são bons à beça! Principalmente nas justificativas da violência que lhes sobra à farta, tanta é a que lhes corre nas veias.

Não me surpreende, portanto, haver tantos veados no Brasil. Tantos maricas querendo impor suas mariquices a uma sociedade essencialmente corrupta, covarde, que virou lupanar a céu aberto, mas que já pode se orgulhar de ter também os seus “Tiros em Columbine” que no Brasil, por ser diferente da cidade de Littleton, Colorado, EUA, se chama Realengo.


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