Introdução:
Gostaria de esclarecer que não engendrei nenhuma dubiedade na postagem anterior.
Entretanto, se muitos encontraram tantas, conforme escreveram, lamento profundamente por não ter-me expressado com a clareza devida.
Tenho para mim que quando alguém não entende o que falo ou escrevo, a culpa é minha.
Por alguma razão, apesar do empenho, fui incapaz de ser suficientemente claro. Incompetência, chamem-lhe se quiserem. Eu chamaria. Por isso lamento e peço desculpas.
Assim, diante das críticas, se os deuses do engenho e arte permitirem, vou tentar esclarecer as dúvidas conforme vocês se manifestaram.
Vou tratar inicialmente da “Homeóstase fundamental e preparatória para sedimentar, nas mentes da maioria, a “opinião própria” da maioria”.
Aparentemente, a incompreensão deste conceito parece ser compartilhada por muitos(a). Até certo ponto entendo.
O tema é complexo e muito difícil de se aceitar, especialmente quando nos damos conta que fomos manipulados, enganados, etc. Dá uma raiva danada, não é mesmo?
O conceito da “Homeóstase fundamental...” consolida a presunção de que é possível, por meio de palavras e atos, moldar, influenciar, fascinar e unificar as necessidades, anseios e opiniões individuais de um determinado eleitorado, induzindo-o de forma perspicaz, porém sistemática, a deduzir “espontaneamente” que determinado candidato a uma eleição é o que melhor representa esse eleitorado, na opinião do próprio eleitorado.
Em palavras mais pueris, são as práticas de lavagem cerebral em massa que uma pequena minoria utiliza para atrair, dominar e/ou controlar o maior número de pessoas, com o intuito de levá-las a acreditar e/ou a aceitar e depois executar ou votar numa idéia ou até num candidato escolhido por essa minoria.
Ainda mais simples: É o modo como o indivíduo “A” instala na mente do indivíduo “B” determinado conceito que leve “B” a tomar a iniciativa por descobrir que a idéia, ação ou decisão partiu dele próprio, por vontade intrínseca, sem se sentir influenciado por “A”.
Como se processa a “Homeóstase fundamental...”:
Alguém quer que determinado conceito, opinião ou candidato seja aprovado por uma maioria de pessoas.
Então, por meio de publicidade, atos políticos, públicos, artigos ou matérias plantadas, mensagens subliminares, implícitas ou explícitas, geralmente via meios de comunicação, reuniões religiosas, palestras e militância individual é criada uma mensagem sutil que vai sendo disseminada pelo público alvo que se deseja atingir. Mas não de forma direta.
A metodologia é velada; feita por indução, insinuação e até por mentiras manejadas, cujas orquestrações soam a verdades. Uma vez posto em marcha o processo, espera-se que as pessoas que recebam a(s) mensagem(s), por sua vez, passem a adotá-la(s) e a(s) disseminem como se de opinião própria fosse(m), sem se darem conta que a idéia lhes foi plantada.
Eis alguns exemplos que influenciam você todos os dias e talvez nem perceba:
No campo comercial:
Repare nos chamados ‘merchandisings” nas novelas de televisão. O ator mais popular da trama aparece vestindo ou bebendo determinado produto, mas não faz qualquer proselitismo a respeito.
Entretanto, nas semanas seguintes à aparição as vendas atingem níveis altíssimos. As crianças são as mais influenciadas por esse tipo de estratégia.
Quantas sandalinhas da Xuxa você já comprou paras as suas filhas? Ou, quantas raquetes de tênis o seu filho quis, junto com os amiguinhos dele, quando o Gustavo "Guga" Kuerten foi campeão e número 1 do ranking internacional de tênis?
Quantas vezes você já trocou de celular? Alguma vez já parou para pensar se precisa realmente trocar de celular a cada ano?; sendo que, tanto no antigo como no novo, você não sabe ou sequer utiliza metade das funções “milagrosas e geniais” que o aparelho oferece?
No campo político:
Num passado recente, durante as últimas eleições para presidente, o Lula criou uma mentira contra o Geraldo Alckmin que se disseminou pelo país como verdade absoluta. Lula acusou Alckmin de querer iniciar uma nova onda de privatizações, a começar pelo banco do Brasil. Isso não era verdade. Entretanto, para a maioria transformou-se como tal.
Joseph Goebbels já dizia que "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade".
Um outro exemplo que recordo agora foi a manipulação feita pelo Senador Aloísio Mercadante do PT, orquestrada pelo publicitário Duda Mendonça, em cima de uma fala do José Serra.
Quem se recordar da campanha para a Prefeitura de São Paulo em 2004, certamente saberá ao que me refiro. Esse crápula do Mercadante, durante a propaganda eleitoral apresentou uma manchete de jornal falsa, como prova de uma declaração do José Serra, cujas palavras este jamais dissera.
Só se soube que era armação porque o jornal utilizado para a falsificação difundiu nota informativa a respeito. Por coincidência, só dois ou três dias, salvo erro, após a votação.
Incrível, não?
Mas o objetivo havia sido alcançado. Só não teve danos maiores porque a farsa foi montada uma semana antes do dia da eleição.
Agora mesmo acredito que aí no Brasil você deve estar vivendo a "epidemia" da natação depois que César Cielo ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas. Tenho certeza que o seu filho também quer ser campeão.
Mas... olhe bem... só se você comprar-lhe a sunga da marca X, a touca da marca Y e os óculos da marca Z. Se você não atender a todas essas “necessidades”, provavelmente o garoto ficará muito triste e sem motivação.
Além do mais, como vai ficar a auto-estima dele na escola se os coleguinhas já têm tudo isso? É claro que você fará todo o possível para realizar o sonho do pimpolho. Ao mesmo tempo, no churrasco do fim-de-semana, você encherá a boca de orgulho para anunciar aos amigos que um novo medalista olímpico está a caminho.
Aliás, se já comprou todos esses atuendos está plenamente convencido(a) disso. Parabéns.
A este tipo de tática marketiana, quando eu dava aulas, costumava referir-me a ela como a estratégia do “eu também quero”. No Brasil funciona particularmente bem. Certa vez ouvi da boca de um governante que isso se chamava “educar o povo”.
Um grande publicitário, presente no encontro, corrigiu-o sutilmente e apelidou a tática de PEP [Plano de Educação Popular]. Não é à toa que o mercado publicitário no Brasil é um dos maiores e mais rentáveis do mundo.
Não só apresenta os melhores índices de respostas positivas aos anúncios publicados, como consegue eleger e reeleger, vezes sem fim, ladrões notórios do erário público, falsários contumazes e até assassinos.
Não conheço um público, seja em que país for, e olha que conheço muitos, tão bem amestrado e domesticado como o Brasileiro. Os tais PEP são um êxito.
Quando o assunto é política não há muita variação no modus operandi da aplicação da “Homeóstase fundamental...” ou do PEP, se você preferir chamar-lhe assim. PEP é um nome mais tupiniquim; talvez melhor de ser compreendido; quem sabe, facilmente detectado quando surge a sua televisão ou na verborragia prosélita das horas extras sem remuneração que sai da boca do seu colega de trabalho.
Embora o candidato e suas concepções não sejam um produto tangível, fácil de ser tocado ou comprovado, e tão somente um conjunto formado por imagem e idéias que às pessoas chega como algo subjetivo, dúbio e pouco digno de atenção, as mentes brasileiras são solos férteis para o embuste.
São fáceis de serem enganadas, manipuladas e até aviltadas.
A preguiça que as domina somada à ignorância cultural, à baixa auto-estima e à necessidade de levar vantagem seja no que for, até certo ponto é mais fácil convencer uma pessoa a votar em fulano do que vender-lhe um produto.
Na interação pessoa a pessoa:
Conhecem o conceito: “Não existe mulher difícil. Existem mulheres mal cantadas”? Na política ocorre exatamente o mesmo, porém de forma mais sutil, intricada e maquiavélica.
No entanto, em ambos casos a homeóstase, o equilíbrio perfeito entre o externo e o interno, precisa estar em harmonia para se obterem resultados. No caso da mulher, o objetivo é a transa. No político, é a escolha e conseqüente eleição do(a) candidato(a).
Uma mulher, seja ela qual for, casada honesta, solteira virtuosa, viúva pudica, ou até meretriz, em teoria, vai para a cama, feliz da vida, com qualquer homem que atenda, de forma prazerosa, às quatro principais expectativas dela: "visão física", "odor/ olfato", "modo de falar e/ou timbre de voz" e "status social". Se este quadrinômio entrar em conjunção, o coito está assegurado para o homem.
Obviamente este tema tem vários desdobramentos e complexidades. Todos sobram neste momento. Portanto, mulheres acalmai-vos. Não joguem pedras antes do tempo. Não pretendo revelar os vossos segredos.
E eu lá sou doido para contar uma coisa dessas e ensinar jumentos a comer caviar?
Nem morto!
Entretanto, sou obrigado a mencioná-las como termo comparativo. Pra mostrar como se criam “necessidades” nas mentes das pessoas sem que estas se apercebam que estão sendo manipuladas.
Tanto assim é que posso afirmar sem medo de apanhar que a mente feminina, seja na recepção ou no raciocínio, é a síntese da prática da “homeóstase fundamental...”
As mulheres possuem mentes extraordinárias e desafiantes. Conseguem ser melhores vendedoras que os machos e em matéria de administrar pessoas também os superam.
Quanto ao homem, bom... este, coitado, de uma maneira geral não tem a mesma necessidade de complicar a transa; muito menos o relacionamento. Para ele, gostou; é bonitinha; usa uma saia; já é o suficiente.
Se for feia, muda, perneta ou caolha também serve. O homem, por seu desvirtuamento dogmático não é tão seletivo; não requer nem procura a combinação qualitativa que é essencial para a mulher. As expectativas do homem, em termos de relacionamentos, são básicas, bem instintivas ou funcionam de forma diferente das femininas.
É bom não esquecer que o sonho de consumo de todo macho que se prese é a mulher chegar nua na porta da casa dele e deixar o táxi esperando. É a mulher quem obriga o homem a jantares, salamaleques, flores, bombons e outras coisas tais. Não é sem fundamento que é taxado de "palhaço". E com toda a razão. Mas se não for, não tem.
Diante destes dois cenários não há, pois, um equilíbrio de vontades nem de expectativas. Portanto, a guerra dos sexos é um fato e todos nós sabemos disso. Ela está aí nas brigas e nos desencontros amorosos para que não restem dúvidas.
Na política é onde esse equilíbrio mais se complica e, paradoxalmente, mais necessário é. A arte de guiar e influenciar é formada por homens e mulheres, obviamente. De um lado, eleitores e eleitoras.
Do outro, candidatos e candidatas.
Cada qual com as suas peculiaridades, opiniões, ambições e necessidades; nascidas e criadas no meio onde vivem; lambuzadas ou embrulhadas por dogmas sociais e religiosos. Para manter em equilíbrio tudo isso e o candidato ganhar uma eleição é necessário criar uma causa ou fatores comuns a homens e mulheres eleitores, capazes de gerarem um meio-termo.
É necessário, portanto, unificar as hordas de modo a levá-las a apertarem as teclas certas na hora de votar.
É nesse conflito de objetivos e necessidades, entre o interno e o externo, que entra a tática da “homeóstase fundamental...”
O sucesso de um candidato depende do grau com que consegue manipular, influenciar e administrar a maior quantidade de gregos e de troianos. Leia-se homens e mulheres. Mas jamais vai conseguir agradar a todos:
No que tange ao eleitorado feminino, tanto os candidatos como as candidatas nunca conseguirão apresentar, ao mesmo tempo, o quadrinômio comentado acima, nem irão para a cama com elas. Pelo menos não com a maioria. Quanto aos homens, tampouco.
De uma maneira geral, todos os homens, em maior ou menor escala, sofrem de audição, primam pela preguiça, concentram-se na visão e se acham donos da verdade, seja ela qual for, por mais estapafúrdia que for.
Séculos de dogmas causaram-lhes essas deficiências. Até os veados são assim. Por mais que afinem a voz, vistam-se de mulher e adorem andar de ré, não negam os gêneses masculinos. Com as mulheres ocorre exatamente todo o contrário.
Diante das idiossincrasias femininas e masculinas, aqui resumidas de forma leve e bem simplória, um alemão, um gênio da propaganda, ao entender o conceito da homeóstase soube usá-lo como uma ferramenta para manipular, em massa, homens e mulheres; sem que ambos percebessem que estavam apequenando os escrúpulos e aceitando o irracional.
Nunca é demais lembrar que o ser humano é um produto do meio onde vive e o resultado das suas próprias experiências. Sabendo entender isto, é muito fácil dominá-lo; pastoreá-lo; fazê-lo acreditar que toma decisões próprias lavradas no íntimo, na sua vontade, naquilo que ele supostamente acha errado ou certo.
Por dois mil anos a Igreja Católica tem sido mestre nessa arte. Mas foi superada pelo gênio alemão e agora tenta copiá-lo. Até ela sucumbiu às táticas alemãs. Os neopentecostais usam e abusam desse conhecimento.
Antes de continuar preciso alertar o seguinte: é necessário que você conheça um pouco da história para entender como surgiu a idéia de equilibrar o interno com o externo para ter sucesso na política.
Interno, leia governo, o político, o candidato, a idéia, o conceito que se quer impor.
Externo, é a plebe, o povão ignorante, a maioria; a ou as pessoas nas quais se quer incutir ou manipular a chamada “vontade ou opinião própria”.
Até à Segunda Guerra Mundial não havia expertise no assunto. As idiossincrasias humanas eram manipuladas com focos e bases na religião. A política, de certa forma, ainda era exercida com alguma honra, certa decência e alguns escrúpulos.
No caso do Brasil, historicamente não posso afirmar o mesmo. No entanto, não era a vergonha que é hoje nem havia tanta covardia e mau-caráter. Na memória reverberam-me neste instante alguns dos discursos que li de Rui Barbosa. Enfim...
Sem a intenção de atropelar os fatos e tampouco fazer desta explicação uma tese de doutorado, apesar de ser um tema complexo, vou tentar discorrer, de forma resumida e simples, só os fatos relevantes.
Eventos nos quais certamente você deve ter participado. O cenário será sempre o Brasil. Espero que ao final você compreenda como tem sido manipulado(a) e como tem defendido certas idéias que acha que são suas... Mas não são!
Um pouco de História em poucos parágrafos:
Homeóstase é um termo originado da biologia e da fisiologia. É o processo que regula o equilíbrio entre o interno e o externo de um organismo. O termo em si foi criado pelo fisiologista americano Walter Cannon por volta de 1920.Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler, na Alemanha Nazista, estudou a teoria por volta de 1933 ou 34.
Com extraordinário sucesso [há que se dizer] introduziu-a na estratégia política nazista, para manipular as massas populares que levaram Hitler ao poder supremo; a ter o apoio nacional do povo alemão e a inépcia européia que permitiu a Hitler deflagrar a segunda Guerra Mundial.
Após o conflito, durante a década de 50, a Central de Inteligência Norte Americana [CIA] copiou a metodologia e ensinou-a aos ditadores da América Latina.
O objetivo era combater o comunismo, o qual também usava técnicas semelhantes, porém com objetivos muitas vezes confusos e difusos.
Recordem que muitos assessores, não só, de Joseph Goebbels, mas também muitos criminosos de guerra trabalharam anos para a CIA e para a KGB com o propósito de instruírem estas duas organizações nas práticas e metodologias nazistas, as quais, efetivamente quase dominaram o mundo.
Os melhores e mais espertos alunos foram os Americanos. Por isso hoje são a maior potência mundial; econômica e militar.
No Brasil, a partir de 1959, mais que em qualquer outro país da América Latina, essa prática manipuladora da opinião pública foi aperfeiçoada com extraordinário êxito. Entretanto, como sempre acontece no Brasil com qualquer idéia, o aperfeiçoamento foi feito na forma do mais puro nietzchianismo, visando só o individualismo e o nepotismo.
Bem diferente dos Estados Unidos que usaram a metodologia com sentido altruísta para benefício da nação como um todo.
No Brasil ocorreu um fenômeno interessante. [Há sempre fenômenos interessantes ocorrendo no Brasil]. Na época, quando a prática da “Homeóstase fundamental...” foi introduzida no país, muitos homens de destaque, e nenhum patriotismo, viram nela uma forma de se livrarem dos valores passados ou dos ideais humanos para tornarem-se autônomos, agressivos e legisladores.
Criaram as suas próprias normas e se creram muito acima de todos; além do bem e do mal. Em seus anacronismos de injustiças e desigualdades, passaram a acreditar que só eles possuíam a verdade, a vontade de domínio e a vontade criadora de novas regras e novos valores.
Alguns exemplos da posta em prática da “Homeóstase fundamental...”:
Um deles foi Ivan Hasslocher, fundador do horroroso IBAD [Instituto Brasileiro de Ação Democrática], cujo propósito focava a manipulação dos rumos econômico, político e social do país através de ações publicitárias e políticas dos candidatos contrários a João Goulart. Logo depois para justificar a necessidade de um golpe de estado. João Goulart foi deposto; o golpe de estado aconteceu e a grande maioria, em manifestações multitudinárias na Cinelândia – Rio de janeiro – apoiou.
Os mais velhos que me lêem, talvez [duvido?], se lembrem do jornal carioca “A Noite” e dos seus editoriais favoráveis a posições nacionalistas e à promoção dos candidatos identificados como anticomunistas.
Poucos anos mais tarde, porque o IBAD foi “obrigado a desaparecer”, surgiram com toda a força, no cenário nacional, as organizações Globo, [TVs, Jornais, rádios, etc.], depois o SBT [Sílvio Santos] e diversos outros jornais paulistas e mineiros, para manter, defender e justificar o Estado de Ditadura que se iniciou em 1964.
Como exemplo dessa manipulação acintosa e uma das mais espalhafatosas e pouco inteligentes, quem não se lembra da “Semana do Presidente” apresentado aos domingos, no horário nobre, durante o programa do Sílvio Santos...
Ou da publicação pelo Jornal O Globo do livro “Assalto ao Parlamento”, do escritor tcheco Jan Kosak. A obra, publicada por este nefasto jornal, descrevia a tomada do poder pelos comunistas na Tchecoslováquia e o papel central que o controle do Congresso desempenhara nesse processo. Quem nunca tinha sido comunista e nem sabia o que isso era, tornou-se anticomunista por convicção...
Muitas das radionovelas, filmes de cinema e programas de televisão na época, tinham mensagens explícitas e implícitas a favor disto e daquilo, inclusive da absorção pelos brasileiros das modas, usos, costumes e consumo de produtos norte-americanos. Foi nessa época que surgiu entre a classe média brasileira a expressão “Anos Dourados”.
No alvorecer da atual “Nacional-Democracia”, [e digo Nacional-Democracia com absoluto desprezo], a prática da “Homeóstase fundamental... nas mentes da maioria”, havia atingido graus de perfeição que nem o Joseph Goebbels sonhara. Novamente, pelas mãos, agora definitivas e hegemônicas da comunicação das organizações Globo, “nasce” o “belo” e desconhecido candidato, lá dos cafundós das Alagoas, para ser eleito, pela “maioria”, presidente da República, Fernando Collor de Mello.
Com um eleitorado predominantemente feminino, três das quatro principais expectativas femininas foram recalcadas à exaustão: visão física, modo de falar e status social. Eram mais que suficientes para eleger Collor de Mello.
De desconhecido no âmbito nacional, o sujeito passou a galã. Na época, para meu estarrecimento e desconsolo, ouvi uma amiga dizer que chegou a ter um orgasmo só de tê-lo escutado na televisão.
A campanha de Collor de Mello foi dirigida maciçamente ao eleitorado feminino. Desta forma, os organizadores astutos esperavam não só conquistar a opinião das mulheres, mas que estas influenciassem diretamente os homens; os maridos, namorados, irmãos e até os cunhados. [Não se esqueça do que afirmei atrás sobre os homens]. O resultado foi um sucesso.
Fernando Collor de Melo foi eleito, apesar de desconhecido; apesar do pouco tempo de campanha; apesar de ter criado um partido minúsculo para essa finalidade, com meia dúzia de gatos pingados.
Mas o que isso importava?
A poderosa Rede Globo e seus associados conservadores e manipuladoras se encarregaram da festa. Ninguém percebeu. Só três ou quatro idiotas, entre os quais eu, nos atrevemos a escrever algo contra. Caiu tudo em ouvidos moucos. Como tem surdo no Brasil. Meu Deus!
Fernando Collor de Mello foi eleito por uma maioria esmagadora, graças a milhões de mulheres que trabalharam como cabos eleitorais sem o perceberem. Não deu outra.
Apesar do sucesso, a meia dúzia de donos do Brasil que proporcionou esse fenômeno não previu a soberba nem o individualismo do Collor de Mello.
Fernando Collor de Mello achando-se o tal cuspiu no prato que comeu... Isto é, prejudicou os interesses de quem verdadeiramente o elegeu ao bloquear os fundos financeiros, [poupança, aplicações, etc] e abrir as fronteiras do Brasil às novas tecnologias para modernizá-lo. Esta última ação lesou seriamente a burrologia corruptora industrial nacional. Resultado? Foi deposto.
Foi deposto por querer desenvolver o Brasil; por achar que podia. Ledo engano. Tolinho!
Esqueceram de contar-lhe que ele, como “belo” não podia ser inteligente nem querer entrar para a história futura com honrarias.
Collor de Mello também não olhou para a história passada. Não entendia nada de homeóstase e só se preocupava em ter “aquilo” mais roxo que os demais. Nem conta se deu que era um ingênuo escolhido para fantoche.
Entretanto, achou-se no direito de contrariar a minoria. Por ingenuidade recorrente e falta de experiência, ambas aliadas a uma dose tamanha de soberba latifundiária, foi humilhado, destruído, cassado e desterrado, simplesmente porque esqueceu quem o tinha posto na Presidência.
Esqueceu da mão que o alimentou. O cargo subiu-lhe à cabeça. Acreditou na estupidez que a plebe o manteria no poder. Foi eleito pela maioria, sim. Porém, esqueceu da minoria que manipulara a maioria para esta o colocar em Brasília. Igual como um bode faminto invadiu a horta recém florida com os brotos das verduras plantadas.
Virou churrasco porque a meia dúzia de donos do Brasil não permite que um bode, por mais “belo” que seja, invada a horta deles.
Como resultado, a “Homeóstase fundamental...” precisou ser acionada novamente, mas de forma contrária. Quem manda neste país não permite ações individuais e altruístas em beneficio da nação. Se algum benefício deve haver no Brasil precisa ficar na mão de quem controla o país.
Os que fizeram Collor de Mello ser eleito, encarregaram-se de o derrubar. A campanha para o Impeachment tomou asas. Uma onda de boatos e brigas internas familiares, tudo com o rótulo de “verdade” tomou conta do país em cima de calhamaços de documentos.
Finalmente, Collor foi acusado de ladrão por ter 63 milhões de dólares não declarados. De onde tiraram essa quantia ninguém sabe. Contudo, como ocorre com qualquer candidato, todo o mundo sabia que ele tinha ou devia ter sobras da campanha.
O famoso caixa 2 que só existe porque a minoria que manda no país quer que exista por diversas razões; entre elas, usar dinheiro sujo, em caixa, para eleger políticos igualmente sujos; ou comprar um apartamento para a amante sem que a esposa saiba.
Ainda assim, foi montado um espetáculo que levou a “maioria”, convicta, a execrar o “belo”, o qual, do dia pra noite, virou “sapo”.
A rede Globo foi especialmente diligente nesta etapa. Uma novela foi rapidamente ao ar com episódios, cujos atores, numa estória fictícia, representavam cenas que retratavam as tais “verdades” espalhadas pelo país.
Mais uma vez o alvo foram as mulheres. Não há nada pior que uma mulher enganada. Especialmente se descobre que o sujeito é um cafajeste. Se antes a Globo as havia feito apaixonarem-se pelo “belo” Collor, na campanha para derrubá-lo mostraram o “sapo” falso que era.
Até fortes aliados na imprensa, como o grupo Abril (Revista Veja) passaram a fazer denúncias. Foi uma festa.
Quem ainda se lembra das caras pintadas? Que manifestações "gloriosas" foram aquelas...
Que Collor teve culpa? Teve! Pecou por ingenuidade e soberba.
Que cometeu um crime? Não sei! Nunca nada ficou comprovado. Quem devia tê-lo feito sequer teve o propósito de qualquer comprovação cabal. Nem poderia.
Recordem que o STF não condenou o Collor, nem tampouco o absolveu. Simplesmente se declarou incompetente para julgá-lo por falta de provas. Subiu no muro e lá ficou. Não é besta!
Contudo, bem antes que isso o “vívido” Congresso Nacional repleto de meliantes, digo, “patriotas”, espetou-lhe o impeachment na cara.
Collor não foi deposto por ter roubado. Foi deposto porque se cercou de gente que não fazia parte da camarilha que o havia levado ao poder. Foi deposto porque quis parar a safadeza financeira que corria solta no país.
Pior ainda, ao declarar que a toda poderosa industria automobilística não passava de uma sucata, – que de fato é! Ainda é! – despertou a ira da monstruosidade. – Só brasileiro mesmo compra a merda de carros nacionais que são vendidos nos país; muito diferentes dos que são exportados. – Enfim, Collor foi vaidoso demais. Achou que, por ser o primeiro presidente a ser eleito pelo voto direto, após a ditadura, poderia entrar para a história como "o homem que tinha dado um jeito no país". Tolinho.
O curioso disto tudo é que as supostas ações “criminosas” do Collor e seu PC Farias não chegaram nem mesmo perto das muitas que a família Sarney perpetrou antes dele.
E, pasmem, ficaram a léguas e léguas de distância das abundantes e múltiplas monstruosidades cometidas pelo Lula e seus Petistas Ladrões.. Estes sim, Ladrões com “L” maiúsculo e Assassinos, com “A” igualmente maiúsculo.
Numa ironia da história, a maioria do mesmo Congresso que condenou Collor absolveu todos os ladrões que trabalham para o Lula. Provas não faltaram. Mesmo assim foram absolvidos. Por quê? Alguma "maioria" protestou?
É interessante observar que esse mesmo Congresso tem no velho josé Sarney a figura parda que os controla. Bem, é modo de dizer. A minoria que controla o país é quem manda nesses rufiões todos. A maioria popular aceita sem soltar um pio. Por quê?
Num paralelo trimétrico de comportamentos, Fernando Collor de Mello teve a ilusão de tentar fazer algo bom pelo Brasil. Fracassou! FHC com o seu neoliberalismo levou o país à ruína com as suas privatizações escandalosas e comissões excrementosas, arrecadas na socapa e nada lhe aconteceu.
Lula, por sua vez, velhaco que é, igual a FHC, tampouco cospe no prato que come. Sabe muito bem quem manda nele e no país. Que outra razão haveria para um operário analfabeto ocupar a presidência?
Portanto, pode roubar algumas migalhas e até fazer do filho idiota um milionário, conquanto o grosso da roubalheira fique para os que o mantêm no palácio e possam roubar mais sem medo de serem tocados.
Nenhuma campanha de impeachment é, foi ou será permitida contra o Lula. Se os índices da popularidade dele baixam, os noticiários e programas de debates surgem salvadores para louvarem as façanhas do facínora. Foi assim com Sarney, FHC e será com todos os Lulas que ocuparem a presidência da República.
Mas eu pulei a cronologia e não comentei a extraordinária façanha eleitoral do sr. Fernando Henrique Cardoso; nem como a “maioria” aplaudiu o seu miraculoso “Plano REAL”; um acrônimo, – pasmem, – do Plano de Revitalização Estruturada da Alemanha Livre.
Mais uma vez a tática da “Homeóstase fundamental...” funcionou muito bem. Ou, como me disse o tal governante depois de ser corrigido, sutilmente, pelo publicitário, o Plano de Educação Popular foi um primor.
Com o “fracasso” do Fernando Collor de Mello na Presidência da República, porque a soberba, idealismo e ingenuidade deste senhor não lhe permitiram vergar a espinha para os donos do Brasil, estes encarregaram-se de encontrar alguém que o substituísse. Obviamente não cairiam no mesmo erro. Isto é, de escolher alguém que lhes cuspisse nos pratos e tivesse a mania de andar esticado.
Um Collor de Mello havia sido suficiente.
Por coincidência malévola do destino encontraram outro Fernando; desta vez Henrique Cardoso; filho de um general da ditadura e com uma coluna vertebral tão maleável quanto um fio de espaguete bem cozido.
Mas havia um problema. Um enorme problema com nome e sobrenome.
Vou ter que fazer uma pausa para descansar. Fartei-me de escrever. Voltarei em breve com a continuação. Até lá, por favor guardem um pouco os seus e-mails balísticos e esperem o novo capítulo... Plim-plim.
Obrigado.