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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Humanidade será bissexual, diz cientista italiano

Fonte: BBC Brasil

Segunda, 20 de agosto de 2007, 10:14 Hs.


Por Assimina Vlahou

Um conhecido cientista italiano está causando grande polêmica na Itália depois de ter apresentado uma teoria dizendo que a espécie humana está caminhando para o bissexualismo.

Durante uma conferência neste fim de semana na região da Toscana, Umberto Veronesi, que é médico e ex-ministro da Saúde, afirmou que a espécie humana deve caminhar para o bissexualismo "como resultado da evolução natural das espécies".

"O homem está perdendo suas características e tende a se transformar numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está se tornando mais masculina. Desta forma a sociedade evolui para um modelo único", afirmou Umberto Veronesi, que é oncologista.

Na opinião do médico, o sexo no futuro será apenas um gesto de demonstração de afeto e não terá fins reprodutivos. Por esta razão, defende, poderá ser praticado entre pessoas de sexos opostos ou não. Em entrevista a jornais italianos, Veronesi reafirmou sua teoria, apontando o fator hormonal como indicador da evolução rumo ao bissexualismo.

"Desde o pós-guerra a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50% porque as mudanças das condições de vida estão fazendo com que a hipófise (glândula responsável pela produção dos hormônios) produza cada vez menos hormônios andrógenos (masculinos)", afirma o oncologista, pioneiro no tratamento de câncer de mama na Itália.

"O homem não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver", diz ele. Com as mulheres, que tem papel cada vez mais ativo na sociedade, acontece o mesmo. Segundo o médico, as mulheres vem produzindo cada vez menos hormônio femininos ao longo dos anos.

"É o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que é positivo porque nasce da busca pela igualdade entre os sexos", afirmou o oncologista ao jornal Corriere della Sera. A menor produção de hormônios acabaria atrofiando os órgãos reprodutivos e criando uma espécie de "preguiça reprodutiva", na avaliação de Umberto Veronesi.

Para o médico o sexo deixou de ser a única forma para procriar desde que novas técnicas foram criadas, como fecundação artificial e a clonagem Na opinião do médico, num futuro não muito próximo, a sociedade poderia ser organizada como o mundo das abelhas. A maior parte de seus membros seria praticamente assexuada e só uma pequena parte se dedicaria à reprodução.

"A diferença é que os homens são inteligentes e isto produz reações sentimentais, além de fisiológicas", afirmou Veronesi. A professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli, concorda com as previsões de Umberto Veronesi.

Ela define este processo como resultado da evolução genética e da mudança de mentalidade, fenômenos que são interligados e se influenciam reciprocamente. "Mas este fenômeno está no começo. Para que tenha uma certa consistência é preciso esperar duas ou três gerações", afirmou Simonelli em entrevista ao Corriere della Sera.

O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha, discorda com a teoria da evoluçao natural para o bissexualismo. "Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isto não pode ser alterado".

Para Facchini, a separaçao entre reprodução e sexualidade humana não é positiva. "Separar a reprodução da sexualidade e do núcleo familiar não pode ser visto como uma vantagem para a espécie humana. A reprodução nao é apenas encontro de gametes, implica relação entre duas pessoas", declarou Facchini ao Corriere della Sera.

Bom, pelo menos o Brasil já está no caminho do futuro. Os homens caminham para a veadagem “au complet”; as mulheres cada vez mais se enrolam entre elas. Os pais acham natural que o filhinho vá se revelando maricas e a filhinha, sapatão. A pedofilia está em alta, a moral em baixa, a ética desapareceu! O Brasil virou também residência oficial da droga internacional. A corrupção floresce a olhos vistos... Que mais falta! Nada. Quem disse que não somos o país do futuro?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Comissários da União Européia têm que criar os seus Blogs!

Do Jornal "O Expresso", de Portugal.

Comissários da União Européia passam a ter blogs. Bruxelas na blogsfera.


Trecho inicial:

“Os comissários europeus adotaram os blogues para opinar sobre os mais variados assuntos, desde as novas tarifas de roaming da UE à reforma do vinho. Margot Wallström, comissária para a Comunicação, foi a primeira a tornar-se bloguista. Os comissários da União Européia têm uma coisa em comum com milhares de internautas em todo o mundo: tornaram-se bloguistas. Adotaram os blogues como instrumento para dar a conhecer as suas opiniões e pormenores das rotinas profissionais e, até, para revelar alguns aspectos das suas vidas pessoais”.



: Aqui no Brasil, Blog virou uma espécie de diário masturbatório das idéias vazias que existem na maioria dos cérebros ocos dos seus donos. 


O grosso deles não tem pés nem cabeça. Esquecem, essas almas impolutas, que blog é um espaço público, com permissão de acesso implícito a qualquer um que o queira ler? 

Vemos blogs servindo de cardápio para anúncios dos dotes físicos e sexuais de uns, procura da meia laranja em outros, discografia e álbum de fotos na maioria deles. 

Os que eu mais gosto são os que misturam tudo isto na mesma página; são de lamentar; não passam de exibicionistas abertos a “voyeurs”, cujo o propósito é anunciar para os amigos que “eu tenho um blog”... para-quê-não-sei-direito-mas tenho! Não importa se a escrita é uma farragem de erros ou se a redação degradante prima pela ausência de sentido para quem a leia, inclusive, até, convicto estou, para o próprio(a) autor(a) que a digitou. E como se plagia... 

E como se divulgam fatos apócrifos...

Há, no entanto, os blogs que defendem idéias, princípios e posturas frente a este ou aquele assunto, com o firme propósito de expressar uma opinião, uma denúncia séria e cabal ou até fazer campanha pelo que se acredita. Estes são os mais interessantes e os de escassa propagação. 


Concordando ou discordando, são, na minha opinião, leituras quase sempre interessantes. Que pena que haja tão poucos.

O preocupante no meio disto tudo é se a moda dos comissários europeus pega nos políticos brasileiros. 


Já imaginaram? Autênticos analfabetos que, na sua esmagadora maioria, mal sabem falar, dignos representantes chocarreiros dos palhaços que os elegeram, porem-se a dar uma de bloguistas como se diz em Portugal, ou de blogueiros, como se fala por aqui? 

Quem quer apostar que em breve o congresso nacional possuirá uma nova categoria de assessor “paralamentar”, o de assessor de blog? Hoje já existem as tais assessorias de imprensa “semanais”... manejadas pela filha, cunhada, amiga, amante do senador, e/ou do deputado, cujas redações, formatos e conteúdos, são um Deus nos acuda. 

Isso sem mencionar as aleivosias e deturpações que, nesses informes, são inseridas.

É um perigo que essa notícia do jornal português se espalhe por aqui. Contudo, há um fato muito interessante: do mal que os jornais europeus falam do Lula, não sai uma linha aqui. Só quando falam bem, porque foram pagos via assessoria internacional. Simpático, não?

domingo, 19 de agosto de 2007

Como pensam os brasileiros

Revista VEJA - Edição 2022 - 22 de agosto de 2007
De Ronaldo França


Um livro prova que, ao contrário do que propalam os esquerdistas, a elite nacional é o farol da modernidade

A julgar pelo que se lê nos jornais e se ouve nas salas de aula das universidades, o Brasil conta com uma elite retrógrada, de valores quase medievais, empenhada em obter toda sorte de privilégios do estado e em explorar a massa trabalhadora.

Essa elite seria tão daninha que qualquer movimento de protesto originado nela, como o "Cansei", já nasceria marcado pela ilegitimidade.

Segundo os arautos desse ponto de vista, em posição antípoda estaria um povo de valores imaculados, dono de uma sabedoria e um senso de justiça naturais e pronto a redimir o país de séculos de iniqüidade.

Basta um pouco de distanciamento para ver que se trata de um maniqueísmo tolo, típico da rasa cachola esquerdista brasileira.
Elite é muito mais do que sinônimo de "rico".

Como registram os dicionários, é uma palavra de origem francesa que significa "o que há de melhor numa sociedade ou grupo".

Dela fazem parte profissionais liberais, cientistas, atletas, empresários, políticos (não todos, infelizmente).

Só uma nação que conta com uma elite com iniciativa, energia criadora, conhecimento avançado e valores democráticos tem chance de desenvolver-se.

É por meio de suas ações e de seu exemplo que o conjunto da população termina ascendendo também, tanto no plano educacional e cultural como no profissional.

Isso está longe de ser teoria romântica. É fato verificável no bloco dos países que hoje compõem o clube dos desenvolvidos.

Ao deixar de lado os estereótipos falidos, é possível verificar que a realidade brasileira estampa feições que costumam passar despercebidas. Uma prova disso emerge da leitura de A Cabeça do Brasileiro (Record; 280 páginas; 42 reais), do sociólogo Alberto Carlos Almeida, que chega às livrarias nesta semana.

O livro traz os resultados da Pesquisa Social Brasileira, um levantamento no qual se investigaram os principais valores presentes no cotidiano social, econômico e político nacional.

Enfim, o que se pode denominar de "o pensamento do brasileiro".

O que se tem ali é uma radiografia de nitidez impressionante, que afirma principalmente como o papel da elite na construção de um Brasil moderno é crucial.

A parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos.

Se todas as pessoas em idade escolar estivessem em sala de aula hoje, a pleno vapor, o Brasil acordaria uma nação moderna no dia 1º de janeiro de 2025 – depois de um ciclo completo de educação.

Os brasileiros passariam a ter baixíssima tolerância à corrupção e esperariam menos benesses de um estado protetor.

Funcionários públicos ineficientes e aproveitadores seriam uma raça em extinção.

Os cidadãos lutariam mais por seu futuro, em vez de se entregar distraidamente à loteria do destino.

Nesse país, as pessoas de qualquer credo ou classe social se veriam como portadoras de direitos iguais.

As diferenças sexuais seriam mais respeitadas.

Provavelmente pouquíssimos endossariam a frase estampada no alto da página 87 – "Se alguém é eleito para um cargo público, deve usá-lo em benefício próprio".

A Pesquisa Social Brasileira foi realizada pelo instituto DataUff (Universidade Federal Fluminense) e financiada pela Fundação Ford.

Foram ouvidas 2.363 pessoas, em 102 municípios.

O Coordenador do trabalho, Almeida optou pela mesma metodologia utilizada pela General Social Survey, a maior pesquisa social dos Estados Unidos, realizada a cada dois anos, desde 1972, pela Universidade de Chicago.

O levantamento expressa a opinião dos brasileiros sobre diversos temas. Não pretende, é importante ressaltar, revelar como agem.

A pesquisa é sobretudo a respeito da ética nacional ou das várias éticas que convivem no interior do país.

Pegue-se o exemplo do "jeitinho".

A maioria esmagadora da população já lançou mão dele para resolver problemas. De acordo com Almeida, essa parcela equivale a dois terços da população. Mas ele não é aprovado na mesma proporção quando se leva em conta o grau de escolaridade.

O "jeitinho" é chancelado como algo válido por quase 60% dos analfabetos.

Entre os que têm nível superior, porém, esse índice cai praticamente à metade.

Essas discrepâncias também se revelam grandes quanto a outros temas. No universo dos que têm pouca ou nenhuma educação, a taxa dos que aprovam a violência policial oscila entre 40% e 50%.

Já a dos que a desaprovam entre os mais escolarizados chega a 86%.


A pesquisa se ocupou, ainda, de um aspecto bastante danoso da vida nacional, o patrimonialismo.

Ele não é uma invenção brasileira, como os impostos provisórios eternos.

Quem melhor o investigou foi o sociólogo alemão Max Weber, que inspirou gerações de estudiosos.

No Brasil, surgiu como forma de organização social no século XVI, com as grandes concessões de terra, as capitanias hereditárias. E por aqui fincou raízes fortes.

Uma das conseqüências do patrimonialismo é a confusão entre o público e o privado.

A pesquisa de Almeida mediu-a por meio da frase "Cada um deve cuidar somente do que é seu, e o governo cuida do que é público". Ela obteve a concordância de 74% dos que foram ouvidos.

Quando se analisa esse mesmo dado à luz da escolaridade, contudo, vê-se a falta que a sala de aula faz.

No universo dos analfabetos, 80% não conseguem enxergar o papel do cidadão no cuidado com a coisa pública. Entre os que têm nível superior, o porcentual diminui para 53%.

"HOJE, A MAIORIA DOS BRASILEIROS AINDA TEM BAIXA ESCOLARIZAÇÃO e, portanto, uma visão mais arcaica da sociedade", afirma Almeida. "Mas é evidente que a educação tornará majoritária no país a parcela da população que tem uma visão mais moderna. O processo é irreversível."

A divisão entre arcaico e moderno, embora em desuso por boa parte dos cientistas sociais, é a que define com mais clareza o abismo entre as duas visões de mundo.

Para verificar a profundidade dessas diferenças, o autor de A Cabeça do Brasileiro não recorreu a nenhum expediente extraordinário. Apenas aferiu, por meio de perguntas, a indulgência com situações cotidianas.

A sua pesquisa tem o poder de iluminar os principais aspectos da vida nacional. Os dados obtidos reforçam o que o imperador dom Pedro II já sabia: sem um esforço para universalizar a educação, a sociedade brasileira continuará patinando material e moralmente.

Como nota Almeida, num país mais escolarizado a cena de um Severino Cavalcanti sentado na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados nunca teria ocorrido. "Os eleitores de Severino, em sua maioria de baixa escolaridade e residentes em cidades pequenas do interior do Nordeste, tendem a não condenar o comportamento desse político, que defendia abertamente a contratação de parentes", constata o autor.

A CORRUPÇÃO, ESSA PRAGA TÃO DESTRUIDORA QUANTO A SAÚVA O ERA NOS TEMPOS DO CICLO DO CAFÉ, TEM O BENEPLÁCITO DA MAIORIA DOS ILETRADOS. Isso ficou claro quando se colocou a seguinte pergunta: "Como considerar a atitude do funcionário público que ajuda uma empresa a ganhar um contrato no governo e depois recebe dela um presente de Natal?".

Para 80% dos que não sabem ler ou escrever, isso é apenas um "favor" ou um "jeitinho".

Para 72% dos que concluíram a universidade, é corrupção e ponto final.

Voltando à frase do segundo parágrafo desta reportagem, entre os analfabetos 40% acham que uma pessoa eleita para um cargo público deve usá-lo em benefício próprio.

Dos que atravessaram todo o ensino superior, somente 3% pensam assim. O mesmo contraste é percebido quando o tema é a intervenção do estado na economia.

Incríveis 90% dos analfabetos acham que o governo deve socorrer empresas em dificuldades.

Entre os que têm nível superior, apenas 27% concordam inteiramente com isso e 37% aceitam a atitude em alguns casos.

Ainda mais preocupante é a proporção de iletrados que apóiam a censura governamental. Para quase 60% deles, "programas de TV que fazem críticas ao governo devem ser proibidos", contra somente 8% dos que exibem nível superior.

Dá para ver de onde os partidários da tentação autoritária tiram seu entusiasmo liberticida.

Um capítulo delicado do livro é o que trata da percepção dos brasileiros em relação à cor da pele.

O autor pediu aos entrevistados que atribuíssem qualidades ou defeitos a homens brancos, negros e pardos retratados em fotografias.

Aos brancos foram atribuídas mais qualidades positivas, como inteligência, honestidade e modos educados.

Os negros ficaram em segundo lugar.

Quanto aos pardos, além de ficar atrás no que se refere aos aspectos positivos, eles são mais relacionados a características negativas (veja quadro). Com base nesses dados e em cruzamentos mais específicos, como o que relaciona a cor da pele a profissões de maior ou menor prestígio, com vantagem para os brancos, Almeida refuta a tese de que um dos maiores problemas brasileiros é o preconceito social, e não o racial.

Mas talvez seja o contrário: pardos e negros são percebidos de modo mais negativo justamente por continuar a figurar em maior número, por causa de circunstâncias históricas, na base da pirâmide social, onde as oportunidades são menores e a marginalidade é maior.

Seja como for, a pesquisa funciona como combustível para uma discussão que precisa continuar.

"A pesquisa que compõe A Cabeça do Brasileiro é algo monumental. Tem o mérito de testar quantitativamente tudo o que nós estudamos. Nunca foi feito algo parecido", diz o antropólogo Roberto DaMatta.

É também por meio de trabalhos como esse, com conclusões que fogem aos lugares-comuns e apontam na direção da necessidade de universalizar a educação e acelerar a marcha rumo à modernidade – o que significa uma ampliação da classe média, ou seja, da elite –, que talvez um dia o país possa deixar de caber na seguinte descrição do escritor Paulo Mendes Campos: "Imaginemos um ser humano monstruoso que tivesse a metade da cabeça tomada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem; um pulmão sadio, o outro comido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; uma orelha lesada, a outra perfeita; o estômago em ótimas condições, o intestino carcomido de vermes".

"Esse monstro é o Brasil: falta-lhe alarmantemente o mínimo de uniformidade social".


Agora sim, está explicado por que o sapão barbudo é presidente "destepaiz" o qual está roubando, DES-CA-RA-DA-MEN-TE e ninguém faz nada.

A maioria é iletrada, analfabeta e, como se fosse pouco, burra!

Tem até uma leitora deste blog que me acha vil, por combater tudo isso que faz "destepaiz" um país de "narizes de palhaços".

Agora entendo o Brasil!

Revista VEJA - Edição 2022 - 22 de agosto de 2007
Ilustrações Atômica Studio



Aplausos, de pé, para Roberto Pompeu de Toledo

REVISTA VEJA – Edição 2022 – 22 de agosto de 2007

Ensaio: Roberto Pompeu de Toledo

"O Brasil é isso mesmo que está aí"

O terrível parecer, de alguém que conhece o assunto, reforça uma sensação que paira no ar

Os distraídos talvez ainda não tenham percebido, mas o Brasil acabou. Sinais disso foram se acumulando, nos últimos meses: a falência do Congresso e de outras instituições, a inoperância do governo, a crise aérea, o geral desarranjo da infra-estrutura. A esses fatores, evidenciados por acontecimentos recentes, somam-se outros, crônicos, como a escola que não ensina, os hospitais que não curam, a polícia que não policia, a Justiça que não faz justiça, a violência, a corrupção, a miséria, as desigualdades. Se alguma dúvida restasse, ela se desfaz no parecer autorizado como poucos de um Fernando Henrique Cardoso, cujas credenciais somam oito anos de exercício da Presidência da República a mais de meio século de estudo do Brasil. "Que ninguém se engane: o Brasil é isso mesmo que está aí", declara ele, numa reportagem de João Moreira Salles na revista Piauí.

Ora, direis, como afirmar que o Brasil acabou? Certo perdeste o senso, pois, se estamos todos ainda morando, comendo, dormindo, pagando as contas, indo às compras, nos divertindo, sofrendo, amando e nos exasperando num lugar chamado Brasil, é porque ele ainda existe. Eu vos direi, no entanto, que, quando acaba a esperança, junto com ela acaba a coisa à qual a esperança se destinava. É à esperança no Brasil que o sociólogo-presidente se refere. Para ele, o Brasil jamais conhecerá um crescimento como o da China ou o da Índia. "Continuaremos nessa falta de entusiasmo, nesse desânimo", diz. O prognóstico é tão mais terrível quanto coincide com – e reforça – o sentimento que ultimamente tomou conta mesmo de quem não é sociólogo nem nunca conheceu por experiência própria os mecanismos de governo e de poder.

O Brasil que "é isso mesmo" é o das adolescentes grávidas e dos adolescentes a serviço do tráfico, das mães que tocam lares sem marido, das religiões que tomam dinheiro dos fiéis, dos recordes mundiais de assassinatos e de mortos em acidentes automobilísticos, dos presos que comandam de suas células o crime organizado, dos trabalhadores que gastam três horas para ir e três horas para voltar do trabalho, das cidades sujas, das ruas esburacadas.

Procura-se o governo e... não há governo. Há muito que nem o presidente, nem os governadores, nem os prefeitos mandam. Quem manda é a trindade formada pelas corporações, máfias e cartéis. Não há governo que se imponha a corporações como a dos policiais, ou a dos professores, ou a dos funcionários das estatais. Não há o que vença as máfias dos políticos craques em arrancar para seus apaniguados cargos em que possam distribuir favores e roubar. Para enfrentar – ou, humildemente, tentar enfrentar – cartéis como o das companhias aéreas, só em época em que elas estão fragilizadas, como agora. Às vezes os cartéis se aliam às máfias, em outras se transmudam nelas. Em outras ainda são as corporações que, quando não se aliam, se transformam em máfias. Em todos os casos, o interesse público, em tese corporificado pelos governos, não é forte o bastante para dobrar os fragmentados interesses privados.

A tais males soma-se o cinismo. Não há outra palavra para descrever o projeto, supostamente de fidelidade partidária, aprovado na semana passada na Câmara. O projeto, muito ao contrário de punir ou coibir os trânsfugas, perdoa-lhes o passado e garante-lhes o futuro. Quanto ao passado, estão anistiados os parlamentares que trocaram de partido e que por isso, no entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, deveriam perder o mandato. No que concerne ao futuro, o projeto estabelece que a cada quatro anos os parlamentares terão folga de um mês na regra da fidelidade partidária, pois ninguém é de ferro, e estarão abertos a negócios e oportunidades. Estamos diante de uma das mais originais contribuições da imaginação brasileira ao repertório universal de regras político-eleitorais. Para concorrer a uma eleição, o candidato deve estar filiado a um partido há pelo menos um ano. Mas, segundo o projeto, no mês que antecede a esse ano de jejum o candidato pode trocar o partido pelo qual foi eleito por outro. Como a eleição é sempre em outubro, esse mês será o setembro do ano anterior. Eis o Carnaval transferido para setembro. O projeto é uma esposa compreensiva que, no Carnaval, libera o marido para a gandaia.

FHC não era tão descrente. No parágrafo final do livro A Arte da Política, em que rememora os anos de Presidência, escreveu: "Se houve no passado recente quem empunhasse a bandeira das reformas, da democracia e do progresso, não faltará quem possa olhar para a frente e levar adiante as transformações necessárias para restabelecer a confiança em nós mesmos e no futuro desse grande país". Na reportagem da revista Piauí, ele não poupa nem seu próprio governo: "No meu governo, universalizamos o acesso à escola, mas pra quê? O que se ensina ali é um desastre". Pálidos de espanto, como no soneto de Bilac, assistimos à desintegração da esperança na pátria, o que equivale a dizer que é a pátria mesma que se desintegra aos nossos olhos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Anatomia de uma fraude à Constituição de 1988

Nelson Jobim
A Besta; O Traidor; O Fraudador
Elaborado em 08.2006. [ 1 ano atrás ]
De Adriano Benayon e Pedro Antônio Dourado de Rezende


O dolo é elemento inerente ao crime de estelionato, agravado pelo fato de a matéria jamais ter sido ventilada em qualquer etapa do processo legislativo da Constituinte. Com efeito, os interessados no conteúdo contrabandeado para dentro da Carta Magna nunca trataram da questão em público, à luz de todos, embora tivessem tido incontáveis oportunidades para isso, durante os quase dois anos da Constituinte.

O Procurador Marco Aurélio Dutra Aydos, em seu artigo "Quinze anos sem corte constitucional", publicado em 11.11.2003 (A.6.4), comenta:

"Além da saudável indignação com a confissão, pelo Ministro Jobim, de que possui um caráter inconstitucional e não adquiriu jamais a condição subjetiva exigida pela Constituição para integrar o Supremo Tribunal Federal, a opinião pública informal, juridicamente esclarecida, manifestou certa satisfação, como aquele da vítima que durante anos procura o autor do crime e finalmente o encontra. E, ainda melhor, por confissão espontânea.

Que a Constituição havia sido defraudada desde a origem, sabíamos todos os que lemos os comentários de José Afonso da Silva, a respeito do modo ardiloso com que se insinuou no texto constitucional a matéria nada inofensiva da "medida provisória".

Do Brasil que "não é uma fraude" já surgem provocações para a retomada da dignidade do cargo da mão dos que abusam da Constituição. Devia haver um tipo penal que dissesse que um Ministro do Supremo Tribunal Federal não pode atentar reiteradamente contra a dignidade da Constituição, e nesse caso o "escândalo" Jobim seria apenas o último caso ilustrativo de uma conduta permanente. Na falta do tipo mais específico, com certeza é quebra de decoro a permanência do Ministro Jobim no Supremo Tribunal Federal. Antes mesmo de que seja formalmente denunciado, seria melhor que renunciasse, o que é mais digno .

A questão não é punir o deputado constituinte Nelson Jobim por fraudes que praticou há 15 anos, mas afastá-lo do Supremo hoje porque enganou a soberania nacional quando se apresentou como candidato a Ministro do Supremo Tribunal Federal como se fosse um cidadão de reconhecida idoneidade. A conduta fraudulenta que foi confessada demonstra que o Ministro não é pessoa idônea, e essa qualidade é permanentemente ofensiva, e por isso não é esquecida pela prescrição. A confissão sobre a fraude de 15 anos é confissão de que o Ministro é portador de um traço de caráter inconstitucional que não tem meios de convalescer
."

Ao evocar a permanência ofensiva desse traço de caráter do Ministro, o ilustre Procurador da República foi econômico. Omitiu vários outros atos em que esse mesmo traço também se manifestou, antes e depois da alegada fraude à Constituição.

E agora o sr. Nelson Jobim, que já demonstrou outras vezes o seu caráter para o delito, é ministro da defesa, nomeado por ninguém menos que... pelo maior mentiroso do Brasil, o sr. Lula da Silva.

E nós, cidadãos honestos, temos de agüentar tamanha afronta à ética?

Somos aves raras no meio da pusilanimidade que caracteriza o povo brasileiro?

Não temos coragem de dar um basta?

Somos tão covardes assim?


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