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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sobre Farsas – de Merval Pereira

Acabo de ler o artigo “Sobre Farsas”, publicado hoje por Merval Pereira, onde o ilustre plumitivo abre um parêntesis para explicar aos “petistas desavisados” o significado da palavra “energúmeno”.

Eu tive que rir. E ri muito. Leia o artigo «AQUI»

Ri, não do texto, o qual concordo plenamente, nem do periodista, embora este algum motejo me cause, mas de reminiscências longínquas que me fizeram recordar expressões ignorantes e iletradas de petistas diante de palavras semelhantes, cujo significado sequer compreendiam e quase sempre, aos berros, pretendiam entender... geralmente o contrário.

Recordei-me do sorriso enaltecido de Marilena Chauí quando a chamei de “alborqueira da filosofia” e da fúria desembestada, dias depois, que jogou sobre mim quando descobriu o significado.

Nem só para plagiar teses ela tem aptidão. José Guilherme Merquior que o diga. (Relembre «AQUI»). Ela também sabe procurar no dicionário.

Lembrei-me ainda do sorriso envaidecido, quase altaneiro da Marta Suplicy quando, audacioso, num jantar sentado ao lado dela, a descrevi como “a abécula da política”. A Martaxa achou que a comparava a uma flor; Até disse “obrigado” e que eu era muito simpático.

É claro que sou!

Nunca cheguei a saber se a então prefeita de S. Paulo alguma vez descobriu o significado de abécula.

Merval usa o substantivo “energúmeno” para adjetivar o Lula como “fanático” (!?).

Fanático? Gostei do eufemismo. Sem dúvida os meus são mais lúdicos. Por isso sou simpático.

Mas, em se tratando do Lula e da sua meliante caterva, por onde sobra esperteza, burrice e maus fígados, – e falta completamente honestidade e inteligência, – o substantivo escolhido é até galanteador... se os petistas procurarem o significado no dicionário Aurélio.

Tal como Merval, creio que é o único que conhecem.

Na minha época de PT por lá faltava dicionário e havia excesso de preguiça em abrir um que para lá levei.

Entretanto, se abrirmos o dicionário Houaiss, muito mais técnico, completo e detalhado que o Aurélio, poderemos ler:

Energúmeno:
Substantivo masculino:
1 – Diacronismo obsoleto: – possuído pelo demônio; possesso.
2 – Derivação por extensão de sentido: – indivíduo que, exaltado, grita e gesticula excessivamente.
3 – Derivação, sentido figurado: – indivíduo desprezível, que não merece confiança; boçal, ignorante.

De forma simples, direta e condensada numa só palavra, o jornalista, que entende bem de farsas, descreve exatamente o que o Lula é: um indivíduo possuído pelo capeta; um sujeito ab-reptício que, exaltado, grita e gesticula desmesurado, mostrando nesse comportamento que é um homem desprezível, que não merece confiança; que é um boçal; um ignorante apoiado por 80% de brasileiros tão pérfidos, possessos, mentecaptos e abomináveis quanto.

O Lula apenas mostra o que sempre foi; e que Duda Mendonça, como bom baiano, disfarçou. Os brasileiros, acéfalos, admiram.

Não surpreende, portanto, que Lula tenha escolhido uma criatura com os mesmos predicados para substituí-lo.

Merval Pereira não é exatamente o meu jornalista predileto, nem de longe o mais admirado, porém, como já disse um homem sábio: “ninguém é tão grande que não tenha o que aprender, nem tão pequeno que não tenha o que ensinar”.

Louvadas sejam as forças ocultas e as influências globais, no espaço dado ao contraditório, que fizeram Merval usar o lápis de ponta azul.

Luis Inácio Lula da Silva é realmente “Oenergúmeno por excelência, no sentido mais lato, verdadeiro e aplicável da palavra! Pena que o jornalista só tenha descoberto isso agora e não há oito anos atrás quando escrevia com lápis de ponta vermelha... ou há quatro anos atrás... antes de ir para New York e na volta ter virado diretor.

sábado, 16 de outubro de 2010

A candidata e sua túnica de Arístipo


Conta a história que Arístipo, filósofo grego, certo dia resolveu mostrar a sua sabedoria e humildade a todos os que o acusavam do contrário. 

Para isso vestiu-se com uma túnica velha, cheia de buracos, pegou o cajado da Filosofia e saiu caminhando pelas ruas de Atenas. 

Quando Sócrates o viu ao longe, gritou-lhe: – Oh, Arístipo!... até daqui se vê a tua vaidade pelos buracos da túnica!

As neo-fingidas crenças de Dilma Rousseff assemelham-se à vaidade disfarçada de Arístipo.

O Lula recorda-me o mesmo. Apenas pior. Porque Lula é um crápula desde criancinha e Dilma só uma idiota incompetente, metida a macho que um dia, por falta do que fazer, deu para exercitar a índole brasileira e assaltou um cofre para se abotoar com o dinheiro.

O baiano Duda Mendonça criou o Lulinha-paz-e-amor para disfarçar o espírito maratiano de Lula-ódio-e-rancor, crítico, reprimido e sufocado. Deu certo. Afinal de contas é tradição baiana vender gato por lebre; especialmente para brasileiros que pedem a gritos para alguém os enganar, pois só assim conseguem exalar a amargura da alma e berrar aos microfones: – Queremos justiça!

Pena que nunca apareceu uma Charlotte Corday para dar ao Lula a justiça merecida.

Mas Charlotte Corday era francesa e no Brasil a preferência é por Dilmas Rousseffs.

Dilma Rousseff que já foi conhecida como Dilminha no palácio da Alvorada; depois Dilmásia, em Minas Gerais; no nordeste ainda hoje é “a mul’er” do Lula; nos blogs virou Dilmula e, recentemente, Dilmão


Se continuar travestindo-se ao sabor do espírito maratiano, não haverá baiano que dê jeito. Para o dia da eleição terá barba, um metro e meio de altura e nove dedos. 

Os “cumpanhero” do PT chama-la-ão de santa Dilula, beata devota que abandonou o retiro espiritual para cumprir a vontade divina de se candidatar à presidência do Brasil... para lutar contra a descriminalização do aborto.

Nunca tantos apelidos fizeram jus à criatura e ao caráter do seu criador.

Jamais havia visto alguém usar metaforicamente a túnica de Arístipo para submeter-se voluntária e escancaradamente ao deboche público, como se privasse a si própria da capacidade de pensar ou de tomar decisões que a afetam como mulher independente que sempre foi.

Como terrorista... atéia e pró-aborto que já foi também.

Pelo menos as camadas de verniz que o baiano deu no Lula duraram mais que a túnica que puseram na Dilma.

Quando leio as entrevistas dessa “mul’er”, ou a assisto nalgum vídeo no You Tube, tenho a impressão que em cada palavra dela se esconde um delito. Simboliza bem a túnica esfarrapada de Arístipo que o PT vestiu na busca de evasivas para iludir os próprios defeitos...

Defeitos que continuamos a ver claramente, mesmo de longe, por entre os buracos da túnica.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pesquisas brasileiras.

Pesquisar é procurar respostas para o que se deseja saber. Óbvio! Uma pesquisa é realizada quando se tem uma dúvida e não existem informações para solucioná-la. É evidente!

Entretanto, no Brasil, estas premissas parecem não resultar tão claras assim. Especialmente em épocas eleitorais, quando os brasileiros escolhem quem vai governá-los por quatro anos; sem sequer saberem uma vírgula sobre o passado dos escolhidos; nem mesmo se são pessoas honestas.

A pesquisa nem é considerada. Embora, com a facilidade da internet, os brasileiros apareçam como o segundo ou terceiro povo do mundo com mais horas grudado à telinha; às vezes com ares de investigadores compulsivos; alguns apenas curiosos; a maioria surfando pelo Orkut ou em salas de bate-papo à procura de um novo amor ou sexo casual.

Em épocas eleitorais os brasileiros demonstram não ter problemas em relação aos currículos dos candidatos. Um folheto jogado a esmo na rua, com foto e número de um postulante, muitas vezes basta para escolherem a quem vão dar o voto.

Falta-lhes informação, é verdade! Inteligência também. Mas quem se importa? Sobretudo, se o salário acaba geralmente no inicio do mês e a solução é dever tudo ao crediário?

Paradoxalmente, para o entendimento brasileiro, nas eleições não existem votos a crédito. Nada seria mais apropriado dentro da concepção e viver nacional. Mas existem créditos para os votos. Os tucanos inventaram; os petistas aperfeiçoaram; e os brasileiros descobriram como é bom votar com a mão no bolso.

Talvez não seja o seu caso, caro leitor. Você deve ser um perscrutador, e dos bons. E bem informado. Se descobriu este blog e o lê com certa assiduidade, certamente deve ter esquadrinhado bastante sobre os problemas do Brasil... Ou... talvez... tanta freqüência seja só uma forma carinhosa de demonstrar-me a sua enorme paciência diante da minha preguiça em atualizá-los mais amiúde...

Continue paciente. Agradeço penhorado. Passarei a incluir o seu clique neste blog na investigação explicativa: a que desenvolvo “exaustivamente” para identificar os fatores determinantes do fenômeno de você e mais dois estarem sempre por aqui.

Tenho o maior apreço por pesquisadores.

Toda a pesquisa é basicamente um processo sistemático de construção do conhecimento. É uma investigação minuciosa com o fim de obter informações precisas sobre algo ou corroborar, refutar e até prever com determinada antecedência o resultado de alguma coisa.

Existem variadas formas e domínios onde são desenvolvidas. Para alguns têm caráter pragmático. Para outros são atividades básicas, inerentes às diversas ciências, na investigação e descoberta da realidade. 


No Brasil, em termos eleitorais, as pesquisas são alavancas poderosas a impulsionar os candidatos que as podem pagar e um incentivo para doações financeiras.

O assunto é vasto e complexo como certamente você sabe. Por conseguinte, vou deter-me apenas nas pesquisas realizadas por institutos, sobre os quais possuo algum conhecimento; inclusive como nasceram, como fabricam os resultados e como os divulgam.

Eu escrevi: como fabricam os resultados e como os divulgam!

Se você acredita nas pesquisas brasileiras, pare de ler! Agora! Por favor! Não quero ser responsável por quebrantar a sua fé. Sou a favor da liberdade de crença.

Quatro anos atrás, pouco antes de sair do Brasil, havia no país algo em torno de 125 institutos de opinião pública registrados junto aos tribunais eleitorais de 17 Estados. Hoje não sei quantos há. A maioria era de pequenas empresas voltadas apenas para os mercados locais.

Dos pequenos pouco há o que escrever. Salvo dois ou três muito esforçados, por vezes precisos, o resto é resto. 


Também não quero espraiar-me sobre o instituto do Silvio Santos, o Datanexus. O propósito dele é provar para o dono do SBT o quanto os demais institutos, – especialmente o Ibope a mando da Globo, – sacaneiam a sua emissora. E tem provado.

Quanto ao Databrain, a ovelha negra do curral, o leitor terá de saber mais nas páginas policiais. Não aqui. Este instituto, comandado por Carlos Oliveira, está há anos impedido judicialmente de divulgar pesquisas em várias capitais e até Estados inteiros do Brasil.


Digamos... os produtos que esse senhor chama de "Kits" e oferece a candidatos, com apoio da revista "Isto É", são impróprios para consumo. Assim como a revista.

Enfim...

Quanto aos grandes, em termos de atuação nacional, – Sensus, Ibope, Vox Populi e Data-Folha, – especializados em pesquisas de opinião, nenhum dos quatro inspira igualmente confiabilidade quando se trata de levar em conta os resultados publicados; já seja por suas origens e laços empresariais ou pela dependência financeira que enfrentam ultimamente.

Veja só:

O Instituto SENSUS, o mais novo da quatrinca, fundado em 1987 por petistas, trabalha praticamente para a Confederação Nacional dos Transportes, unida por cordão umbilical ao Ministério dos Transportes. Portanto, e por isso mesmo, desde a sua fundação, – mais após o PT chegar ao governo, – é um instituto com viés sectarista.

Sua expertise?: – Receber “encomendas especiais”, para pesquisas federais, “isentas de contaminação política”.

Bonito, não? Se fosse verdade!

O Sensus é especialista em captar as oscilações ascendentes da popularidade do Lula e de governadores do PT, bem como da opinião “positiva” dos brasileiros sobre o assunto cabeludo do momento.

O Leitor ainda se recorda da opinião dos brasileiros sobre o mensalão?

Em termos profissionais... Bom, vou ser simpático: É um grupo de amadores! Vive em busca do ótimo... da verdade absoluta. No entanto, invariavelmente, acaba sempre por apresentar uma somatória de incompetências e negligências com resultados abaixo do medíocre. 


O pessoal de campo é demasiado jovem, mal treinado e com baixíssima escolaridade. 


De todos os Institutos é o menos confiável; tanto para o cliente como para a opinião pública considerar o que publica.

Só nos Blogs e jornalista a soldo do PT encontra consideração.

O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) é o decano de todos eles. Foi fundado em 1942, por Auricélio Penteado, dono da extinta Rádio Cosmos Paulista. A sua grande expansão ocorreu a partir de 1959-1960 quando começou a prestar serviços para o famigerado Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD); uma organização anticomunista fundada por um escroque chamado Ivan Hasslocher, financiado pelo serviço de inteligência norte-americano (C.I.A.), e por parte da elite empresarial brasileira.

Com o IBAD o Ibope instruiu-se nas técnicas aplicadas até hoje para o pastoreio da opinião dos brasileiros. 


Os vínculos xifópagos com as Organizações Marinho só se desenvolveram vicejantes a partir de 1965, com o nascimento da TV Globo. O Ibope tornou-se o seu mais devotado instituto de pesquisas; fidelidade que dura até hoje. A sua atuação para os amigos da Rede Globo é impressionante.

Uma das mais escabrosas, recordemos, ocorreu em Manaus, em 2006, quando Amazonino Mendes, na época do PFL, hoje o quase extinto DEM, apareceu nas pesquisas com quase 60% das intenções de voto e o adversário, muito mais popular, aparecia com 12% ou 14%. 


Quando se investigou esse fenômeno, apesar da pesquisa ter sido registrada como efetuada em várias cidades do Estado, descobriu-se: - não só que o Ibope inflara os números como realizara a pesquisa somente num grotão onde Amazonino era o “rei da peixada”.

Nas eleições de 2006 casos como este, – envolvendo o Ibope, – eu assisti repetirem-se na Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e, principalmente ao longo da campanha para a eleição presidencial, ao final da qual Lula foi reeleito.

A partir da arapuca montada em 1982, em conjunto com a Proconsult e a Rede Globo (recorde «AQUI»), para tentar impedir a eleição de Leonel Brizola ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, tornou-se difícil separar a personalidade do Ibope dos traços típicos e vontades da TV Globo. 


Em 1994, nos estertores da falência, pelo excelente trabalho realizado para a divulgação do Plano Real e sucesso da eleição de Fernando Henrique Cardoso, o Ibope recebeu “inesperada e generosamente” um aporte de capital milionário gerenciado pela ABAP (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), bancado por agências de publicidade e pela ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), suportada por empresas do tipo Pão de Açúcar, Casas Bahia, Colgate, Fiat, Ford, etc. A partir daí a sua atuação no mercado nacional floresceu, triplicou e expandiu-se pela América Latina até chegar ao México; por enquanto!


Sendo o Ibope quase uma cópia calcográfica do IBAD, a venalidade, o partidarismo e o obscurantismo tornaram-se os ingredientes básicos a temperarem qualquer resultado que divulgue. Porém, pasme leitor, o mesmo não ocorre nos dados enviados nos envelopes, apenas para os olhos do cliente. Neles, a acuracidade é irretocável.

O VOX POPULI deve andar atualmente por volta dos seus vinte e seis ou vinte oito anos de existência. Especializou-se em trabalhar para partidos políticos, jornais e emissoras regionais de TV. 

O pessoal de campo possui baixa escolaridade, péssimo treinamento e pouca diligência nas tarefas a realizar. 

Dos quatro institutos é o que pior paga os funcionários. 


É uma espécie de torre de Babel puxando para bordel da opinião. Já apresentou análises tiradas das pranchetas dos seus executivos. Publicou resultados de pesquisas sem realizar qualquer investigação em campo. 


Em termos de opinião pública já pintou e bordou. 


O cliente praticamente determina as porcentagens que espera divulgar e é atendido. 


O seu presidente e sociólogo, com aura de intelectual, é um neófito petista. O governo do Lula tirou-o do colapso financeiro acumulado no Plano Real; e da bancarrota após a desvalorização do Real em 1998. 


Daí vem o ódio visceral que Marcos Coimbra nutre pelos tucanos e destila pelos jornais e blogs que lhe dão abrigo... ou paga para se abrigar.

O DATAFOLHA tem praticamente a mesma idade do Vox Populi. Talvez seja um ou dois anos mais velho. (Estou com preguiça de verificar essa minudência). 


Do começo até final dos anos 90 foi um grande instituto. Foi mesmo!


Na primeira década do século XXI deixou de sê-lo. 


Como tudo no Brasil, o que começa bem é obrigado a desvirtuar-se pelo caminho se quiser sobreviver. Mas, se mal recordo, ainda hoje o seu principal cliente é o jornal Folha de S. Paulo, também financeiramente combalido. 


O pessoal de campo é composto majoritariamente por universitários, conquanto isso diferença alguma represente em relação aos demais. Especialmente nestes últimos anos, – por problemas de caixa, – ter baixado o nível de seleção dos entrevistadores e estes, embora cursando universidades, não possuam conhecimentos sequer para sentarem nos bancos dessas instituições de ensino. 


Obviamente a qualidade das suas pesquisas no passado caiu drasticamente e hoje, como se viu nas eleições de 2004/06 e nas de 3 de outubro passado, erra tanto ou mais quanto os concorrentes. 


No entanto, a metodologia que aplica nas suas análises é a única coisa que o distingue da concorrência. O Datafolha opta por entrevistas aleatórias nas ruas, baseado em critérios de aparência, idade ou região, enquanto os outros três visitam bairros para colher a opinião dos moradores das residências.


Vou poupar o leitor dos métodos aplicados por esses institutos. É um assunto chato.

Contudo, se nos debruçarmos sobre os resultados noticiados por essas quatro empresas, nos últimos vinte anos, veremos uma fileira de descrédito em ascensão. Mas isso não significa propriamente que os clientes delas tenham sido ludibriados. Cuidado! Não dê ouvidos às maledicências.

Uma coisa são os resultados publicados pela imprensa; outra, muito distinta, os entregues ao cliente. Por vezes, as sutilezas entre um papel e outro são abissais; por isso determinadas jornalistas confundem “tomada com nariz de porco”...

Enfim...

Pesquisas de opinião não são baratas. Contudo, neste apagar da era lulista, nenhum dos brasileiros se pergunta quem paga essa avalanche de análises que estão sendo divulgadas praticamente dia sim e o outro também. 


Também ninguém compara a periodicidade desses trabalhos atuais com os realizados nas eleições passadas; ou com as de oito anos atrás, para desconfiar que há algo podre no reino da Dinamarca.

Deveriam comparar e logo descobririam quem as paga atualmente.

Adoraria ver a cara dos contribuintes brasileiros quando descobrirem que são eles que pagam para serem enganados.

Em vista do buraco financeiro em que se encontra essa quatrina de pesquisadores, o PT com as chaves dos cofres do banco do Brasil e das empresas estatais na mão, balança-as despudoradamente diante do nariz deles tal qual carroceiro pendura a cenoura diante do focinho do cavalo.

As pesquisas eleitorais no Brasil são fundamentais para a manipulação do processo eleitoral. 


O PT aprendeu que são instrumentos de prospecção, mas, sobretudo, de condução do processo e de captação de fundos; como sempre foram desde que o IBAD e o IBOPE as introduziram no país. 


Obviamente elas são relevantes para a orientação das estratégias de campanha dos candidatos; mas... muito mais importantes, – importantíssimas são – para influenciar e convencer os eleitores. Especialmente os de baixa renda, os quais, coincidência ou não, são também os de baixa compreensão, mas representam milhões de votos.


Milhões de votos que o Lula, tal como os coronéis do passado, espera obter para continuar no poder.

Acanhado será quem pensar que Dilma Rousseff vai ter autonomia para exercer a presidência. Não sabe nem falar coisa com coisa. Só sabe comandar no grito e na intimidação. Nestes dois aspectos é dez vezes pior que o Lula. Se ela não soube gerenciar uma lojinha de R$ 1,99, fez da Petrobras a confusão que se vê hoje nos jornais e transformou a Casa Civil num covil de corruptos, dizer que ela tem capacidade para assumir a presidência da república, com jogo de cintura suficiente para negociar com o Congresso, só pode ser piada.

Portanto, para a Dilma chegar aonde o Lula quer, os institutos de pesquisas de opinião tornaram-se as peças motoras fundamentais para o sucesso da empreitada.

Por uma simples razão:

Os brasileiros acreditam em pesquisas de opinião! 


Como escrevi antes, e é fato comprovado, têm preguiça de saber mais sobre os candidatos, além do que a propaganda eleitoral lhes informa ou do panfleto encontrado na rua. 


Pesquisar nem lhes passa pela cabeça. 


Votam seguindo a tendência do que lhes é mostrado todos os dias na televisão durante os noticiários. Desde a década de 50, do século passado, graças ao IBAD, adotaram como mantra cívico o seguinte conceito: “Quem está à frente nas pesquisas representa a vontade popular. Vai ganhar!”.


Creio que o leitor já ouviu muitas vezes essa frase...

E também esta que complementa a anterior: “Se as pesquisas dão fulano na frente, para quê desperdiçar o voto, votando em quem não tem chances de ganhar?”

Se o leitor me disser que nunca escutou esses dois conceitos, vou fingir que acredito.

O maior patrimônio de um instituto de pesquisas de opinião é a credibilidade que inspira junto ao público. Isto é, ao mostrar com exatidão os resultados das enquetes realizadas, – versus os fatos ocorridos, – a variação das porcentagens não pode sobejar; menos ainda ficar aquém das margens do estudo efetivado.

A exatidão dos resultados é a maior demonstração de confiabilidade de um instituto. No sentido inverso, a inexatidão é o seu maior descrédito.

Quando um instituto demonstra falta de acuracidade constante nos resultados apresentados só há uma conclusão a se chegar: – O instituto não é sério! Ou é formado por incompetentes ou frauda resultados, o que dá no mesmo.

O desespero do Lula para eleger a Dilma subiu tanto que, no pleito de 3 de outubro passado, esses quatro institutos abandonaram de vez o decoro; conseguiram transformar suspeitas veladas em certezas confirmadas. 


Suspeita de que manipulam os resultados; certeza de que trabalham em conluio com a vontade e aspirações petistas com o claro propósito de manipular os eleitores a favor da Dilma.

E isso é o que torna mais graves os erros mostrados nas pesquisas nesta última eleição. A conjuração uniformizada com os petistas só tem uma causa: Dinheiro! Muito dinheiro. E dinheiro é coisa que não falta no PT.

Ah... já ia me esquecendo... E também a marolinha verde (votos na Marina Silva) que as pesquisas não identificaram.

Tadinhos desses institutos! Que dó! São tão ingênuos...

Nenhum dos trabalhos voltados a pesquisas eleitorais, – e o digo com vasto conhecimento de causa e muita indignação, – que esses quatro institutos publicam atualmente é sério, como também não são sérias as pessoas que os comandam e realizam.

Se o fossem, jamais autorizariam a publicação de números que distam da verdade. Muito menos, atribuiriam erros a uma suposta onda verde que “passou desapercebida” durante as enquetes.

Até o Datafolha? Ora, ora! Até tu, Brutus?; foste incapaz de detectar o desastre que a corrupta da Erenice Guerra causou na campanha ou o dislate das declarações da Dilma sobre o aborto? Por isso te apressaste tão ligeiro a ir a campo com uma pesquisa direcionada a esse enfoque?

Foi uma boa jogada, mas o rei está nu!

A acuidade dos diretores desses institutos está apenas direcionada para o cliente que contrata a pesquisa. Quem contrata, paga. Quem paga, determina o que deve ser publicado. A opinião pública que se lixe! Ninguém entende mesmo de porra nenhuma.

Os institutos são privados e não é o povo que os sustenta. Portanto, não dão a mínima para o que o cidadão comum pensa deles ou o arremedo de credibilidade que nele possa despertar o resultado da pesquisa apresentada, nem a falsa opinião que derivada dela possa resultar.

Para esses quatro institutos, até o Datafolha, friso, importa tão-somente suprir o freguês com a melhor informação possível e, cumprido esse objetivo, adequar os resultados obtidos à conveniência e gosto do que o pagador deseja divulgar... sem se comprometer.

– “Se as pesquisas dão fulano na frente, para quê desperdiçar o voto, votando em quem não tem chances de ganhar?” – Certo?

Caso ocorra algum clamor a respeito, seja por parte de jornalistas a soldo da parte contrária, seja por qualquer organismo responsável que descubra a mentira, como aconteceu em 3 de outubro, aparece logo um batalhão de gente para justificar o injustificável ou defender o indefensável.

Até novas pesquisas, recém saídas do forno, ainda fervendo, são lançadas imediatamente ao público para provarem que se houve erro no resultado, não foi intencional.

Os donos desses institutos logo comparecem como “convidados” em programas televisivos, – especialmente da Globo e da Bandeirantes, – para justificarem por A+B, – mais C e D se for preciso, – as metodologias aplicadas; explicações estas geralmente confusas e técnicas demais para mentes habituadas a não pensar.

Ao estilo do sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, todos recusam-se a admitir os erros, (leia-se manipulações) e culpam “as” “metodologias” pelas discrepâncias encontradas. (Veja «AQUI»)

As metodologias são as culpadas?

Isso é a mais pura e deslavada mentira! Até parecem gerentes das agências bancárias a justificar os “erros” de débitos indevidos nas contas correntes. A culpa é do computador.

Como se metodologias e ações do computador não fossem mãos humanas a determiná-las.

Eu gostei mais do Ibope ter inventado a "marola verde". Foi mais criativo; logo copiado pelos outros. Os jornalistas adoraram o apelido. Os blogueiros, idem.

Desses quatro institutos, só o Datafolha afirma não realizar pesquisas para candidatos a cargos políticos. Pelo menos essa é a versão oficial que o seu Diretor-geral, Mauro Paulino, se encarrega de divulgar. 


Contudo, não é bem assim; mas isso é assunto para outro texto. Os demais, entretanto, não têm qualquer constrangimento em fazê-lo, bem como, em temperar um ou outro número ao paladar do cliente; notadamente quando se trata de resultados a serem divulgados pela mídia onde o(s) candidato(s) do governo precisa(m) de certa maquiagem para aparecer(em) bem, quando na verdade está(ão) bem mal.


Assim aconteceu na eleição Lula X Alckmin. Então...

Um candidato bem posicionado numa pesquisa concentra doações... e, se eleito, retribui com prazer contratos super faturados.

Cada instituto, sob a égide de uma metodologia própria, que alega ser diferente da do outro, (a única diferente é a do Datafolha), quando justifica os resultados apurados não poupa palavras nem argumentos. 


Nem poderia! 


A desfaçatez é tão grande que, para inspirarem credibilidade, chegam ao ponto de imitar os institutos americanos ao afirmarem que os estudos apresentados são radiografias da situação, a expressão da realidade... naquele momento... “para mais ou para menos”.

Outra mentira! 


Só quem não entende nada de pesquisas, não conhece os donos desses institutos, os grotões escolhidos onde os entrevistadores são obrigados a trabalhar, – quando são, – e e a forma como essa gente opera, poderá dar-se ao luxo de acreditar em tal patranha.

É o caso da maior parte da população e das empresas brasileiras. 


Como afirmei no início, a vontade de pesquisar dos brasileiros cobre outras vertentes. A vontade de estudar, compreender, memorizar e comparar também é praticamente nula. Acreditam em tudo; até em vaca voadora. Não raciocinam de forma independente. Isso obrigaria o cérebro a funcionar e os neurônios poderiam se desgastar.

Por outro lado, a imprensa em geral encarrega-se de alimentar essa falta de vontade do cidadão ao divulgar como confiáveis apenas os resultados impactantes, deixando os mais importantes para os especialistas, geralmente colegas de profissão, a fim de estes os usarem a bel-prazer, nos seus artigos ao gosto e simpatia de quem os encarregou de escrever.

Se eu pusesse aqui a narrar o que assisti e fui obrigado a participar em matéria de pesquisas eleitorais, um blog inteirinho seria insuficiente para comportar tantas evidências; a maioria documentada e até gravada...

Por exemplo: – A pareceria Rede Globo / IBOPE para a eleição de Fernando Collor de Mello, em 1987


Quem já esqueceu das aparições do elegante corrupto no programa do Chacrinha? Outro caso que recordo, sem muito esforço, foi a causa que gerou o direito de resposta de Leonel Brizola em 1994, o qual Cid Moreira foi obrigado judicialmente a ler durante o Jornal Nacional, (reveja «AQUI»). 


É difícil de esquecer; tanto o que foi dito quanto os requebros desconfortáveis do corpo do apresentador. Outro evento inesquecível, a derrota de Alckmin para Lula, a gota de água que me fez abandonar o Brasil para sempre...


Outro exemplo: – Que pesquisas são essas que mostram o Lula com 80% de popularidade? Isso é quase uma unanimidade. Nem presidente de clube ou técnico de futebol bem sucedidos, com a taça do campeonato nas mãos, conseguem obter tanta aceitação. Você conhece algum país do mundo onde um governante tenha obtido honestamente – algum dia, em algum século – tamanha popularidade? 


Na Coréia do Norte, na velha Rússia comunista e no Burundi, certamente sim, já você me dirá...

Mas no Brasil será isso possível com tanta miséria pojando por todos os lados?; com tantos assaltos, roubos e assassinatos na soleira da porta?; com tantas mães desesperadas de fome matando os próprios filhos? 


Com tanta gente, cada vez mais, nas favelas? 


Com tantos condomínios assaltados?; com tanta corrupção policial?; 


Com tantos escândalos de corrupção na porta ao lado do gabinete do presidente da república?


Espero que o leitor não seja fundamentalista; dos que vêem nas promessas Lula/ Dilma um sinal da bem-aventurança na Terra. Portanto, para terem o celular da moda ou a tela plana de televisão, outra alternativa não terão senão aceitar, obedecer e votar em quem o "grande" líder lhes diga que está à frente nas pesquisas...

O seu barraco vai continuar igual. 


O ônibus que utiliza permanecerá sujo, mal conservado e caro. 

Esgoto e luz elétrica insistirão em ficar longe da sua casa. 

A família continuará a ser destratada nos hospitais sucateados e você seguirá pagando os impostos mais altos do mundo; pois, pobre ou remediado, no governo Lula, paga mais impostos que os ricos, mas isso as pesquisas não mostram.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tiririca, “O” Deputado.

Nunca um apelido fez tanto jus a um indivíduo... e aos eleitores que o elegeram..

Tiririca” para quem ainda não sabe é o nome artístico de Francisco Everardo Oliveira Silva, 45 anos de idade, brasileiro, natural do Ceará, “casado” e amigado diversas vezes, pai de vários filhos, palhaço, cantor e compositor de profissão, hoje eleito Deputado Federal nº. 2222, coligado ao Partido da República (PR) e analfabeto absoluto. Não sabe ler nem escrever.

Dizem que faz uns garranchos à laia de assinatura.

Clique em cima da foto se quiser assistir ao desatino na sua melhor performance.

Tiririca, no dicionário Houaiss, na rubrica angiospermas, aparece como substantivo feminino, de designação comum, atribuído a diferentes plantas consideradas daninhas às plantações. Na rubrica regionalismo, do Rio Grande do Sul, significa punguista ou batedor de carteira. Para o resto do Brasil tem sentido de muito irritado ou furioso. Para a TV Record é sinônimo de humorista, participante do Show do Tom.

Para o agora ex-candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante(PT), muito em breve ex-senador, – aquele que costuma revogar o irrevogável e apresentar manchetes de jornais falsas, – Tiririca é sinônimo de constrangimento, de vergonha, de enfurecimento pessoal. Pelo que li, o nobre senador mandou tirar a foto dele da propaganda eleitoral do candidato Tiririca. Sentiu-se desconfortável ao ver o seu nome e bigode associados a tão estrambótica figura.

Detalhe, o PR, partido pelo qual Tiririca se elegeu com mais de um milhão e trezentos mil votos, apoiava a candidatura de Mercadante, é aliado do governo Lula e, ao mesmo tempo, uma legenda de aluguel para votar a favor de quem mais paga.

Para o Ministério Público Eleitoral, Tiririca significa imputado por falsidade ideológica e passível de condena por esse crime. 


Significa também analfabeto rematado, pois possui provas que o indivíduo não sabe ler nem escrever nada. 

Neste sentido apresentou outra denúncia. 

Porém, o juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira rejeitou o pedido sob o argumento de que a legislação eleitoral, desde a Constituição Federal de 1988, até aos atos infralegais, não exige dos candidatos a cargos eletivos qualquer grau de escolaridade, mediana ou elevada, mas tão-somente noções rudimentares da linguagem pátria.

Em outras palavras, segundo as leis brasileiras, qualquer beócio sem letra e sem escrita, mesmo que fale tupiniquês com sintaxe favelês, pode ser deputado ou presidente da república. Para ser varredor de rua precisa ter obrigatoriamente o segundo grau COMPLETO.

Tem sentido! Nos tempos do império varredor de rua era conhecido eufemisticamente como “escrivão da pena alta”.

Para a ex-esposa, Tiririca é sinônimo de canalha ou cafajeste. Para se livrar de pagar pensão alimentar aos filhos, o presente deputado eleito transferiu para terceiros todos os bens que possui.

Para os indivíduos que o ajudaram e para ele trabalharam por anos, Tiririca significa safado, ladrão, pilantra, filho-da-puta, pois não lhes pagou os salários devidos e hoje responde a processos trabalhistas, cujas indenizações alega não ter como pagar.

Para os moradores dos Jardins, em S. Paulo, ou da Vieira Souto, no Rio de Janeiro, estou certo que Tiririca é o apelido modesto de um sujeito com cara de porteiro de edifício de classe média. 


Um palhaço, de circo pobre, com queda para o bizarro, dono de voz insuportável que é explorado por aqueles que se dizem seus benfeitores.

Para mim, Tiririca é só um ser escatológico, espelho da prosopografia do cidadão brasileiro e reflexo da leviandade e falta de inteligência com que os eleitores tratam o processo eleitoral no Brasil.

Se ele se portar direitinho e tiver um Zé Dirceu para dizer-he o que fazer e como se comportar, tem todas as qualidades e aptidões para ser o Lula do futuro. 


Tiririca bebe como o Lula, fala como o Lula, é analfabeto como o Lula, é nordestino como o Lula e tem o mesmo carisma popular que tem o Lula.

Se hoje eu morasse no Brasil e tivesse um filho, com toda a certeza impedi-lo-ia de estudar. As chances de tornar-se presidente da república seriam enormes.

Entretanto, a despeito do que penso eu ou o Ministério Público Eleitoral, a justiça civil, a justiça trabalhista, ou os moradores dos Jardins e da Vieira Souto, para mais de um milhão de paulistas e paulistanos...

Tiririca significa DEPUTADO FEDERAL; cidadão capaz de velar e defender os interesses do Estado de São Paulo, o mais rico da federação, dentro do Congresso Nacional.
É uma pena! 

Um Estado tão bonito, tão rico, com tantos carros do ano, com tantos pedágios caríssimos e com mais de um milhão de gentios tão deploráveis...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

César Maia e o plural majestático.


Cada vez que leio uma newsletter do César Maia, que ele denomina “Ex-Blog do César Maia”, sempre recordo do Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, e de uma das melhores e mais divertidas épocas da minha vida.

O leitor já entenderá a "conéquissão", como costuma falar um apresentador da TV Record.

No filme, o "Dr. Fantástico", de Kubrick, quando a super-fortaleza norte-americana foge do controle aéreo e se dirige a Moscow, para jogar uma bomba atômica, o presidente dos Estados Unidos pega o telefone vermelho e fala com o presidente soviético: – "Nikita, um avião dos nossos vai jogar uma bomba atômica em cima de vocês. Eu lamento muito!". Nikita responde furioso: "Eu lamento muito mais do que você!".

Quanto à melhor época da minha vida, certa vez fui contratado por uma empresa, cujo presidente tinha a peculiaridade de se expressar na primeira pessoa do plural. Talvez por descendência fidalga em uma das vidas passadas. Ou, suspeito eu, quase à certeza, devido a um encontro pessoal com o Papa João Paulo II. Um retrato ampliado no seu gabinete, em moldura graçapé, eternizava na parede central, de frente para a porta, a benção recebida.

Era impossível ignorá-la.

Visitantes incautos raramente escapuliam dos trinta minutos mínimos para a narrativa do evento e das minúcias acerca do Bispo de Roma. Eu não escapei, claro. E por ser muito educado recebi de brinde mais um quarto de hora para perceber auditivamente a suavidade das mãos do papa.

Fiquei até com inveja e não me furtei a demonstrá-la.

Os olhos do ilustre presidente brilharam e ele aprumou-se com brio. Tresandava orgulho. Percebeu que estava diante de um bom ouvinte. Mentalmente acrescentei esperançoso um zero aos honorários acertados. Na época cobrava por hora. Era moda. Nos vinte minutos seguintes tive a certeza de que nunca seria abençoado por um papa, mas o meu trabalho para aquele senhor seria altamente proveitoso.

Nem reparei quando o abençoado se tornou repetitivo. Eu havia colocado o meu sorriso número dois, o de curiosidade, e deixado a mente vagar.

Ignoro se o leitor sabe, mas papas, reis e imperadores ao falarem em público costumam usar o pronome da primeira pessoa do plural: “nós”. Chama-se plural majestático. Nunca se referem a eles próprios na primeira pessoa do singular, mas em nome de quem representam.

Eu já sabia disso. Estudei em colégio de padres. Entretanto, demonstrei o maior encanto – e interesse – ao incentivá-lo a espraiar-se nos detalhes; inclusive a explicar-me as nuances, – reais e religiosas, – que existem nessa forma de falar.

No caso do Papa, o plural majestático mantém-se até na intimidade. Reis e imperadores geralmente não.

Sendo Sua Santidade na Terra o sucessor e representante de São Pedro Apóstolo, portanto, por extensão sucessória, o porta-voz da vontade de Deus, tudo o que deseja, pensa ou faz, está implícito que não é só dele ou para ele. Conseqüentemente, quando durante a ceia, ao provar o caldo, pronuncia: – “achamos a sopa um pouco salgada, irmã!”. – Só ele acha. Para os demais, provavelmente o tempero está ótimo. Seria estranho a irmã-cozinheira, uma das esposas de Cristo, não saber a quantidade adequada do condimento ao paladar celestial.

Voltando ao "nós", quem não se recorda das lágrimas da Fafá de Belém solene, de véu na cabeça e fartos seios cobertos, ao ouvir de João Paulo II: – “Nós te abençoamos in nomine Patris et Fillii et Spiritus Sancti”. Isto é, ele e Pedro, ambos em nome de Deus e de Jesus, sob a supervisão do Espírito Santo, todos juntos, abençoavam a moça, hoje uma senhora sagrada.

Na época achei um pouco esquisito. Porém, até hoje não recordo de alguém ter visto uma procuração cartorial ou celestial ser exibida para provar que o papa está legalmente habilitado a tal incumbência. Abençoar em nome de Pedro, de Paulo ou de qualquer dos santos, de Deus, de Jesus ou do Espírito Santo?

É muita gente. Sei, não!

Mas nem é preciso. O Bispo de Roma possui infalibilidade. Por dogma, é certo, mas isso são outros quinhentos. A clarificação solene e definitiva de todos os seus pensamentos e palavras, atos e omissões gozam da assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro.

Eu devia ter sido padre.

Pio XII, por exemplo, ao declarar apoio ao regime nazista e fingir ignorar o massacre dos judeus, obviamente falou no plural. Ao designar o bispo Alois Hudal (também conhecido como Luigi Hudal), para ajudar e financiar criminosos nazistas a fugir, também o abençoou em “conjunto” com Deus, sob a assistência sobrenatural do Espírito Santo...

Bento XVI, o mais recente "sucessor" de Pedro, ao acobertar, perdoar e omitir os casos de pedofilia dentro da Igreja deu apenas outra prova de infalibilidade que a assistência sobrenatural do Espírito Santo lhe proporciona. Que opção tinha?

Assim como o Lula, outro exemplo de infalibilidade ex cathedra. Nos seus habituais discursos tardios para explicar ou justificar as malandragens dos seus meliantes petistas, o energúmeno mais ilustre do Brasil igualmente usa o “nós”, que ele pronuncia "nóiz", em lugar do "eu" que compete a todos que não se julguem reis, imperadores ou papas. Não é o caso do Lula. No plural, recordo-me bem, ele pediu desculpas à nação, ao reconhecer os erros do seu governo e do seu partido. Só usou o singular para declarar-se indignado. Contudo, do alto da sua auto-celestialidade que alternativa teria? Declarar-se solidário com a corrupção? Dizer que faz parte dela?

César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro e hoje candidato perdedor ao Senado pelo mesmo Estado, vai além do plural majestático. Ele se exime de qualquer responsabilidade ou vontade e delega as suas falas, principalmente a escrita, à terceira pessoa no singular, “ele”.

O curioso é que o “ele” que o “nobre” político usa, é ele mesmo!

Em data decrescente, detenhamo-nos um pouco só nos últimos titulares que César Maia escreveu no seu Ex-Blog, na verdade reles span pensado por ele, escrito por ele e administrado por ele... mas claramente especificado que o conteúdo é informado por um terceiro, isto é, ele mesmo:

03/10/2010: – “SEGUNDO TURNO PARA PRESIDENTE! 1. Conforme este Ex-Blog havia previsto....” – em outras palavras, as previsões não são de César Maia, mas sim do Ex-Blog. Qualquer erro futuro é culpa do Ex-Blog, não de César Maia.

02/10/2010: – “INTERNET ELEITORAL FINALMENTE APARECEU, MAS DE BAIXO PARA CIMA! 1. Este Ex-Blog já havia comentado sobre...”. – Isto é, César Maia não comentou nada. Subentende-se que todos os comentários anteriores e presentes vieram do Ex-Blog.

01/10/2010: – “CESAR MAIA, EM ENTREVISTA AO "DIÁRIO DO VALE" (30), FALA SOBRE AS PRIORIDADES PARA O INTERIOR DO ESTADO!” – Entendeu, leitor? Já que ninguém fala dele, ele fala dele mesmo.

Gaba-te cesto, senão quem te gabará?

28/09/2010: – “CESAR MAIA DIZ QUE QUER EVITAR "KIT-CHAVISTA" DO PT! Trechos da entrevista de Cesar Maia à Folha de SP (28)”. – Entendeu o titular? Não é o César Maia a emitir uma opinião, mas é o Ex-Blog a informar o que ele, César Maia disse na entrevista.

Estes são só alguns exemplos. O leitor certamente estará se perguntando porque leio esse canalha... se o critico tanto. Bom... eu leio tudo o que me aparece pela frente. Até bula de remédio. Leio até os textos assinados pelo Lula e por Zé Dirceu, que não são deles.

No caso de César Maia a leitura é mais divertida, razão pela qual me faz recordar do "Dr. Fantástico" e do meu ilustre ex-cliente abençoado a quem me referi no início. Entretanto, sendo ele brasileiro e copiador entusiasmado do que dizem os argentinos, o divertimento é maior; pois, de forma burra e subestimando os 45.000 leitores que diz ter, Maia prefere usar a terceira pessoa do singular para falar dele mesmo, como uma espécie de necessidade de elevar-se a um patamar que só existe nos seus devaneios. Nisso está a piada.

Não surpreende, portanto, ter sido considerado um dos piores prefeitos que passou pelo Rio de Janeiro.

Realmente não sei porque embirro tanto com César Maia. Talvez por ter sido um dos piores prefeitos do Rio de Janeiro; talvez pelo seu nepotismo velado, porém muito conhecido; talvez pela dinheirama que embolsou das obras hiper-superfaturadas para a realização dos jogos Pan-americanos; talvez por ser um político dos mais execráveis, pertencente a um dos partidos mais corruptos e camaleônicos dos que existem no Brasil; talvez por se achar no direito de criticar os seus iguais e proceder exatamente no contrário desses julgamentos; talvez, por mais que ele admoeste os seus semelhantes, menos semelhança possua com um político honesto; talvez pela pretensão de supor-se dono de um ego absolutamente oposto às suas qualidades morais; talvez por sua absoluta falta de caráter; talvez por ser um fascista disfarçado de democrata; talvez por ser um estupor político que se adonou de um partido para próprio beneficio e obtenção dos fins megalomaníacos a que se propõe... Talvez... São muitos talvez.

Assim, como César Maia escreveria: FÉLIX JARRETH ALEGRA-SE COM A DERROTA HUMILHANTE QUE EX-PREFEITO SOFREU NA CORRIDA AO SENADO.

Às vezes os cariocas dão uma dentro!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Princípios cristãos?

E os civis? E os jurídicos? E os políticos? E os constitucionais?

Felizmente a ignorância dos brasileiros não surpreende mais. Há muito descobri que é ascendente, dura como calhau e irreversível. Os anos passam... ela cresce e embrutece. Até onde chegará?

Até onde chegará a confusão dos brasileiros entre o certo e o errado? Entre o necessário e o politicamente correto?

Há coisa de um ano ou dois, durante um simpósio internacional, ouvi de um politólogo, metido a cientista da USP, que o voto de cabresto no Brasil estava em extinção... Ledo engano. Alguém esqueceu de contar-lhe que os coronéis do passado foram substituídos pelos pastores neopentecostais.

Nestes últimos dois dias os jornais no Brasil dedicaram milhares de palavras para explicar/ justificar a subida acentuada e inesperada nas pesquisas da semana passada, nas intenções de votos dedicados à candidata Marina Silva do PV. Segundo alguns analistas, a representante dos verdes cresceu devido à mudança de opinião dos evangélicos.

Alcunharam o fenômeno de “marolinha verde”.

Ao que tudo indica, o Pastor Paschoal Piragine Jr., presidente da Primeira Igreja Batista de Curitiba, foi o agente catalisador desse prodígio. Ao vivo e em pessoa, por televisão, rádio e internet, não só criticou o PT como pediu aos seguidores para não votarem em nenhum candidato desse partido. 


O vídeo, com imagens fortes para justificar a orientação, foi postado dia 11/09 no You-Tube. (assista-o «AQUI»). Em três semanas recebeu cerca de três milhões de acessos.

Ao pedido sereno do Pastor Paschoal Piragine Jr. já se somaram em manifesto escrito, – ambíguo, discreto e pífio, – a CNBB dos bispos católicos, e a voz e imagem do espalhafatoso Pastor Silas Malafaia da igreja neopentecostal Assembléia de Deus Vitória em Cristo.

Num tape igualmente extraído de um dos seus programas diários e postado no You-Tube, (veja «AQUI») o pastor Malafaia recomenda que assistam à apresentação de Paschoal Piragine e defende com eloqüência e brilho, (justiça lhe seja feita), a democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito.

Como os seus homólogos na fé cristã, Malafaia adverte os sectários dos perigos de votarem no PT. Um partido com propósitos escusos, segundo ele, cheio de más intenções para a próxima legislatura, a favor do aborto, dos homossexuais, etc.; portanto, contra os princípios cristãos.

Só contra os princípios cristãos?

Milhares de pessoas já acessaram também essa preleção. Em duas congregações da igreja do Malafaia, uma na cidade do Rio de Janeiro e outra em S. Paulo, 100% dos(as) entrevistados(as) declararam que mudaram de intenção. 


Se antes tendiam a votar em Dilma Rousseff para presidente, depois do alerta do pastor pensaram melhor e pretendem agora votar em Marina Silva por ser ela também evangélica e respeitar os princípios cristãos.

Marina Silva respeita os princípios cristãos?

Seria interessante saber o que ela entende por princípios cristãos e como os define. Especialmente como os conjuga no o seu dia-a-dia político no Brasil.

Marina Silva, ex-empregada doméstica, ex-bóia-fria, ex-petista ferrenha é contra o aborto?

Até há poucos dias eu sabia que era a favor, pois, enquanto senadora, defendeu o assunto como uma questão de saúde pública. A partir da sua candidatura à presidência li que passou a declarar-se a favor de um plebiscito...

É o que eu sempre digo: para se viver no Brasil é preciso ter consciência subjetiva. Ter opiniões definidas e mantê-las é sinal de polêmica. 


Os brasileiros não gostam. 

Nem respeitam quem mantém posições claras. Bem faz o Serra de não afirmar sim nem não, muito pelo contrário. Tampouco se atreve a um talvez. Por se acaso.

Enfim...

Sem dúvida alguma, os discursos dos dois pastores foram absolutamente louváveis, inéditos e corajosos, em vista da nacional PTocracia que existe no Brasil. 


São dignos de aplauso. 

Porém, em se tratando de quem são e dos dízimos que exigem, não me pareceria absurdo se alguém desconfiar das suas intenções cristãs e das razões de fundo para terem arengado o mesmo libelo.

No século III, libelo era uma espécie de certificado concedido aos cristãos apóstatas que os deixava a salvo de perseguições.

Certamente os dois pastores pretendem salvar os seus rebanhos de cristãos.

Entretanto, o mais curioso na mudança de intenção/ opinião dos evangélicos é que nenhum dos ilícitos, crimes de lesa-pátria ou falcatruas já perpetradas pelo PT, denunciadas e noticiadas fartamente, sequer eram do conhecimento deles.

Por outro lado, ainda em cima do resultado dessa pesquisa, os que sabiam dos escândalos importância alguma davam antes, quando pretendiam votar em Dilma Rousseff. Para os dois grupos nem o fato da candidata ser uma ex-assaltante de bancos e ex-terrorista era motivo de preocupação ou rejeição.

Em outras palavras, a conduta ética e cidadã de Dilma Rousseff, – do passado e no presente, – a sua falta de experiência administrativa; o fato de estar ligada a aloprados, mensaleiros e corruptos; de ter falseado a sua graduação acadêmica; de ter sido apanhada em mentiras grosseiras, inclusive sobre a cura repentina do câncer que tem; e ter fracassado até como dona de loja de R$ 1,99... tudo isto mostrava-se insignificante se comparado à postura dela em favor do aborto e dos homossexuais... Temas estes que a dita cuja e sua assessoria já se encarregaram de esclarecer que não é bem assim.

Eu sei, leitor, que só consciência subjetiva não é suficiente para se viver no Brasil e conseguir agüentar o cenário político nacional. É preciso também ter cara-de-pau.

Aparentemente para os evangélicos pouco lhes importa ou entendem a corrupção que o PT tem disseminado pelo país; ou como o governo avacalhou com o ensino, com a saúde pública, com a segurança, com o saneamento básico... 


Em nada parece incomodá-los o fato do Lula, no exercício do cargo de presidente da república, ter-se revelado descaradamente um mentiroso patológico e acintosamente conivente com corruptos e com os assaltos às claras ao banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras perpetrados por petistas. 

Os mesmos graus de apatia revelam esses cristãos perante as constantes tentativas do PT em achacar empresas; de permitir indiscriminadamente a invasão de terras; ou já ter violado, reiteradas vezes, os sigilos bancários e fiscais de milhares de cidadãos.

A serem instados a responder com um simples "sim" ou "não", 74% desses evangélicos sequer anteviram conseqüências ou prejuízos para a sociedade diante das arbitrariedades praticadas pelo poder judiciário controlado por oligarcas como José Sarney, Daniel Dantas ou Fernando Collor de Mello, fiéis aliados venais do PT.

No mesmo questionário também lhes pareceram irrelevantes os abusos, falcatruas e estelionatos praticados pelo autodenominado apóstolo Estevam Hernandes e pela bispa Sônia Hernandes, ambos lideres da Igreja Renascer; ou até as extorsões e vigarices dos pastores Iurdianos chefiados por Edir Macedo que já se posicionou a favor do aborto. (assista-o «AQUI»). E «AQUI» para ver como ele ensina a roubar os fiéis.

Diante de tais resultados se os evangélicos são a favor e defendem com fervor os princípios cristãos, caberia perguntar-lhes quais são: – Os deles próprios?; Os dos seus líderes?; Quais valores cristãos apóiam ou se referem?

Pelo que entendi do que foi apurado na pesquisa, eles são basicamente contra o aborto, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, (leia-se homossexuais), contra a pedofilia e a favor da liberdade de expressão e de religião; principalmente a deles.

E os princípios civis? Os de cidadania? Os jurídicos? Os políticos? E os constitucionais?... aos quais todos os brasileiros têm direito e o Lula e seu governo têm ferido, satirizado e desrespeitado diariamente, com tal impertinência que beira a insanidade?

Ao terminar deste post recorro a Hamlet, porque só consigo enxergar, "como objeto de meditação e fruto amargo, uma interminável fila de interrogações..."

Será que para os evangélicos existem somente princípios cristãos?; e os restantes foram anatematizados?

Será que cabe aos não-evangélicos defender os demais princípios?; princípios esses que só no pleno exercício deles é possível praticar os princípios cristãos?

Se dois mil anos de História, especialmente os últimos cinqüenta do século XX nos ensinaram algo, deveríamos recordar que misturar Fé com política conduz à tragédia. 


Usar os ensinamentos de Cristo para resolver assuntos demasiadamente mundanos, sobre os quais não se possua a devida compreensão, é dar o primeiro passo para o fanatismo religioso e convidar o endurecimento político para o confronto.

Por mais que a minha aversão ao PT, ao Lula e à Dilma faça simpatizar com a postura dos dois pastores e com a virada evangélica de cento e oitenta graus a favor de Marina Silva, não posso concordar nem aplaudir a mudança, pois é uma decisão de cabresto.

Não há glória nem maturidade, nem consciência cívica nessa determinação.

Se os evangélicos brasileiros pensam que estarão contribuindo para o amadurecimento da democracia no país, equivocam-se. 


Ao votarem num candidato apenas porque o pastor mandou – ou por simples irmanação religiosa, – sem levar em conta o perfil, vida pregressa, experiência e programa de governo do postulante, lamentavelmente estarão colaborando ainda mais para a dissolução completa da honra, moral e ética, atributos estes sim, verdadeiros ensinamentos de Cristo... que parecem definhar dia-a-dia no Brasil.


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