Translate

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O rato Renan e o destino ético do Brasil

Extra Online – AL - 05/09/2007
Por Mendonça Neto


[Artigo enviado por Jael Savelli, leitora deste blog. Obrigado!]

É sabido e ressabido que o Brasil está em um dos seus piores momentos como nação moral. Estouram escândalos, com uma rotina intolerável, mas tolerada,no cerne dos poderes da República.. Homens que deveriam ser guardiões da decência, são os primeiros e mais vorazes em violá-la. Um Tribunal – uma suprema corte- indicia como bandidos de quadrilha toda a cúpula do PT, e os indiciados vão a um bar para festejar a imputação. O Presidente da República, talvez o pior de todos os criminosos porque chancela a indecência com o cargo que ocupa, comete a insanidade de exaltar o crime. Declara que seu partido, este PT podre, é o mais ético de todos os que existem em nosso país. Ele, o presidente, considera ético um partido que rouba e deixa roubar. E, ainda, comemora. Um partido em que sua maioria é denunciada como uma “organização criminosa”.

Transitam, serelepes, trêfegos e besuntados de cinismo, senadores e deputados de todos os matizes, vendendo o Brasil em negociatas que não os envergonham, mas que devem contar, exultantes, para a família solidária na safadeza. A honra deixou de ser virtude e a esperteza rasteira passou a ser a única qualidade reinante. A indecência é exaltada como ardileza e entronizada no Governo como feito de heróis: os “heróis ladrões”.

Neste esgoto político fuça o rato Renan. Mamífero e roedor, mama e rói. Sua expressão nauseabunda de cinismo pétreo é esta leptospirose repugnante que ele derrama entre seus pares, é este hantavirus da ignomínia, que ele distribui para corromper, contagiar e putrefactar o Senado e a República.

O Rattus Rattus avança e intimida, Chama para seu esgoto a República e uma leva de senadores que hesita entre chamá-lo de bandido ou herói. Porque o Rato Renan é, de certa maneira, um “herói” nestes tempos de obscurantismo. Ele retrata, ele é a cara de uma sociedade inerme e de uma elite doente, fraca e acovardada, que se cala, se rende e se deixa acuar.

O Rato Renan enriqueceu nos mandatos que ocupou em sua carreira, mas enriqueceu muitíssimo, e declara, como qualquer rato da espécie, que nunca furtou um pedaço de queijo, que foi tudo, sempre, resultado de seu criatório de bois nas terras de Murici, onde o povo passa fome para o Rato Renan roer sua boiada.

Ele quer dizer o seguinte, se entendi bem:
– “Fiquei rico muito acima das minhas posses, diz ele, muito acima de tudo que ganhei na vida, mas quem disser que cometi um crime, é apenas um inimigo paroquial, provinciano, que não entende, por má fé, que um boi, bem cuidado, pode virar 100 bois, 1000 bois, 1.000.000 bois, sem que ninguém tenha o direito, nem a polícia nem o povo, de perguntar: Como? Como tanta reprodução assim, como tal fenômeno de recria? O Rato Renan ri com desdém e contesta: “Eu posso. A verdade é o que eu quero que seja verdade, e a minha mentira, se eu quiser e determinar, tem que ser aceita como verdade. Eu tenho o poder de recriar os fatos a meu favor e ai de quem disso duvidar”. Renan é o maior cara de pau da família dos ratos. Com cara de rato, focinho de rato, patas de rato, quer que acreditemos que é um cisne branco e imaculado.

– Rato Renan, respeite a inteligência alheia!!!
Denúncias que vão deste milagre bovino, a rádios de laranjas, empréstimos evidentemente falsos, lobby para cervejaria, evasão de divisas, manipulação de Ministérios do PMDB, e o Rato Renan, contesta, coçando as fuças: “Tudo falso”. É tudo culpa da Veja, do Extra, do Mendonça Neto e do João Lyra”.

O Rato Renan ,em sua toca endinheirada, patrimônio que nenhum rato de bem teria, olha seus queijos da fortuna, queijos em dólares, ienes, euros e até míseros queijos em reais, mete as patas imundas em volta deles, e vocifera, como se a leptospirose o tivesse contaminado a si mesmo de uma loucura “ratuína”: “É tudo meu, sou um rato rico. E todos tem inveja de mim. “E fica na porta da sua cova , no Senado Federal, forjando papéis, intimidando funcionários, sob a escolta de três ou quatro ratos senatoriais menores, ratos de esgoto de segunda classe, e desafia os pares, a justiça e o Brasil a ter a coragem de desratizar o Congresso Nacional.

O Rato Renan, cevado em queijo alheio, em queijo do Orçamento Nacional, estampa para o Brasil o retrato dramático de uma época sem heróis nem virtudes. O nosso destino ético está nas mãos de algumas dezenas de senadores cuja origem nem sempre é sadia, quase nunca incorruptível e em momento nenhum honrada como os Varões de Plutarco, como os brasileiros de um passado que causa espanto ter sido tão dignos se cotejados com um presente tão sórdido. Rui Barbosa não consentiria que o Rato Renan limpasse o excremento dos cavalos de sua charrete.

Eu pergunto a você, brasileiro ultra indignado que tanto me escreve: e se o Rato Renan for absolvido pelo Pleno do Senado Federal, e, no dia seguinte, estiver, outra vez, na presidência do Congresso Nacional, ordenando as sessões, encaminhando os votos, decidindo sobre Orçamento, CPIs, Medidas Provisórias, resolvendo sobre o destino do patrimônio nacional? O que você fará?

É fora de cogitação – e criminoso – tocar fogo ou invadir o Senado para destruí-lo. Nem fazer como os romanos, depois da morte de Julio César, esfaqueado por senadores corruptos, que ao ouvir o discurso trágico de Marco Antonio – Não vim aqui para louvar César, mas para enterrá-lo. O bem que os homens fazem é enterrado com seus ossos - “E Brutus é um homem honrado”, que, depois deste discurso – dramatizado por Shakespeare – saíram às ruas, às Vias romanas, e mataram, um por um, os senadores assassinos de César. Não, isso nunca. O crime não deve ser punido com outro crime. Seria a barbárie.

Pregar a desobediência civil e a sublevação nacional, o boicote a impostos e às autoridades? Isto é temerário, perigoso e fere o direito que queremos defender. Cuspir na cara dos Senadores que encontrarmos? É pura perda de cuspe. Encetar um movimento nacional, uma marcha contra Brasília e destruir o Congresso Nacional, hoje símbolo do crime? Não, seria uma afronta ao patrimônio público, este patrimônio que o povo cria para os ratos roubarem.

O que fazer, então? Como demonstrar que não vamos aceitar que um Rato presida o Congresso Nacional, que um Rato esteja sentado na cadeira de Rui Barbosa e presida o Parlamento do nosso país que amamos e queremos respeitar? E exigimos que seja respeitado? De que forma, e de alguma forma iremos reagir, além das palavras, condenaremos e puniremos quem decidir que devemos ser governados por Ratos?

O destino ético do Brasil corre um sério perigo nestas duas semanas. Rezo com fervor para que haja menos ratos e mais homens no Senado da República. Eles sabem que caminham no fio da navalha, eles sabem o que será provocar um confronto direto com o povo.

Confesso que me sinto honrado com as tantas palavras que tantos brasileiros me dirigem, em todas as partes e de todas as formas, pelo que escrevo. Recentemente fiquei emocionado com as que ouvi de uma amiga, Ana Rosa, mulher de um alagoano que respeito muito, Daniel Quintela, que “está guardando meus artigos para os netos lerem quando crescerem”. Mesmo tendo como argumento para escrever tanta sujeira política, me envaidece e me deixa a alma em estado de graça, um gesto de pureza, de autenticidade e de coragem.

Mas, mesmo assim, acreditando em um futuro melhor, para nossos netos, quero insistir aqui e agora, nesta hora dramática que o Brasil vive, que devemos nos levantar imediatamente, contra esta hipocrisia degenerada e arrogante. Não é hora de morrer pelo Brasil e sim ajudá-lo a viver. Mas viver com orgulho de ser brasileiro, filhos de um país cuja alma é abençoada, cujos talentos encantam o mundo, cuja inteligência espraia-se por toda a parte. Para que este seja o país porque sonham os brasileiros de bem, um país ético e pluralista, democrático e humanamente justo, é preciso deter os desonestos, os que não tem respeito à terra em que nasceram.

É preciso que os homens pisem no solo limpo da pátria e que os ratos voltem para o esgoto. Esta é a vontade da nação. E temos que cumprir nosso destino ético de vencermos os aliados, pregoeiros e praticantes do erro, que tentam passar a falsa impressão de que todos os brasileiros somos iguais ao PT e ao Rato Renan.

Não somos uma nação de bandidos nem de gente que se subverte e se submete à corrupção. A lama é do PT, a lama é do Rato Renan. O lodaçal está no Planalto,no Congresso e em Brasília. Lula não tem sequer uma grande obra para mostrar à nação e passará à história, apenas, como o “presidente e chefe de uma quadrilha de ladrões desavergonhados”.

O futuro é da nação e é a nação e somos nós brasileiros que devemos construí-lo, dos escombros desta época de pobreza ética, apesar de todos os erros que tenhamos cometido. Inclusive o de crer que a estrela do PT era a da esperança. Quando nem estrela era, e sim um golpe contra a boa fé da nação. O golpe do operário que traiu suas origens, sua terra e seu povo.

Que agora, acordou. E não aceita o abuso de poder e o crime institucionalizado entre os que deveriam governar o Brasil. E vai reagir.

A inteligência do povo encontrará o caminho.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Ainda sobre o ministro Tarso Béria e a ditadura PETEÍSTA

UMA ESCOLHA MINISTERIAL EXTREMAMENTE GRAVE! DZERZHINSKI, BERIA, HIMMLER, HEYDRICH, HEINRICH MULLER, TARSO GENRO!

Da coluna do Diogo Mainardi

Hindenburg e as demais forças políticas alemãs convergentes se dobraram ao partido nacional socialista - nazi - e aceitaram uma coalizão majoritária com Hitler como chanceler (primeiro ministro). A 30 de janeiro de 1933, jurou perante o Reichstag. A composição do governo surpreendeu a seus aliados. Hitler não quis saber do ministério da economia, nem das forças armadas naquele momento. Queria o controle da Polícia. A partir desta foi controlando o próprio Estado por dentro, investigando, reprimindo e eliminando seus opositores. Construiu a Geheime Staatspolizei - conhecida resumidamente como Gestapo - sua polícia secreta, sem farda, que atuou com o poder de uma força armada paralela, sem limites. Inicialmente dirigida por Himmler, e em seguida por Reinhard Heydrich a partir de 1936 e por Muller em 1939, impôs o terror de Estado a seus adversários políticos e aos que perseguia, usando a eliminação física como penalidade banal.

Uma vez no poder a fins de 1917 os bolcheviques organizaram o exército vermelho sob o comando de Trotsky. Para isso chamaram de volta vários oficiais do exército do Czar, especialistas em organização militar. Mas a Polícia deveria ser uma força pura composta exclusivamente de militantes comunistas treinados e automaticamente leais às ordens recebidas. Assim foi criada a Cheka - comissariado extraordinário para o combate à contra-revolução e a sabotagem. Foi sucedida pela GPU -administração política do Estado - e pela KGB que aos moldes da Gestapo e sob o comando de Lavrentiy Pavlovich Beria, impôs o terror de Estado e a eliminação física de seus adversários dentro e fora do partido, na lógica estalinista.

Para construir e dirigir a Cheka foi chamado Félix Edmundovich Dzerzhinski, polonês de nascimento membro do partido na Lituânia e um dos fundadores do Partido na Polônia em 1900 e que foi transferido ao Partido Bolchevique em 1917, assim que foi solto de uma condenação a prisão de cinco anos. Lenin se referia a Dzerzhisnki como "herói, revolucionário profissional comunista e destacada personalidade do Partido Comunista e do Estado Soviético". Sua importância pode ser medida pela recente inauguração de seu busto por Vladimir Putin em novembro de 2005.

A entrega por Lula da Polícia Federal a um militante partidário como Tarso Fernando Herz Genro é fato de extrema gravidade. Será entregar os arquivos, as investigações e a ação da Polícia Federal a um militante político-ideológico que não terá limites para levar as informações para o setor de inteligência do PT, que ficou a descoberto nas eleições de 2006. Que não terá limites em direcionar as operações da Polícia Federal no sentido de seus adversários políticos. Que assombrará as empresas com essa possibilidade tornando os pedidos de financiamento do Partido como ordens implícitas. Que entrará inevitavelmente na vida privada de seus adversários através dos grampos -ditos autorizados. Que trará os meios de comunicação sob o risco de suas operações.

Essa decisão equivale potencialmente ao que ocorreu na Alemanha Nazi e na Rússia Bolchevique. Será transformar a Polícia Federal - de fato - num braço da Gestapo, da KGB petista. Nunca em tempos democráticos os governos brasileiros ousaram tanto. Nunca na história política do Brasil em tempos de democracia - desde o Império - se designa para chefiar o ministério da justiça e portanto a Polícia, um militante partidário ideológico. A vocação autoritária de Lula-PT crescentemente nítida se torna agora transparente e translúcida. Que os partidos políticos e os lideres sociais, sindicais e empresariais que não rezam na cartilha petista se cuidem, pois vem aí a Cheka brasileira. Tarso Genro: Lenin, Coração e Mente! Não se trata de crítica, mas de uma publicação sua. Quem viver, verá!

Em tempo! Entre 14/11/2001 e 3/4/2002 um antigo militante no partido do governo ocupou o ministério da justiça. Foi o suficiente para uma central de grampos cercar a candidata a presidente que se igualava nas pesquisas a Lula. Um dinheiro caixa 2 foi localizado e a candidatura dela desmontada. Coincidência? Reforça a lógica descrita acima? E foram só 4 meses no ministério.

Para quem não conhece o atual ministro da "Justíssa" Brasileira

CURRÍCULO DO MINISTRO TARSO GENRO, mais conhecido como Tarso Béria, QUE O CREDENCIA PARA A FUNÇÃO!

1. Candidato a governador do Rio Grande do Sul em 2002 no rastro do "Lula-presidente": perdeu a eleição.

2. Designado para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Esse nunca funcionou.

3. Nomeado ministro da Educação. Disse que faria uma revolução no ensino superior. Nada aconteceu. O fato de maior relevo foi ter contratado a gráfica que fez sua campanha para governador e lhe dar serviço, que disseram era compensação de dívidas de campanha.

4. Designado presidente do PT na crise do mensalão. Depois de algumas semanas, desistiu.

5. Nomeado ministro de coordenação política. A base do governo desintegrou em 2006 e o governo perdeu todas.

6. Coordenador junto à câmara de deputados do processo sucessório. Seu candidato só não perdeu pelo conchavo paulista de parte do PSDB.

7. Coordenador da reforma ministerial. Uma trapalhada que até agora não culminou.

8. Nomeado ministro da Justiça. Que Deus nos proteja!

Para quem não conhece o mula

Em 11/04/2007 dois historiadores - em entrevistas - analisaram a política atual tendo como pano de fundo o caso dos controladores de vôo! EM COMUM: BRASIL NÃO TEM PRESIDENTE!

Trechos.

1. José Murilo de Carvalho na Folha de SP, historiador e professor da UFRJ.

a) O presidente cometeu o mesmo erro que João Goulart no trato com militares, o descaso pela disciplina e pela hierarquia. Corrigiu-se a tempo, desautorizando um ministro civil que não tem tanques. O sinal dos tempos é que não foi deposto nem se cogitou isso, mas saiu com a autoridade desnecessariamente arranhada.

b) O episódio revela que, depois de 22 anos de governo democrático, políticos e militares ainda não conseguem falar a mesma língua. A criação do Ministério da Defesa foi um passo à frente. Todos os países o possuem. Mas até hoje ele não decolou, está em permanente apagão. Os ministros civis que o ocuparam nunca tiveram legitimidade para representar as Forças Armadas e menos ainda para obter sua subordinação. O caso do ministro atual chega a ser patético. Sem interlocução eficaz, escaramuças ou mesmo crises podem pipocar a qualquer momento.

c) O apagão de seis meses revelou imensa incapacidade gerencial do governo. A recente crise gerada pela indisciplina dos operadores militares revelou grande inabilidade política. A crise revelou dois problemas não-resolvidos referentes às Forças Armadas: o orçamentário, que afeta salários e o aparelhamento institucional, inclusive para exercer o controle do tráfego aéreo, e o político, que afeta a inserção dos militares na máquina do poder. Sem a solução dos dois, nossa democracia continuará sujeita a chuvas e trovoadas, longe do céu de brigadeiro.

2. Marco Antonio Villa no Estado de SP; é historiador e professor do departamento de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos.
a) Lula não sabe tomar decisões, não fica confortável diante delas. É uma característica pessoal. Em 1980, por exemplo, sumiu de vista em dias decisivos da greve em São Bernardo do Campo. "Cadê o Lula?", perguntavam todos. Estava em um sítio, perto de uma represa. Foram lá dar uma dura nele e ele reapareceu no dia seguinte, na assembléia da Vila Euclides. Lula tem uma dificuldade de tomar decisões que não começou na Presidência, ficou evidente em todos os momentos-chave de seu primeiro mandato e reapareceu agora, no primeiro trimestre de seu segundo governo. O apagão aéreo é apenas um exemplo de uma lista extensa.

b) O presidente Lula apresenta a lentidão de suas decisões como sapiência, como a elogiável capacidade dos líderes de decidir quando querem, como querem. É um recurso que não resiste nem mesmo a uma análise histórica. Grandes decisões foram tomadas no calor do momento. Se o presidente Lula estivesse no lugar de Dom Pedro I no momento em que recebeu a correspondência às margens do Ipiranga, dificilmente teria proclamado a Independência, provavelmente teria sugerido uma paradinha ali à beira do rio. O presidente acredita que, passando o tempo, as coisas se acomodam sozinhas. Governar não é isso.

c) A indecisão do presidente pode ser boa para ele, mas é péssima para o País.

d) Apostar no esquecimento é uma característica do conservadorismo político. Nos últimos tempos as pessoas têm falado muito da frase do Ivan Lessa, que disse que a cada 15 anos o Brasil esquece de tudo o que aconteceu nos 15 anos anteriores. O governo Lula atua em uma faixa que mistura essa máxima com a lógica de Delúbio Soares, que previu que toda a denúncia do mensalão acabaria em "piada de salão" - e tinha razão. Lula assumiu o segundo mandato e os protagonistas do episódio continuam em lugares importantes dos partidos que atuam junto com o governo. É a vitória do esquecimento.

e) O presidente Lula não gosta de ser um executivo, reunir equipes, levar relatórios para casa, pegar retornos técnicos e, com base nisso, tomar decisões. Nesse sentido, ele não preside. O presidente gosta do poder, é encantado pelo cerimonial do Palácio e por tudo o que é externo ao ato de governar. Gosta de fazer discursos com temáticas pessoais, autobiográficas. Gosta do mundo palaciano em que presidentes jamais são vaiados e exerce uma "Presidência do Espetáculo" que até lembra o Absolutismo, em que tudo é revelado. Nenhum governante sobreviveu à história apenas com sua cota de carisma. A dificuldade para decidir, em um presidente, não é só curiosidade. O País precisa de administradores reais.

Entre a anarquia e a repressão!

Os romanos tinham três palavras para descrever o equilíbrio de uma república ordenada. 

A primeira era POTESTAS. Potestas aludia a faculdade de emitir ordens que tinham os magistrados quando atuavam no marco da lei. 

A segunda palavra era AUCTORITAS, e hoje traduziríamos por autoridade moral, a qual irradiavam os magistrados e os cidadãos de conduta exemplar. 

A terceira era IMPÉRIO ou o mando militar. 

O significado original de Imperator foi simplesmente -general-, e por isso quando a Republica Romana passou a ser Império Romano, a fins do século I -ac-, esta mudança de denominação sinalizou que Roma havia deixado de ser uma autêntica Republica para converter-se num regime militar.

No século I AC, a ordem republicana começou a desintegrar-se. Foi neste processo que começaram a difundir-se outras palavras. 


Uma delas LICENTIA - licença ou libertinagem -, aludia à proliferação dos atos de corrupção impulsionados pelo amor ao dinheiro. 

Outra palavra, SEDITIO, ou seja sedição, se referia à atuação dos caudilhos que em vez de guerrear contra os inimigos externos, guerreavam entre eles. 

A palavra ANARCHIA – anarquia -, descrevia o caos das guerras e conflitos civis, que terminaram de vez com a Republica Romana.

Se havia perdido o equilíbrio entre "potestas, auctoritas e imperium", que havia convertido a Republicana Romana em exemplo para os que crêem na democracia. 


Quando se rompe este equilíbrio entre potestade, autoridade e império, as repúblicas oscilam entre o desvio ou o excesso de poder.

O poder se mede pela resistência

Experimentamos, todos os dias, o contraponto entre as pretensões hegemônicas do Governo e as reações coletivas geradas por tais intenções. 

Por outro lado, num nível talvez mais profundo, este duelo insistente entre a hegemonia governamental e a contestação de todas as formas de grupos de veto, confronta o ideal de uma sociedade civil representada pelo regime da democracia republicana, vis a vis a agressiva realidade de uma sociedade que, com freqüência, apresenta perfis de incivilidade. 

Ideais e realidades: o componente civil a que aspiramos e o componente incivil que nos interpela e desnuda nossas incapacidades.

Thomas de Quincey escreveu que o poder se mede pela resistência. Se não há resistências visíveis, o poder hegemônico avança sem dificuldades e atua com efetividade sobre os flancos institucionais mais débeis (Partidos, Parlamento, Justiça, Forças Armadas, burocracias, manejo discricionário dos recursos orçamentários e fiscais). 


Se, ao contrário, há resistências e se essas resistências estouram nas ruas, se contrai, ou melhor, se escolhe como um tecido molhado. Há, então, duas hegemonias em ação: uma, efetiva, outra, virtual, a que se exerce com prepotência e a que se exerce por cálculo ou temor.

Embora a hegemonia atual devesse gerar no país sentimentos de governabilidade, ainda que com o preço de diminuir os conteúdos republicanos de nossa democracia, a contestação social, produz a impressão de um governo débil, encerrado em palácio, que não mostra a cara e que não se propõe a reagir. 


Hegemonias de pés de barro as temos chamado em outra oportunidade. Naturalmente, estes obstáculos poderiam superar-se, caso os partidos logrem recuperar a autoridade e o prestígio que tiveram quando começou nossa democracia e quando a colocamos em marcha.

Esta é a tarefa que se impõe hoje. 


Com efeito, não temos uma democracia com um sistema de partidos, competitivo e diferenciado, mas um sistema montado em torno de um partido presidencialista que, desde essa posição predominante, aumenta sua popularidade (se são confiáveis as pesquisas de opinião que isso indicam) e dispõe de recursos. 

A popularidade deriva dos resultados econômicos (agora erodidos pela inflação) e dos recursos do abundante superávit fiscal, do controle dos impostos em detrimento dos estados e do aumento do gasto público.


Comentários: Para enviar por E-mail clique «AQUI»



x