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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tiririca, “O” Deputado.

Nunca um apelido fez tanto jus a um indivíduo... e aos eleitores que o elegeram..

Tiririca” para quem ainda não sabe é o nome artístico de Francisco Everardo Oliveira Silva, 45 anos de idade, brasileiro, natural do Ceará, “casado” e amigado diversas vezes, pai de vários filhos, palhaço, cantor e compositor de profissão, hoje eleito Deputado Federal nº. 2222, coligado ao Partido da República (PR) e analfabeto absoluto. Não sabe ler nem escrever.

Dizem que faz uns garranchos à laia de assinatura.

Clique em cima da foto se quiser assistir ao desatino na sua melhor performance.

Tiririca, no dicionário Houaiss, na rubrica angiospermas, aparece como substantivo feminino, de designação comum, atribuído a diferentes plantas consideradas daninhas às plantações. Na rubrica regionalismo, do Rio Grande do Sul, significa punguista ou batedor de carteira. Para o resto do Brasil tem sentido de muito irritado ou furioso. Para a TV Record é sinônimo de humorista, participante do Show do Tom.

Para o agora ex-candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante(PT), muito em breve ex-senador, – aquele que costuma revogar o irrevogável e apresentar manchetes de jornais falsas, – Tiririca é sinônimo de constrangimento, de vergonha, de enfurecimento pessoal. Pelo que li, o nobre senador mandou tirar a foto dele da propaganda eleitoral do candidato Tiririca. Sentiu-se desconfortável ao ver o seu nome e bigode associados a tão estrambótica figura.

Detalhe, o PR, partido pelo qual Tiririca se elegeu com mais de um milhão e trezentos mil votos, apoiava a candidatura de Mercadante, é aliado do governo Lula e, ao mesmo tempo, uma legenda de aluguel para votar a favor de quem mais paga.

Para o Ministério Público Eleitoral, Tiririca significa imputado por falsidade ideológica e passível de condena por esse crime. 


Significa também analfabeto rematado, pois possui provas que o indivíduo não sabe ler nem escrever nada. 

Neste sentido apresentou outra denúncia. 

Porém, o juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira rejeitou o pedido sob o argumento de que a legislação eleitoral, desde a Constituição Federal de 1988, até aos atos infralegais, não exige dos candidatos a cargos eletivos qualquer grau de escolaridade, mediana ou elevada, mas tão-somente noções rudimentares da linguagem pátria.

Em outras palavras, segundo as leis brasileiras, qualquer beócio sem letra e sem escrita, mesmo que fale tupiniquês com sintaxe favelês, pode ser deputado ou presidente da república. Para ser varredor de rua precisa ter obrigatoriamente o segundo grau COMPLETO.

Tem sentido! Nos tempos do império varredor de rua era conhecido eufemisticamente como “escrivão da pena alta”.

Para a ex-esposa, Tiririca é sinônimo de canalha ou cafajeste. Para se livrar de pagar pensão alimentar aos filhos, o presente deputado eleito transferiu para terceiros todos os bens que possui.

Para os indivíduos que o ajudaram e para ele trabalharam por anos, Tiririca significa safado, ladrão, pilantra, filho-da-puta, pois não lhes pagou os salários devidos e hoje responde a processos trabalhistas, cujas indenizações alega não ter como pagar.

Para os moradores dos Jardins, em S. Paulo, ou da Vieira Souto, no Rio de Janeiro, estou certo que Tiririca é o apelido modesto de um sujeito com cara de porteiro de edifício de classe média. 


Um palhaço, de circo pobre, com queda para o bizarro, dono de voz insuportável que é explorado por aqueles que se dizem seus benfeitores.

Para mim, Tiririca é só um ser escatológico, espelho da prosopografia do cidadão brasileiro e reflexo da leviandade e falta de inteligência com que os eleitores tratam o processo eleitoral no Brasil.

Se ele se portar direitinho e tiver um Zé Dirceu para dizer-he o que fazer e como se comportar, tem todas as qualidades e aptidões para ser o Lula do futuro. 


Tiririca bebe como o Lula, fala como o Lula, é analfabeto como o Lula, é nordestino como o Lula e tem o mesmo carisma popular que tem o Lula.

Se hoje eu morasse no Brasil e tivesse um filho, com toda a certeza impedi-lo-ia de estudar. As chances de tornar-se presidente da república seriam enormes.

Entretanto, a despeito do que penso eu ou o Ministério Público Eleitoral, a justiça civil, a justiça trabalhista, ou os moradores dos Jardins e da Vieira Souto, para mais de um milhão de paulistas e paulistanos...

Tiririca significa DEPUTADO FEDERAL; cidadão capaz de velar e defender os interesses do Estado de São Paulo, o mais rico da federação, dentro do Congresso Nacional.
É uma pena! 

Um Estado tão bonito, tão rico, com tantos carros do ano, com tantos pedágios caríssimos e com mais de um milhão de gentios tão deploráveis...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

César Maia e o plural majestático.


Cada vez que leio uma newsletter do César Maia, que ele denomina “Ex-Blog do César Maia”, sempre recordo do Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, e de uma das melhores e mais divertidas épocas da minha vida.

O leitor já entenderá a "conéquissão", como costuma falar um apresentador da TV Record.

No filme, o "Dr. Fantástico", de Kubrick, quando a super-fortaleza norte-americana foge do controle aéreo e se dirige a Moscow, para jogar uma bomba atômica, o presidente dos Estados Unidos pega o telefone vermelho e fala com o presidente soviético: – "Nikita, um avião dos nossos vai jogar uma bomba atômica em cima de vocês. Eu lamento muito!". Nikita responde furioso: "Eu lamento muito mais do que você!".

Quanto à melhor época da minha vida, certa vez fui contratado por uma empresa, cujo presidente tinha a peculiaridade de se expressar na primeira pessoa do plural. Talvez por descendência fidalga em uma das vidas passadas. Ou, suspeito eu, quase à certeza, devido a um encontro pessoal com o Papa João Paulo II. Um retrato ampliado no seu gabinete, em moldura graçapé, eternizava na parede central, de frente para a porta, a benção recebida.

Era impossível ignorá-la.

Visitantes incautos raramente escapuliam dos trinta minutos mínimos para a narrativa do evento e das minúcias acerca do Bispo de Roma. Eu não escapei, claro. E por ser muito educado recebi de brinde mais um quarto de hora para perceber auditivamente a suavidade das mãos do papa.

Fiquei até com inveja e não me furtei a demonstrá-la.

Os olhos do ilustre presidente brilharam e ele aprumou-se com brio. Tresandava orgulho. Percebeu que estava diante de um bom ouvinte. Mentalmente acrescentei esperançoso um zero aos honorários acertados. Na época cobrava por hora. Era moda. Nos vinte minutos seguintes tive a certeza de que nunca seria abençoado por um papa, mas o meu trabalho para aquele senhor seria altamente proveitoso.

Nem reparei quando o abençoado se tornou repetitivo. Eu havia colocado o meu sorriso número dois, o de curiosidade, e deixado a mente vagar.

Ignoro se o leitor sabe, mas papas, reis e imperadores ao falarem em público costumam usar o pronome da primeira pessoa do plural: “nós”. Chama-se plural majestático. Nunca se referem a eles próprios na primeira pessoa do singular, mas em nome de quem representam.

Eu já sabia disso. Estudei em colégio de padres. Entretanto, demonstrei o maior encanto – e interesse – ao incentivá-lo a espraiar-se nos detalhes; inclusive a explicar-me as nuances, – reais e religiosas, – que existem nessa forma de falar.

No caso do Papa, o plural majestático mantém-se até na intimidade. Reis e imperadores geralmente não.

Sendo Sua Santidade na Terra o sucessor e representante de São Pedro Apóstolo, portanto, por extensão sucessória, o porta-voz da vontade de Deus, tudo o que deseja, pensa ou faz, está implícito que não é só dele ou para ele. Conseqüentemente, quando durante a ceia, ao provar o caldo, pronuncia: – “achamos a sopa um pouco salgada, irmã!”. – Só ele acha. Para os demais, provavelmente o tempero está ótimo. Seria estranho a irmã-cozinheira, uma das esposas de Cristo, não saber a quantidade adequada do condimento ao paladar celestial.

Voltando ao "nós", quem não se recorda das lágrimas da Fafá de Belém solene, de véu na cabeça e fartos seios cobertos, ao ouvir de João Paulo II: – “Nós te abençoamos in nomine Patris et Fillii et Spiritus Sancti”. Isto é, ele e Pedro, ambos em nome de Deus e de Jesus, sob a supervisão do Espírito Santo, todos juntos, abençoavam a moça, hoje uma senhora sagrada.

Na época achei um pouco esquisito. Porém, até hoje não recordo de alguém ter visto uma procuração cartorial ou celestial ser exibida para provar que o papa está legalmente habilitado a tal incumbência. Abençoar em nome de Pedro, de Paulo ou de qualquer dos santos, de Deus, de Jesus ou do Espírito Santo?

É muita gente. Sei, não!

Mas nem é preciso. O Bispo de Roma possui infalibilidade. Por dogma, é certo, mas isso são outros quinhentos. A clarificação solene e definitiva de todos os seus pensamentos e palavras, atos e omissões gozam da assistência sobrenatural do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro.

Eu devia ter sido padre.

Pio XII, por exemplo, ao declarar apoio ao regime nazista e fingir ignorar o massacre dos judeus, obviamente falou no plural. Ao designar o bispo Alois Hudal (também conhecido como Luigi Hudal), para ajudar e financiar criminosos nazistas a fugir, também o abençoou em “conjunto” com Deus, sob a assistência sobrenatural do Espírito Santo...

Bento XVI, o mais recente "sucessor" de Pedro, ao acobertar, perdoar e omitir os casos de pedofilia dentro da Igreja deu apenas outra prova de infalibilidade que a assistência sobrenatural do Espírito Santo lhe proporciona. Que opção tinha?

Assim como o Lula, outro exemplo de infalibilidade ex cathedra. Nos seus habituais discursos tardios para explicar ou justificar as malandragens dos seus meliantes petistas, o energúmeno mais ilustre do Brasil igualmente usa o “nós”, que ele pronuncia "nóiz", em lugar do "eu" que compete a todos que não se julguem reis, imperadores ou papas. Não é o caso do Lula. No plural, recordo-me bem, ele pediu desculpas à nação, ao reconhecer os erros do seu governo e do seu partido. Só usou o singular para declarar-se indignado. Contudo, do alto da sua auto-celestialidade que alternativa teria? Declarar-se solidário com a corrupção? Dizer que faz parte dela?

César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro e hoje candidato perdedor ao Senado pelo mesmo Estado, vai além do plural majestático. Ele se exime de qualquer responsabilidade ou vontade e delega as suas falas, principalmente a escrita, à terceira pessoa no singular, “ele”.

O curioso é que o “ele” que o “nobre” político usa, é ele mesmo!

Em data decrescente, detenhamo-nos um pouco só nos últimos titulares que César Maia escreveu no seu Ex-Blog, na verdade reles span pensado por ele, escrito por ele e administrado por ele... mas claramente especificado que o conteúdo é informado por um terceiro, isto é, ele mesmo:

03/10/2010: – “SEGUNDO TURNO PARA PRESIDENTE! 1. Conforme este Ex-Blog havia previsto....” – em outras palavras, as previsões não são de César Maia, mas sim do Ex-Blog. Qualquer erro futuro é culpa do Ex-Blog, não de César Maia.

02/10/2010: – “INTERNET ELEITORAL FINALMENTE APARECEU, MAS DE BAIXO PARA CIMA! 1. Este Ex-Blog já havia comentado sobre...”. – Isto é, César Maia não comentou nada. Subentende-se que todos os comentários anteriores e presentes vieram do Ex-Blog.

01/10/2010: – “CESAR MAIA, EM ENTREVISTA AO "DIÁRIO DO VALE" (30), FALA SOBRE AS PRIORIDADES PARA O INTERIOR DO ESTADO!” – Entendeu, leitor? Já que ninguém fala dele, ele fala dele mesmo.

Gaba-te cesto, senão quem te gabará?

28/09/2010: – “CESAR MAIA DIZ QUE QUER EVITAR "KIT-CHAVISTA" DO PT! Trechos da entrevista de Cesar Maia à Folha de SP (28)”. – Entendeu o titular? Não é o César Maia a emitir uma opinião, mas é o Ex-Blog a informar o que ele, César Maia disse na entrevista.

Estes são só alguns exemplos. O leitor certamente estará se perguntando porque leio esse canalha... se o critico tanto. Bom... eu leio tudo o que me aparece pela frente. Até bula de remédio. Leio até os textos assinados pelo Lula e por Zé Dirceu, que não são deles.

No caso de César Maia a leitura é mais divertida, razão pela qual me faz recordar do "Dr. Fantástico" e do meu ilustre ex-cliente abençoado a quem me referi no início. Entretanto, sendo ele brasileiro e copiador entusiasmado do que dizem os argentinos, o divertimento é maior; pois, de forma burra e subestimando os 45.000 leitores que diz ter, Maia prefere usar a terceira pessoa do singular para falar dele mesmo, como uma espécie de necessidade de elevar-se a um patamar que só existe nos seus devaneios. Nisso está a piada.

Não surpreende, portanto, ter sido considerado um dos piores prefeitos que passou pelo Rio de Janeiro.

Realmente não sei porque embirro tanto com César Maia. Talvez por ter sido um dos piores prefeitos do Rio de Janeiro; talvez pelo seu nepotismo velado, porém muito conhecido; talvez pela dinheirama que embolsou das obras hiper-superfaturadas para a realização dos jogos Pan-americanos; talvez por ser um político dos mais execráveis, pertencente a um dos partidos mais corruptos e camaleônicos dos que existem no Brasil; talvez por se achar no direito de criticar os seus iguais e proceder exatamente no contrário desses julgamentos; talvez, por mais que ele admoeste os seus semelhantes, menos semelhança possua com um político honesto; talvez pela pretensão de supor-se dono de um ego absolutamente oposto às suas qualidades morais; talvez por sua absoluta falta de caráter; talvez por ser um fascista disfarçado de democrata; talvez por ser um estupor político que se adonou de um partido para próprio beneficio e obtenção dos fins megalomaníacos a que se propõe... Talvez... São muitos talvez.

Assim, como César Maia escreveria: FÉLIX JARRETH ALEGRA-SE COM A DERROTA HUMILHANTE QUE EX-PREFEITO SOFREU NA CORRIDA AO SENADO.

Às vezes os cariocas dão uma dentro!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Princípios cristãos?

E os civis? E os jurídicos? E os políticos? E os constitucionais?

Felizmente a ignorância dos brasileiros não surpreende mais. Há muito descobri que é ascendente, dura como calhau e irreversível. Os anos passam... ela cresce e embrutece. Até onde chegará?

Até onde chegará a confusão dos brasileiros entre o certo e o errado? Entre o necessário e o politicamente correto?

Há coisa de um ano ou dois, durante um simpósio internacional, ouvi de um politólogo, metido a cientista da USP, que o voto de cabresto no Brasil estava em extinção... Ledo engano. Alguém esqueceu de contar-lhe que os coronéis do passado foram substituídos pelos pastores neopentecostais.

Nestes últimos dois dias os jornais no Brasil dedicaram milhares de palavras para explicar/ justificar a subida acentuada e inesperada nas pesquisas da semana passada, nas intenções de votos dedicados à candidata Marina Silva do PV. Segundo alguns analistas, a representante dos verdes cresceu devido à mudança de opinião dos evangélicos.

Alcunharam o fenômeno de “marolinha verde”.

Ao que tudo indica, o Pastor Paschoal Piragine Jr., presidente da Primeira Igreja Batista de Curitiba, foi o agente catalisador desse prodígio. Ao vivo e em pessoa, por televisão, rádio e internet, não só criticou o PT como pediu aos seguidores para não votarem em nenhum candidato desse partido. 


O vídeo, com imagens fortes para justificar a orientação, foi postado dia 11/09 no You-Tube. (assista-o «AQUI»). Em três semanas recebeu cerca de três milhões de acessos.

Ao pedido sereno do Pastor Paschoal Piragine Jr. já se somaram em manifesto escrito, – ambíguo, discreto e pífio, – a CNBB dos bispos católicos, e a voz e imagem do espalhafatoso Pastor Silas Malafaia da igreja neopentecostal Assembléia de Deus Vitória em Cristo.

Num tape igualmente extraído de um dos seus programas diários e postado no You-Tube, (veja «AQUI») o pastor Malafaia recomenda que assistam à apresentação de Paschoal Piragine e defende com eloqüência e brilho, (justiça lhe seja feita), a democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito.

Como os seus homólogos na fé cristã, Malafaia adverte os sectários dos perigos de votarem no PT. Um partido com propósitos escusos, segundo ele, cheio de más intenções para a próxima legislatura, a favor do aborto, dos homossexuais, etc.; portanto, contra os princípios cristãos.

Só contra os princípios cristãos?

Milhares de pessoas já acessaram também essa preleção. Em duas congregações da igreja do Malafaia, uma na cidade do Rio de Janeiro e outra em S. Paulo, 100% dos(as) entrevistados(as) declararam que mudaram de intenção. 


Se antes tendiam a votar em Dilma Rousseff para presidente, depois do alerta do pastor pensaram melhor e pretendem agora votar em Marina Silva por ser ela também evangélica e respeitar os princípios cristãos.

Marina Silva respeita os princípios cristãos?

Seria interessante saber o que ela entende por princípios cristãos e como os define. Especialmente como os conjuga no o seu dia-a-dia político no Brasil.

Marina Silva, ex-empregada doméstica, ex-bóia-fria, ex-petista ferrenha é contra o aborto?

Até há poucos dias eu sabia que era a favor, pois, enquanto senadora, defendeu o assunto como uma questão de saúde pública. A partir da sua candidatura à presidência li que passou a declarar-se a favor de um plebiscito...

É o que eu sempre digo: para se viver no Brasil é preciso ter consciência subjetiva. Ter opiniões definidas e mantê-las é sinal de polêmica. 


Os brasileiros não gostam. 

Nem respeitam quem mantém posições claras. Bem faz o Serra de não afirmar sim nem não, muito pelo contrário. Tampouco se atreve a um talvez. Por se acaso.

Enfim...

Sem dúvida alguma, os discursos dos dois pastores foram absolutamente louváveis, inéditos e corajosos, em vista da nacional PTocracia que existe no Brasil. 


São dignos de aplauso. 

Porém, em se tratando de quem são e dos dízimos que exigem, não me pareceria absurdo se alguém desconfiar das suas intenções cristãs e das razões de fundo para terem arengado o mesmo libelo.

No século III, libelo era uma espécie de certificado concedido aos cristãos apóstatas que os deixava a salvo de perseguições.

Certamente os dois pastores pretendem salvar os seus rebanhos de cristãos.

Entretanto, o mais curioso na mudança de intenção/ opinião dos evangélicos é que nenhum dos ilícitos, crimes de lesa-pátria ou falcatruas já perpetradas pelo PT, denunciadas e noticiadas fartamente, sequer eram do conhecimento deles.

Por outro lado, ainda em cima do resultado dessa pesquisa, os que sabiam dos escândalos importância alguma davam antes, quando pretendiam votar em Dilma Rousseff. Para os dois grupos nem o fato da candidata ser uma ex-assaltante de bancos e ex-terrorista era motivo de preocupação ou rejeição.

Em outras palavras, a conduta ética e cidadã de Dilma Rousseff, – do passado e no presente, – a sua falta de experiência administrativa; o fato de estar ligada a aloprados, mensaleiros e corruptos; de ter falseado a sua graduação acadêmica; de ter sido apanhada em mentiras grosseiras, inclusive sobre a cura repentina do câncer que tem; e ter fracassado até como dona de loja de R$ 1,99... tudo isto mostrava-se insignificante se comparado à postura dela em favor do aborto e dos homossexuais... Temas estes que a dita cuja e sua assessoria já se encarregaram de esclarecer que não é bem assim.

Eu sei, leitor, que só consciência subjetiva não é suficiente para se viver no Brasil e conseguir agüentar o cenário político nacional. É preciso também ter cara-de-pau.

Aparentemente para os evangélicos pouco lhes importa ou entendem a corrupção que o PT tem disseminado pelo país; ou como o governo avacalhou com o ensino, com a saúde pública, com a segurança, com o saneamento básico... 


Em nada parece incomodá-los o fato do Lula, no exercício do cargo de presidente da república, ter-se revelado descaradamente um mentiroso patológico e acintosamente conivente com corruptos e com os assaltos às claras ao banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras perpetrados por petistas. 

Os mesmos graus de apatia revelam esses cristãos perante as constantes tentativas do PT em achacar empresas; de permitir indiscriminadamente a invasão de terras; ou já ter violado, reiteradas vezes, os sigilos bancários e fiscais de milhares de cidadãos.

A serem instados a responder com um simples "sim" ou "não", 74% desses evangélicos sequer anteviram conseqüências ou prejuízos para a sociedade diante das arbitrariedades praticadas pelo poder judiciário controlado por oligarcas como José Sarney, Daniel Dantas ou Fernando Collor de Mello, fiéis aliados venais do PT.

No mesmo questionário também lhes pareceram irrelevantes os abusos, falcatruas e estelionatos praticados pelo autodenominado apóstolo Estevam Hernandes e pela bispa Sônia Hernandes, ambos lideres da Igreja Renascer; ou até as extorsões e vigarices dos pastores Iurdianos chefiados por Edir Macedo que já se posicionou a favor do aborto. (assista-o «AQUI»). E «AQUI» para ver como ele ensina a roubar os fiéis.

Diante de tais resultados se os evangélicos são a favor e defendem com fervor os princípios cristãos, caberia perguntar-lhes quais são: – Os deles próprios?; Os dos seus líderes?; Quais valores cristãos apóiam ou se referem?

Pelo que entendi do que foi apurado na pesquisa, eles são basicamente contra o aborto, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, (leia-se homossexuais), contra a pedofilia e a favor da liberdade de expressão e de religião; principalmente a deles.

E os princípios civis? Os de cidadania? Os jurídicos? Os políticos? E os constitucionais?... aos quais todos os brasileiros têm direito e o Lula e seu governo têm ferido, satirizado e desrespeitado diariamente, com tal impertinência que beira a insanidade?

Ao terminar deste post recorro a Hamlet, porque só consigo enxergar, "como objeto de meditação e fruto amargo, uma interminável fila de interrogações..."

Será que para os evangélicos existem somente princípios cristãos?; e os restantes foram anatematizados?

Será que cabe aos não-evangélicos defender os demais princípios?; princípios esses que só no pleno exercício deles é possível praticar os princípios cristãos?

Se dois mil anos de História, especialmente os últimos cinqüenta do século XX nos ensinaram algo, deveríamos recordar que misturar Fé com política conduz à tragédia. 


Usar os ensinamentos de Cristo para resolver assuntos demasiadamente mundanos, sobre os quais não se possua a devida compreensão, é dar o primeiro passo para o fanatismo religioso e convidar o endurecimento político para o confronto.

Por mais que a minha aversão ao PT, ao Lula e à Dilma faça simpatizar com a postura dos dois pastores e com a virada evangélica de cento e oitenta graus a favor de Marina Silva, não posso concordar nem aplaudir a mudança, pois é uma decisão de cabresto.

Não há glória nem maturidade, nem consciência cívica nessa determinação.

Se os evangélicos brasileiros pensam que estarão contribuindo para o amadurecimento da democracia no país, equivocam-se. 


Ao votarem num candidato apenas porque o pastor mandou – ou por simples irmanação religiosa, – sem levar em conta o perfil, vida pregressa, experiência e programa de governo do postulante, lamentavelmente estarão colaborando ainda mais para a dissolução completa da honra, moral e ética, atributos estes sim, verdadeiros ensinamentos de Cristo... que parecem definhar dia-a-dia no Brasil.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Porque não comentei sobre as empresas:

No meu penúltimo post, 15/09, “Ponto de vista”, (leia «AQUI»), preferi não comentar sobre a forma das empresas expressarem os seus pontos de vista em relação ao desgoverno e bandalheira que acontecem no Brasil.

Parafraseando Jânio Quadros, “fi-lo porque qui-lo”. Por simples questão ética. 


O meu escritório aqui em Bruxelas presta serviços para algumas empresas brasileiras. Não vi razão para divulgar, no post em referência, as agruras, vexames e pressões criminosas a que estão submetidas pelos bandidos petistas, tão adorados pelos brasileiros.

O povão brasileiro, de certa maneira, é cego, burro e absurdamente irresponsável.

Entretanto, ao ler hoje no Diário de Pernambuco, um artigo da Miriam Leitão, titulado “O tom do recado”, pareceu-me que a nobre jornalista adivinhou o meu desejo freado, embora tenha tocado no assunto de forma lúdica. 


É compreensível. 

O tema é complexo, extenso e muito triste. 

O drama em que vivem as empresas brasileiras sob achaque dos sicários petistas vai além de um simples texto e nenhuma delas, temendo coisa ainda pior, está disposta a fornecer provas.

Assim, sem mais delongas, transcrevo a seguir o que Miriam Leitão escreveu. 


Talvez você, leitor, se for funcionário de uma empresa brasileira, possa ter idéia do que o seu patrão passa. 

Ao mesmo tempo, recomendo-lhe que vá colocando as barbas de molho. Se a empresa onde você está empregado estiver submetida a uma aberração dessas tem o futuro comprometido e, por tabela, o seu próprio emprego. 

Não se esqueça disso quando votar na ex-assaltante de bancos, Dilma Rousseff e nos meliantes petistas, candidatos a senadores, deputados e governadores.

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O tom do recado

Por Miriam Leitão
Diário de Pernambuco – Edição de quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Leia o original «AQUI»

A pergunta feita a um empresário, numa conversa com várias pessoas, foi: "É verdade que emissários do PT telefonam para empresas avisando que sabem quem não está fazendo doações para a campanha?" O empresário respondeu: "Para mim, telefonaram e foram pessoalmente dizer que notaram que eu não tinha feito doação na última eleição nem tinha feito ainda nesta."

Eu ouvi essa conversa estarrecedora. Esse tipo de encaminhamento do pedido de doação, se estiver generalizado, é uma forma de ameaça. A frase: "Notamos que você não fez doação na última eleição e ainda não fez nesta" pode ser entendida pelo que está embutido: estamos de olho em você.

O Estado, hoje, é quem concede a maioria do crédito; o BNDES aumentou de forma extravagante suas concessões de empréstimo subsidiado e a arbitrariedade de suas escolhas dos "campeões", que o faz negar créditos a alguns e conceder em excesso a outros que, na visão do banco, estão mais aptos a vencer a competição global. A mistura é explosiva: de um lado, um Estado com poder de vida e morte sobre as empresas; de outro, emissários do partido do governo com uma ameaça embutida na formulação do pedido.

Hoje, um dos grandes riscos que a sociedade brasileira corre é exatamente esse poder excessivo do Estado, controlado como donataria pelo partido do governo. O Estado é o grande comprador, o grande financiador, o grande sócio em qualquer empreendimento. Como ficar contra ele?

Por outro lado: ficando a favor dele, que grandes vantagens se pode ter! Os empresários só falam mal do governo se seus nomes não aparecerem; todos eles estão sendo beneficiados por alguma grande obra, algum grande contrato, alguma licença; ou sonham ser beneficiados no futuro. Um dos maiores empresários do país foi chamado para uma conversa cheia de ameaças indiretas por ele ter feito declarações contra uma das polêmicas obras que promete ser sorvedouro de dinheiro público.

O governo cooptou movimentos sociais, sindicalistas, parte do movimento cultural, através da distribuição de benesses, patrocínios, contratos e financiamentos. Mas a cooptação dos empresários é mais direta. Algumas empresas não têm capacidade alguma de bancar os empréstimos que recebem, ou outras são viabilizadas por aderirem aos grandes projetos em que todo o risco é público.

Nas sombras de um Estado gigante, tudo viceja, como os intermediários de negócios, mesmo que eles não tenham delegação para entregar o que prometem. Com um Estado todo poderoso, qualquer espertalhão pode dizer que é a ligação direta com quem decide e pedir uma comissão para isso. Mesmo que não houvesse casos de corrupção, comprovadamente ligados ao governo, ainda assim, seria o ambiente certo para a propagação dos casos nebulosos de pedidos de propina.

A redução do tamanho do Estado faz esse favor ao país: diminui os guichês nos quais se oferecem favores com dinheiro público e se pedem em troca comissões para enriquecimento pessoal ou para o partido que está no poder. A privatização tirou do Estado um sem número de cargos de distribuição política em empresas siderúrgicas, concessionárias de serviços de energia e de telefonia. As empresas que o país decidiu manter estatais deveriam ser isoladas das pressões políticas e concederem mais acesso às suas contas e aos critérios de decisão. Essa seria uma forma de reduzir o risco que o contribuinte e o consumidor dos serviços correm hoje com problemas como os dos Correios.

Já houve tantos casos nebulosos nos Correios no governo Lula - dos indicados do ex-aliado Roberto Jefferson até os indicados da ex-primeira-amiga Erenice Guerra - que não resta dúvida a esta altura: a melhor forma de produzir um colapso postal no país é continuar entregando os cargos de direção da estatal na mão dos políticos e seus afilhados e evitar a administração profissional da empresa. É um espanto que se consiga em tão pouco tempo provocar tanto extravio numa empresa centenária e que sempre teve reputação de eficiência.

Há quem considere que a melhor forma de evitar constrangimentos como o vivido pelo empresário que cito no começo dessa coluna é o financiamento público exclusivo de campanha. Como ser ingênuo a ponto de achar que, se o Estado der ainda mais dinheiro para os partidos, os que estão hoje viciados em caixa dois fecharão o balcão de pedidos impróprios aos empresários? O que ajuda a resolver o problema é, como tenho escrito aqui, a trindade: punição, fiscalização, transparência.

Nada é panacéia contra a corrupção, mas há formas de reduzi-la e outras de aumentá-la. O gigantismo do Estado é o caminho mais curto para aumentar a corrupção. Quando ele se torna o parceiro inevitável em qualquer negócio, tudo pode acontecer. Quando seu poder é usado para amedrontar as empresas, qualquer doação para campanhas políticas pode ser extorquida.

E o que houve nos últimos anos no Brasil foi o crescimento descomunal do Estado, primeiro, à sombra do Plano de Aceleração do Crescimento e, depois, sob o pretexto de que era preciso evitar a crise econômica mundial. Conter esse gigantismo é fundamental hoje, não apenas por razões econômicas, mas para melhorar a qualidade da democracia brasileira.

domingo, 26 de setembro de 2010

Jornalismo quiroprático.

Aqui entre nós, caro leitor, já reparou o quanto atualmente se fala mal do jornalismo brasileiro?

Fico até surpreso. Pensei que era só eu [risos].

É um balaio de gatos superlotado de ratos, dizem alguns. Outros descrevem-no como subserviente. 

Há quem prefira classificá-lo de conivente. 

Os aloprados chamam-no de partido de oposição. Os mais radicais de corja antropofágica. No entanto, qualquer estudioso da sua longa história nacional sabe que, – salvo por breves períodos, – a sua verdadeira vocação, quase inata, tem sido a quiropraxia.

A manipulação das estruturas para próprio benefício e entretenimento impactante do povo.

Dono de uma abordagem superficial, menos interessada no esclarecimento do que em agradar o gosto e os interesses populares, o jornalismo brasileiro, seja ele impresso, televisionado ou radio-difundido, é uma atividade, – na sua esmagadora maioria, – submetida a forças deletérias; as mesmas que controlam o Congresso Nacional. 

E, nestes últimos tempos, dado o estado de penúria que enfrenta, sucumbiu completamente às verbas federais. Em outras palavras, ao petismo.

Ingênuo ou mau aluno de jornalismo será se pensar o contrário.

Caso discorde, talvez fosse bom, e mais fácil de ver, se puder dedicar tempo a observar, no seu âmbito regional, como a imprensa é controlada à rédea curta pelas oligarquias locais.

Se alguma vez o bom jornalismo brasileiro ensaiou vontade de possuir um pouco de personalidade própria, esse desejo hoje esfumou-se pelos andares da gigantesca arca de Noé que é o Brasil. É preciso ter consciência subjetiva para se conseguir viver lá dentro...

Numa retrospectiva randômica, como se caminhássemos você e eu, leitor, de volta ao passado, só para ilustrar este texto, poderíamos relembrar a catarse motivadora da quase unanimidade da imprensa em apoiar as duas últimas eleições do Lula. 

Seríamos capazes de relembrar os detalhes da crise do papel no governo FHC? De passo, seria ótimo rememorar também como os brasileiros aceitaram o Plano Brady. Na época Paulo Henrique Amorim foi demitido da TV Bandeirantes e depois da TV Cultura. Por isso hoje é tão petista. Magoou.

Retrocedendo um pouco mais, que angústia será lembrar como foi abafado o fracasso do projeto Pólo Noroeste, o desvio de 500 milhões de dólares doados pelo Banco Mundial e aquele mundaréu de brasileiros, lá em Roraima, abandonados ao Deus-dará... 

Pedro Malan era então diretor da instituição e o PSDB nasceu logo depois para fazer do engenheiro um especialista em ataques antológicos ao keynesianismo. Tornou-se ministro da Fazenda e, com toda a legitimidade, representante do pensamento ortodoxo da economia, na economia nacional...

Contudo, não nos detenhamos só por aqui. Poderíamos abrir jornais mais velhos e lermos a quiropraxia engenhosa da Globo para a eleição de Fernando Collor de Mello. Seria divertido.

E falando das Organizações Marinho, poderíamos recordar do orgulho impresso durante o “Petróleo é nosso”; ou de Paulo Maluf “descobrindo” petróleo em S. Paulo. 

Se a memória nos falhar, sempre poderemos assistir ao remake atual desses episódios com o nome de “Pré-Sal”. Os atores têm rostos diferentes mas o enredo e a performance são iguais.

Portanto... Se não sentiu orgulho antes, certamente terá oportunidade se senti-lo agora.

Entretanto, recuemos um pouco mais no tempo. Quem não se lembra da rejeição ao parlamentarismo quando Tancredo Neves foi Primeiro-ministro “no molde presidencialista”? – É claro que ninguém, ora! Foi em 1961. 

Assim, para não nos cansarmos mais, olhemos ao redor e enlacemos as mãos para atravessar os rios de tinta gastos no “apoio popular” ao golpe de Estado de 64 e o repúdio a João Goulart...

Se você tem mais de quarenta anos certamente ainda manterá na memória as imagens dos “Anos Dourados”, as belas reportagens para descrever o fantástico American Way of life, o fascínio pelos EUA e Paris... Ah!, Paris... a Meca do bom gosto e das férias sonhadas...

Alguma vez ouviu falar do IBAD? Não? Deixe pra lá. É só um acrônimo nefasto do passado que atravessou o tempo, mudou de cor, de lado e de nome, mas manteve as práticas e propósitos. Hoje pode ser encontrado na Rua Abolição, 297, na Bela Vista em São Paulo.

No entanto, mesmo com quarenta anos ou até com cinqüenta será capaz de se recordar do papel basilar, desempenhado pela imprensa na construção do paradigma do voto obrigatório?: – “um ato patriótico, chato, mas obrigatório para a construção da democracia, do civismo e;... que gera paz e prosperidade por período mais ou menos longo e; ... que de modo mais ou menos explícito e; ... que permite o desenvolvimento posterior do povo, exclusivamente na busca da solução para os problemas por ele suscitados e; ... que o voto obrigatório representa a construção solidária da cidadania, a divulgação do conceito de agir participativo e;... que discute o direcionamento da implantação das políticas públicas”... etc.

– Por isso é obrigatório!?...

Pois é leitor, como se sentiu ao recordar um pouco o esmero indelével do jornalismo brasileiro? Bem, espero! Mas se o presente estiver causando-lhe certa sensação esquisita... digamos... obrigando-o a sentir-se imerso num vácuo de tempo? Poupe o dinheiro da consulta médica e convide a namorada para um belo jantar, com sobremesa a gosto no seu apartamento.

Passado e presente se confundem. Apesar da variação não houve mutação; menos ainda evolução.

Portanto, não se preocupe. Tudo continua e continuará como d’antes no castelo de Abrantes. Com o decorrer dos anos os donos do jornalismo quiroprático apenas foram substituídos pelos filhos, sobrinhos, netos... 

O sensacionalismo prossegue. 

A manipulação noticiosa persiste... e povo continua a acreditar em tudo... com a mesma apatia e desleixo.

No afã de informar todos nós sabemos que a imprensa brasileira tem pouco interesse pelo aprofundamento dos fatos. Os custos precisam ser reduzidos. Melhor colocar um chapéu na notícia, habitualmente com manchetes sensacionais para causar impacto; chocar a opinião pública sem inquietar a veracidade. 

As conclusões jamais serão publicadas.

Por leviandade, mais por venalidade, – tenho essa impressão, – o jornalismo brasileiro parece orgulhar-se de prejudicar tanto os personagens quanto os leitores ao criar, sob a fascinação da “liberdade de informar” ou do “espaço dado ao contraditório”, pencas de opiniões que acabam geralmente em saco sem fundo, logo esquecidas ou pior, denegadas.

Enfim... de um modo geral até jornalistas sérios reconhecem – em off, pois têm famílias a sustentar, – que o coletivo nunca andou tão desprestigiado, nem tão contemptível como nos tempos lulistas.

Por que será? Não faz sentido. Tantos serviços prestados... tantas primeiras páginas com textos literários só para protestar... tantas charges para rezingar... tantas denúncias levantadas... tanta corrupção descoberta.... tantos ladrões do erário denunciados... e ninguém preso; quase todos reeleitos.

Cabe à policia prender e à justiça condenar, eu sei. O jornalismo brasileiro existe para se inflamar com o casal que jogou a filha da janela e forçar o juiz a manter os dois na prisão. Ou para denunciar o atropelamento do filho da atriz por um desalmado... e fazer o delegado da polícia apressar-se na investigação.

Mas quantos filhos já foram atropelados por desalmados, jogados da janela por filicidas ou atingidos por balas para a mudez jornalística?

Eram pobres zés-ninguém. Mas se estivessem em Londres deixariam de sê-lo.

Até hoje fico emocionado ao recordar o excelente trabalho jornalístico na defesa daquela moça pernambucana que, morando na Suíça, dizia ter sido marcada a estilete por skinheads. 

Ah, como li com avidez o que Ricardo Noblat escrevinhava – em primeira mão – no seu blog. Cheguei a ficar emocionado com o patriotismo vibrante na voz do William Bonner e da Fátima Bernardes... Celso Freitas, da TV Record, levou-me às lágrimas.

Dois ou três meses atrás, a moça, – que estava grávida e depois não estava, mas sofria de Lúpus(?) repentino, – foi deportada como vigarista, após longo processo judiciário e certo mal estar diplomático que bordejou o rompimento das relações.

Quantos brasileiros foram abusados de fato, – comprovadamente, – em várias cidades européias e, apesar das súplicas às embaixadas e consulados, foram sumariamente ignorados e até escorraçados? Só no ano passado, aqui da Europa, foram deportados mais de 8.000; a maioria nem chegou a sair dos aeroportos, embora contra eles causa alguma provável lhes fosse apontada.

Que pena não ter lido nada bombástico nos jornais nem ter escutado o Bonner. Não eram filhos de advogados pernambucanos, amigos de deputado, cabo eleitoral de senador... o qual, ao que tudo parece, pela primeira vez na sua vida política, nas próximas eleições não será reeleito.

Quando eu morava no Brasil inúmeras vezes pude assistir à comédia da mesma noticia ser reportada nos jornais televisivos de forma completamente diferente. A globo distorcia o fato, a Record exagerava e a Bandeirantes insinuava... não necessariamente nesta ordem.

Essas redes de TV gostam de se alternar. Assim ninguém fica com ciúme.

Ainda hoje, quatro anos depois, se quiser entender o bojo de determinado fato noticiado preciso ler a Folha, o Estadão, o Globo, o Jornal do Brasil, etc., recortar as matérias e depois cotejá-las para conseguir obter um ensejo de conclusão.

Trabalho insano. Felizmente conto com um pesquisador muito bom.

Se o leitor adquirir o mesmo hábito (não recomendo), com o passar do tempo acostumar-se-á certamente, em especial nos jornais de grande circulação, a ver jornalistas, tidos como sérios, negarem, sem qualquer pudor, defesas passadas para execrarem o que é noticia no dia; apenas pelo incremento das vendas do jornal ou aumento da audiência nas TVs. 

Ou, o mais habitual, pelo acréscimo nas contas bancárias, desfrute de um jantar no restaurante elegante ou divertimento com a família numa viagem à Europa, às custa do patrocinador... se o assunto for demasiado peludo e envolver, por exemplo, grandes construtoras, laboratórios, concessionárias de auto-estradas, mineradoras, etc, etc, etc.

O mais divertido e paradoxal é ver que esses veículos de comunicação e os tais jornalistas comungam da mesma fama: todos, sem exceção, possuem reputações ilibadíssimas. Nenhum deles pratica o denuncismo pelo denuncismo porque não defendem interesses escusos... 

Os respectivos focos jornalísticos posicionam-se apenas, – e tão-somente, – para a verdade; para mostrar os fatos tal como se apresentam, isentos de partidarismos...

Que bonito. Ó!!!... fico até arrepiado.

E durma-se com um barulho desses...

Portanto, é absolutamente coerente no caso de um banco acusado de abuso financeiro não ter o seu nome incluído na reportagem. 

O mesmo acontece se uma das suas agências é assaltada ou causa constrangimento a alguém ao prendê-lo dentro das portas giratórias e o vigilante lhe dispara um tiro ou o sujeito morre de enfarte do miocárdio. Quem nunca viu o tremular de uma banda fosca escondendo o nome da empresa durante a transmissão televisiva?

Conseqüentemente, não é de surpreender que os petistas digam que o jornalismo tem liberdade demais... embora sejam mestres renomados em usá-lo, em manipulá-lo, até em falsificar manchetes e colocá-las na propaganda eleitoral.

Se olharmos desde longe para o jornalismo brasileiro, do ponto de vista da embriologia, poder-se-ia dizer que é uma gônada. 

Soaria até simpático caso optássemos por colocar uma venda nos olhos e uns tampões nos ouvidos. Estaríamos atribuindo-lhe status embrionário; ainda à procura de uma identificação morfológica. Talvez ideológica, se olharmos para os anos tucanos e para o presente lulista... retido num vácuo de tempo no qual a maior parte da sociedade se tornou autista.

Ninguém se importa.

Sigamos em frente!

Esqueçamo-nos dos anos da ditadura militar e da sórdida conivência, subserviência e dependência... Certamente sujaríamos os dedos na ferida ainda por cicatrizar.

Olvidemo-nos do espalhafatoso mensalão; da falta de empenho da imprensa para levar os quarenta ladrões à prisão; e também do juiz relator cheio de dores nas costas que mais passeia pelos botecos do que cumpre o seu dever.

Esqueçamo-nos da censura jurídica. No Brasil deixou de existir censura.

O que é mesmo censura jurídica? E isso existe?...

No Brasil hodierno dos lulistas, com o país produzindo profusamente corruptos, ladrões e assassinos, com uma imprensa absolutamente tendenciosa, apelativa e alzheimica, recordo-me neste instante de uma frase de Balzac que me pareceu horrorosa quando a li, mas hoje nem tanto: “se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”.

Os “meretrícimos” juizes que mantêm há mais de ano o Estadão e outros jornais sob censura estão cobertos de razão. Devem ter fundamentado as brilhantes decisões na “Comédia Humana” ou na “Monografia da imprensa parisiense”, ambas obras de Honoré de Balzac.

Como se não bastassem as mentiras constantes e insistentes do governo, o grosso dos jornalistas, – salvo dois ou três honrosos profissionais, – deu para ser cúmplice das aleivosias petistas. Ao mesmo tempo em que é complacente com os propósitos para os quais são inventadas, uma vez por semana essa gente sai batendo.

Bate... pero no mucho! São apenas tapinhas de amor.

Deve ser por isso que José Dirceu, lugar-tenente da bandidagem petista, reclama a bom ouvir que a imprensa está em guerra contra ele.

Eu fico pasmo com tanta cara-de-pau. Como pode?

Conhecendo o sujeito, como infelizmente conheço, dos jantares regados a Johnny Walker Blue e charutos cubanos, tudo pago com cartão American Express, eu tenho que rir. O homem é um pândego. Deveria trabalhar na Praça da Alegria.

José Dirceu foi e é o maior plantador de factóides que já existiu no Brasil. Nem os militares tiveram tamanha desfaçatez. Dado à fruição do Amex esse ilustre procustiano tem sob sua asa uma miríade de jornalistas frascários, cujo trabalho, outro não é, senão escrever a mando... e a cambio de um belo jantar ou até mesmo de uma dose de Johnny Walker Blue no fim da noite.

Ricardo Noblat, por exemplo, escrevinhador de letras azado, defensor ferrenho de moças “grávidas” com lúpus repentinos e atacadas por skinheads suíços, é um dos que coloca o seu “mui” acessado blog à disposição do Zeca. 

E não é só ele, infelizmente. Muitos jornais de reputação ilibada, – como se isso pudesse existir no Brasil, – abrem-lhe as páginas interiores.

Quem sabe, em nome de uma amizade por tantos “furos” proporcionados no passado?... E de outros tantos vindouros?

Ó!!!... volto a ficar arrepiado. Como a amizade é bonita. É o mais belo dos sentimentos. Dura até mais que o amor, você sabia?

É fato que a maioria dos jornalistas no Brasil são e andam mortos de fome, pobrezinhos, caminhando sem eira nem beira de uma redação para a outra. 

Alguns se reinventam como blogueiros a serviço de outros, com patrocínio de empresas estatais. Dada a penúria em que se encontram os jornais impressos e os salários miseráveis que recebem, tampouco causa espanto ver esses despreparados transformarem-se em rêmulas a devorar os restos deixados pela orca; ops!, pelos petistas...

Muitos não têm idéia da responsabilidade que significa ser jornalista; nem do dever ético inerente à profissão. Acreditam pertencer a um conjunto de veículos com o propósito de questionar assuntos, levantar problemas ou denunciar o errado, sem perceberem, além desses intentos, que o ofício abraçado vai muito além do quanto existem ou do quanto, em desesperança, diante da fome, possam agatanhar o peito.

Veja por exemplo o bizarro Mino Carta; fascista italiano, pintor medíocre de capacetes nazistas, que desembarcou no Brasil com uma mão na frente e outra atrás, adotando ares de socialista intelectual. 

Pouca gente conhece a sua verdadeira história. 

Acolhido pela Revista Veja, (ele diz que a fundou), após alguns anos foi enxotado; fato repetido sucessivamente em outras revistas de São Paulo. 

Hoje é sócio de um jornaleco de décima categoria, ao qual chama eufemisticamente de Revista Carta Capital. Um arauto de cordel do petismo. Do pior do petismo. Inclusive para publicar mentiras com puro cunho eleitoreiro, como a mais recente na edição 614, (leia «AQUI»), ao anunciar a saída de Aécio Neves do PSDB.

Quem conheceu Mino Carta e os impropérios que dizia do Lula no passado, ao vê-lo hoje como megafone permanente do PT, o mínimo a se pode pensar desse sujeito é que é um homem desprovido de atributos. Na verdade, nem caráter tem sequer.

Como haveria de ter se 70% da verba de publicidade da revisteca é financiada pelo petismo o qual denegriu com tanto empenho até seis ou sete anos atrás? Razões de sobra deve ter a Dra. Sandra Cureau, Vice-Procuradora Geral Eleitoral para ter intimado a revista a entregar todos os contratos que tem com o governo federal.

Grande mulher! Tomara que consiga.

Ao ler que Lula, fiel usuário da imprensa, hoje a ataca em cada arenga, só consigo ver nele o rosto de um boneco ventríloquo movendo o maxilar ao som da voz do Zeca.

Que propósitos escusos esconderá esse homem?

Na sua inteligência precária afirma que a liberdade de imprensa é sagrada, mas a informação precisa ser verdadeira. Ele queria dizer “controlada”, mas enfim... 

O sujeito confunde liberdade de expressão com direito à informação. Contudo, em se tratando de quem é e para quem fala, bom... os brasileiros não entendem mesmo... os jornalistas são coniventes e todos juntos aplaudem extasiados o discurso inteiro.

Os jornalistas também confundem liberdade de expressão com direito à informação.

Recentemente chegou-me às mãos “A miséria do jornalismo brasileiro" um ensaio escrito por Juremir Machado da Silva. Já foi publicado há alguns anos, conquanto parece ter sido escrito ontem como testemunho da imutabilidade do jornalismo no Brasil.

Em grandes pinceladas o ilustre professor, doutor em Sociologia pela Sorbonne, separa os jornalistas brasileiros em três categorias: o esquerdopata das letras, aquele que acredita em tudo o que Lula diz e Fidel Castro é um exemplo de governante a ser seguido; o aluno modelo dos cursos de jornalismo, o CDF que bebe as palavras dos professores sem notar o baixo nível do ensino que recebe; e o idiota tecnológico, que anda com dois celulares na cintura e uma laptop debaixo do braço.

O primeiro acredita piamente na crítica frankfurtiana: – a necessidade de rebelar-se contra as tendências. 

O segundo segue as regras do que aprendeu na escola: – jornalismo com ética e palavras do manual de redação. Já o terceiro é um entusiasta fanático da Internet, do Twitter  e vê nesses mecanismos a salvação de todos os problemas do mundo, incluindo os da imprensa.

Em outras palavras: embora a imprensa tenha sido inventada e exista para informar, a concepção do jornalista brasileiro a respeito é simplesmente surrealista.

Por isso, quando um governo como o lulista investe contra a mídia é preciso disparar todos os alarmes e fazer como o galo dentro do galinheiro que é perseguido pelo papagaio: – colocar uma chapa de ferro atrás e outra na frente.

Se o Lula e seu lugar-tenente fazem coro para reclamar da liberdade da imprensa, os brasileiros deveriam se preocupar...

Deviam? Deveriam? – Reconheço que às vezes eu sonho...

Quem lê com atenção três ou quatro jornais por dia não pode deixar de perceber o quanto a imprensa continua a apoiar Lula incondicionalmente e até covardemente. Na televisão tal sordícia é mais visível. 

Os âncoras dos noticiários quando, por força da magnitude dos crimes petistas, são obrigados a mencionar o nome do presidente da república, – pois a ilação é compulsória, – parecem estar sentados de repente em cima de carvão em brasa à medida que informam.

Repare nas mãos, nos tiques faciais e principalmente na modulação insegura da voz.

Portanto caro Leitor, não se deixe impressionar quando os petistas arrazoam contra a imprensa. 

As falas néscias do Lula, os queixumes fingidos de Zé Dirceu e todo o espalhafato e maledicências divulgadas a respeito não passam de cortinas de fumaça para dissimular o que realmente acontece nos bastidores esfomeados das redações. Principalmente o quanto o PT se prepara para impor ao país um regime autoritário ao estilo chavista.

Se você é daqueles que acredita que o Brasil é hoje um país democrático, por favor desentupa os ouvidos e retire a venda que pôs nos olhos. 

Para começar o voto é obrigatório. Por outro lado, não há democracia sem jornalismo independente; sem jornalistas verdadeiramente conscientes que tenham como princípio apurar os fatos e informá-los com ética; tal como ocorreram, como se desenrolaram e como terminaram.

Num país democrático não existe censura judicial, nem um jornal do porte do Estadão se submeteria passivamente, – há mais de um ano, – à decisão judicial determinada por um juiz sobejamente corrupto, amigo íntimo do senador José Sarney.

Porém, a mídia brasileira, como um todo, não está interessada em meter a mão em ninho de maribondos pois ao lado corre um rio de mel. 

O povo mal sabe ler as manchetes; muitas delas nem as compreende, mas compra o vespertino. 

Cada vez menos, é certo. 

Porém, no topo está o oligarca, dono ou sócio do jornal, que não pretende ofender os aliados; muito menos comprometer financiamentos ou verbas públicas para publicidade.

Quanto ao jornalismo televisivo... bom... a história se repete com maior gravidade devido à abrangência. 

Mais que num jornal, a concepção de “tempo é dinheiro” é executada de forma draconiana. Os custos são muito altos e os índices de audiência cavilosos. Podem descair facilmente e o anunciante poderá recusar-se a pagar a exorbitância pedida para ser inserido na grade de programação. Sem anunciantes não há televisão.

Se o Brasil fosse realmente um país democrático, por mais liberdade que a imprensa tivesse, ela deveria, obrigatoriamente, ser ainda mais livre. Só assim se constrói uma democracia. Porém, essa liberdade sem estacas só é possível com profissionais éticos e muito saber acadêmico.

Não é o caso do jornalismo brasileiro nem dos seus profissionais. Quando se confunde liberdade de informar com libertinagem informativa e não se entende direito o significado de liberdade de expressão, o resultado está aí bem claro estampado nos jornais e nas reportagens superficiais, supostamente investigativas sem apresentarem conclusões.

Os jornalistas brasileiros parecem esquecer com freqüência que a sua verdadeira função é de informar e não de confundir; de educar as massas e não de manipulá-las. 

Contudo, e o digo pesaroso, se observarmos com cuidados como se comportam profissionalmente poderemos detectar na maioria deles a propensão quase vocacional para a quiropraxia, pois os problemas estruturais e sociais do país são enormes e eles não estão interessados em contribuir para encontrar soluções; nem gerar causa para a resolução

Para haver jornalismo sério no Brasil seria necessário melhor ensino básico e depois especializado. Seria imperativo que soubessem escrever e, principalmente falar, pois saberiam como perguntar. Que soubessem como fiscalizar as políticas publicas e, ao sabê-lo, pudessem dispor de recursos para tanto...

Novamente sonho...

Quando dava aulas em S. Paulo, diante dos absurdos estudantis que era forçado a escutar, costumava pensar que aproveitaria melhor o meu tempo alimentando burros a rocambole do que aqueles futuros jornalistas a capim.

Os brasileiros, – que mal sabem ler e falam pior ainda, – não demandam informação; não exigem saber dos fatos que verdadeiramente lhes afetam a vida. – Como pode existir bom jornalismo no Brasil?

Se o povo grita por justiça quando lhe passa um microfone pela frente, mas aceita qualquer porcaria que lhe chega aos olhos e ouvidos sem se dar ao trabalho de raciocinar só um pouco... como pode existir bom jornalismo no Brasil?

Não pode! Seria como tirar leite de pedras.

Sem instrução não há desejo de conhecimento. Sem demanda não há recursos. Sem recursos não há estrutura nem informação de qualidade.

O Brasil quer ser democrático, mas não é. Como qualquer nação civilizada precisaria ter uma imprensa competente, mas não tem. Logo, a alternativa sedutora é a informação manipulada para impacto; o jornalismo quiroprático.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ponto de vista.

Pedir ou expressar um ponto de vista no Brasil, a maneira como o sujeito considera ou entende determinado assunto, é complicado. 

A honestidade é pouca e a ignorância muita. Depende também do local onde o indivíduo se encontra e do grau de servilismo ao qual está submetido. 

Além disso, o ponto de vista do brasileiro tem muito a ver com quem está acima dele; com a manchete de jornal que lê sem se deter na matéria; com os horizontes políticos ou profissionais que possa enxergar; com as amizades ao redor; com as informações que vislumbra; até com a espessura do telhado de vidro sob o qual se abriga.

Obviamente existem muitos outros condicionantes mais. Notadamente no meio político e no judiciário. Vou pular o meio empresarial. (Entenda a razão «AQUI»). Contudo, não espere leitor que eu me ponha aqui a nomeá-los.

Apenas para ilustrar, o carioca, por exemplo, é um virtuose em expressar de forma conveniente o seu ponto de vista político ou social, especialmente se tiver em vista alguma vantagem imediata, uma cerveja ou refeição grátis. 


O paulista é mais cordato, mas prima pela ambigüidade. 

O nordestino é arredio; o sulista desconfiado; o baiano confuso. 

Quanto ao mineiro, bom... em boca fechada não entra mosca.

No anfibológico sistema judiciário brasileiro pontos de vista é que não faltam. Os advogados têm os deles e cada juiz o seu. 


Um dos mais recentes e esdrúxulos que já vi refere-se ao que foi arrogado para cima do inquérito da Polícia Civil de São Paulo que investigava a violação de centenas de sigilos fiscais dentro da própria Receita Federal.

Aqui entre nós, [risos], o ponto de vista judicial mais pareceu prevaricação... Enfim.

As amarras às quais estão submetidos os juízes, quer no campo da apreciação probatória, quer no referente à prolação da decisão, fundamentam-se por um lado na tentativa de dar cientificidade ao procedimento e, por outro, no intuito de controlar o poder e evitar o arbítrio. 


Assim, por força da lei, o juiz não julga. Menos ainda na fase de inquérito, caso ele o presida. A função de um juiz é aplicar a lei ao delito cometido e não dirigir a investigação para este ou para aquele lado.

Os rumos de um inquérito são da competência da polícia judiciária, que no Brasil se chama Polícia Civil. A função de um juiz ao presidir um inquérito tem como objetivo dar suporte legal às ações policiais que forem necessárias para a obtenção das provas.

Entretanto, a mesma lei que impede o juiz de julgar e tenta controlar-lhe o arbítrio, permite-lhe, paradoxalmente, o “arbitrio judicis”. Isto é: o juiz pode apreciar livremente a causa a ser julgada segundo a sua interpretação pessoal da lei. Em outras palavras, o ponto de vista de um juiz sobre determinada cláusula ou parágrafo da lei pode ser totalmente diferente do colega no gabinete ao lado. Infrações iguais, dispostas nas leis, podem muito bem receber sentenças completamente diferentes.

O mesmo acontece nos inquéritos, principalmente quando envolvem personalidades famosas. Nestes casos é comum ver um juiz exacerbar, digamos, o seu ponto de vista.

Portanto, não é sem razão que no Brasil se diga jocosamente que “todos são iguais; porém... alguns são mais iguais que outros”.

Tanto assim é que essa “igualdade” parece ser o ponto a envolver a vista violação dos sigilos fiscais dos familiares de José Serra (PSDB), candidato à presidência da república.

Todos sabemos que foram os petralhas os mandantes e executores da violação.

E quem, se não? Espelho, espelho que tudo vê, existe no Brasil algo pior que o PT?

Se alguém suspeitava, graças à polícia de São Paulo não há mais dúvidas que foram os petistas, – a mando de outros petistas de alto coturno, – que violaram o sigilo fiscal da filha do José Serra, da apresentadora global Ana Maria Braga e de várias outras personalidades, inclusive o dono das Casas Bahia. A maior parte dessas pessoas sequer possui qualquer vinculação partidária.

Antonio Carlos Costa D’Ávila, o corregedor-geral da Receita Federal, afirmou, – sem que os jornais se indignassem, – que quase 3 MIL CONTRIBUINTES tiveram a vida vasculhada de forma arbitrária, na operação criminosa orquestrada pelos petistas para intimidar adversários políticos e garantir a vitória de Dilma Roussef.

3.000 contribuintes? Isso é muito preocupante. É revoltante!

E é grave! Gravíssimo! Porque a violação não foi só consumada com fins políticos para agredir um candidato, ou membros do PSDB, fato que por si só já constitui crime extremamente sério e inquietante; que pode ter conseqüências nefastas ou fatais.

Está claro que as violações tiveram propósitos muito mais amplos, sobretudo dolosos; possivelmente para chantagear ou para achacar essas pessoas, a maioria, repito, sem conotações políticas, mas com muito dinheiro.

Achacar é mais excelsa das especialidades petistas; nascedoura nos tempos das greves metalúrgicas, comandadas pelo José Dirceu, tendo como protagonista o analfabeto do Lula. Se quiser entender mais sobre a extorsão petista leia “A Origem do dinheiro – Parte 1” e “A Origem do dinheiro – Parte 2”.

Nesse meio tempo, não nos esqueçamos de Celso Daniel e do Toninho do PT, dois petistas que foram assassinados exatamente para não revelarem as extorsões praticadas pela cúpula do partido. Não nos esqueçamos também que Dilma Rousseff é uma assaltante de bancos. 


Não nos esqueçamos igualmente que a delegada da Polícia Civil encarregada de desvendar a morte de Celso Daniel é irmã do genro do Lula.

Fosse o Brasil um país decente, com um judiciário sério ou tivesse um povo sensato, o escândalo já teria tomado as ruas e os petistas envolvidos estariam presos. Principalmente Lula, rei e senhor de todos os facínoras.

Mas o Brasil é um país obsceno, cujo povo possui tão-somente 50% dos neurônios voltados apenas para emoção, 40% para a malandragem e 2% para o raciocínio; o resto é autista, perneta, surdo, tuberculoso, sei lá.

Quanto ao judiciário, como já disse Lídia Reis, no Brasil hodierno "o juiz é coletivamente percebido como um personagem anacrônico, que trabalha sem a presteza esperada pelas partes, um ser distante, instalado em pomposos locais de trabalho".

Portanto, José Serra, como bom brasileiro, chamou a si o papel emocional de vítima... Pôs-se a gemer pelos cantos do país, lamentando-se da triste vilania que os petistas lhe fizeram.

E José Serra quer ser presidente da república?

Das duas uma: ou o candidato tucano é beócio ou tem um marqueteiro meio atordoado das idéias. O que dá no mesmo.

A violação do sigilo fiscal de um cidadão, – seja ele quem for, – pelas leis brasileiras é considerado crime. O que os petistas fizeram, pois não é a primeira, nem segunda, nem décima vez, é mais outro ato criminoso que atinge todos os cidadãos e fere de forma irreparável a circunspecção dos órgãos Federais.

Não atinge só o candidato e a família dele como muitos brasileiros pensam e vivem esparramando, pelos blogs, opiniões nesse sentido.

Eu fico pasmo com os comentários que leio.

Se José Serra fosse um presidenciável de qualidade, em vez de lamuriar-se aos microfones porque violaram o sigilo da sua adorada filhinha e do seu amado genro, deveria estar berrando e denunciando a execrável ignomínia que os petistas perpetraram contra três milhares de cidadãos.

Principalmente, deveria estar se esforçando para alertar a nação que o direito de sigilo assegurado a TODOS pela Constituição foi abominavelmente estuprado pelo PT e seus meliantes petistas amestrados.

Deveria estar movendo céus e terra para mostrar aos brasileiros que a individualidade de cada um foi seriamente danificada pelo PT.

Deveria estar gritando aos céus por justiça, – não só para ele ou sua família venerada, – mas principalmente para o povo que ele sonha governar.

Deveria estar exigindo que a lei fosse respeitada, os cidadãos protegidos, os violadores presos e os mandantes denunciados.

Sim, os mandantes! Possivelmente "a" mandante...

Mas José Serra e seu marqueteiro não fizeram nem fazem nada disso. Têm medo de bater e contradizer o dogma de Duda Mendonça, marqueteiro chefe do PT. Preferiram delegar ao PSDB. E o partido em si, como é hábito, sofrendo de bovarismo galopante, simplesmente abaixou as calças e encaçapou mais outra a seco, porque... José Serra e demais tucanos têm telhados de vidro muito finos...


Temem desagradar o PT.

Nessa historieta lamacenta o mais prejudicado é o cidadão que permanece à mercê de sicários para, de repente, num desespero maior, ver o seu nome, dados pessoais e renda numa listagem autêntica da Receita Federal à venda no piratôdromo da rua Santa Efigênia em São Paulo... para ser usada por qualquer pé-de-chinelo.


Por qualquer "nêgo" safado de índole criminosa.

Mas esse cidadão comum, no rebanho dos borrêgos iguais, vota no PT, adora o Lula e já mostrou que pretende eleger a ladra de bancos, amiga do Lula. Não vai se preocupar com a bobagem de uma violação de segredo fiscal sobre a qual nem entende direito; nem compreende a magnitude do abuso.

O Povo apenas quer saber quando vai aumentar a esmola mensal do Bolsa Família para poder comprar o celular da moda.

Portanto, mesmo aqui de longe, vejo que as lágrimas de crocodilo de José Serra não comovem pessoa alguma... A maioria popular sequer presta atenção nos crimes e infâmias cometidas pelo PT.

O reboliço fica só nos jornais... e mesmo assim sem grande alarde, pois não há que se exagerar no ponto de vista sobre quem paga o almoço no restaurante chique ou convida jornalistas para um passeio no aero-Lula.

Diante desse cenário até se compreende porque o PT decidiu parafrasear o deputado gaúcho Sérgio Moraes (PTB), e debochar das vítimas da violação. Lixa-se para a opinião pública. Os jornais batem mas eles se reelegem.

Brasileiro tem memória curta mesmo! Então...?!

De novo preciso perguntar: – Será que José Serra quer, 
realmente, ser presidente de todos os brasileiros?

Sei!... Acho que vai continuar querendo. Ainda mais agora...

Agora, nestes últimos dias, do nada, assim de repente, o presidente do inquérito sobre a violação dos sigilos fiscais, o juiz boa-praça, homem sério, estudioso das leis, decidiu exercitar o seu ponto de vista sobre o assunto. Encontrou nos alfarrábios legais a maneira certa de apartar a delegada da polícia civil de S. Paulo, encarregada da investigação.

Vai ver... a moça era incompetente... Tadinha! Dá para acreditar?

A coitada, em meia dúzia de dias descobriu que os principais violadores dos sigilos fiscais eram nada mais, nada menos, que membros filiados e ativos do PT.

Que audácia!

A policial identificou até os associados que trabalham para esses petistas.

Que ilação absurda!

A pobre desmontou a farsa montada pela Receita Federal para justificar as procurações falsas e provou: – não só que eram falsas, como também que a Receita já sabia há algum tempo que eram falsas.

Que atrevimento!

Mas... ai, ai, ai... Não teve tempo de descobrir os mandantes... ou "a mandante" como todas as provas coletadas pareciam apontar. Imperdoável!


E o governador de São Paulo, a quem essa delegada está subordinada em último grau, é do PSDB. Tal é o grau de bovarismo que o governador padece...

Diante de tanta "insolência" policial, o meritíssimo magistrado (ou será que é meretríssimo? Nunca sei.), arrogado e extrapolado nas suas funções, mas baseado estritamente no tal "arbitrio judicis", determinou que o inquérito fosse transferido para a esfera Federal.


Esfera federal? O buraco da má hora, onde quem ou o que para lá vai, não torna?

Ora... e para onde mais, se não? A César o que é de César! Arquivá-lo daria muito na vista.

Se o douto juiz de Direito tem esse ponto de vista, é possível compreender a lógica da sua decisão; especialmente pelo fato do povo brasileiro, – em vista desse ponto e de outros iguais, – não percebe direito que tem... um ponto na vista.


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