Brasil do avesso, de ponta-cabeça.
No país do berimbau elegem governos com doses generosas de impaciência, inocência e boa vontade.
Tudo na base da esperança.
Entretanto, os poderes de fato jogam em outros campos com arteiros nunca escrutinados a quem os ventos sopram... Só a favor deles e dos seus empréstimos abençoados e orçamentos majorados.
Ladrões!
Primeiro, enganaram. Vinte anos de propagada ética revelaram por fim que não havia ética alguma. Nunca houve. Nem sombra!
O Povo educado para um pensamento medroso, acrítico e dócil, é constantemente amansado pela televisão Globo e pelas revistas facciosas, repletas de factóides. Iludido pela retórica neoliberal, tem medo da revolução e acovarda-se às gangues de drogados e assassinos nos morros ao lado.
Domesticado, acovardado e apolítico deixou de perguntar... De questionar.
Manipula e deforma as opiniões. Quando as tem. Se as tem.
Alega que tem fé... Confiança no futuro. Vota nos mesmos políticos malfeitores; bebe leite falsificado, abastece com gasolina adulterada e acredita que os aumentos dos preços dos alimentos nacionais derivam da alta internacional.
Educado por professores ineptos e preguiçosos no aprender consegue apenas falar o "favelez" e esqueceu que o idioma nacional é o português.
O Brasil e os seus governantes reclamam o melhor do seu povo. O Povo reclama... Bom, nem tanto. De mansinho dá um jeitinho; mete o rabo entre as pernas, bate na mulher e na criança.
Mas há empenho, dedicação e esforço. Empenho de comprar a prestações largas com juros usurados. Dedicação à coscuvilhice da vida alheia. Esforço para obter e tirar vantagem de tudo e de todos, no menor prazo, pelo melhor preço; de qualquer maneira.
O Estado Brasileiro, outrora instituição admirada, passou a quase respeitável... Comporta-se hoje como um playboy devasso. Chefiado por um analfabeto sem escrúpulos, entrega-se aos prazeres e tentações de quem mais paga; passa vergonhas em público por causa dos seus vícios privados e psicoses de grandeza. Com o dinheiro da ardileza.
A Igreja, desmoralizada, repleta de pedófilos, olha o mundo com desconfiança e a pátria como um feudo. Feudo que defende a ferro e fogo dos neopentecostais; todos estes a enriquecer com desejos de ter, cada um pra si, uma TV Record. Mesmo benzendo-se perante os desvarios dos novos tempos e templos barracais, ainda põe a render o que resta da nação abençoada e temente a Deus, aos orixás e às bíblias manipuladas.
Dignidade, respeitabilidade e ética são palavras sazonais; atributos em desuso. Os valores, outrora indispensáveis para manter uma aparente coesão social, hoje são relativos. Cada um tem os seus e os gere conforme as necessidades; a seu bel-prazer no afã de sobreviver.
A honradez de um ofício está também à venda. O lugar, a posição e o cargo têm um preço. São usados para pagar o carro, o botox, a roupa de grife falsificada e resolver a vidinha da aparência, de geladeira vazia, filho abandonado em colégio caro e professor despreparado.
Mães matam filhos; pais matam mães; filhos matam pais. A perversão dos atos e das palavras deu lugar a eufemismos para todas as ocasiões. Até furacão virou tempestade tropical e desnutrição, simples “desalimentação”. Todos têm de ser competitivos, flexíveis. Modernos. Essencialmente globalizados. Em nome de um presente incerto e um futuro ignorado.
É chique fazer fila. Bonito ser homossexual. Que fatal. Carro novo, sem qualquer segurança... É legal! O filho na escola não aprende. O professor que fala pior que o aluno, não ensina... Não é importante. Quando é, é só um caso insignificante; uma dor acaecente.
As leis subjugaram-se à emoção gerada pelas cadeias de televisão. A política fiscal é tabu. Reforma tributária nem pensar. Em finanças obscuras e desvios alipotentes, não se mexe. Para quê? Os impostos protegem a todos... Até as obras super-hiper-faturadas no rio da sonegação.
O Brasil é o país das muitas leis. Belas e extraordinárias. Poucas praticáveis e muitas absurdas. Como seria perigoso se todos as conhecessem e soubessem usá-las.
Coagidos por políticos que roubam e constroem pontes a lugar nenhum, viadutos sobre o nada e aeroportos desertos, os cidadãos se alagam... nos rios que transbordam; na falta de saneamento; nos hospitais infectados; na água com frango; no peixe alagado; na emoção de ser assaltado... Com multas são condecorados.
Brasil dos consumidores: compram, exibem... E existem.
Vivem das prestações de “déiz vez sem juro”, pra terem vida de remediados. Celular de última geração, computador com internet e “férias” em Paris, Roma e Lisboa a ver se descolam um bico por lá que lhes permita comprar um cobertor.
Aos filhos põem nomes dos canastrões da novela do momento, das anoréxicas em foco ou do jogador de futebol melhor pagado. Tudo na perspectiva de um dia os Ronaldinhos e Vanessinhas tornarem-se igualzinhos e sustentarem os progenitores.
Sem pé-de-meia e arcabouço para manter o conto de fada, sonham.
É o Brasil sonhador.
No mistério do “insider” deram para ver, ouvir e ler as vidas que nunca terão. Mergulham nas séries da TV a cabo e nos dramas reais e ficcionados. Todos passaram a ser parentes da criança morta ou raptada; choram com amores da HBO e nas histórias em alta definição. Todos querem uma nova televisão.
Ao viver a vida dos outros não se angustiam a pensar nas próprias. Nem nas demais no andar de baixo; nas drogas que o filho esconde debaixo da cama; nem no segundo aborto da filha de quinze anos.
Brasil varonil dos navegantes solitários, do E-mail, do MSN, do blog e das salas de bate papo cheias de pornografia, de acéfalas e desvairados. Brasil intenso, de raio vívido, faz travessias no deserto acompanhado do teclado e da imagem refletida na tela do computador. Que agror!
Obedientes e humildes, incapazes de tomar o futuro pelas mãos, esperam, enfim, à soleira da vida, que o tempo passe sem melancolias e novos martírios. Nas passeatas se dão as mãos. Na mesa há pouco feijão; o arroz é caro demais pra comprar... Tem ovo. O carro na garagem está supernovo com cinqüenta “prestação” a pagar; a televisão chama e a criança reclama.
Mais um novo imposto está pra nascer!
Visite o Brasil.
Experimente a emoção de viver um seqüestro relâmpago e ganhe de brinde uma multa.
Tudo na base da esperança.
Entretanto, os poderes de fato jogam em outros campos com arteiros nunca escrutinados a quem os ventos sopram... Só a favor deles e dos seus empréstimos abençoados e orçamentos majorados.
Ladrões!
Primeiro, enganaram. Vinte anos de propagada ética revelaram por fim que não havia ética alguma. Nunca houve. Nem sombra!
O Povo educado para um pensamento medroso, acrítico e dócil, é constantemente amansado pela televisão Globo e pelas revistas facciosas, repletas de factóides. Iludido pela retórica neoliberal, tem medo da revolução e acovarda-se às gangues de drogados e assassinos nos morros ao lado.
Domesticado, acovardado e apolítico deixou de perguntar... De questionar.
Manipula e deforma as opiniões. Quando as tem. Se as tem.
Alega que tem fé... Confiança no futuro. Vota nos mesmos políticos malfeitores; bebe leite falsificado, abastece com gasolina adulterada e acredita que os aumentos dos preços dos alimentos nacionais derivam da alta internacional.
Educado por professores ineptos e preguiçosos no aprender consegue apenas falar o "favelez" e esqueceu que o idioma nacional é o português.
O Brasil e os seus governantes reclamam o melhor do seu povo. O Povo reclama... Bom, nem tanto. De mansinho dá um jeitinho; mete o rabo entre as pernas, bate na mulher e na criança.
Mas há empenho, dedicação e esforço. Empenho de comprar a prestações largas com juros usurados. Dedicação à coscuvilhice da vida alheia. Esforço para obter e tirar vantagem de tudo e de todos, no menor prazo, pelo melhor preço; de qualquer maneira.
O Estado Brasileiro, outrora instituição admirada, passou a quase respeitável... Comporta-se hoje como um playboy devasso. Chefiado por um analfabeto sem escrúpulos, entrega-se aos prazeres e tentações de quem mais paga; passa vergonhas em público por causa dos seus vícios privados e psicoses de grandeza. Com o dinheiro da ardileza.
A Igreja, desmoralizada, repleta de pedófilos, olha o mundo com desconfiança e a pátria como um feudo. Feudo que defende a ferro e fogo dos neopentecostais; todos estes a enriquecer com desejos de ter, cada um pra si, uma TV Record. Mesmo benzendo-se perante os desvarios dos novos tempos e templos barracais, ainda põe a render o que resta da nação abençoada e temente a Deus, aos orixás e às bíblias manipuladas.
Dignidade, respeitabilidade e ética são palavras sazonais; atributos em desuso. Os valores, outrora indispensáveis para manter uma aparente coesão social, hoje são relativos. Cada um tem os seus e os gere conforme as necessidades; a seu bel-prazer no afã de sobreviver.
A honradez de um ofício está também à venda. O lugar, a posição e o cargo têm um preço. São usados para pagar o carro, o botox, a roupa de grife falsificada e resolver a vidinha da aparência, de geladeira vazia, filho abandonado em colégio caro e professor despreparado.
Mães matam filhos; pais matam mães; filhos matam pais. A perversão dos atos e das palavras deu lugar a eufemismos para todas as ocasiões. Até furacão virou tempestade tropical e desnutrição, simples “desalimentação”. Todos têm de ser competitivos, flexíveis. Modernos. Essencialmente globalizados. Em nome de um presente incerto e um futuro ignorado.
É chique fazer fila. Bonito ser homossexual. Que fatal. Carro novo, sem qualquer segurança... É legal! O filho na escola não aprende. O professor que fala pior que o aluno, não ensina... Não é importante. Quando é, é só um caso insignificante; uma dor acaecente.
As leis subjugaram-se à emoção gerada pelas cadeias de televisão. A política fiscal é tabu. Reforma tributária nem pensar. Em finanças obscuras e desvios alipotentes, não se mexe. Para quê? Os impostos protegem a todos... Até as obras super-hiper-faturadas no rio da sonegação.
O Brasil é o país das muitas leis. Belas e extraordinárias. Poucas praticáveis e muitas absurdas. Como seria perigoso se todos as conhecessem e soubessem usá-las.
Coagidos por políticos que roubam e constroem pontes a lugar nenhum, viadutos sobre o nada e aeroportos desertos, os cidadãos se alagam... nos rios que transbordam; na falta de saneamento; nos hospitais infectados; na água com frango; no peixe alagado; na emoção de ser assaltado... Com multas são condecorados.
Brasil dos consumidores: compram, exibem... E existem.
Vivem das prestações de “déiz vez sem juro”, pra terem vida de remediados. Celular de última geração, computador com internet e “férias” em Paris, Roma e Lisboa a ver se descolam um bico por lá que lhes permita comprar um cobertor.
Aos filhos põem nomes dos canastrões da novela do momento, das anoréxicas em foco ou do jogador de futebol melhor pagado. Tudo na perspectiva de um dia os Ronaldinhos e Vanessinhas tornarem-se igualzinhos e sustentarem os progenitores.
Sem pé-de-meia e arcabouço para manter o conto de fada, sonham.
É o Brasil sonhador.
No mistério do “insider” deram para ver, ouvir e ler as vidas que nunca terão. Mergulham nas séries da TV a cabo e nos dramas reais e ficcionados. Todos passaram a ser parentes da criança morta ou raptada; choram com amores da HBO e nas histórias em alta definição. Todos querem uma nova televisão.
Ao viver a vida dos outros não se angustiam a pensar nas próprias. Nem nas demais no andar de baixo; nas drogas que o filho esconde debaixo da cama; nem no segundo aborto da filha de quinze anos.
Brasil varonil dos navegantes solitários, do E-mail, do MSN, do blog e das salas de bate papo cheias de pornografia, de acéfalas e desvairados. Brasil intenso, de raio vívido, faz travessias no deserto acompanhado do teclado e da imagem refletida na tela do computador. Que agror!
Obedientes e humildes, incapazes de tomar o futuro pelas mãos, esperam, enfim, à soleira da vida, que o tempo passe sem melancolias e novos martírios. Nas passeatas se dão as mãos. Na mesa há pouco feijão; o arroz é caro demais pra comprar... Tem ovo. O carro na garagem está supernovo com cinqüenta “prestação” a pagar; a televisão chama e a criança reclama.
Mais um novo imposto está pra nascer!
Visite o Brasil.
Experimente a emoção de viver um seqüestro relâmpago e ganhe de brinde uma multa.