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sábado, 19 de julho de 2008

7 – Amor naufragado.

Meu anjo, a carga feita de desejos do meu barco naufragou nos teus braços. É possível negar o amor quando ele nos visita? – É terrível ser volúvel!

Nos conhecemos mais intimamente do que temos coragem de admitir. Tu bem o sabes. Nos amamos tanto que se tornou impossível acreditar na intensidade desse sentimento. Fomos incapazes de suportar o abraço que a felicidade nos deu.

Eu sabia que não ficarias muito tempo em silêncio. Tem sido assim ao longo destes estranhos anos de convivência. Obstinados e misantropos. Por mais que me ames, eu te amo ainda mais... Mas a nossa paixão ofende cérebros diminutos. Neles naufragamos.

Não escondo a minha culpa. Tampouco ignoro que tens amado as tuas lágrimas e os teus próprios ressentimentos.

Com pensamentos tristes e alegres esperamos o que o destino nos traria? Não sabes tu que a mente nos prega muitas peças? Jamais voltes a dizer que me amas; exceto se o disseres direta e pessoalmente para mim.

Quando te escrevo até esqueço que estou longe. Mas o amor mente! O amor faz a união e também a quebra. Não vês?

Não quero mais informação. Possuí-la faz-me adoecer de forma terminal. Rompe-me a estática da moralidade; o respeito que a ti dedico; a veneração que me faz separar-te do resto.

Não existe gente má, nem gente inocente, meu anjo. Só um monte de gente. Às vezes o que a gente procura está bem diante dos nossos olhos e nós não enxergamos. Lembra-te que a paixão é inimiga da precisão. Do mesmo modo, recorda que algumas perguntas jamais devem ser respondidas. Por que insistes?

O Brasil é uma bela terra abençoada, mas não consegue ocultar a fome, a culpa, nem a hipocrisia. Nos últimos anos tornou-se perverso e dessa iniqüidade não consegue fugir.

Um povo não se improvisa, meu anjo. A estatura do Brasil tem demorado demais a se modular e eu não sou eterno. Bem que gostaria. Há nessa terra aí uma espécie de loucura permitida; uma insanidade consensualista que me amofina e entristece... especialmente por perceber que o povo que aí vive retira forças do próprio medo e com isso se enfraquece cada vez mais.

Por que me chamas de sofista se o que quero é ser preciso? Em vez de perguntares no que acredito, questiona-te tu mesma no que acreditas tu. Certamente a tua resposta não terá base na lógica. Não fui eu que sacrifiquei quem amo apenas para pôr à prova as minhas convicções.

Meu anjo, não fui feito para ser derrotado. Posso ser destruído, mas nunca derrotado.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Falo português! Favelez é o futuro.

MV Bill [Alex Pereira Barbosa], cantor de rap, hip-hop, ou coisa que o valha, e também documentarista, dias antes do PCC dominar a cidade de São Paulo afirmou: – “Eu falo favelez, mas falo também português. Se a discussão ficar só na favela o assunto morre e nada acontece”.

O PCC dominou São Paulo. A favela se impôs no idioma. De repente, “todos” passaram a falar “favelez”.

Para quem não sabe ou não lembra, PCC significa “Primeiro Comando da Capital”.

O PCC é uma chusma de 
bandidos negros, traficantes e assassinos; todos oriundos das piores favelas de São Paulo. Hoje resplandecem e se esparramam nos bairros mais chiques da cidade.

Organizados sob uma estrutura hierárquica e absolutamente analfabeta, criaram leis próprias e um código de conduta, a cuja desobediência os integrantes pagam com a vida.

Estes indivíduos, pretos na sua maioria, vivem basicamente das vendas de cocaína e crack a meninos e meninas ricos e meio-ricos da maior cidade do Brasil. Os mesmos que fazem passeatas contra a venda de armas e levantam bandeiras pela paz.

Todos possuem linguagem própria e, devido à ignorância escolar, falam mal a língua portuguesa.

Dessa forma deturpada de falar, nasceu o termo “favelez” ou “favelês”; este último, mais usado pela maioria dos jornalistas brasileiros. Igualmente ignorantes, corruptos e iletrados, tampouco sabem compor um vocábulo com derivação sufixal.

Como tudo o que há de errado no comportamento humano se torna moda no Brasil, o favelez pegou. Hoje é o que se fala por todo o país, principalmente nos meios de comunicação radiofônicos e televisivos, tendo a TV Globo e Globo News como as grandes e principais difusoras desse assassinato linguístico.

Cabe também lembrar que o Brasil é governado por um analfabeto, escolhido pela maioria. Nada mais lógico e adequado. Embora alheio ao país na maioria do tempo, tampouco sabe falar ou se expressar corretamente. Igual como os que o elegeram.

A sua estulta dialética reforçou mais ainda a forma errada e aviltante de falar o idioma nacional. O português... que a mesma maioria começou a ignorar.

Até ao inicio da era tucana, por volta de 1994, no Brasil ainda se falava, de um modo geral, um português correto com os seus muitos sotaques. Os intelectuais ainda permaneciam fiéis às suas idéias e os meios de comunicação esforçavam-se por expressar uma linguagem escorreita.

Após 1994, a gestão venal e incompetente do PSDB, com o seu sociólogo mor à frente da nação, implementou desastradamente, nas escolas, o sistema de ciclos


Esta “genialidade” ganhou logo a alcunha de “fim da repetência” dos alunos que não estudavam. Premiou a incompetência, a preguiça dos professores e, como era de se esperar, preparou para a vida milhões de analfabetos funcionais... os fundadores do “favelez”.

No ano passado [2007, obviamente], dados oficiais do atual governo apedeuta dão como certo que 71% dos alunos que concluem o ensino médio são incapazes de lidar com conceitos básicos, como “contas de menos” [subtrações] e porcentagens. No quesito “redação” os números da incapacidade estudantil beiram o inconcebível.

Como conseqüência, os péssimos resultados colhidos pelos alunos nos testes de desempenho colocaram o Brasil no ranking dos imbecis; dos ignorantes que não sabem que só por meio do estudo um país pode e poderá crescer. 


Portanto, mal sabendo ler e, pior ainda, escrever, milhões de brasileiros e brasileiras adentraram ao mercado de trabalho. Muitos deles nas rádios e televisões.

E a TV Globo, no desespero de retomar a audiência perdia... dá a maior força à ignorância, ao favelez.

Hoje é muito comum escutar [no rádio e na televisão] uma série de palavras que deixam arrepiada qualquer pessoa que tenha concluído o seu curso até 1994. Eis apenas alguns exemplos, tal como são pronunciados:
“Absoluto” – falam “abissoluto” ou, no seu advérbio, ‘abissolutamente”;
“Bufê” – falam ‘bifê’. [Nem em francês se pronuncia assim].
“Detectado” – falam ‘ditéquitádo’;
“Flexível” – falam ‘filéquissívéu’;
“Infectado” – falam ‘inféquitado’;
“Magnólia” – falam ‘maguinólia’;
“Menu” – falam ‘mêni’. [Nem em francês se pronuncia assim].
“Objeção” – falam ‘oubijéção’;
“Objetivo” – falam ‘oubijétivo’;
“Objeto” – falam ‘oubijéto’;
“Obsceno” – falam ‘obisceno’;
“Opção” – falam ‘oupição’;
“Privilégio” – falam ‘previlégio’;
“Psicólogo” – falam ‘pissicólogo’;
“Psiquiatra” – falam ‘pissiquiatra’;
“Purê” – falam ‘pirê’;
“Raptado” – falam ‘rapitado’;
“Respectiva” – falam ‘rispéquitiva’;
“Subjetivo” – falam ‘subijétivo’;
“Taxímetro” – falam ‘táquissimitro’;
“Tecnologia” – falam ‘téquinologia’;
A duas consoantes juntas passaram a intercalá-las com um ‘ i ’ ou com um ‘ qui ’, dependendo do caso. E pior: na escrita aplicam a mesma sonorização. O que é lógico e compreensível. Esquecem até que, em português, só existe uma sílaba tônica em cada palavra.

Os artigos definidos já não se diferenciam dos indefinidos, nem das preposições. A pessoa vai “o” “pissicólogo” e não “ao psicólogo”. A referência é feita “o oubijéto” e não “ao objeto”. 


No fato de determinados sintomas persistirem... escrevem e verbalizam: “à persistirem os sintomas”. Neste exemplo, o “a” deveria ser átono e não tônico nem com acento gráfico. O correto mesmo seria usar o pronome “se”; “se os sintomas persistirem”. 

De qualquer forma deram para acentuar todos os artigos e preposições sem sequer ficarem vermelhos de vergonha.

Os plurais dos verbos também sumiram.

A diferença entre tonal e atonal perdeu sentido e capacidade de ser percebida. Tornaram-se surdos seletivos, se é que tal condição existe.

Quem ainda não viu escrito por aí: “entregas à domicilio”? ou “entregas em domicilio”?; ou, pior, não escutou um âncora de jornal nacional (Raquel Novaes ou William Bonner), anunciar: “à pártir de ámanhã...” quando o correto deveria ser: a partir de amanhã. Sem acentuar os “as”; sem dar-lhe tonalidade.

Os pronomes demonstrativos, se não ignorados, tornaram-se ambíguos. 


Numa confusão direcional deixaram de existir diferenças entre “este” e “esse” ou entre “deste” e “desse”. É tudo “esse” e “desse”, pouco importando se a posse pertence à primeira pessoa ou à terceira.

Juristas, promotores públicos e demais homens da lei, todos eles jovens, cujo saber falar corretamente deveria ser-lhes inerente, parecem autênticos mentecaptos na hora de se expressarem.

O pior mesmo está nas rádios e televisões. Não quero comentar sobre as evangélicas; estas não podem ser levadas a sério. 


Quero sim referir-me a CBN e à Bandnews FM. Supõe-se que estas duas redes radiodifusoras têm como objeto de existência prestar um serviço de qualidade. Mas não prestam! Nem vou referir-me à credibilidade e ao quanto manipulam os fatos. Isso será tema de outra crônica. Atenho-me somente à forma como os seus âncoras e apresentadoras falam.

Parece que todos eles saíram diretamente da favela para o microfone.

A rede Bandeirantes, como um todo, parece empregar os melhores profissionais no que tangue ao modo de falar favelez


As apresentadoras dos diversos programas, especialmente os vespertinos, devem ter aprendido a se expressarem na mesma escola do ébrio presidente que governa o país. 

Em tais moças, o que comentei acima, parece flutuar-lhes na mente um caleidoscópio de letras em procelas revoltosas.

Já na CBN, algo similar ocorre; porém, com honrosa exceção. Do meio do joio retiro o nome do Carlos Alberto Sardenberg. Lá, ressalvando esse senhor, pecam pela construção aloprada das frases; pela ignorância sintáxica e até pela confusão no uso dos pronomes reflexivos. 


Creio que nos intervalos, para se divertirem, usam uma gramática à laia de bola; tantos são os chutes gramaticais que sonorizam através do éter.

Na televisão, a TV Bandeirantes - SP tem como âncora, no seu jornal das 19:20 hs., uma das profissionais mais néscias no que à forma correta de falar português se refere. Ela sozinha consegue anular a correção das falas de Ricardo Boechat e de Joelmir Betting. Ela só, faz doer os ouvidos.

Ticiana Vilas Boas, além da voz estridente e desafinada, consegue chutar o idioma para escanteio como poucas vezes vi alguém fazer. 


Entretanto, parece que ninguém nota. Fernando Mitre, o diretor de jornalismo, deve ser surdo ou apaixonado pela voz da baiana burra. Por vezes, se a escuto de olhos fechados, tenho a impressão que vai começar zurrar a qualquer instante.

Somando tudo, foi através desses meios de comunicação verbalizados que tomei conhecimento que muitos pingüins chegaram “desalimentados” às costas brasileiras.

Como é que um animal se “desalimenta”? E um ser humano? Existe tal palavra ou ato? Estarrecedor, não? 


Vontade tive de perguntar à jornalista que deu a notícia.

Seria perda de tempo. Ticiana não entenderia a pergunta e eu, certamente, ficaria com a impressão de estar falando com uma porta... sem maçaneta.

Jarbas Passarinho, então ministro da Educação no governo Garrastazu Médici (1969-1974), deu inicio ao trucidamento do ensino no Brasil. Fernando Henrique Cardoso com toda a sua intelectualidade neoliberal deu-lhe o golpe fatal. Luis Inácio Lula da Silva, que se orgulha de não gostar de ler, está de pá na mão, pronto para enterrá-lo.

Dentro de duas ou três décadas qual será o idioma que se falará no Brasil? Ninguém precisará ser adivinho ou consultar o oráculo de Delfos para saber que será o Favelês. Sim, o favelez, escrito até de forma errada. O hibridismo nascido da radical pouca vergonha e falta de patriotismo dos governantes e do enorme neologismo preguiçoso dos professores das escolas brasileiras.

Pelo rodar da carruagem, em breve deixaremos todos de falar português. A melhora do idioma ficou a cargo das favelas e claro... da sempre astuta e venal TV Globo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Brasil do avesso, de ponta-cabeça.

No país do berimbau elegem governos com doses generosas de impaciência, inocência e boa vontade. 

Tudo na base da esperança. 

Entretanto, os poderes de fato jogam em outros campos com arteiros nunca escrutinados a quem os ventos sopram... Só a favor deles e dos seus empréstimos abençoados e orçamentos majorados. 

Ladrões!

Primeiro, enganaram. Vinte anos de propagada ética revelaram por fim que não havia ética alguma. Nunca houve. Nem sombra!

O Povo educado para um pensamento medroso, acrítico e dócil, é constantemente amansado pela televisão Globo e pelas revistas facciosas, repletas de factóides. Iludido pela retórica neoliberal, tem medo da revolução e acovarda-se às gangues de drogados e assassinos nos morros ao lado.

Domesticado, acovardado e apolítico deixou de perguntar... De questionar.

Manipula e deforma as opiniões. Quando as tem. Se as tem.

Alega que tem fé... Confiança no futuro. Vota nos mesmos políticos malfeitores; bebe leite falsificado, abastece com gasolina adulterada e acredita que os aumentos dos preços dos alimentos nacionais derivam da alta internacional.

Educado por professores ineptos e preguiçosos no aprender consegue apenas falar o "favelez" e esqueceu que o idioma nacional é o português.

O Brasil e os seus governantes reclamam o melhor do seu povo. O Povo reclama... Bom, nem tanto. De mansinho dá um jeitinho; mete o rabo entre as pernas, bate na mulher e na criança.

Mas há empenho, dedicação e esforço. Empenho de comprar a prestações largas com juros usurados. Dedicação à coscuvilhice da vida alheia. Esforço para obter e tirar vantagem de tudo e de todos, no menor prazo, pelo melhor preço; de qualquer maneira.

O Estado Brasileiro, outrora instituição admirada, passou a quase respeitável... Comporta-se hoje como um playboy devasso. Chefiado por um analfabeto sem escrúpulos, entrega-se aos prazeres e tentações de quem mais paga; passa vergonhas em público por causa dos seus vícios privados e psicoses de grandeza. Com o dinheiro da ardileza.

A Igreja, desmoralizada, repleta de pedófilos, olha o mundo com desconfiança e a pátria como um feudo. Feudo que defende a ferro e fogo dos neopentecostais; todos estes a enriquecer com desejos de ter, cada um pra si, uma TV Record. Mesmo benzendo-se perante os desvarios dos novos tempos e templos barracais, ainda põe a render o que resta da nação abençoada e temente a Deus, aos orixás e às bíblias manipuladas.

Dignidade, respeitabilidade e ética são palavras sazonais; atributos em desuso. Os valores, outrora indispensáveis para manter uma aparente coesão social, hoje são relativos. Cada um tem os seus e os gere conforme as necessidades; a seu bel-prazer no afã de sobreviver.

A honradez de um ofício está também à venda. O lugar, a posição e o cargo têm um preço. São usados para pagar o carro, o botox, a roupa de grife falsificada e resolver a vidinha da aparência, de geladeira vazia, filho abandonado em colégio caro e professor despreparado.

Mães matam filhos; pais matam mães; filhos matam pais. A perversão dos atos e das palavras deu lugar a eufemismos para todas as ocasiões. Até furacão virou tempestade tropical e desnutrição, simples “desalimentação”. Todos têm de ser competitivos, flexíveis. Modernos. Essencialmente globalizados. Em nome de um presente incerto e um futuro ignorado.

É chique fazer fila. Bonito ser homossexual. Que fatal. Carro novo, sem qualquer segurança... É legal! O filho na escola não aprende. O professor que fala pior que o aluno, não ensina... Não é importante. Quando é, é só um caso insignificante; uma dor acaecente.

As leis subjugaram-se à emoção gerada pelas cadeias de televisão. A política fiscal é tabu. Reforma tributária nem pensar. Em finanças obscuras e desvios alipotentes, não se mexe. Para quê? Os impostos protegem a todos... Até as obras super-hiper-faturadas no rio da sonegação.

O Brasil é o país das muitas leis. Belas e extraordinárias. Poucas praticáveis e muitas absurdas. Como seria perigoso se todos as conhecessem e soubessem usá-las.

Coagidos por políticos que roubam e constroem pontes a lugar nenhum, viadutos sobre o nada e aeroportos desertos, os cidadãos se alagam... nos rios que transbordam; na falta de saneamento; nos hospitais infectados; na água com frango; no peixe alagado; na emoção de ser assaltado... Com multas são condecorados.

Brasil dos consumidores: compram, exibem... E existem.

Vivem das prestações de “déiz vez sem juro”, pra terem vida de remediados. Celular de última geração, computador com internet e “férias” em Paris, Roma e Lisboa a ver se descolam um bico por lá que lhes permita comprar um cobertor. 


Aos filhos põem nomes dos canastrões da novela do momento, das anoréxicas em foco ou do jogador de futebol melhor pagado. Tudo na perspectiva de um dia os Ronaldinhos e Vanessinhas tornarem-se igualzinhos e sustentarem os progenitores. 

Sem pé-de-meia e arcabouço para manter o conto de fada, sonham. 

É o Brasil sonhador.

No mistério do “insider” deram para ver, ouvir e ler as vidas que nunca terão. Mergulham nas séries da TV a cabo e nos dramas reais e ficcionados. Todos passaram a ser parentes da criança morta ou raptada; choram com amores da HBO e nas histórias em alta definição. Todos querem uma nova televisão. 


Ao viver a vida dos outros não se angustiam a pensar nas próprias. Nem nas demais no andar de baixo; nas drogas que o filho esconde debaixo da cama; nem no segundo aborto da filha de quinze anos.

Brasil varonil dos navegantes solitários, do E-mail, do MSN, do blog e das salas de bate papo cheias de pornografia, de acéfalas e desvairados. Brasil intenso, de raio vívido, faz travessias no deserto acompanhado do teclado e da imagem refletida na tela do computador. Que agror!

Obedientes e humildes, incapazes de tomar o futuro pelas mãos, esperam, enfim, à soleira da vida, que o tempo passe sem melancolias e novos martírios. Nas passeatas se dão as mãos. Na mesa há pouco feijão; o arroz é caro demais pra comprar... Tem ovo. O carro na garagem está supernovo com cinqüenta “prestação” a pagar; a televisão chama e a criança reclama.

Mais um novo imposto está pra nascer!

Visite o Brasil. 


Experimente a emoção de viver um seqüestro relâmpago e ganhe de brinde uma multa.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Rasgado rouba esfarrapado e morre.

Brasileiro morre esfaqueado por ter roubado um sanduíche.

Aconteceu em Madrid na madrugada de terça-feira, da semana passada. Luciano W. N, de 30 anos, assim se chamava o ladrão, morreu depois de roubar um dos sanduíches que um vietnamita ambulante vendia na rua Fuencarral, em frente ao nº. 27, no bairro de La Chueca. Já vão pra mais de 20 as mortes de brasileiros nesses arrabaldes de Madrid. Que tristeza!

Luciano, o brasileiro morto, de fome também, tentou comprar um dos sanduíches que Nguyen H. A., de 20 anos, vendia em cima de uma caixa de papelão, pousada na calçada. Como a qualidade deveria ser de "primeira", pediu desconto. O vietnamita não deu. O brasileiro roubou-o. O vietnamita chamou os amigos. Estes correram atrás do brasileiro e o brasileiro morreu. Esfaqueado. 


Que morte!

Quando li esta notícia no jornal El País, acabava de embarcar num vôo rumo a Londres. Sempre tenho o azar de ler este tipo de informe ao entrar em aviões. Sempre são sobre brasileiros. Interessante que no Brasil não leio o mesmo sobre europeus.

Pedir desconto num sanduíche de rua? Vendido por um outro miserável? É o cúmulo da pouca vergonha, da falta de caráter e da cara de pau que os brasileiros fazem questão de demonstrar aqui e alhures e onde quer que vão. E de fome, igualmente.

Não sei como este fato foi transmitido aí no Brasil e que impacto teve. Se teve. Eu fiquei chocado. Uma raiva dolente sangrou-me as entranhas. Brasileiros nunca foram respeitados na Europa nem em qualquer outro lugar. Parecem que fazem questão disso. As mulheres têm fama de putas; os homens de travestis... E agora de crápulas que roubam até sanduíches de outros tão ou mais miseráveis quanto eles.

Não se pode julgar um balaio de maçãs por causa de uma que está podre. E quando muitas e muitas estão putrefatas, como se julga esse cabaz? É a geração Lula exportando a educação petista. Não foi só a ética, a moral e a honradez que esse Lula acabou no Brasil. Acabou também com a dignidade, com a decência e com o orgulho de ser gente e não um animal.


Três avisos aos brasileiros e brasileiras que pretendam vir para a Europa:

Não viagem com a mentalidade nacional de pedir desconto nas compras. Europa não é Brasil onde existem mascates que se disfarçam de comerciantes e se intitulam empresários. Por isso o desconto é tão comum. Mascates são desonestos e ladrões. Na Europa, o comércio é composto por pessoas, [na sua grande e esmagadora maioria], íntegras com visão comercial a longo prazo. 


Existem bem poucos com a calanha e mentalidade brasileira.

Não pensem que na Europa existe o ‘jeitinho’ brasileiro. Não existe! Não queiram dar uma de espertos(as), porque acabam num necrotério como esse infeliz do Luciano e tantos outros e outras que exportam o Brazilian way of live. 


O modo de viver brasileiro está errado, é promíscuo e sem vergonha; só serve para o Brasil sob o governo Lula, petísta ou tucano, sob os augúrios da TV Globo.

Às mulheres, recomendo fortemente que não venham tentar ‘arrumar marido’. Além de correrem o risco de serem maltratadas, poderão ser presas quando os favores sexuais deixarem de interessar. 


A mulher brasileira na Europa não é respeitada. Salvo raras e precisas exceções, tem má fama em todos os sentidos. 

A moda atual é a seguinte: Quando um sujeito se cansa de uma brasileira denúncia-a às autoridades policiais por causa da situação ilegal em que ela se encontra. A polícia irrompe no apartamento do sujeito, à causa de uma denúncia anônima, geralmente quando o proprietário está no trabalho. 

A brasileira é deportada e o sujeito, apenadíssimo, nada pode fazer. Em lágrimas acompanha-a à delegacia e dela se despede. À saída arruma outra. Brasileira, claro. Duas semanas atrás, em Bruxelas, ocorreram dois casos destes. 

Em Lyon, na França, e em Milano na Itália, seis brasileiras foram deportadas de forma semelhante.

6 – Amor alanzoado.

Independente do cataclismo existencial espiralado em que te encontras, há algo que devemos refletir com certa urgência. Aonde nos levará esta aventura da escrita? Depois da primeira palavra digitada, esse é o fascínio, nunca sabemos que emoções se sobreporão até ao final. É como sexo. Quando é bom, sempre esconde aspectos obscuros da relação. Escrever, minha amiga, é optar pelo espírito, sublimando a tentação da carne.

Mas, já reparaste como as cartas de amor são esdrúxulas? Se não fossem esdrúxulas, não seriam de amor, não verdade? Fernando Pessoa já o disse. Parece que atravessamos um túnel sombrio cheio de mitos e lendas que parecem residir na memória como gotas de lágrimas que nos encharcam pingo a pingo. Vivemos lado a lado, em convivência, e apenas nos tornámos peões num alfobre de quadrados onde só enxergávamos quatro lados. Enfim...

Deixámos para trás a época da tolerância e uma disputa de poder desfraldou-se entre nós como a bandeira das hordas da dominação. Banhámo-nos na tina da purificação e ainda assim nos disfarçámos de culpados. Um caso de paixão proibida nos subjugou num leito de amor efêmero. Nunca te vi tão radiante e pura como nesse dia. Diante da alternativa de ser feliz ou sofrer, como todo o ser humano, escolhemos a paixão, a distância e tu, o sofrimento.

Sofres, sim, eu sei; como pecadora antes do batismo. Eu com os tormentos da contrição e em comum o arrependimento da confissão. Quiseram os deuses que nos desterrássemos no degredo do amor que nos consumiu. Como um pecado, pois amar é pecar numa sociedade que se regozija em torturar um ao outro. Parecemos blasfemadores e renegados do amor de Deus. Não temos igreja, nem estado e eu nem cidade. Amedrontámo-nos ante a possibilidade da anunciação e sucumbimos à tentação como pinceladas de Hieronymus Bosch. Todos os nossos rituais do ciclo de vida que nos ilumina já os vivemos sem, contudo, senti-los na sua luminosidade.

Que San Benitos envergamos! Os amarelos da vergonha sem arrependimento ou os negros da condenação à morte? Ardemos em chamas em nome das nossas heresias, porque nelas acreditamos e não nos arrependemos. Como num auto de fé, sem resquícios do batismo.

Tantas perguntas e nenhuma verdade... Como podes existir em tamanha inquisição? Confessa a extensão da tua culpabilidade... Não a mim, nem por mim. Mas a quem te estenda a mão e te convide com excepcional sagacidade para uma amizade, ainda que ornamental.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

5 – Amor rasgado,

olha só como te puseste... Se a escrita gritasse teria ficado surdo. A foto é minha, mulher. Tu a deste. Posso rasgar a cabeça; recortar as pernas; fazer o que me apetece, sem que te peça. Posso até triturá-la em mil pedaços se consolo algum proviesse.

Rio-me. Eu sabia que isso ia acontecer. Já te disse que quando falamos de amor, Maquiavel baixa e se interpõe cheio de malefícios? Especialmente quando estamos a sós. Não acredito que te tenham reconhecido. Que presunção... [risos]. Nem mesmo sabem quem és. Esqueceste o segredo exigido? As entradas desencontradas no apartamento alugado? Eu sempre cumpro o que prometo. Só tu e eu sabemos o que ignoram os demais.

As duas únicas pessoas que nos viram juntos em todos estes anos não entram na Internet. Coitados, mal sabem ler e escrever. A propósito, para que não duvides mais, saiu o visto de permanência deles. Permanente, vê só. Definitivo. Nada de temporário. Sou ou não sou o máximo? [risos] A vaidade me transborda. Agora vou tratar de naturalizá-los para obterem um passaporte que os diferencie dos demais brasileiros. Assim não serão presos quando quiserem sair de férias... Na Bahia serão estrangeiros, vê só que chique.

Mas... Espera aí... Não me digas que tens uma cópia dessa foto? Claro! Que bobagem a minha. Esqueci-me do ego; do alter ego e até do Lexotan. É muita coisa junta. Por isso a cama era tão pequena. Só agora me dei conta. Sabes que quando saías correndo eu sempre me perguntava se tinha a sorte de teres esquecido algum desses atuendos. Inclusive o Lexotan. Nunca se sabe quando se vai precisar. Nas chegadas atropeladas e nas saídas tempestivas, nunca soube a qual prestar atenção primeiro.

E os egos vão bem, dou-me conta. A afinidade que tens com eles é deveras brilhante e nada sutil. Até em letras são difíceis de ignorar. Sem dúvida alguma merecem ser imortalizados. A propósito de imortalização, a matrioshka que me ofereceste quebrou. Hoje de manhã. Sem ninguém lhe tocar, quebrou-se. Vai ver, foram as tuas ondas que explodiram a boneca. Não quero ser cruel ou indelicado, mas achei bom. Um ego a menos.

Fiquei comovido com o teu “exílio que a chorar me vês”. Lindo! Entretanto, não tem alguma coisa errada? Não deveria ser ao contrário? O exilado, auto-exilado, sou eu e tu é que choras? Se quebraste a alma, então deves estar dolorida. O choro está explicado. Parece que tens mais contrições agora do que quando saías... São ironias. Junta os cacos, cola-os e ela ficará nova, de novo. Lembras do custo e benefício? Que ótima oportunidade para colocares em prática a tua própria teoria.

Jamais te escreverei diretamente. Não insistas. Nem ligues para o meu celular brasileiro. Não atenderei. Só o uso quando vou aí. O número local não darei. O que te disser será sempre público; sem segredos; sem mistérios; sem mentiras ou meias-verdades. Deixei de ser petista, exatamente para me poupar e salvaguardar de tais veleidades. Deixei o Brasil exatamente por isso. Nada mais quero disfarçado nem encontros velados. Ler-me ou não ler será sempre uma questão tua. Se quiseres a minha essência, só a terás em palavras abertas que só tu entenderás. O meu abandono também. Portanto, não escutes o grito do vento. Melhor que escutes o seu sussurro e não me apertes assim contra os teus seios. Disseste-me que tinhas o peito rasgado. Como se eu acreditasse... Claro que acredito...

Tu escreveste: – “...você nunca verteu uma lágrima por mim...” – É verdade! Esqueceste que adoro metáforas e alegorias. São divertidas. Mais até que o nosso jogo que já perdeu a graça. Quantos anos foram mesmo? Oito? A frescura do teu mar salgado não tem uma lágrima minha. Era só o que faltava. Mas o céu proporciona mais males aos corações magnânimos.


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