6 – Amor alanzoado.
Independente do cataclismo existencial espiralado em que te encontras, há algo que devemos refletir com certa urgência. Aonde nos levará esta aventura da escrita? Depois da primeira palavra digitada, esse é o fascínio, nunca sabemos que emoções se sobreporão até ao final. É como sexo. Quando é bom, sempre esconde aspectos obscuros da relação. Escrever, minha amiga, é optar pelo espírito, sublimando a tentação da carne.
Mas, já reparaste como as cartas de amor são esdrúxulas? Se não fossem esdrúxulas, não seriam de amor, não verdade? Fernando Pessoa já o disse. Parece que atravessamos um túnel sombrio cheio de mitos e lendas que parecem residir na memória como gotas de lágrimas que nos encharcam pingo a pingo. Vivemos lado a lado, em convivência, e apenas nos tornámos peões num alfobre de quadrados onde só enxergávamos quatro lados. Enfim...
Deixámos para trás a época da tolerância e uma disputa de poder desfraldou-se entre nós como a bandeira das hordas da dominação. Banhámo-nos na tina da purificação e ainda assim nos disfarçámos de culpados. Um caso de paixão proibida nos subjugou num leito de amor efêmero. Nunca te vi tão radiante e pura como nesse dia. Diante da alternativa de ser feliz ou sofrer, como todo o ser humano, escolhemos a paixão, a distância e tu, o sofrimento.
Sofres, sim, eu sei; como pecadora antes do batismo. Eu com os tormentos da contrição e em comum o arrependimento da confissão. Quiseram os deuses que nos desterrássemos no degredo do amor que nos consumiu. Como um pecado, pois amar é pecar numa sociedade que se regozija em torturar um ao outro. Parecemos blasfemadores e renegados do amor de Deus. Não temos igreja, nem estado e eu nem cidade. Amedrontámo-nos ante a possibilidade da anunciação e sucumbimos à tentação como pinceladas de Hieronymus Bosch. Todos os nossos rituais do ciclo de vida que nos ilumina já os vivemos sem, contudo, senti-los na sua luminosidade.
Que San Benitos envergamos! Os amarelos da vergonha sem arrependimento ou os negros da condenação à morte? Ardemos em chamas em nome das nossas heresias, porque nelas acreditamos e não nos arrependemos. Como num auto de fé, sem resquícios do batismo.
Tantas perguntas e nenhuma verdade... Como podes existir em tamanha inquisição? Confessa a extensão da tua culpabilidade... Não a mim, nem por mim. Mas a quem te estenda a mão e te convide com excepcional sagacidade para uma amizade, ainda que ornamental.
Mas, já reparaste como as cartas de amor são esdrúxulas? Se não fossem esdrúxulas, não seriam de amor, não verdade? Fernando Pessoa já o disse. Parece que atravessamos um túnel sombrio cheio de mitos e lendas que parecem residir na memória como gotas de lágrimas que nos encharcam pingo a pingo. Vivemos lado a lado, em convivência, e apenas nos tornámos peões num alfobre de quadrados onde só enxergávamos quatro lados. Enfim...
Deixámos para trás a época da tolerância e uma disputa de poder desfraldou-se entre nós como a bandeira das hordas da dominação. Banhámo-nos na tina da purificação e ainda assim nos disfarçámos de culpados. Um caso de paixão proibida nos subjugou num leito de amor efêmero. Nunca te vi tão radiante e pura como nesse dia. Diante da alternativa de ser feliz ou sofrer, como todo o ser humano, escolhemos a paixão, a distância e tu, o sofrimento.
Sofres, sim, eu sei; como pecadora antes do batismo. Eu com os tormentos da contrição e em comum o arrependimento da confissão. Quiseram os deuses que nos desterrássemos no degredo do amor que nos consumiu. Como um pecado, pois amar é pecar numa sociedade que se regozija em torturar um ao outro. Parecemos blasfemadores e renegados do amor de Deus. Não temos igreja, nem estado e eu nem cidade. Amedrontámo-nos ante a possibilidade da anunciação e sucumbimos à tentação como pinceladas de Hieronymus Bosch. Todos os nossos rituais do ciclo de vida que nos ilumina já os vivemos sem, contudo, senti-los na sua luminosidade.
Que San Benitos envergamos! Os amarelos da vergonha sem arrependimento ou os negros da condenação à morte? Ardemos em chamas em nome das nossas heresias, porque nelas acreditamos e não nos arrependemos. Como num auto de fé, sem resquícios do batismo.
Tantas perguntas e nenhuma verdade... Como podes existir em tamanha inquisição? Confessa a extensão da tua culpabilidade... Não a mim, nem por mim. Mas a quem te estenda a mão e te convide com excepcional sagacidade para uma amizade, ainda que ornamental.