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terça-feira, 12 de agosto de 2008

A arte brasileira de furtar! – Produto de exportação?

Se houvesse olimpíadas do crime, tranqüilamente o Brasil seria campeão de medalhas de ouro. Ironicamente teria poucas possibilidades de recebê-las. 

Certamente, algum brasileiro encarregar-se-ia de surrupiá-las, antes da entrega. 

Seriam vendidas facilmente na Rua Santa Efigênia ou no “roubauto” na Ricardo Jafé; ambas localidades de São Paulo, muito conhecidas da polícia e em pleno funcionamento.

A chama olímpica tampouco poderia ser acesa. O gás que a alimentasse não teria força para tal. 


Algum brasileiro daria um “jeitinho” de fazer um “gato” na tubulação e desviaria o gás para vendê-lo, com toda a certeza, nalgum posto de abastecimento veicular.

E o Lula foi “brigar” na China para as Olimpíadas de 2016 se realizarem no Rio de Janeiro. Se as obras do PAN foram super-faturadas em bilhões de Reais, cá fico imaginando quanto custará essa histérica-megalomania, caso o Comitê Olímpico Internacional caia na esparrela. Felizmente são pessoas sensatas e inteligentes.

Em 2007 a Transparência Internacional realizou uma pesquisa junto a empresários de todo o mundo. Numa lista de cento e oitenta países, onde a classificação ia de zero a dez, o Brasil ficou com a nota 3,5; num vergonhoso e desconsolado 72º. [septuagésimo segundo] lugar.

O objetivo dessa análise, conforme os critérios determinados, era arrepanhar o índice de desonestidade presente em cada país, O Brasil, na 72ª. posição, foi considerado como um país de elevados níveis de corrupção. Elevados? Das duas uma: ou os pesquisadores eram cegos ou alguém roubou-lhes parte das planilhas.

Meses antes da divulgação desses resultados, o Ibope publicara uma pesquisa até certo ponto semelhante. Quisera descobrir o grau de honestidade dos brasileiros. E descobriu que 75% aceitaria algum tipo de suborno. Isto é: um em cada quatro brasileiros é corrupto. Se o é, subentende-se obviamente que é ladrão, vigarista, etc.

Se tomarmos a mesma proporcionalidade e a compararmos à massa de eleitores no Brasil, o volume que votou no Lula e nos petistas, veremos que é a mesma. – Em outras palavras, parafraseando o adágio popular: “Diz-me em quem votas e eu te direi quem és”. Finalmente se compreende a razão do Lula ter sido eleito.

Pessoalmente, acredito que há no Brasil cerca de trinta e poucos milhões de pessoas honestas. Ou com vontade de sê-lo. É claro que não existe meio-honesto; como não existem meio-virgens. 


Contudo, o fato de não votarem no Lula já é uma demonstração cabal de honestidade e também de patriotismo. Portanto, creio que ainda há gente honrada no Brasil. 

Podem ser covardes por não fazerem nada para acabar com a ignomínia que existe no país, mas isso não as tira da minha fantasia. Preciso acreditar que nem todos são ruins e que algum dia a desavergonheira brasileira deixará de prevalecer. Sou um utópico, eu sei.

Por causa dessa minha imaginação é que às vezes consigo ver o lado bom da globalização. As sociedades globalizadas exigem níveis elevados de confiabilidade e honestidade. As pessoas nessas sociedades pautam-se por princípios éticos e cívicos. 


Sem eles não pode haver sociedade; menos ainda democracia.

É claro que sempre existirão ladrões, assassinos e pervertidos; isso é obvio. Como em qualquer outro lugar. O ser humano tem esses lados degenerativos. Contudo, essa decomposição humana não pode ser sistêmica como ocorre atualmente no Brasil.
Nilsson Sousa, de 35 anos, nascido em Montes Claros (MG), [na foto acima com a pistola na mão], e Wellington Rodrigues Nazaré, [foto ao lado, rosto dentro do círculo], 23 anos, de Coronel Fabriciano, também em Minas Gerais, ambos meus conterrâneos, são um exemplo do que afirmo acima.

Estes dois brasileiros são os assaltantes que, na passada quinta feira. 07/08, tentaram roubar uma agência do Banco Espírito Santo, em Lisboa, Portugal.

Dois brasileiros que quiseram repetir na Europa o modus vivendi da sua terra.

Não nos esqueçamos do outro, Luciano W. N, de 30 anos, também brasileiro, que em junho deste ano roubou um sanduíche de um ambulante em Madrid. Ou do que foi morto nos Estados Unidos; ou dos mais de duzentos que tenho na minha lista, coletada só nos últimos três anos.

Felizmente foram mortos e esse dejeto humano chamado Wellington Rodrigues Nazaré levou um tiro no rosto que o desfigurou para sempre. Pena que não morreu também.

E ainda há jornalistas brasileiros, que nos seus artigos cheios de erros e mal escritos, rezingam a tentativa de assalto ao banco ser mais um motivo para os xenófobos reclamarem dos brasileiros. Mais um motivo? Rio-me. Não faltam motivos.

Já o disse aqui várias vezes: por 52 anos fui brasileiro. Nos últimos dez envergonhei-me de sê-lo. Há menos de um ano escolhi nova nacionalidade. 


Cansei de ser humilhado pelo fato de ser brasileiro. 

Não sou mais. 

Não voltei a ser vexado, pasmem. E sim, sou frontalmente contra à atual cultura brasileira que é exportada e chega aqui, à Europa.

Já não bastam as milhares de putas e travestis brasileiros, todos eles gatunos, que por aqui pululam, agora tenho de agüentar assaltantes e assassinos? De jeito nenhum! Eu deixei o Brasil exatamente para não ter de conviver e sofrer a influência dessa ralé de pouca inteligência e muita arte criminal.

Se xenofobia européia existe contra os brasileiros, esse preconceito é mais do que justificado. Tem causa, nome e endereço. Não faltam motivos, repito. Ela é o resultado das ações perpetradas pelos brasileiros. Ninguém adquiriu esse preconceito do nada. Mais ainda em Portugal onde os brasileiros era muito bem-quistos. Eram! Não são mais! Há vários anos já.

No caso específico dos Portugueses que abriram até as suas portas familiares aos brasileiros, eles se cansaram dos diplomas falsos que supostos dentistas, médicos e engenheiros brasileiros lhes apresentavam. 


Cansaram-se dos furtos feitos por brasileiros nos hotéis, nas pensões, nas lojas e até nas próprias casas particulares que os acolhiam. 

Cansaram-se das drogas que os brasileiros traziam escondidas nas bagagens e até dentro dos corpos. 

Cansaram-se das mulheres não se darem ao respeito. 

Cansaram-se de “jornalistas” que diziam ter trabalhado na Globo e no Jornal do Brasil [cinco casos que conheço pessoalmente], quando na verdade, sequer haviam passado pela soleira da porta dessas empresas.

A palavra “Brasileiro” na Europa é hoje sinônimo de vigarista, ladrão/ ladra, assaltante e meretriz. Virou palavrão. No caso das jovens brasileiras que aqui chegam, de fubanas sem ter onde cair mortas. "Essa é a grande realidade", como diz o energúmeno do José Luiz Datena que não noticia isso no seu macabro programa, apesar de ter farto conhecimento dos fatos.

Engana-se quem pensa que isso não me incomoda. Molesta-me e muito! Mas não posso tampar o sol com a peneira ou ignorar o que a maioria, – sim, a maioria, – dos brasileiros faz na Europa. Até aqueles que estão legalizados procedem de forma vil e pusilânime.

O "bom viver brasileiro", com ética, moral e dignidade, é praticado no velho continente apenas por uma minoria. Provavelmente oriunda dos trinta e poucos milhões de pessoas honestas que creio existir no Brasil. 


O resto faz mesmo uso da cultura petista, lulista ou do raio que os parta. Por isso me alegro quando são mortos ou deportados. Infelizmente já são muitos, mas menos do que eu gostaria.

Creiam-me! Sei muito bem o que escrevo. Um dia destes ainda narrarei aqui o que tenho presenciado, ao vivo e em cores, com nomes, fotos e local de origem. Só não o fiz ainda porque dá asco.

Se consolo há para a desonestidade brasileira, olhemos para a da Argentina. Argentina? Na Europa, pior fama que a brasileira só a da terra do tango. Na pesquisa de 2007, feita pela Transparência Internacional, esse país foi atirado para o 105º. [centésimo quinto] lugar, com nota 2,9.

Eu que conheço bem a Argentina, de Mendonça à Patagônia, porque profissionalmente fui obrigado a trabalhar lá, costumo dizer que nesse país, por metro quadrado, há mais vigaristas, ladrões e assassinos que em qualquer outra parte do planeta.

Tenho para mim que a Argentina é a cloaca do mundo. O Brasil está ligado a ela. Argh! É compreensível, portanto, entender por que os brasileiros gostam tanto de passar férias lá. A merda sempre chafurda na merda.

Quem foi que disse que o Brasil é a Argentina de amanhã? Amanhã? – Já o é hoje! – Que desconsolo!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Filmes brasileiros

Em pouco mais de meio século de vida no Brasil nunca, mas nunca mesmo, assisti a um filme nacional. 

Tampouco os que se assomaram à soleira da porta do Oscar; apesar do jornalismo bombástico e megalômano-onírico feito em torno deles.

De menino ouvia o meu avô dizer que não valia a pena ver filmes brasileiros. Já adulto, em conversas amenas, alguns casais amigos reforçavam essa opinião. 


Colegas de trabalho e da universidade pareciam ecos de tais apreciações: a qualidade era ruim; as performances dos atores piores ainda. Sem falar na sonorização, roteiros, fotografia, etc., que eram de péssima categoria. 

Sempre fui um ouvinte apático dessas manifestações e nunca um interlocutor curioso. Era o tipo de assunto que não me interessava.

Cabe dizer que tenho amigos que opinam exatamente o contrário, mas a recomendação avoenga prevalecia inexplicavelmente e nenhuma credibilidade abonava a essas asserções. Porque isso me ficou gravado, sempre optei por ver filmes de outras nacionalidades. Geralmente a reboque de algum convite, é bem verdade.

No terceiro estágio de gestação desta crônica surpreendi-me ao descobrir que jamais me preocupara em saber se tais afirmações, contra e a favor da cinematografia pátria, são questionáveis. Se têm fundamento. Se revelam o tipo drástico-imparagonável-burguês: “filme brasileiro é ruim e fim de papo”; ou o estilo da esquerda-festiva-petista: “filme brasileiro melhorou muito e há que se prestigiar o cinema nacional”. Na verdade nunca formei opinião nem instado a dá-la me vi alguma vez. 


O mesmo vale dizer para filmes de outras nacionalidades. Todos os que vi ative-me somente ao conteúdo, à estória em si, aos personagens e nunca à origem, nem aos nomes dos diretores ou dos atores. Sou péssimo para nomes. 

Nunca me perguntem qual ator fez tal filme; o mais provável é eu não saiba ou troque alhos por bugalhos.

Não sou um cinéfilo de carteirinha, confesso. Nem espectador constante de DVDs ou de televisão. Talvez esta seja a causa de não me sentir alienado ou mentecapto como a maioria das pessoas que me rodeavam e convivia no Brasil. Sou mais chegado a um bom livro e a saraus entre amigos. 


Pela profissão que exerço preciso ler toneladas de papel. Quando jovem aprendi a tocar violino. Já adulto, a martelar o piano. Portanto, sobra-me pouco tempo para cinema; embora goste e muito. Infelizmente, quando forço a escolha de um filme, ninguém gosta. 

Só eu. 

Quando são os outros, freqüentemente não entendo a metade; na outra durmo. Obviamente há algumas exceções.

Entretanto, maquiavelicamente como lerão adiante, nada me diverte mais do que sair de um cinema, em cujo filme não dormi e tampouco entendi, e escutar alguém surpreender-se por eu não ter compreendido nada. 


Às vezes até faço de propósito; só para provocar. Com freqüência, porém, a minha incompreensão é genuína. Especialmente das fitas com toques fellinianos, noir francês ou enredo niilista-confuso. 

Aquelas onde o diretor mete os pés pelas mãos e, a certa altura, cansado de criticar a sociedade, coloca o “The End” no último retângulo do celulóide, deixando para mentes telepáticas a conclusão da sua obra.

Tenho duas amigas, com doutorado colado na Panthéon-Sorbonne, que adoram explicar-me a rebimboca da parafuseta: – as intenções contrastantes das experiências externas e cognitivas por trás do desejo subjetivo do diretor. 


Entenderam? 

Sobretudo quando o enredo versa pelo lado doentio do relacionamento dos personagens; cujas performances acho inexplicáveis ou bizarras e elas dignas de um Oscar. Eu me divirto. Ambas sabem disso. 

A insistência delas advém da necessidade de exercitarem os próprios neurônios. Fazer o quê? As duas acham que sou uma espécie de esteira ergométrica para o aprimoramento do intelecto delas. Cada um acredita no que quer. Eu, muito educado, dedico-me a ouvir e a fazer cara de interessado. Elas dizem que faço perguntas muito interessantes. 

É nisso que dá ser um inerme.

É aqui que Maquiavel baixa e se incorpora em mim. Maria del Pilar e Maria da Graça, espanhola e brasileira respectivamente, fazem parte das minhas fantasias mais recônditas. São duas belíssimas mulheres, [bota belíssima nisso]. 


Só as vozes já me induzem a delíquios de amor; a uma viagem ao Nirvana com a certeza de ter ganho na mega-sena. São dignas de serem acomodadas, cuidadosamente nuas, dentro de uma campânula de cristal e o sujeito passar-se a vida inteira a admirá-las. 

Ah... se não fosse a minha timidez...

Pois bem, deixando o imaginário de lado, na minha despedida do Brasil, Maria da Graça, vale o pleonasmo, agraciou-me com graça infinita, que só ela tem, uma coletânea de 50 filmes brasileiros; todos DVDs com selo de origem, muito bem acondicionados num extraordinário estojo em mogno vermelho. 


Lindo! 

Recebi-o pouco antes de sair para o aeroporto, com a recomendação de ser usado quando sentisse saudades do Brasil. Logo a minha imaginação subentendeu: “pra quando sentisse saudades dela”.

No Check-in da companhia aérea foi um “Deus nos acuda”. Eu não queria despachar a caixa; não estava embalada e já sentia saudades “dela”. Queria levá-la comigo. 


Na minha mão; bem junto a mim. 

No contraponto, a mocinha imberbe no balcão não permitia o embarque. O volume era grande, pesado; fora dos padrões. – Como podia uma garota, com um cueiro garrido pendurado ao pescoço, proibir-me de levar a minha paixão? 

Existe alguma que seja pequena ou padronizada? – Adverti-a!

Perante tal insolência ameacei apresentar queixa à direção da empresa. Com olhar entrecerrado e malévolo, a infeliz avisou-me que a minha paixão, digo, a caixa, em caso de acidente, poderia machucar algum passageiro. 

Que exagerada! – Respondi-lhe.

Como se um machucadozinho qualquer fizesse diferença num acidente aéreo. – Referia-me à paixão, não à caixa.

O bom de se viajar numa companhia Suíça, hoje propriedade dos alemães, é que o cliente é tratado com respeito e compostura. – Huummm... apenas dei sorte.

Um supervisor simpático e bem emasculado dispôs-se a ajudar-me. Nem me importei que me alisasse o braço uma duas vezes e sorrisse, insinuante, outras cinco ou seis. Ignoro por que fez isso comigo. Mas eu estava com uma jaqueta de couro bem grossa. 


Mesmo assim, a custo, reprimi a náusea. 

Em boa hora. 

Isso me valeu o embarque, a paixão embalada em cinqüenta filmes e uma imaginação fértil com saudades múltiplas da Maria da Graça. 

Que gracinha! Como fora deliciosamente insinuante...

No meio da viagem, a não sei quantos metros ou quilômetros de altitude, lembrei-me da parábola da Raposa e as uvas. Por que cargas d’água me ocorreu, não sei. Tenho esses desvarios nos vôos. Por causa do medo, suponho. 


O certo é que transformei a Maria da Graça numa uva bem verde e olvidei a paixão que voltou a ser caixa da melhor cinematografia brasileira. Tanto esqueci que desembarquei e nem lembrei de pegá-la. Culpa do meu avô. Não nego a minha origem. 

Fui para casa e o tempo passou.

Um belo dia, quase sessenta após a minha chegada, Maria del Pilar veio visitar-me. Ao vê-la na minha porta, por osmose, lembrei-me da Graça e dos 50 filmes. 


Que desgraça. 

Entrei em pânico. 

Cortinas de auto-censura abateram-se sobre mim. Ondas de contrição deixaram-me em farrapos; inclusive por ter culpado o meu avô. Que catarse vivi. Que volúvel sou. E distraído também. A despeito do esforço pessoal o ranço da origem permanece e dele não consigo livrar-me.

Maria, assim a chamo para a diferenciar da Graça, não é só boa em explicar o incompreensível; é-o em muitos aspectos... – e que aspectos! 


Após a minha confissão quase em prantos, imediatamente ela se propôs a ajudar-me na recuperação da Graça. Da caixa, digo! Sou péssimo para reclamações. Acabo sempre por chutar o pau da barraca.

Com essa boa-vontade as uvas haviam amadurecido por encanto. Uma das Marias estava na minha casa. Por fim! A dois passos das estrelas. 


Que companhia mais agradável haveria para assistir a todos os cinqüenta filmes brasileiros? 

Eu já imaginava as reprises. Sim... as reprises, claro! 

Certamente haveria de ter várias, imaginei. Alguns dos filmes não entenderia bulhufas e precisariam ser repassados... Muitas explicações seriam necessárias para um retardado como eu. 

De preferência pelo método Braille; única maneira de entendê-las a contento.

Não dizem que a cinematografia brasileira inspira-se nos moldes avangard franceses? Isso me disseram. Parece que estilo original não possui e as direções são, quase sempre, plágios de cineastas europeus. 


Portanto, já dava por certo que não entenderia nada. 

E se entendimento algum adviesse, negá-lo-ia a pés juntos.

Novamente amofinei-me, de viva voz, por ter sido tão relapso. No fundo, confesso enrubescido, era tudo o contrário. 


Exultava de alegria. 

Não por ter a oportunidade de recuperar algo, cujo pensamento perdera em alguma nuvem sobre o atlântico. Maria estava em minha casa pronta para explicar-me, tim-tim por tim-tim, o que eu não entendesse nos filmes brasileiros.

Para mitigar a culpa aparente, até exagerei um pouco. Insisti em pôr à disposição de Maria del Pilar todos os recursos que dispunha para ajudá-la a me ajudar. Isto é: o meu carro e motorista para levá-la à empresa aérea a fim de descobrir onde estava a cinematografia brasileira e dinheiro para pagar o que fosse necessário. 


Ela recusou o dinheiro e aceitou o motorista. 

Que simpática. Que mulher fina. 

De jeito nenhum atrevi-me a acompanhá-la. Com certeza correria o risco de ensombrá-la. Ademais, sou péssimo e muito preguiçoso para resolver esse tipo de assunto e como ela mostrou tamanha boa-vontade... 

Ela é ótima, afoita, vivaz e tão, tão, tão...

Assim que Maria saiu, imediatamente dei ordens expressas e urgentes à minha governanta para preparar um jantar de deuses. De deuses com todos os anjos reunidos, sublinhei. 


Ah, e que não esquecesse de colocar no congelador uma garrafa fechada do licor de champanhe que reservo para visitas celestiais. 

Estremeci ao perceber que Maquiavel já estava grudado, pronto para se incorporar. Era uma sexta-feira. A adrenalina subiu e a testosterona entrou em ebulição. Corri para tomar um banho, perfumar-me todo e vestir uma roupa que me tirasse vinte anos de cima.

Morar na Europa com filhos adolescentes é uma delícia. Os pimpolhos sempre têm amiguinhos nalgum país ao lado, cuja visita demora pelo menos dois dias; se não três. 


Ninguém precisa ser adivinho para saber que logo convoquei o conselho familiar, – eu e os meus dois filhos, – para informá-los que havia pensado bem e resolvera autorizar a ida deles para Londres. 

Dois dias antes haviam-me pedido isso. Imbecilmente, dissera que não. 

Que idiota. 

Que mal havia em deixá-los ir para casa dos amigos deles, cujos pais conheço há mais de trinta anos? 

Ainda bem que recuperei a razão a tempo. Mas logo me arrependi. 

Mais que rápidos, os dois espertalhões aproveitaram-se do meu remorso mortificado para me arrancarem mil euros, cada um, para “alguma despesinha que precisassem durante o fim de semana”. Pode?

O xingamento mental foi ininterrupto; contudo sorri a meias. Na idade deles não ganhava isso nem num ano de trabalho de sol a sol. 


Mas tenho um coração mole; pura manteiga derretida. 

Sou incapaz de recusar-lhes seja o que for... 

Nem me preocupei que na casa desses amigos tem cavalos e o mais novo já quebrou uma perna na caída de um deles. Até os ajudei a fazer as malas; vejam só o bom pai que sou. 

Não gosto de me gabar, mas às vezes a verdade precisa ser dita. Quando chamei um táxi para levá-los ao aeroporto ficaram um tanto surpresos; mais ainda por não acompanhá-los, como habitualmente faço. Só que eles não contaram com a minha astúcia.

No ínterim das ordens à governanta, banho tomado e a convocação do conselho familiar eu havia ligado para a minha secretária. 


Sob pena de despedi-la na segunda feira, instei-a a personificar-se na minha casa, em menos de meia hora, para levar os garotos ao aeroporto. Um minuto além disso já seria causa suficiente para a demissão. 

Tadinha dela. Apareceu-me na porta vinte e cinco minutos depois fumegando pelas narinas e com o cabelo todo molhado. Alguns pingos de neve penduravam-se-lhe pelas pontas. Acho que a arranquei do meio do banho.

Que chefe mais déspota eu sou... 


Na hora jurei por todos os santos que nunca mais faria uma coisa dessas. 

Bom... melhor não exagerar. Maria Del Pilar telefonou-me quarta-feira passada para avisar que vem passar uns dias em minha casa. Quer ver os filmes pelos quais sofreu três horas no aeroporto para recuperá-los e que acabou por não os assistir... 

Que coisa. Vou ter que recebê-la. Eu não sei dizer não. Além disso tenho vontade de ver um filme...

Deuses do universo, agora me lembro... Preciso parar de escrever. Lamento não poder entrar nos detalhes dos filmes brasileiros nem narrar aqui a minha opinião. Mas quem se importa. Eu ainda não vi nenhum, mas o estojo está perfeito.
Hoje já é sexta-feira outra vez. Maria deve chegar dentro de algumas horas e eu estou desejoso de ver os filmes. 

Juro que estou! 

Doidinho. 

Só preciso subir ao quarto dos garotos para saber que programa planejaram para o fim de semana. Ainda nem se manifestaram. 

Não quero que se sintam acanhados para visitarem algum amigo e tenham medo que eu não autorize. 

Que bobagem. 

Vou tomar a iniciativa; ser um pai presente; pró-ativo...

Pretendo demonstrar-lhes que sou o melhor pai que eles poderiam ter. Quero que se sintam orgulhosos de mim. Por eles vivo e razão do meu viver são. Sou um coração de manteiga mesmo. 

Por se acaso, vou esvaziar a carteira.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Homines ad terrorem ab abrupto.

Homens que atemorizam por impacto. Uma galeria de aprendizes do horror que nem ao estilo Phineas Taylor Barnum tupiniquin se parecem. São os expoentes máximos do jornalismo grotesco. Do jornalismo marrom ao qual se agarram para prevalecerem e enriquecerem.

São os mais notórios; os mais escarchados e escrachados; os mais hipócritas; os mais demagogos também. Primam pelas expressões analfabetas do “abissurdo” e pela “pissicologia” do cinismo.

Apesar da "téquinologia", revelam pouca cultura; berram desgoelados e são acima de tudo farsantes espetaculosos; bufões das desgraças do quotidiano infeliz do brasileiro.

Haja estômago para assisti-los!

Individual e "rispéquitivamente" engana-se quem pensa que tais indivíduos, autodenominados jornalistas, prestam algum serviço útil à sociedade; ou que em nome dela defendam seja o que for. Pelo contrário. Se algo fazem é incutir mais medo na população através da desventura alheia e da exploração do infortúnio. E são pagos por isso. Muito bem pagos.

Todos se dizem defensores da visão mais realista do Brasil. Qual delas? Da visão caricata governamental ou da visão sub-reptícia dos patrocinadores e anunciantes? Do faturamento deles, obviamente! Do povo, certamente não é. E a ele tampouco ajudam ou por ele se importam verdadeiramente.

Quanto mais medo e temor a população tiver, mais vontade terá de comprar supérfluos, especialmente os apregoados durantes os respectivos programas.

São os mileritas da vez; os anunciadores do fim do mundo. Só não anunciam, – por enquanto, – a chegada do Cristo. Porém, bem ao estilo William Miller, induzem os menos ilustrados a se desprenderem do dinheirinho suado para adquirirem as bugigangas de quinta categoria que proclamam e empresas inescrupulosas fazem anunciar.

No alto do corporativismo, na defesa da classe, todos eles enchem a boca para afirmarem que trabalham para o povo. Qual povo? Haverá que perguntar-lhes.

Enquanto morei no Brasil nunca assisti ou sequer notícia tive de alguma campanha educacional, ou cívica, levada ao ar por estes arautos do ódio, da repulsa, do perverso e da crueldade. Por isso duvido que trabalhem para o povo que os assiste. – “Essa é a grande realidade!”.

Mas o povo quer circo? Infelizmente sim! Ignorante que é, sem ele, “assim não dá”! Portanto, circo recebe; embora pão, educação, civismo e cidadania faltem por todos os lados. "Isto (sim) é uma barbárie”; “uma pouca vergonha”! Mas eles não se dão conta, nem sequer se atrevem a mencionar ou se esforçam para tal. Não dá Ibope.

No espaço dos horrores televisionados não há lugar para preceitos socialmente estabelecidos pela sociedade.

Diante da perpetração de atos ignominiosos por indivíduos sem alma, a eles se agarram por todos os lados. Apóiam linchamento e assassinato de motorista que atropela criança, sem saber dados suficientes da situação; apenas pela emoção. Pela gritaria; pelo farfalhar do gozo dos anunciantes e respectivo Ibope.

Defendem a teoria que os prédios do WTC de New York desabaram por sistemas de auto-implosão de segurança, no fatídico 11 de Setembro de 2001, sem terem a menor idéia do que falam. Apenas por um ou dois décimos a mais desse Ibope.

Condenam sem provas; preferencialmente à cadeira elétrica ou por fuzilamento. Incitam à violência e noticiam, berram, em nome de um suposto clamor público que eles mesmos geram. Aqui sim, por vários pontos no Ibope e incentivo aos merchandisings.

Com as suas gravatas de poliéster atadas ao pescoço são igualmente figuras burlescas do péssimo vestir e do mau gosto social. Do brega e da ignorância que compõem o linguajar: – às vezes fanho e amiúde ébrio, cujo odor fétido parece exalar através da tela da televisão.

Se ligados a bicheiros ou financiados por estes, cospem no prato que os sustenta apenas para parecerem politicamente corretos.

E os há?

Claro! Aquele que tenta o suicídio pelo fracasso humano que se tornou e vira religioso fanático; até deputado frustrado porque o dono da televisão onde trabalha não o deixa concorrer a Prefeito.

É preciso que não nos esqueçamos dos cassetetes balançados para a câmara e do balanço desta. Figuras de cena, cuja covardia pessoal os torna machos atrás das telas. Só para impressionar a plebe.

Temos os DNAs fabricados em série e os advogados promocionados, cuja fama a cargos públicos os candidata. Pior que são votados. Essa é a tristeza. É o jornalismo cospindo na cara da sociedade.

Se algo aprendi, no país que me viu nascer, é que o jornalismo brasileiro, medido contra a realidade, é primitivo e infantil. É o grande obstáculo que impede o Brasil de se tornar, de fato, um país democrático.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A imprensa brasileira

No Brasil preferem o termo “mídia” quando à imprensa se referem. 

Para quem não recorda, essa palavra é um regionalismo tipicamente brasileiro. 

Até certo ponto faz sentido. Do quarto “poder” tupiniquim apenas se pode obter uma "média" ou então, “meio de comunicação”.

Quanto ao seu significado, o dicionário Houaiss enuncia que “mídia” é “todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens; meios de comunicação social de massas não diretamente interpessoais (como as conversas, diálogos públicos e privados)”.

Abrangem esses meios o rádio, o cinema, a televisão, a escrita impressa em livros, revistas, boletins, jornais, Internet, vídeos e CD-Rom, os satélites de comunicações e, de um modo geral, os meios eletrônicos e telemáticos de comunicação em que se incluem também as diversas telefonias.

Em outras palavras: a imprensa brasileira, quando a si mesmo se refere, opta por usar um coletivo indefinido, como uma espécie de eufemismo dissimulado para aliviar a má fama que tem. Mistura o joio no meio do trigo... Ou será que é o contrário? Ou é tudo joio e não existe trigo?

Eis alguns adjetivos que são atribuídos à imprensa brasileira: - polêmica; contraditória; ilógica; superficial; mentirosa, corporativista; sem qualidade; venal; corrupta...

O maior grupo de “mídia” do Brasil, comandado pela família Roberto Marinho, há coisa de três ou quatro anos introduziu os termos “pluralidade” e “contraditório” no seu linguajar diário; para disfarçar os adjetivos acima e poder exercê-los em todo o seu esplendor e significado; sem parecer como tal. Rapidamente, as demais “mídias” copiaram. Até as empresas o fizeram.

Se determinado programa ou “profissional midiático” é acusado de tendencioso ou revela mau caráter, o “espaço ao contraditório” evidencia a postura e implícito está que é justificada. Se esse mesmo programa, jornal ou rádio tem fama de “corporativista”, “venal” ou “corrupto, nada mais é do que uma demonstração de “pluralidade”.

Mariza Tavares, diretora executiva da Rádio CBN, escreveu-me outro dia para afirmar que o norte do jornalismo da CBN é apresentar os fatos com isenção, abrir espaço para a pluralidade e compartilhar com os ouvintes as análises dos especialistas. Eu tive que rir. Para jornalista, Mariza Tavares é uma poetisa muito sensual.

A rede Bandeirantes de televisão quando demitiu Paulo Henrique Amorim, por pressão do governo FHC et caterva, igualmente deu uma demonstração cabal de "pluralidade" extraordinária.

A TV Record, ídem, ao demitir Boris Casoy a mando do Governo corrupto comandado pelo Lula.

As qualificações atribuídas à “mídia” são o reflexo do mal-estar público em relação à manipulação informativa com que os fatos são transmitidos. E são patentes. E são muitos. Tão claros e visíveis, falta alguma faz descortiná-los. Porém, tal como prostituta assumida, os "midiáticos" dizem: – E daí?

Daí? Daí nada! As ações ficam pra quem as faz. Em vez de Quarto Poder, na verdade a imprensa brasileira nada mais é hoje do que uma espécie de apêndice do governo e do empresariado. Um moço de recados; às vezes pintor de rodapé. 


A pequena estatura pra outra coisa não serve. 

Em determinadas ocasiões fica histérica; cria um ou outro reboliço, mas logo três ou quatro páginas de anúncios do governo a deixam calma e contemporizadora. Não nos esqueçamos que a maioria dos jornais está quase falida e as redes de televisão pública empapadas em dívidas.

Diante dessa afirmação, uns três ou quatro jornalistas sérios que conheço disseram-me certa vez: “Fazemos o que se pode e o que as verbas publicitárias do governo permitem. A criançada precisa trocar de Ipod”. Todos eles deram um jeito de se tornarem correspondentes no exterior e esperam alegremente que a aposentadoria os abrace.

Quem não se lembra da revista Carta Capital e do seu editor chefe Mino Carta quando este se referia ao Lula? Amiúde ultrapassava o beiral da deselegância; retratava-o tal como é. O Lula assumiu o governo e deixou de ter defeitos. 


Coincidentemente, 70% da receita publicitária da revista, que estava à beira da falência, passou a ser abastecida pelas diferentes empresas estatais. Predominaram Petrobrás e Banco do Brasil. Hoje, a mesma revista e o seu editor apresentam nas entrelinhas das suas matérias a mensagem de que existe um Deus no céu; o Seu enviado, o Lula, na terra, é homem impoluto, vítima dos meios “midiáticos”.

Ricardo Noblat é um outro dos muitos exemplos atuais. Do ostracismo profissional reinventou-se a si mesmo através de um Blog Político. Tal foi o êxito que, em pouco tempo, chegou a ter o seu blog apontado ao prêmio do mais acessado de todos os Blogs da Internet mundial. 


Eu mesmo, que descrente sou de tais arroubos, aplaudi-o entusiasmado. Sem o conhecer, tive até um dos meus artigos gentilmente publicados por ele. Cheguei a oferecer-lhe, por escrito, apoio financeiro; até a disposição pessoal de levantar fundos para que continuasse o excelente trabalho que realizava. 

Ele não aceitou e hoje me alegro aliviado. Sou-lhe grato por ter-me evitado um erro enorme.

Ricardo Noblat é atualmente empregado do Grupo Roberto Marinho e tem até coluna no Jornal O Globo. 


Pequena, mas tem. 

Duvido que o seu blog seja escolhido para alguma premiação honesta ou que desperte vontade de ser lido mensalmente como a diário o era há dois ou três anos atrás. Quem quiser relembrar a mudança “pluralista” do Noblat basta clicar «aqui» para reler um artigo dele que há meses transcrevi neste espaço.

A diferença fundamental entre o bom e o mau jornalismo é que o bom não promete nada, mas assegura, investiga, revela e conclui. O mau jornalismo promete tudo, mas não cumpre nada; vive de manchetes e no final é uma grande decepção.

A estas duas “mídias” anteriores poderia acrescentar nomes como os de Marlon Brum, Lúcia Hippolito, Eliane Cantanhêde, Gilberto Dimenstein, o rei da hipocrisia, Alexandre Freeland do Jornal O Dia, e tantos outros que ficaria aqui o dia inteiro só para relacioná-los. Não merecem mais, sequer, serem mencionados.

Pouco antes de sair do Brasil cheguei à conclusão que ninguém, em sã consciência, consegue entender a complexa e impenetrável técnica do jornalismo brasileiro, exceto, claro, os próprios jornalistas, os supostos donos de cada setor da “mídia” e suas empulhações obscuras. 


Tampouco decifrar o que é uma matéria positiva ou negativa nas coberturas políticas do dia a dia. Isto quem o diz não sou eu e sim o sr. Rodolfo Fernandes, diretor de redação do Jornal o Globo. 

Por esta declaração precisa e inteligente, dá para sentir o clima da “mídia” brasileira. Não é quente nem frio, nem mormo. Muito pelo contrário.

A imprensa brasileira, habitualmente estrábica e conspurcada só ataca o que lhe interessa; quase sempre com objetivos velados e nunca conclusivos. Não tem noção real da responsabilidade cívico-social que lhe é inerente para que o Brasil se torne, efetivamente, de fato, um país democrático.

Mendonça Neto escreveu certa vez “A liberdade de imprensa e a coragem de quem escreve em dizer a verdade, são as armas de que dispõem o povo e a sociedade para não serem esmagados”. – O povo brasileiro já foi aniquilado há muito tempo. A “mídia” nacional como um todo, salvo duas ou três honrosas exceções, contribuiu e contribui vilmente para esse esmagamento.

Boris Casoy, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg são as honrosas e mui dignas exceções.

Mendonça Neto previu também: – “Sem o direito de reagir, publicamente, pela imprensa, restaria aos brasileiros a humilhação de um silêncio depressivo e mortal”. – Com estas palavras e com a qualidade de “mídia” que existe no Brasil é fácil entender a mudez nacional. 

A apatia com a qual o povo encara as mortes aos milhares, os roubos de milhões, as mentiras nojentas do presidente da república, os assaltos, os seqüestros, os tiroteios, a ignorância dos professores, os aumentos injustificados dos alimentos e a corrupção endêmica e sistêmica que permeia todos os setores da vida pública e privada do país.

domingo, 27 de julho de 2008

Animal de costumes

No Brasil, algo que se repita duas vezes vira logo tradição. O povo deu para pronunciar mal as palavras. É o costume. Assim me disse outro dia um ex-conterrâneo. Assim se fala no Brasil? Desde quando, mané?

Paulo Maluf é candidato à Prefeitura de São Paulo com 9% de intenções de votos. É o costume! Não importa se o homem é um dos maiores larápios do erário público. É o costume. Afinal, como de costume, foi julgado, condenado, mas ainda cabe recurso. Ele tem um eleitorado cativo; rotineiramente vota nele. É o hábito, fazer o quê?

Marta Suplicy, a “martaxa”, a rainha do botox, a protetora dos pederastas, também é candidata à mesma Prefeitura; com 35% de intenção de votos. 


É o costume. 

Também foi condenada a devolver o que roubou, mas ainda cabe recurso. Não importa se esta mulher, que da ética sobraram-lhe as penas, proporcionou um dos desfalques mais pusilânimes à maior cidade do Brasil. 

É o costume.

No Brasil é costume que a escória do seu povo seja eleita para governá-lo. O povo reclama da escória que elege. 


É o costume!

Candidatos a Prefeito são reprovados num ditado de uma só frase. É o costume. O presidente do PSL diz que foi nervosismo da prova. É o costume. Vão se candidatar assim mesmo. Não importa se a Constituição Federal proíbe candidatos analfabetos. O Lula foi eleito, não foi? 


É o costume; eleger analfabetos e desrespeitar a lei.

Lá na roça onde eu nasci havia um burro. Um jumento. Um verdadeiro equus asinus com pedigree e tudo o mais. Foi presente do meu avô para me poupar dos dez quilômetros, a pé descalço, até à escola.

Com sol de inferno ou chuva diluviana, todos os dias fazíamos o mesmo caminho por entre a malesa rasteira da mata. Adorava cruzar o rio no lombo do “Brasil”; assim se chamava o jumento batizado pelo meu avô. Na época eu o chamava de “Brasiu”. 


Sentia-me um verdadeiro John Wayne cruzando o Rio Bravo atrás dos fora-da-lei.

O outro lado do Rio imaginava-o como se fosse o México. Assim me parecia. Ainda não conhecia a terra de Cuauhtemoc. A pobreza, a miséria e até o vento assemelhavam-se aos cenários dos filmes americanos. O meu avô comprava-os dos mascates e eu os assistia centenas de vezes. 


Tinha até um chapéu de palha ao estilo do John Wayne e uma sela feita de mantas com duas cordas penduradas a cada lado que eu imaginava serem de couro com estribos de ferro.

Um belo dia, um banqueiro, depois governador, decidiu construir uma estrada. Quis ligar a sua fazenda à cidadezinha. Sem qualquer pejo mandou aplainar a terra por conta do município. Parte da estrada cruzava exatamente uma faixa da roça onde eu havia nascido. Nunca pediu autorização nem indenizou. 


O meu avô morreu numa certa manhã de chuva, atropelado, ao lado da barricada que ele mesmo havia posto no meio dessa parte da estrada. Por ela só passavam os carros do então, na época, candidato a governador. 

A polícia “nunca” descobriu o autor desse estranho acidente de trânsito. Nem quem botou fogo nos caixotes. Os peões que viram a tragédia, disseram que não viram. E nem eram cegos. Bem típico de brasileiro que é macho só pra bater na mulher ou em grupo quando o adversário está desacompanhado e é mais fraco. É o costume!

O nome do banqueiro que foi governador, ministro e safado, era José de Magalhães Pinto; o mesmo que, após o Golpe militar de 1964, teve a sua fortuna multiplicada não sei quantas vezes ao criar o Banco Nacional S/A.

Passada a tristeza do assassinato do meu avô, certo dia, valentemente, no lombo do meu “Brasiu”, tentei percorrer a tal estrada a caminho da escola. Quem disse que o jumento quis ir por ela? Por mais ordens ou incentivos que lhe desse, recusou-se. 


O meu Bucéfalo mineiro só aceitava levar-me pelo trajeto que se habituou a percorrer. 

Tinha esse costume.

terça-feira, 22 de julho de 2008

A tríade da promiscuidade.

Por meio da argumentação lógica perfeita Aristóteles criou o silogismo

Isto é, o raciocínio dedutivo, estruturado formalmente a partir de duas premissas das quais se obtém uma conclusão. 

Por exemplo: todos os homens são mortais; os gregos são homens; logo, os gregos são mortais.

Agora um outro exemplo, mais adequado à nossa época e ouvido durante vinte anos: O PT é um partido honesto; o partido é formado por pessoas; logo, os membros afiliados ao partido são honestos. – Errado! Neste caso o raciocínio é falho. 


Na verdade, hoje sabemos, o PT é um partido constituído por malfeitores, ladrões e assassinos. Portanto não são honestos e sim desonestos. Mas não vamos generalizar. Afinal de contas, um ou outro honesto lá deve haver... 

Não acredito que a faxineira que limpa a sede do partido seja desonesta. Tadinha. Não a conheço; nem sei quem é, mas... Vale aqui o epiquirema: "diz-me com quem andas e eu te direi quem és".

No Brasil, a política silogística é praticada às avessas. No entanto, por uma daquelas ironias macabras que o destino põe diante dos ignorantes, o povo, que no país vive, acredita no fundamento filosófico do silogismo... com um cabresto enfiado na cabeça e uma peneira na frente dos olhos.

O silogismo brasileiro, por regra geral, baseia-se em teses e não em fatos. Fundamenta-se no material e não nos homens. Trás para o público o resto do mundo e não o país. Faz leis e planos para o futuro e não para a geração atual. Cria impostos para a saúde e desvia o arrecadado pelas obras super-faturadas. 


Um varredor de ruas precisa ter o segundo grau de escolaridade para limpar as avenidas; o presidente da república pode ser analfabeto mesmo...

O Congresso Nacional [Câmara e Senado especificamente], é um exemplo escarrado do que afirmo no parágrafo anterior. 


A casa que deveria ser do povo, para legislar para o povo, é hoje um teatro mambembe, repleto de atores anódinos. 

É um lupanar repleto de lúmpenes. 

Alguns deles, bandidos ferozes. Insanos e malandros, no geral, utilizam os seus púlpitos e os vários microfones para o exercício da declamação em favelez ou linguagem sem propósito; também dançam.

Como um segundo exemplo, os três poderes soberanos da nossa república [Legislativo, Executivo e Judiciário], deveriam governar o país. 


Mas não governam. 

Falam e fingem que governam, mas não o fazem. 

Eleitos pelo povo para governarem para o povo... Não governam. Apenas se dedicam a esvaziar o erário no afã de se manterem no poder e criar as suas faustosas aposentadorias. Novamente o silogismo falha. 

A argumentação lógica deixou de existir. 

O raciocínio dedutivo no Brasil leva a um só caminho: à promiscuidade.

Olhe bem para a foto acima e reflita calmamente. O que você consegue ver nesses três homens? 


O da esquerda, prima pela demagogia; pelo interesse de quem mais paga. 

O do centro nunca sabe de nada e a cada crise arruma uma viagem pra bem longe do Brasil. 

O da direita desacata juízes honestos e policiais honrados apenas para proteger bandidos de colarinho branco. 

Esses homens são os três poderes da República. Pense nisso.

Paradoxalmente, “nestepaíz” foi mais fácil separar a igreja do Estado do que o Estado se separar das empresas privadas. O povo que se foda! 


Aos interesses do povo sobrepõe-se a promiscuidade entre o setor privado e o Estado; como corda e caçamba. Alternadamente, ora um é a corda ora o outro é a caçamba. Onde mergulha a caçamba? No povo, é claro.

O povo brasileiro é a água no fundo do poço; Tranqüilo, parado e inesgotável. Quanto mais matam; mais nascem. 


Quanto mais ignorantes são; mais se tornam e insistem. 

Quando mais impostos pagam; mais outros aceitam pagar. 

Quando mais são roubados; mais covardes ficam. 

Quanto mais enganados são; mais cegos continuam. 

Quanto mais o PT executa as suas sórdidas políticas e operações financeiras com o dinheiro público; mais cresce a popularidade do chefe da quadrilha. 

A promiscuidade no seu grau mais sórdido tornou-se a ideologia do Brasil e do povo brasileiro.

Eu acho graça, [habitualmente choro depois], quando escuto que a roubalheira no Brasil vem desde a colonização. 


É bem típico da covardia brasileira jogar a culpa nos outros. 

A TV Globo adora fazer insinuações desta natureza. 

Entretanto, esquece o povo brasileiro que já se passaram 186 anos desde que os colonizadores não mandam mais no Brasil e... detalhe, ... tais “monstros” não escolhem nem elegem os governantes que governam o país. 

Gente pusilânime e amoral é assim mesmo. Diante da culpa, culpa nos outros.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, o da direita na foto acima, que tem cara de pinguço, desacatou o delegado da Polícia Federal, porque o policial, no estrito cumprimento do seu dever, prendeu o corruptor, o mega-ladrão, o homem-banqueiro Daniel Dantas. Berrou para todos os microfones, especialmente os da Globo, para dizer que não admitia a espetacularização das prisões. 


Entretanto, proporcionou ele mesmo, sem o menor recato, a maior espetacularização das solturas.

Alguém se lembra do pobre caseiro Francenildo? Onde estava o ilustrado rábula Gilmar Mendes nessa época? Deve ser por isso que tirou a barba que usava então. Será que ele pensava que mudando a aparência ninguém o reconheceria? Com esse gesto quis lavar a cara apesar da alma suja?

Mais de 100 juizes federais desafiaram a decisão monocrática do presidente do Supremo Tribunal Federal. Acusaram Gilmar Mendes de obstruir a justiça. 


CEM JUÍZES! 

Mais outras tantas togas se uniram para acusar diretamente Gilmar Mendes de ter dado “o maior golpe que a Democracia sofreu até hoje no Brasil”. 

Tolinhos! 

Menos, por favor. 

No Brasil não existe democracia. Existe República que nada tem a ver com democracia. 

Alguém se lembra da fraude que Nelson Jobim perpetrou na Constituição Federal de 1988? Ninguém fez nada! Foi nomeado para o STF do qual se tornou presidente e hoje é ministro de Estado do governo petista.

Não é à toa que Daniel Dantas tinha medo dos juízes das estâncias inferiores. Dos magistrados da mais alta corte, desta merda de país, Daniel Dantas não tinha medo nem temor. 


Pelo contrário. 

As gravações obtidas pela Polícia Federal provam isso. 

Engraçado que a imprensa quase não deu destaque a essa pequena minudência. Num Estado democrático a imprensa jamais se calaria diante de um horror como este ou com a fraude na Constituição.

Alguém se deu conta do discurso inflamado, rútilo e solidário do Senador Artur Virgílio do PSDB em defesa do criminoso? 


Eu e mais três ou quatro, lamentavelmente! 

Que vergonha! 

O Povo do Estado do Amazonas fez bem em dar menos de 4,5% dos votos a esse crápula. Só espero que o escorracem da vida pública. 

Artur Virgílio deveria ser preso como traidor; por ser um homem sem ética, sem moral e não defender os interesses do país. Mas como o Brasil tornou-se um "paíf", nada mais adequado que a escória o governe e o povo a eleja.

Quanta coisa podre Daniel Dantas deve saber sobre o PT, PSDB e Gilmar Mendes...

Que silogismo, que nada! 


Tal como o nosso cachaceiro Lulinha, o Brasil caminha em zig-zag de bêbado no meio de um labirinto de corruptos, ladrões, assassinos e até juiz do Supremo Tribunal Federal que prefere proteger criminosos a defender o país. 

O Povo escolheu a flagelação moral. Do seu próprio medo tenta tirar forças para continuar... Não sabe que mais fraco fica a cada instante.

Você que me lê, o que fez com o seu voto? Vai jogá-lo novamente no lixo?

Já sei: você é apolítico(a); só vota porque é obrigado(a); logo, você é um(a) idiota!!!


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