32 dias de Brasil
Se há algo que passou a aborrecer-me solenemente é aparecer alguém insistindo para que realize algum trabalho no Brasil.
Ultimamente, só para isso querem contratar-me. Até agradeço. Assim posso descansar.
Já perdi as vezes que recusei. Muitas empresas também não concordam com o que cobro; 20 vezes mais do que a tarifa diária habitual para ir a qualquer outro lugar.
É a forma delicada que encontrei para recusar um trabalho. E as empresas recusam.
Ainda bem! Ao não aceitarem os honorários, não crio constrangimentos.
Quando saí desse sórdido Brasil e adotei a nacionalidade Belga, risquei do mapa a minha origem. Não sinto a menor saudade.
As vergonhas e humilhações pelas que passei, só por ser brasileiro, levaram-me a isso.
Afinal, ainda no Brasil, percebi que era uma voz isolada num mar de covardia; no meio de um povo abjeto e inescrupuloso que adora chafurdar na lama.
Trinta e dois dias atrás não houve jeito nem esperneio.
Desta vez me dei mal.
Uma empresa de doidos aceitou a exorbitância dos meus honorários, quatro seguranças armados, carro blindado e todas as despesas pagas. Sem questionar tais absurdos, essa empresa deixou-me sem alternativa. Nem acreditei! Não tive outro remédio senão voltar ao Brasil.
Pior, fui obrigado a lá permanecer por infaustos 32 dias; rezando cada noite, na solidão de um quarto de hotel, para que tudo terminasse.
Dentro da minha própria armadilha confirmei que no Brasil a degradação só aumenta ladeira abaixo. É um país “invivível” como me disse o ignorante que se sentou ao meu lado na sala de embarque do aeroporto de Guarulhos.
Regressei trasanteontem, exausto, deprimido... absolutamente enojado.
Nunca na minha vida havia sentido tanta repulsa referente a algo como a que me invadiu em relação aos meus ex-compatriotas.
Que povo pusilânime!
Que gente desprezível!
Que falta de caráter campeia pelo Brasil!
A situação está pior do que três anos atrás quando larguei esse “paíf” imundo.
Até o Partido dos Trabalhadores deixou de lado a habitual hipocrisia da ética e passou a mostrar a sua verdadeira identidade; a mesma com que iniciou a vida política, nascida nos sindicados, o ambiente mais corrupto e venal que existe.
A estupidez absurda dos brasileiros caminha agora lado a lado, ao léu, de braço dado com a leniência, com a roubalheira, com o crime organizado em todos os setores e camadas da sociedade... A ética sumiu de vez e a moral suicidou-se de vergonha.
O maior ladrão de todos preside o senado. O maior hipócrita de todos comete crime de responsabilidade e para ambos prevalece a mudez popular.
Essa viagem ensinou-me uma grande lição: – não importa o que a gente diz. Importa sim se o que a gente diz é compreendido e absorvido por quem nos escuta.
Nunca mais cobrarei valor algum para trabalhar no Brasil. Simplesmente direi alto e de viva voz que não vou. Não aceito. Não quero.
Trabalhar no Brasil requer estômago.
Tenho para mim que a vida a determinada altura começa a tirar mais do que dá.
Acontece com todos nós. Portanto há que se aproveitar o pouco que dá.
Ir ao Brasil é uma dessas experiências que só tira anos de vida.
Esta manhã recebi pelo correio o cheque dos meus honorários. Uma fortuna. Momentos atrás endossei-o e pedi à minha secretária que o doasse para uma instituição de caridade.
Não quero desfrutar de um dinheiro resultante de um trabalho que detestei realizar junto a pessoas e empresas que formam a pior escória que já conheci.
De hoje em diante, por dinheiro algum, jamais regressarei ao Brasil, cujos cidadãos parecem que foram inventados para se torturarem uns ao outros e roubar e enganar até mais não poder.
A filial brasileira da empresa que me contratou será fechada até final de dezembro 2009 e 2.200 brasileiros serão demitidos.
É na rua e na miséria que os brasileiros devem ficar, pois lá, a lama que tanto gostam abunda em maior profusão.
Ultimamente, só para isso querem contratar-me. Até agradeço. Assim posso descansar.
Já perdi as vezes que recusei. Muitas empresas também não concordam com o que cobro; 20 vezes mais do que a tarifa diária habitual para ir a qualquer outro lugar.
É a forma delicada que encontrei para recusar um trabalho. E as empresas recusam.
Ainda bem! Ao não aceitarem os honorários, não crio constrangimentos.
Quando saí desse sórdido Brasil e adotei a nacionalidade Belga, risquei do mapa a minha origem. Não sinto a menor saudade.
As vergonhas e humilhações pelas que passei, só por ser brasileiro, levaram-me a isso.
Afinal, ainda no Brasil, percebi que era uma voz isolada num mar de covardia; no meio de um povo abjeto e inescrupuloso que adora chafurdar na lama.
Trinta e dois dias atrás não houve jeito nem esperneio.
Desta vez me dei mal.
Uma empresa de doidos aceitou a exorbitância dos meus honorários, quatro seguranças armados, carro blindado e todas as despesas pagas. Sem questionar tais absurdos, essa empresa deixou-me sem alternativa. Nem acreditei! Não tive outro remédio senão voltar ao Brasil.
Pior, fui obrigado a lá permanecer por infaustos 32 dias; rezando cada noite, na solidão de um quarto de hotel, para que tudo terminasse.
Dentro da minha própria armadilha confirmei que no Brasil a degradação só aumenta ladeira abaixo. É um país “invivível” como me disse o ignorante que se sentou ao meu lado na sala de embarque do aeroporto de Guarulhos.
Regressei trasanteontem, exausto, deprimido... absolutamente enojado.
Nunca na minha vida havia sentido tanta repulsa referente a algo como a que me invadiu em relação aos meus ex-compatriotas.
Que povo pusilânime!
Que gente desprezível!
Que falta de caráter campeia pelo Brasil!
A situação está pior do que três anos atrás quando larguei esse “paíf” imundo.
Até o Partido dos Trabalhadores deixou de lado a habitual hipocrisia da ética e passou a mostrar a sua verdadeira identidade; a mesma com que iniciou a vida política, nascida nos sindicados, o ambiente mais corrupto e venal que existe.
A estupidez absurda dos brasileiros caminha agora lado a lado, ao léu, de braço dado com a leniência, com a roubalheira, com o crime organizado em todos os setores e camadas da sociedade... A ética sumiu de vez e a moral suicidou-se de vergonha.
O maior ladrão de todos preside o senado. O maior hipócrita de todos comete crime de responsabilidade e para ambos prevalece a mudez popular.
Essa viagem ensinou-me uma grande lição: – não importa o que a gente diz. Importa sim se o que a gente diz é compreendido e absorvido por quem nos escuta.
Nunca mais cobrarei valor algum para trabalhar no Brasil. Simplesmente direi alto e de viva voz que não vou. Não aceito. Não quero.
Trabalhar no Brasil requer estômago.
Tenho para mim que a vida a determinada altura começa a tirar mais do que dá.
Acontece com todos nós. Portanto há que se aproveitar o pouco que dá.
Ir ao Brasil é uma dessas experiências que só tira anos de vida.
Esta manhã recebi pelo correio o cheque dos meus honorários. Uma fortuna. Momentos atrás endossei-o e pedi à minha secretária que o doasse para uma instituição de caridade.
Não quero desfrutar de um dinheiro resultante de um trabalho que detestei realizar junto a pessoas e empresas que formam a pior escória que já conheci.
De hoje em diante, por dinheiro algum, jamais regressarei ao Brasil, cujos cidadãos parecem que foram inventados para se torturarem uns ao outros e roubar e enganar até mais não poder.
A filial brasileira da empresa que me contratou será fechada até final de dezembro 2009 e 2.200 brasileiros serão demitidos.
É na rua e na miséria que os brasileiros devem ficar, pois lá, a lama que tanto gostam abunda em maior profusão.