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sábado, 8 de agosto de 2009

Os telhados da sociedade Sarney de brasileiros

Escrevi aqui há dias que no Brasil a ética sumiu e a moral suicidou-se de vergonha. Parece que entreabri a cortina do túnel, – tenebroso e denso, – da veracidade social que prevalece no país.

Tudo no Brasil se encharca em fedentinas múltiplas. Desde o meu nascimento, há mais de meio século, tenho observado, – ano a ano, – a degradação moral, social e política do povo brasileiro.

Hoje, a milhares de quilômetros de distância, sob outra nacionalidade, o conjunto do panorama aparece-me ainda mais cruel. Mais insano. Mais descontrolado. Mais sórdido.

Se alguém tinha dúvidas ou se ofendeu quando o deputado do Rio Grande do Sul afirmou que se lixava para a opinião pública, talvez agora esteja mais tranqüilo(a).

Não e só ele a se lixar; a dar a mínima para o que pensa a opinião pública brasileira. Esse desleixo é unânime em todas as camadas políticas; desde a federal à municipal, incluindo as inoperantes sub-prefeituras, secretarias e outros antros tais.

Mas quando começa o horário eleitoral fica até difícil escolher o mais probo...

A opinião pública brasileira não pensa. Fazer o quê? Tem apenas um neurônio que passa a maior parte do tempo capengando. Sofre de artrose congênita. E, apesar do ferro no feijão que come, tampouco tem memória.

O arquivamento das onze denuncias contra José Sarney pelo conselho de ética do senado é a prova – cabal, clara e contundente, – da verdadeira realidade dos atributos políticos que a sociedade brasileira escolheu e nos quais pauta as escolhas:

— Política deve ser feita com 'p' minúsculo; quanto menor, melhor!

Por favor, não me venham com a lengalenga que nem todos são assim. Posso demonstrar sem qualquer pejo o que afirmo.

Até aqueles que se dizem apolíticos, que anulam o voto ou apenas o justificam no correio, são responsáveis! Talvez até mais do que aqueles que votam de cabresto ou, na sua santa ignorância, escolhem mal.

Se no Brasil existe alguém politicamente inocente, são os estrangeiros que lá residem. — Não votam. — Contribuem apenas para o progresso do país; não para a sua desgraça. Tanto assim é que compram o Brasil a retalhos, pois os brasileiros são incapazes de possuir a menor competência para administrá-lo.

O comportamento político de uma sociedade é o reflexo dessa sociedade. Senadores, deputados, prefeitos, governadores e presidente são eleitos por voto direto. Por brasileiros! Portanto, todos esses "representantes" do povo são escolhidos em base a afinidades, sejam elas políticas, sociais ou empáticas; ou, tão-somente cabresteiras em troca de um par de botas ou cesta básica.

Sei que o voto é obrigatório. Porém, ninguém é obrigado ou instado na ponta de uma pistola a votar em fulano ou beltrano. A escolha dos personagens é livre.

Assim, só para lembrar:

José Sarney, senador eleito, é a imagem unificada do comportamento social dos brasileiros que o elegeram; antes no Maranhão e atualmente no Amapá. O mesmo é Collor de Mello em relação a Alagoas e Paulo Maluf referente a São Paulo. Isto apenas para citar três ignominiosos e pretejantes nomes da política brasileira.

Atrás deles vêem os ilustres Mercadantes, os Suplicy, as Martas, os Henrique Cardoso, Haddads, Lulas e Dirceus, assim como milhares de outros salafrários, – pois outra coisa não são, – que se instalaram em Brasília, nos poucos quilômetros quadrados que formam a sede do poder central; o Q.G. da choldra brasileira.

Todos esses déspotas, ladrões, assassinos, vigaristas e petistas, têm sido eleitos e reeleitos incontáveis número de vezes; apesar das falcatruas amplamente noticiadas, comprovadas, documentadas e... judicialmente absolvidas.

Sarney sempre foi tirano e gatuno! A sua origem é sua digital. No Maranhão primeiro e no Amapá atual todos sabem disso desde criancinhas. No entanto votam nele! Sinal que representa a verdadeira índole dos eleitores. Sinal que gostam de ser tiranizados, roubados e vilipendiados, pois igual fariam se calçassem os mesmos sapatos.

Não nos enganemos nem tampemos o sol com a peneira.

Alguém já se perguntou porque Ulysses Guimarães desapareceu de forma tão decisiva? E, porque a partir daquele Outubro de 1992 José Sarney apoderou-se do cenário político nacional?

– Nem como presidente da República, alguns anos antes, desfrutou de tanto poder e fortuna como passou a usufruir desde o desaparecimento de Ulysses. Do Doutor Ulysses Guimarães.

Isso me recorda um pouco a história e vida de Fernandinho Beira-mar.

Ilações homicidas à parte, o domínio do senado e todo o enfoque jornalístico no vilão Renan Calheiros, só tem uma causa: José Sarney.

O não-impeachment do vigarista do Lula também se deve a José Sarney.

Da mesma forma a sua vil imortalidade acadêmica ao autor dos livros que em seu nome são escritos, publicados e depois comprados aos milhares pela própria família.

E ainda tem gente a alabar a biografia de José Sarney...

Como sei tudo isto? Recorro a Fernando Pessoa para responder: “Se eu pudesse te dizer o que nunca te direi, terias de entender aquilo que nem mesmo eu sei”.

Mas sorrio quando o jornalismo brasileiro atira culpas a Fernando Henrique Cardoso, o vaidoso beócio, com tanta coluna vertebral quanto éclair de chocolate recém terminado. FHC é demasiado cínico; o seu maior fraco é gostar de ser bajulado. Portanto, é o homem perfeito para ser dirigido. Para levar créditos sem remorsos, tal como ser o pai do plano real.

Brasileiro também é assim. Adora se auto-colgar medalhas. Procura um herói em cada esquina e me faz lembrar do provérbio: "bendito o país que tem heróis; triste o país que precisa deles".

Na mesma paridade, engana-se quem pensar que o Lula é diferente.

Entre todos, a diferença está na caligrafia. Se uns estudaram para escrever, outros escrevem só para assinar... o nome.

Por fim, toda a lama que jorra Brasil afora deve-se também à perda da perspectiva histórica por parte da sociedade Sarney de brasileiros. Além da memória galinácea, não olham mais o seu próprio governo com a mesma intimidade.

Os últimos quarenta anos de história parecem ter-lhes desaparecido das mentes. Não recordam mais que nestes anos todos, tanto na ditadura como no atual nacional-petismo-falocrata, os freqüentadores do Palácio da Alvorada, do Congresso Nacional e os ocupantes da esplanada dos ministérios são os mesmos.

Exatamente os mesmos que todos conhecem; a maioria deles, com o passar dos anos, substituídos pelos filhos, sobrinhos, netos, afilhados, genros... Todos aproveitadores, trapaceiros, larápios e farsantes que...

Que brasileiros sendo, foram eleitos por outros brasileiros de igual caráter, imagem e semelhança; sem memória, sem hombridade, sem vontade de ser ético ou proceder de forma decente...

Portanto, arquivem-se todas as denúncias! Na sociedade Sarney de brasileiros todos os telhados são de vidro.


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