Brasília, 50 anos de envilecimento.
Brasília construída em 1.000 dias!? Em propaganda é preciso crer...
Porque foi inaugurada há 50 anos no abafar das denúncias sobre os superfaturamentos das obras e dos infinitos atos de corrupção e assassinatos. Atos praticados durante a transferência do Rio de Janeiro que se perpetuaram... Tanto os superfaturamentos como a corrupção. Os assassinatos também.
Muita gente enriqueceu. Na maioria das atuais fortunas nacionais ainda há vestígios de sangue, miséria e poeira dos candangos nas moedas que as constituem. Destaque especial haveria de se dar aos baús dos Canhêdos, Constantinos, Ótavios, Estevãos e tantos outros lá residentes; continuados protagonistas de um passado sem sinal de fim...
À vista, pelo menos não.
Cinqüenta anos depois só a expansão habitacional, o caos urbano e a criminalidade mostram que algo mudou. A vida em si, a mentalidade do citadino, o cabresto nos olhos e até a feira do “Paraguai” continuam tumefactos. Putrefatos, se somarmos os últimos eventos. Até o clima que assa e alaga no verão e mais parece o Saara no inverno, piorou.
Brasília que no alvor virou a cidade do “sabe com quem você está falando?”, ao dar os primeiros passos materializou-se na capital dos divórcios, das orgias e da prostituição. Não teve direito à puberdade. Na adolescência abraçou com vontade a peculiar sordidez dos brasileiros. Na maturidade de meio século revelou a verdadeira índole; a sua profissão de fé; aquilo que sempre foi...
Quando eu morava no Brasil e ouvia a lengalenga dos estultos de que a culpa do mau caráter brasileiro era proveniente da herança nefasta deixada pelos colonizadores portugueses, eu costumava usar o exemplo de Brasília só para deixá-los mais confusos.
Confusão cívica e equívocos históricos não lhes faltavam.
Felizmente os Lusitanos não construíram Brasília, que mais parece a cidade dos caixotes empilhados a céu aberto. A esplanada dos ministérios relembra até um gigantesco pátio de embarque de contêineres; sinal que os portugueses por ali não passaram nem participaram das leis, decretos e ordenamentos que a constituíram. Não elegeram nenhum presidente, senador ou deputado. Nem mesmo deram qualquer palpite na “inteligente” disposição urbana em forma de “avião”...
Patrimônio Cultural da Humanidade.
No entanto, diferente de outras cidades, Brasília é a mais corrupta do Brasil. O poder central está lá. Dizem os especialistas brasileiros que isso é natural...
Natural seria o contrário. Onde o governo está, deveria predominar e se sustentar a honestidade, a verdade e os propósitos patrióticos. Pelo menos os patrióticos.
Não no Brasil! Menos em Brasília.
Como tudo o mais no país, o errado para os brasileiros parece ser sempre o certo, o aceitável, o natural a admitir ou a praticar. A inversão de polaridades apascenta-lhes a vida. O “jeitinho”, o maná da sobrevivência a perseguir.
O político não rouba; apenas cria caixa 2 para a sua campanha. O Lula não mente; apenas economiza verdades. O juiz não liberta o amigo criminoso; apenas assegura-lhe direitos civis. A Constituição não foi fraudada; apenas melhorada. Os assaltos a bancos praticados pela Rousseff foram atos de luta heróica contra a ditadura, portando justos e necessários. O seqüestro e morte de pessoas também. O bandido não rouba ou mata por vontade própria; apenas é vítima da sociedade... Se o marido rouba o cinzeiro do restaurante... que mal faz “pegar” uma lembrancinha?... Que mal faz pegar algumas dezenas de notas para aprovar um projeto, uma licença, uma lei...
Que meigo!
E a meiguice nacional segue caminho pelas escolas. O professor, independente e assíncrono do próprio idioma, meigamente empurra o aluno de um ano para o outro sem este saber ler. O professor também não sabe.
Estudar para quê? Se durante vinte anos ninguém divulgar que é corrupto e ladrão, a ausência de conhecimento poderá levá-lo à presidência da república. A viver em Brasília! Depois, se descobrirem que é desonesto, melhor. A sua popularidade e aprovação rondarão os 80%...
Jacaré em rio de piranhas nada de costas. Não é tolo.
No entanto, em Brasília não há jacarés. Na fauna somente Antas, Ratos e Cobras. Muitas antas, muitas cobras, muitos ratos e umas quantas piranhas.
Parabéns Brasília! Venturis ventis!
Porque foi inaugurada há 50 anos no abafar das denúncias sobre os superfaturamentos das obras e dos infinitos atos de corrupção e assassinatos. Atos praticados durante a transferência do Rio de Janeiro que se perpetuaram... Tanto os superfaturamentos como a corrupção. Os assassinatos também.
Muita gente enriqueceu. Na maioria das atuais fortunas nacionais ainda há vestígios de sangue, miséria e poeira dos candangos nas moedas que as constituem. Destaque especial haveria de se dar aos baús dos Canhêdos, Constantinos, Ótavios, Estevãos e tantos outros lá residentes; continuados protagonistas de um passado sem sinal de fim...
À vista, pelo menos não.
Cinqüenta anos depois só a expansão habitacional, o caos urbano e a criminalidade mostram que algo mudou. A vida em si, a mentalidade do citadino, o cabresto nos olhos e até a feira do “Paraguai” continuam tumefactos. Putrefatos, se somarmos os últimos eventos. Até o clima que assa e alaga no verão e mais parece o Saara no inverno, piorou.
Brasília que no alvor virou a cidade do “sabe com quem você está falando?”, ao dar os primeiros passos materializou-se na capital dos divórcios, das orgias e da prostituição. Não teve direito à puberdade. Na adolescência abraçou com vontade a peculiar sordidez dos brasileiros. Na maturidade de meio século revelou a verdadeira índole; a sua profissão de fé; aquilo que sempre foi...
Quando eu morava no Brasil e ouvia a lengalenga dos estultos de que a culpa do mau caráter brasileiro era proveniente da herança nefasta deixada pelos colonizadores portugueses, eu costumava usar o exemplo de Brasília só para deixá-los mais confusos.
Confusão cívica e equívocos históricos não lhes faltavam.
Felizmente os Lusitanos não construíram Brasília, que mais parece a cidade dos caixotes empilhados a céu aberto. A esplanada dos ministérios relembra até um gigantesco pátio de embarque de contêineres; sinal que os portugueses por ali não passaram nem participaram das leis, decretos e ordenamentos que a constituíram. Não elegeram nenhum presidente, senador ou deputado. Nem mesmo deram qualquer palpite na “inteligente” disposição urbana em forma de “avião”...
Patrimônio Cultural da Humanidade.
No entanto, diferente de outras cidades, Brasília é a mais corrupta do Brasil. O poder central está lá. Dizem os especialistas brasileiros que isso é natural...
Natural seria o contrário. Onde o governo está, deveria predominar e se sustentar a honestidade, a verdade e os propósitos patrióticos. Pelo menos os patrióticos.
Não no Brasil! Menos em Brasília.
Como tudo o mais no país, o errado para os brasileiros parece ser sempre o certo, o aceitável, o natural a admitir ou a praticar. A inversão de polaridades apascenta-lhes a vida. O “jeitinho”, o maná da sobrevivência a perseguir.
O político não rouba; apenas cria caixa 2 para a sua campanha. O Lula não mente; apenas economiza verdades. O juiz não liberta o amigo criminoso; apenas assegura-lhe direitos civis. A Constituição não foi fraudada; apenas melhorada. Os assaltos a bancos praticados pela Rousseff foram atos de luta heróica contra a ditadura, portando justos e necessários. O seqüestro e morte de pessoas também. O bandido não rouba ou mata por vontade própria; apenas é vítima da sociedade... Se o marido rouba o cinzeiro do restaurante... que mal faz “pegar” uma lembrancinha?... Que mal faz pegar algumas dezenas de notas para aprovar um projeto, uma licença, uma lei...
Que meigo!
E a meiguice nacional segue caminho pelas escolas. O professor, independente e assíncrono do próprio idioma, meigamente empurra o aluno de um ano para o outro sem este saber ler. O professor também não sabe.
Estudar para quê? Se durante vinte anos ninguém divulgar que é corrupto e ladrão, a ausência de conhecimento poderá levá-lo à presidência da república. A viver em Brasília! Depois, se descobrirem que é desonesto, melhor. A sua popularidade e aprovação rondarão os 80%...
Jacaré em rio de piranhas nada de costas. Não é tolo.
No entanto, em Brasília não há jacarés. Na fauna somente Antas, Ratos e Cobras. Muitas antas, muitas cobras, muitos ratos e umas quantas piranhas.
Parabéns Brasília! Venturis ventis!