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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Palavras, palavras...

Palavras, como diz o Salmo, deveriam ser puras; peças de “prata refinadas em fornalha de barro, purificadas sete vezes”.

Se há uma coisa que o ser humano gosta é de torcer palavras. Que graça teria a vida se não distorcêssemos o que os outros dizem? Não poderíamos rir das piadas que das distorções nascem... e viveríamos uma existência enfadonha pela incapacidade de suspeitar do implícito em muitas palavras que escutamos.

Veja o caso dos jornais no Brasil. Será que venderiam um só exemplar se se mantivessem fiéis ao que é dito? Ou descrevessem os fatos como são?

E as campanhas políticas? Teriam estas algum viço ou contribuição financeira se todos os candidatos aceitassem as palavras dos adversários?

E os pregadores da fé? Poderiam eles amealhar fortunas por palavrearem em nome de Deus, sem correr o risco, como diz Jeremias, 5:14, de converter em fogo as palavras que lhes saem da boca, e em lenha o povo, e aquele os devorar?

E nas empresas? Haveria apenas insiders. Rádio-peão seria algo desconhecido e a secretária do chefe poderia ser bajulada somente por dotes físicos e não pelas palavras que sobre tudo sabe ou ouviu dizer.

Eu não sei quanto a você, leitor, mas cada vez que ouço algum discurso do Lula me pergunto se ele escuta o que diz. Será que alguma vez contou as palavras que lhe saem boca afora? Pelo menos para dar-se conta que repete sempre as mesmas?

Será que o fato do Lula usar o gênero prolixo, sem conteúdo, é um exercício dissimulado para descobrir palavras pelas quais gostaria de ser lembrado?

Rui Barbosa foi e ainda é! Lula pode muito bem ter o mesmo sonho... Embora ignore, penso eu, que pelas palavras é justificado e pelas palavras é condenado...

Nos meus momentos mais bucólicos, pois nem sempre penso mal do Inácio, creio que ele, na sua infinita verborragia, sonoriza palavras para estas o enaltecerem no último dia... Talvez por medo que, da sua passagem terrena, reste somente o epitáfio: Aqui jaz Lula o orador dos pobres; falou muito e nada disse.

Até que disse! Cinco palavras de sua inteligência ardilosa: “quero a Dilma na presidência!”.

Pena que muitos eleitores tomar-se-ão ao vento e essas cinco palavras neles não ficarão... porque Dilma, em seu fluxo de consciência, é um anacoluto e o povo não tem a menor idéia do que seja isso.

Afinal, Dilma Rousseff, como criatura, se inserida na famosa frase de Drummond de Andrade sobre o Homem, chamá-la presidenciável não passa de anacoluto; resultado das cinco palavras ardilosas do próprio Lula, que, quando completadas, podemos ler assim: “Eu quero, através da Dilma, continuar na presidência... por outros quatro anos".

Ainda bem que palavras não são peças de “prata refinadas em fornalha de barro, purificadas sete vezes”, e sim, só um conjunto de letras com sons e significados diferentes...


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