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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Só dois comentários sobre as idiossincrasias Brasileiras:

De Prudente de Morais Neto, jornalista [descendente do ex-presidente Prudente José de Morais e Barros (1841 — 1902), terceiro presidente do Brasil], que escrevia sob o pseudônimo de Pedro Dantas, e está registrada no livro “Quase Política”, de Gilberto Freyre:

O parlamento não é fábrica que deva recomendar-se pelo número de projetos que elabore ou pela rapidez com que os produza... Às vezes a maior virtude de um parlamento está precisamente no número de projetos que elimina ou depura, que corrige ou substitua, depois de estudo quanto possível minucioso dos assuntos”.

De parlamento, o Brasil não tem nada. Teve uma tentativa mal fadada e estrondosamente fracassada em 1961, quando Tancredo Neves foi eleito Primeiro Ministro. Disto, tenho certeza, as minhocas brasileiras nem lembrança têm, sequer. O que existe hoje, neste “páif”, é um Congresso; como tal, para lá congregam bandos e mais bandos de fisiologistas néscios e casmurros, muitos deles facínoras, com o intuito de embolsar dinheiro à custa da ingenuidade e da esperança dos seus iguais; ou para fugir de processos penais pelos muitos delitos que cometeram; como ocorre atualmente com uma série de “deputados” e “senadores”. Todos eleitos por uma maioria de analfabetos, gente preguiçosa que, de consciência cidadã, possuem somente o desejo de dependerem do Estado.

Um antigo professor meu dizia que se resumíssemos o trabalho realizado pelos diversos Congressos eleitos ao longo dos últimos trinta anos, restaria apenas meia dúzia de páginas com algum valor intrínseco.

Só para citar um exemplo, dos muitos que pululam ao nosso redor, aludo a Constituição Federal, que hoje nos rege; nasceu velha, desatualizada e foi acintosamente fraudada pelo então deputado federal Nelson Jobim, premiado com a presidência da mais alta corte do nosso país, o Supremo Tribunal Federal e, mais recente, nomeado ministro da defesa.

De Armand Jean Du Plessis, Cardeal de Richelieu, duque e político francês, primeiro-ministro de Luís XIII de 1628 a 1642

"Editar uma lei e não fazê-la cumprir é autorizar algo que se quer proibir".

Neste aforismo francês enquadra-se visivelmente o furto a cemitérios, protagonizado pelo modista Ronaldo Ésper, cujo delito foi remido pelo juiz Marcio Lucio Falavigna Sauandag, da 30ª Vara Criminal de São Paulo. A absolvição desse meliante, pois outra coisa não é, transformou-se numa afronta – mais uma – a todo o cidadão respeitador das leis que regem a nossa sociedade.

Por que esse juiz absolveu esse elemento, digno representante de uma sociedade em decomposição? Porque ele foi espontaneamente socorrido pelo espírito imunizante da elite nacional atual, representada de forma vil e espúria pelas demagogas Hebe Camargo e Luciana Gimenez. Estas duas mulheres, de pouco saber e muita estultice, valeram-se do espaço da mídia, a qual, de maneira geral e conivente, permaneceu calada, e saíram em defesa do ladrão Ronaldo Ésper. Abriram espaço especial para a defesa desse embusteiro, que riu, dramatizou, chorou, pediu perdão e, hipocritamente, justificou-se com falácias pueris, ora como réu confesso, ora como vítima dos algozes policiais. O Resultado foi um caloroso aplauso de uma platéia embevecida. No final, o meliante foi premiado com um programa de TV. Ele está livre.

Não vale mais a pena comentar o caso da desempregada doméstica, a Angélica Aparecida Souza Teodoro que pegou quatro anos de prisão por roubar uma lata de manteiga para dar de comer ao filho de dois anos. Ela está presa!

Vivemos numa terra de contrastes, sem dúvida alguma. As leis nacionais apenas existem para beneficiar uns poucos “Ésper-tos”, em detrimento de muitas Angélicas e angélicos. Não me surpreende que a ética tenha ido para o ralo.


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